Práticas para Redução do Custo com o Plano de Saúde dos Funcionários

O Ano Mais Desafiador para Gestores de Benefícios das Empresas que Contratam Planos de Saúde da História: 2021

Enio Jorge Salu – Publicado em 26 de outubro de 2020

 

 

A última aula do último curso da Jornada da Gestão em Saúde deste ano ficou reservada para discutir as alternativas que os Gestores de RH das empresas que contratam planos de saúde têm para enfrentar o mais desafiador ano da história da saúde suplementar: 2021 exigirá habilidade para “caminhar na estreita trilha que divide a concessão do benefício da inviabilidade econômica”.

Vamos discutir Plano Coletivo, Participação, Coparticipação, Reembolso, Franquia, Plano Administrado, Compartilhamento de Riscos, Vale Saúde, Cooperativa de Saúde e Previdência da Saúde, que nem sempre os gestores de benefícios que contratam planos de saúde tiveram a oportunidade de conhecer ... é comum que sejam especialistas em alguns e que desconheçam outros ... que desconheçam práticas de mercado em relação a todos eles !

O elo mais importante do financiamento da saúde suplementar, as empresas que contratam planos coletivos de saúde para seus funcionários, passará pela maior provação que poderia imaginar no pós pandemia – funcionários e dependentes que:

·         Adiaram procedimentos eletivos que necessitavam fazer por receio contaminação;

·         Não conseguiram realizar procedimentos que necessitavam porque o plano de saúde restringiu o acesso à rede, ou por protocolo, ou por absenteísmo dos funcionários da área da saúde que foram contaminados;

·         Abandonaram tratamentos contínuos, como  controles de diabetes, hipertensão ... por receio de contaminação, e vão sofrer as consequências;

·         Abandonaram a rotina de exercícios físicos por receio, falta de opção, incompatibilidade com o uso de máscaras ... e terão efeitos colaterais.

Enfim: uma demanda reprimida, adicionada a demanda natural, adicionada da demanda de efeitos colaterais que a rede assistencial normal do plano de saúde não consegue atender de uma só vez.

E consequentemente o aumento da sinistralidade ... e o aumento do custo no reajuste de preços do plano ... 2021 será um ano tão atípico como 2020, mas inversamente proporcional em termos de sinistralidade.

 

(*) Todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil – Edição 2020

 

Nunca os gestores de benefícios tiveram tanta necessidade de entender e analisar o perfil assistencial da carteira de beneficiários definida pelo plano de saúde que financia aos seus funcionários:

·         O perfil ambulatorial e o de internação;

·         O que mais pesa financeiramente, e quais as alternativas mais adequadas para conter os custos no seu caso específico.

Discutir o tema sem ser influenciado pelo viés das forças do mercado que têm interesses específicos é fundamental:

·         A empresa contratante lida com o conflito natural de interesses entre a operadora de planos de saúde e os serviços de saúde, e não pode se deixar influenciar por discursos mais bem elaborados de uma parte ou de outra, afinal, no “fim das contas” o dinheiro sai do seu bolso;

·         E a empresa contratante lida com o conflito interno de conceder o benefício pensando na saúde do funcionário, dependentes e agregados, e assim reduzir ao máximo o absenteísmo, e ao mesmo tempo manter os custos do benefício dentro de parâmetros que consiga viabilizar, afinal, nem sempre o cliente suporta o repasse no preço dos seus produtos para financiar o benefício aos seus funcionários.

 

 

Mantendo a discussão sem vieses que dão aos gestores visões sistêmicas tendenciosas, pode-se definir visões sistêmicas temáticas para embasar a melhor escolha, caso a caso:

·         É um grande erro partir da premissa que algo que é bom para uma outra empresa do segmento e/ou de mesma estrutura mantenedora deve ser bom para todas, como “pregam” quem se beneficia da métrica;

·         Existem várias alternativas que podem ser adotadas individualmente ou de forma conjunta para compor o melhor cenário caso a caso.

Alternativas que muitas vezes são chamadas de “pautas bombas” nas reuniões do “board”, podem ser simplesmente encaradas como opções que flertam com a instabilidade do clima organizacional proibitivas em períodos de crise, ou podem ser encaradas como oportunidades para evitar que o plano de saúde seja eliminado da carteira de benefícios da empresa aos funcionários ... a escolha do caminho é fundamental para sair da zona de conforto e atacar o problema ao invés de mascarar até chegar a uma situação financeiramente insuportável, como tem sido feito há anos, diga-se de passagem.

 

 

E vamos lembrar que os planos coletivos representam 70 % da Saúde Suplementar Regulada:

·         Inviabilizar a concessão deste benefício nas empresas significa atingir diretamente as empresas que atuam na saúde suplementar como um todo;

·         Mas lembrar também que se os temas ganharem força, o desenrolar não significa catástrofe do sistema ... apenas a mudança de perfil geral dos planos em relação à forma de contratação.

O apagar das luzes de 2020 se apresenta como fantástico:

·         Além da oportunidade de encerrar a Jornada com este curso interagindo com os “verdadeiros chefes” do sistema de financiamento da saúde suplementar – os gestores de benefícios das empresas contratantes – simultaneamente com aulas sobre remuneração baseada em valor e sustentabilidade dos serviços de saúde e gestão de riscos em empresas de saúde na Faculdade Einstein;

·         O privilégio de ter sido escalado para dar aulas na nova turma de pós graduação em auditoria da Faculdade Einstein que está com inscrições abertas para o ano que vem. Uma grande honra saber que vou interagir com pelo menos mais uma leva de alunos que vão estar envolvidos na gestão da saúde dos grandes hospitais e operadoras de planos de saúde do país no futuro !