A Força do Planejamento de um Programa de Capacitação Adequado para Gestores da Saúde

Enio Jorge Salu – Publicado em 12 de Novembro de 2019

 

 

Encerramos ontem na Unimed FESP um programa de capacitação para gestores que iniciou em setembro – foi uma honra conduzir o programa !

 

O objetivo foi discutir os principais temas relacionados à gestão dos negócios em saúde, em um organização complexa que opera planos de saúde, gere serviços de saúde próprios, alguns que prestam serviços só para a mantenedora e outros que também prestam serviços para outras operadoras, com as particularidades de ser uma cooperativa de médicos, e do intercâmbio entre as várias empresas que compõem o sistema.

 

Então planejamos 5 módulos, estruturados de modo a dar uma visão generalista dos temas, e o relacionamento com o caso específico das Unimeds.

 

 

No primeiro módulo discutimos os vários atores que existem na cadeia de valores dos sistemas de financiamento (SUS e Saúde Suplementar), procurando enfatizar como o interesse de cada um deles no mercado da saúde pode ser tão diferente dos demais.

 

Em qualquer segmento da economia o sucesso dos negócios está diretamente relacionado ao quanto o gestor conhece o mercado, e pode identificar oportunidades, parceiros e concorrentes. No nosso mercado da saúde está cada vez mais difícil identificar quem é parceiro e quem é concorrente sem conhecer como os vários tipos de atores realmente estão atuando no cenário atual, que é diferente do anterior, e será diferente no futuro !

 

 

No segundo módulo discutimos regras e práticas do mercado de negócios da saúde. Discutimos o modelo predominante de remuneração dos sistemas de financiamento público e privado, inclusive a interligação entre eles:

·         Tabelas de Preços;

·         Modelos de Apresentação de Contas;

·         Relações de Parcerias entre Fontes Pagadoras, Serviços de Saúde, Profissionais de Saúde, Fornecedores, Entidades de Classe ...

 

 

No terceiro módulo discutimos os modelos de remuneração alternativos, baseados ou não em valor. Desmistificamos o que é discurso e o que é realidade:

·         O que tem sido prática real, e o resultado que tem sido obtido;

·         O que tem sido vendido como sendo real, mas na verdade é puro marketing.

 

Como tivemos um outro programa de capacitação específico na Unimed, para outro grupo, que discutiu APS e ABS, pudemos relacionar com propriedade a aderência de cada um dos modelos à prática real do mercado !

 

 

No quarto módulo discutimos conceitos de gestão de custos aplicados à área da saúde:

·         Não com o foco contábil, que tem como premissa a aplicação de regras e melhores práticas de avaliação de resultados financeiros. O conceito contábil, essencialmente necessário para qualquer empresa, mas que se guia por preceitos que confundem o gestor de custos rateando despesas e gastos não operacionais, e desta forma não permite que o gestor consiga atuar diretamente naquilo que está sob sua responsabilidade;

·         Com o foco de isolar na análise apenas aquilo que o gestor pode atuar como gestor (motorista) e não como observador (passageiro). Afinal ... tem coisa pior do que receber um mapa de custos com rateio de água para o seu departamento que não tem um único bico de torneira !!!

 

 

 

Então no quinto módulo ... só no último módulo ... discutimos precificação:

·         Como calcular com base em fichas técnicas;

·         Como calcular com base na rentabilidade de unidades de negócios.

 

Discutimos precificação tendo como premissa: não definir o negócio em função do preço, e sim o preço em função do negócio !!!!!

 

Calcular custos em operadoras de planos de saúde e em serviços de saúde não é uma especialidade contábil: o conhecimento do negócio (o conhecimento do gestor) é fundamental para entender quando um tipo de cálculo pode ou não ser aplicado – o cálculo “é o de menos” ... o conhecimento do negócio “não tem preço” !

 

Como o programa foi desenvolvido com um grupo seleto, institucional, que presta serviço para as diversas Unimeds, não posso deixar de apoiar a iniciativa:

·         Quem está lá na frente de batalha tem muita dificuldade em reservar um tempo para definir um programa de atualização para seus funcionários ... chamar a operação de batalha não é nenhum exagero;

·         O programa teve como objetivo tabular os temas que os gestores institucionais julgam ser os mais importantes para investimento em capacitação em 2020, ou seja, com base neste programa a instituição poderá definir um programa com assertividade máxima para o ano que vem.

 

Por isso o elogio à iniciativa do programa: com pouco tempo a perder em um mercado cada vez mais predatório, é fundamental definir programas de atualização para gestores que tomem o mínimo tempo possível, para obter o máximo resultado, naquilo que a instituição realmente necessita no cenário de curto prazo ... não dá para planejar o médio e longo prazos no mercado da saúde, mesmo que com uma proposta assistencial sustentável, se no curto prazo a empresa estiver se inviabilizando comercialmente !