2 milhões de Equipamentos - Cenário da Manutenção e Engenharia Clínica na Área da Saúde no Brasil
A crise COVID-19 se relaciona com profissões e mercados que a maioria das pessoas, mesmo da saúde, desconhece
Enio Jorge Salu – Publicado em 3 de maio de 2020
E se engana quem pensa que gestão de equipamentos é importante apenas em hospitais:
· Nos pequenos serviços a dependência do serviço em relação aos equipamentos é ainda maior;
· É só imaginar um defeito no equipamento que o dentista utiliza no consultório ... ou de um equipamento de ultrassom em uma clínica de obstetrícia !
Este universo contabilizado no CNES em 2019 foi:
· 2.182.689 equipamentos;
· 46 profissões (CBOs) totalizando 45.491 profissionais das áreas de engenharia, manutenção, engenharia clínica.
E estes números possuem vieses – a quantidade é maior.
(*) Todos os gráficos e dados são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil – Edição 2020.
Ao analisar a quantidade de profissionais, por exemplo, podemos apontar alguns vieses que comprovam que os números do CNES são menores que os reais.
O gráfico ilustra a distribuição % dos profissionais nas UFs do Brasil:
· A variação entre as UFs de menor e maior indicadores é de 262 vezes;
· Esta variação não é compatível nem com a proporção da população, nem com a da quantidade de equipamentos, nem com a da quantidade de estabelecimentos;
· É evidente que em algumas UFs o cadastro do CNES é subnotificado;
· O serviço se sente mais obrigado a manter o cadastro atualizado quanto mais ele depende do repasse do SUS ou de operadoras de planos de saúde. Se na localidade a aferição para habilitação for difícil de ser realizada, o cadastro naturalmente fica desatualizado. E no caso de profissionais, se não são profissionais que se associam aos procedimentos, não existe motivação para isso;
· Se o serviço atende somente saúde suplementar não regulada, a motivação é menor ainda.
Os requisitos de habilitação (que resultam no dinheiro que entra no serviço) são os maiores motivadores para atualização do cadastro, então quando tratamos dos profissionais assistenciais o viés é muito menor ... mas quando tratamos de profissionais da retaguarda o viés é enorme.
Mesmo com vieses, a evolução do volume de equipamentos é constante no segmento demonstrando que, mesmo com toda a dificuldade que os modelos de remuneração impõem ao segmento, que caminham cada vez mais para dificultar a inovação, saúde vai se modernizando ano a ano:
· O gráfico demonstra que o incremento de equipamentos é enorme – entre 2018 e 2019 foram nada menos que 160.200 novos equipamentos;
· É impossível acreditar que esta progressão dos últimos anos se mantenha com a mesma proporção – se isso ocorresse, em cerca de 10 anos teríamos o dobro do parque instalado em 2017: o sonho de consumo de qualquer gestor da saúde, mas o inferno astral de qualquer provedor de recursos (SUS, Operadora de Planos de Saúde, etc.)
O gráfico demonstra a evolução % por Grupo de Equipamentos em apenas 2 anos (entre 2017 e 2019):
· Exceto equipamentos para hemocentros, que estão cada vez mais poderosos em termos de processamento de hemocomponentes em escala (a tendência da tecnologia é a troca de mais equipamentos de menor capacidade, por menos equipamentos de maior capacidade), todos os outros tipos evoluíram mais de 11 % em apenas 2 anos;
· Os equipamentos de especialidades (áudio, fono, hemodiálise ...) evoluíram 18,8 % no período, demonstrando que na ponta (os consultórios) estão cada vez mais especializados, permitindo diagnósticos e tratamentos cada vez mais seguros.
Para leigos quando se fala em equipamentos da área da saúde sempre vem a mente os equipamentos para diagnósticos, mas a realidade é muito diferente:
· Os equipamentos para procedimentos e manutenção da vida são os de maior volume. Monitores, bombas e outros estão presentes em praticamente todos os serviços de saúde;
· Em seguida temos os de odontologia. Por uma questão histórica e de dinâmica assistencial cuidar dos dentes ficou apartado de cuidar das outras partes do corpo – a dinâmica está muito relacionada aos equipamentos utilizados. O consultório de odontologia é bem diferente da maioria dos consultórios das outras especialidades médicas ... da maioria, mas não de todas !
E este gráfico demonstra que a evolução entre os grupos tem o mesmo perfil:
· A distribuição % em cada ano não varia significativamente em nenhum deles;
· Todos os grupos crescem, mas mantém uma relação proporcionalmente muito parecida ano após ano.
Por conta do protagonismo que os respiradores assumiram durante a crise COVID-19, com aumento no número de equipamentos do parque existente, não foi foco o estrago que o vírus impôs à engenharia clínica e as outras áreas de gestão de equipamentos, e dos fornecedores de insumos e serviços para equipamentos na área da saúde:
· Um estrago enorme ... sem precedentes;
· Nos serviços de saúde de menor porte o estrago será menor ... não é pequeno, mas eles são minoria no segmento;
· A maioria absoluta são consultórios e clínicas com sustentabilidade completamente afetadas pela crise ... e desta maioria, uma grande parcela que depende tanto do profissional como do equipamento para subsistir: odontológicos, oftalmológicos, especializados em cardiologia, audiologia ...
Um cenário jamais experimentado pela área da saúde também para profissionais da retaguarda (engenheiros, técnicos, auxiliares técnicos), como para fornecedores de insumos para equipamentos !
O estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil possui ferramentas que permitem tabular Equipamentos por tipo e grupos existentes em cada município brasileiro.
Mais informações sobre o estudo estão na página gesb.net.br ...
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