Perfil da Distribuição dos Leitos no Brasil em 2019
Enio Jorge Salu – Publicado em 22 de Março de 2020
(*) Todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil – Edição 2020.
Em 2019 o CNES contabilizou 556.071 leitos:
· No SUS são 355.530 (~ 64%)
· Na Saúde Suplementar 200.541 (~36%).
Mais um indicador que demonstra o tamanho da área da saúde no Brasil:
· 5.531 cidades no Brasil têm menos de 556.071 habitantes;
· Ou seja, 99,3 % dos 5.571 municípios brasileiros tem menos habitantes do que a saúde tem de leitos !
E o SUS, que tanta gente critica, regula 2 a cada 3 leitos no Brasil:
· Longe de achar que o SUS é “Shangri-La” ... mas ainda tem gente que compara o sistema de saúde público americano com o do Brasil – lá a maioria absoluta dos leitos é dos sistemas privados de saúde;
· Nosso sistema de saúde pública tem virtudes que não encontramos em nenhum outro país, e este é um desses: gerir esta quantidade de leitos com os recursos que o governo destina para a saúde não pode ser relevado !
O gráfico demonstra a distribuição dos leitos da Saúde Suplementar:
· Como não poderia deixar de ser, a variação entre as UF’s com população e PIB tão diferentes é enorme;
· Da que possui menos leitos (RR – 100) para a que possui mais leitos (SP – 55.821) é de quase 560 vezes.
A principal métrica da saúde suplementar é ficar perto do dinheiro, e ela ainda está se ajustando ao mercado quando o assunto se refere aos leitos:
· Observando indicadores do estudo que referenciam leitos ao PIB dos municípios é possível identificar várias localidades onde existe campo para crescimento.
Na verdade um indicador muito interessante de ser analisado é quantos leitos existem para cada beneficiário de plano de saúde de assistência médica.
Este gráfico demonstra a relação Leitos Per BPAM*1k, por UF.
A primeira observação interessante é que diferente da relação de volume (quase 560 vezes), quando comparamos leitos por beneficiário a relação não chega a 4 vezes:
· 2,95 na UF que tem menos leitos por beneficiário (Sergipe);
· 9,31 na que tem mais leitos por beneficiário ... e surpreendentemente se referindo a Rondônia:
A segunda se refere ao fato das UF’s com maior número absoluto estarem longe de ter leitos SS sobrando para os beneficiários:
· Pela cor mais escura é possível identificar visualmente UF’s que estão desalinhadas em relação à média;
· Na maioria das UF’s com grande volume de leitos ainda não podemos afirmar que existe saturação na oferta de leitos – o volume é alto porque a quantidade de beneficiários é grande, e ainda existe mercado atrativo para a área hospitalar.
Este gráfico demonstra a distribuição do volume de leitos do SUS:
· A variação é de “apenas” 62 vezes, ao invés das 560 vezes da Saúde Suplementar;
· A UF de maior número de leitos é São Paulo (64.552);
· E a de menor volume de leitos é Amapá (1.038);
· O SUS gere muito bem (considerando todas as dificuldades) a necessidade de distribuir seu atendimento proporcionalmente pela população existente em cada cidade brasileira !
A maioria das pessoas não entende bem isso ... explicando:
· Vivemos em uma federação – cada unidade federativa contribui em forma de tributos segundo sua riqueza, ou seja, as UF’s mais ricas contribuem mais. São Paulo, por exemplo, contribuiu com cerca de 37 % de tudo que o governo federal arrecada de tributos;
· Mas São Paulo tem cerca de 22 % da população do Brasil ... se o SUS empenhasse 37 % dos seus recursos em São Paulo teríamos um SUS melhor em São Paulo em detrimento às UF’s que menos contribui com tributos ... e evidentemente isso não pode tolerado em uma federação;
· Por isso o SUS distribui seus recursos de acordo com a população existente e não de acordo com a arrecadação de tributos.
Se olharmos só para este gráfico que ilustra os leitos por UF vai ficar a impressão de que o SUS está destinando injustamente 62 vezes mais leitos para São Paulo do que para o Amapá !
Mas olhando o gráfico Leitos Per CaptaSUS*1k vemos que isso não ocorre:
· Primeiro porque quando consideramos a quantidade de leitos por habitante dependente do SUS a relação é menos que o dobro;
· A UF que tem melhor relação (2,71 l/1000h) não é São Paulo – é o Rio Grande do Sul;
· O Amapá também é o que tem a menor relação (1,33 l/1000h).
Esta relação é explicada por outro componente:
· Não adianta o SUS investir em mais leitos no Amapá se não existe ali infraestrutura física e recursos humanos para operacionalizar os leitos;
· Parte da estrutura de alta complexidade para habitantes do Amapá o SUS se obriga a “comprar” em outras UF’s, especialmente no Pará – o recurso para custear a internação é do Amapá, mas o leito se encontra no Pará.
Este tipo CNES está associado aos procedimentos cirúrgicos ... chama a atenção a variação % de alguns entre o SUS e a SS:
· Oftalmologia, Otorrino, Plástica e Queimado Adulto muito maior no SUS;
· Gastro, Neuro, Onco, Orto, Queimado Pediátrico e Torácica muito maior na SS.
Este tipo CNES está associado aos procedimentos clínicos:
· Nos de maior frequência a variação entre SUS e SS não é tão elevada;
· Mas em alguns deles a variação é significativa, e facilmente explicada na maioria dos casos. No caso de AIDs, por exemplo, na saúde pública existem equipamentos específicos para o tratamento desta doença, o que não ocorre na saúde suplementar !
Este tipo CNES está associado aos leitos de cuidados intensivos:
· Para melhor análise é interessante somar os percentuais quando o tipo figura em subtipos. Por exemplo: UTI adulto Tipo I, II e III;
· Fazendo isso fica bem visível que onde a SS remunera muito bem em relação o % é maior.
Esta tabela se refere aos outros tipos (parto, saúde mental ...):
· O perfil varia sem muito padrão entre cada tipo;
· Chama a atenção o fato de na saúde suplementar o % ser extremamente maior que no SUS para Psiquiatria e Saúde Mental.
O “pacote” do estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil inclui planilhas em que é possível tabular a quantidade de leitos até por município brasileiro.
A programação para os seminários de entrega do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e da premiação das Operadoras e Secretarias de Saúde com destaque em indicadores de gestão, está publicada na página da Jornada da Gestão em Saúde ( jgs.net.br ) – são poucas vagas:
· Brasília – 23 e 24 de Julho
· Curitiba – 13 e 14 de Agosto
· Recife – 24 e 25 de Setembro
· São Paulo – 22 e 23 de Outubro
Na página do estudo ( gesb.net.br ) existe também instruções para encomendar a aquisição sem participar dos seminários.