Região Centro-Oeste é promissora para Hospitais

Enio Jorge Salu – Publicado em 11 de março de 2019

O fechamento de 2018 do estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil (www.gesb.net.br) mostra que o Estado de São Paulo continua sendo o “hospital do Brasil” concentrando 21,6 % de todos os leitos existentes. Mas uma análise adequada também mostra tendência de saturação do seu mercado nos próximos anos, além de indicar que a região centro-oeste é muito promissora.

Olhando os indicadores em formato geográfico fica mais fácil entender

O mapa de quantidades totais de leitos mostra a grande concentração. Se fosse outro tipo de negócio, só isso já poderia indicar saturação, mas como saúde se reveste de uma série de outros fatores, entre eles o fato de que não se cria uma unidade e especializada sem um contexto de faculdades, poder econômico, infraestrutura ... então necessitamos analisar outros indicadores, mas já considerando que as regiões Centro-Oeste e Norte tem poucos leitos (o que significa oportunidade de negócios para saúde suplementar).

O mapa Per Área (leitos por milhão de km²) já indica que o Rio de Janeiro e Distrito Federal tiram São Paulo do topo do ranking de saturação: existem mais hospitais próximos uns dos outros no RJ e no DF, do que em SP, tendendo a indicar que São Paulo ainda não atingiu a saturação dos outros dois. Vamos notar que as regiões Norte e Centro-Oeste tem poucos leitos por km² (oportunidade de negócios), mas como as UF’s destas regiões são em média muito grandes, com vastas áreas desabitadas, este indicador não pode ser analisado isoladamente.

Vamos mudar o denominador para entender melhor o cenário.

O mapa de leitos SUS Per Capta (leitos SUS por mil habitantes) demonstra onde o SUS é proporcionalmente mais ineficiente: quanto mais ineficiente o SUS melhor para Saúde Suplementar. No gráfico, quanto mais escuro, mais leitos proporcionalmente à população existem, ou seja, mais eficiente é o SUS, demonstrando onde está mais claro que existem UF’s proporcionalmente mais carentes de leitos do SUS do que SP, RJ e DF. Nele começamos a notar o Centro-Oeste como oportunidade de negócios: as UF’s do Centro-Oeste não são as mais escuras.

Mas ainda temos a chance de uma outra análise.

Não adianta demanda se não existe recurso financeiro – por que abrir um hospital em um lugar onde não existe cliente para pagar a conta ?

No mapa de Leitos SS Per PIB (leitos de Saúde Suplementar dividido pelo PIB da UF) vemos onde a saúde suplementar é menos eficiente. Relacionando leitos da SS com o PIB, quanto mais escuro, maior o indicador relativo, ou seja, mais os leitos existentes "estão consumindo" o PIB – então, quanto mais claro “tem mais PIB sobrando” para novos leitos. Nele, por exemplo, Rio de Janeiro está escuro porque tem elevado número de leitos SS, e Rondônia está escuro porque tem PIB baixo !

E nele, novamente, vemos a região Centro-Oeste não sendo a mais escura (na média).

O interessante é que se estivéssemos analisando Estado da Federação e não região, o Estado do Amazonas estaria na mira das oportunidades !

Voltando a região Centro-Oeste, algumas empresas já têm  intensificado a expansão na região, sobretudo em Brasília.

Brasília é um caso muito particular. Uma cidade com menos de 60 anos de idade, já é a 3ª mais populosa do Brasil, atrás apenas das quatrocentonas São Paulo e Rio de Janeiro, e a cidade-estado Distrito Federal deve ser atualmente o 6º maior PIB do Brasil. Considerando especificamente Brasília (Brasília mesmo, e não nas cidades satélites), existe um público de altíssima renda que já está um pouco cansado de pegar avião para ser tratado nos hospitais de luxo de São Paulo.

O estudo tabula dados de leitos por município e por tipo de leito, e permite concluir que outras grandes cidades da região, além de Brasília, também apresentam indicadores muito favoráveis em relação à maioria das cidades brasileiras, não só em leitos gerais, mas em leitos especializados (oncologia, obstetrícia, psiquiatria ...).

Na verdade o estudo indica ser difícil que haja no Brasil algum segmento de negócios tão promissor para os próximos anos, talvez décadas, que o hospitalar – a demanda é enorme em relação à oferta.

E a região Centro-Oeste, que se equiparou em algumas poucas décadas o agro negócio ao dos Estados das regiões Sul e Sudeste, segue a tendência de equiparação também no setor da saúde nas próximas décadas.