Ticket Médio de Rentabilidade das Operadoras de Planos de Saúde

A Evolução do Indicador Mais Importante da Saúde Suplementar

Enio Jorge Salu – Publicado em 14 de Agosto de 2020

 

(*) Todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil – Edição 2020

 

O gráfico demonstra o Ticket Médio de Rentabilidade das Operadoras de Planos de Assistência Médica e das Operadoras de Planos de Assistência Exclusivamente Odontológica em 2019:

·         É obtido subtraindo o total de despesas do total de receitas, e dividindo o resultado pelo número de beneficiários;

·         Da forma como este foi calculado, mesclando todas as operadoras, só serve para avaliar a evolução geral do mercado – para estudos mercadológicos específicos deve ser estratificado por modalidade, tipo de contratação e região;

·         Para nossa discussão aqui, com todos os vieses que existem, é um indicador muito adequado, já que a análise é de cenário geral da saúde suplementar, e sua evolução ao longo do tempo.

 

Inicialmente podemos concluir que qualquer negócio que envolva 30 milhões de clientes, como é o caso dos planos exclusivamente odontológicos, e dê como resultado algo em torno de R$ 60 por ano por cliente, ou 50 milhões de clientes, no caso dos planos de assistência médica e odontológica, e dê resultado de R$ 270 por ano por cliente ... é um excelente negócio !

 

Por isso nossa saúde suplementar está dominada por de empresas estrangeiras, seguradoras, grupos empresariais !!!

 

 

Este gráfico demonstra o mesmo indicador em 2011:

·         Nota-se que a evolução foi, em ambos os casos, de mais de 100 %;

·         Como é um indicador financeiro, basta comparar com a inflação oficial entre 2011 e 2019 para entender que, por mais que tivéssemos tido no período 2 grandes crises econômicas, a saúde suplementar continuou sendo um mercado diferenciado de oportunidade de negócios.

 

 

Observando a evolução das receitas e despesas dos planos de assistência médica:

·         Não registrou retração mesmo nos anos de crise;

·         Não registrou retração mesmo quando o mercado perdeu beneficiários (clientes);

·         As operadoras trabalharam muito bem para manter o equilíbrio entre as receitas e as despesas em um mercado que acirrou definitivamente a competitividade ao chegar nos limites da população que pode pagar um plano de saúde no Brasil;

·         E a evolução foi surpreendentemente constante – o gráfico não contém “vales”.

 

 

No caso dos planos de assistência exclusivamente odontológica:

·         Além de não haver queda na receita, com crescimento constante;

·         Ainda existe registro de retração de despesas, ou seja, a curva de rentabilidade é ainda mais acentuada do que a da receita;

·         E por estar em um mercado onde o universo de clientes é maior, por ser um produto mais barato, é ainda mais promissor, mesmo com eventos tão adversos como a pandemia COVID-19.

 

 

 

 

No caso dos planos de assistência médica:

·         Mesmo em meio às crises econômicas;

·         Mesmo com períodos de redução de beneficiários;

·         Mesmo com o aumento da competição gerada pelo protagonismo assumido pelas grandes empresas, especialmente as de capital aberto e capital estrangeiro;

·         Mesmo assim o % de rentabilidade se manteve estável – com leve evolução de 0,2 %.

 

Já no caso dos planos exclusivamente odontológicos:

·         O % de rentabilidade mais que dobrou !

 

 

Este gráfico que demonstra o Ticket Médio Geral (assistência médica e odontológica) por UF:

·         Serve para lembrar que vivemos em um “país continente” com enormes diferenças regionais;

·         Mas também serve para demonstrar que a rentabilidade na saúde suplementar não está diretamente relacionada com a riqueza da região;

·         Justamente nas regiões mais ricas a concorrência é maior, a oferta é maior, e a rentabilidade é menor;

·         Os mercados menores e mais distantes da oferta de serviços, onde não por coincidência o SUS é menos eficiente, são os relativamente mais rentáveis;

·         Podem não ter o mesmo volume que os demais, mas remuneram melhor individualmente;

·         Recentemente tive a oportunidade de prestar consultoria em uma operadora em um destes Estados, e comprovar que “o hábito não faz o monge” ... é uma das operadoras que relativamente mais expandiram no Brasil.

 

A Saúde Suplementar Regulada do Brasil é isso:

·         Um negócio lucrativo;

·         Com oportunidades surpreendentes para os atentos !!!