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Evolução do Ticket Médio e Média de Itens por Conta Sinalizam a Qualidade do Faturamento Hospitalar

0126 – 14/12/2020

Não Adianta Excelência Assistencial, Marca e Qualidade se o Serviço de Saúde Não Fatura o Que Produz da Melhor Forma

Referência: Jornada da Gestão em Saúde

 

 

(*) Todos os gráficos são partes integrantes do estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

 

Este é o gráfico mais emblemático que se pode construir para discutir o faturamento hospitalar na Saúde Suplementar e no SUS:

·         Ele ilustra o valor médio das contas de parto normal no SUS;

·         Se no SUS, que tem uma única tabela de preços, em um procedimento que não exige tanta especialização no processo de realização como os demais, o valor das contas varia significativamente, imagine o que ocorre na Saúde Suplementar com diversas tabelas de preços, deflatores e multiplicadores nos preços das tabelas, e itens de composição de contas que variam a cada contrato !

·         Posso assegurar ... na média, o faturamento dos hospitais é inadequado ... hospitais perdem muita receita por falta de especialização adequada.

Já passou o tempo em que se achava que o sistema resolveria tudo:

·         Sempre digo que quando resolvi abrir minha empresa de consultoria, lá em 2005, uma das certezas que tinha, que foram fundamentais para que eu resolvesse empreender, é que a maioria das contas da alta complexidade sempre terão erros: o volume de regras e condições, tanto no SUS como na Saúde Suplementar, vai crescendo conforme o tempo passa ... ajustamos o processo hoje, mas amanhã as novas regras quebram as regras de negócios de novo;

·         E a base de especialização não acompanha: na regra o faturista de hoje aprendeu como fazer com o antecessor – não se especializou para dominar a base conceitual;

·         Como o erro a maior o auditor pega, o erro a menor ... a perda de receita ... fica debaixo do tapete do hospital – ninguém vê, ninguém viu.

 

 

Se isso não fosse verdade, o que justificaria uma diferença de 25 % no valor médio de contas de um procedimento que não varia muito, e que está associado a uma única tabela de preços ?

As contas são formadas a partir da tradução do que acontece na área assistencial em lançamentos:

·         Cada ato assistencial se associa com determinadas regras de negócios;

·         No SUS onde as regras de negócios são únicas em todo o Brasil, mas ao contrário do que se pensa, a tabela de preços não é estática – o preço está sem reajuste “desde que o homem deu o primeiro passo na lua”, mas as regras de composição das contas evoluem na tabela: novos itens, novas compatibilidades, exclusão de itens, exclusão de compatibilidades;

·         Na Saúde Suplementar as regras de negócios variam a cada contrato, e os contratos também evoluem ao longo do tempo;

·         Nos dois casos, o faturamento deve ter especialização para entender os conceitos básicos, tabelas básicas, regras básicas ... e desenvolver processos que podem ser facilmente se modificar conforme as regras de negócios vão mudando;

·         A estrutura de faturamento hospitalar (pessoas, sistemas informatizados, processos manuais ...) deve ter especialização para identificar, no turbilhão de mudanças que ocorrem nos processos assistenciais, o que deve ser ajustado para mitigar as perdas ... para que o hospital aproveite ao máximo as oportunidades de realizar receitas financeiras.

 

 

Um indicador para aferir a qualidade do faturamento é a evolução do ticket médio das contas:

·         O gráfico demonstra o ticket médio geral de contas e itens na saúde suplementar;

·         Na verdade tanto o valor médio das contas como o valor médio por item de conta;

·         Enquanto o ticket médio por conta indica o valor final das contas, o ticket médio por item indica se o faturamento está atento no lançamento dos itens de maior valor, ou seja, se dentro de uma determinada regra o faturamento está escolhendo o melhor lançamento possível.

 

 

O gráfico ilustra que, na média, o valor médio das contas varia significativamente dependendo da região:

·         No SUS a variação é bem menor que na saúde suplementar (como ilustrado no gráfico);

·         As condições comerciais variam regionalmente;

·         O melhor é sempre comparar o ticket o mais próximo geograficamente possível;

·         E sempre avaliar a evolução do ticket no próprio serviço ... quanto era, e quanto é ... identificando a razão pela qual ele pode estar reduzindo.

 

 

Via de regra o valor médio reduz quando a quantidade média de itens lançados em conta reduz:

·         Várias razões podem fazer com que na prática o faturamento deixe de lançar todos os itens que poderia;

·         Geralmente isso ocorre em mudanças de processos assistenciais, que são invisíveis para o faturamento, e a comunicação interna não é eficiente – os processos de formação das contas não estão bem gerenciados.

 

 

O indicador de queda do ticket médio por item de conta pode sinalizar que algo ocorreu:

·         Uma mudança em um processo assistencial remete a um procedimento ou insumo que deixa de ser lançado, e o que o substituiu não é do conhecimento do faturamento ainda;

·         Isso geralmente faz com que o valor médio dos itens reduza: sai o item que não é mais devido, e não entra o item que passou a ser devido, porque o faturamento deixa de receber a sinalização do que era, mas não é sinalizado sobre o novo – isso é típico do distanciamento entre a área assistencial e a retaguarda administrativa ... nos processos !

 

 

A implantação progressiva das contas do tipo pacote também influencia os indicadores:

·         Embora o ticket médio das contas possa não ser tão afetado;

·         Evidentemente o ticket médio por item de conta aumenta.

O que chamamos de faturamento aqui nesta discussão é a comunhão:

·         Das pessoas que participam dos processos de composição das contas: faturamento, analistas de contas, auditores ...

·         Do sistema informatizado;

·         Dos registros que ainda são, na maioria absoluta dos serviços, formalizados em papel na maioria absoluta dos serviços de saúde. Vamos lembrar que a ANS regula a necessidade do beneficiário de plano de saúde assinar uma “guia TISS” ... em papel ... em 2020 ... ou seja, digitamos a informação no computador, imprimimos, assinamos e digitalizamos para colocar a informação novamente no computador ... impressionante ... engenhoso !!!

Esta comunhão, que chamamos de sistema, dá melhor resultado quando não se confia que tudo está certo:

·         Parte da estruturação dos lançamentos com base em checklists e kits de faturamento;

·         Contempla a revisão periódica dos parâmetros do sistema informatizado, que tem 100 % de chance de não estar 100 % certo;

·         E inclui a dinâmica de aproximar as áreas assistenciais da estrutura de faturamento sem que isso atrapalhe a rotina assistencial ... profissional assistencial existe para cuidar de pacientes, e não para realizar atividades burocráticas relacionadas às contas.

 

 

Quando se estrutura a área de faturamento como uma área de negócios, inserindo a padronização como a base para tudo que é feito na composição das contas, e rotina na análise dos indicadores como base para melhoria contínua, inserimos um fator de qualidade que não está “nos caderninhos” dos programas de certificação da qualidade:

·         Além dos resultados serem visíveis nos próprios indicadores, a empresa sente a melhora na sua sustentabilidade;

·         Faturar é uma atividade como outra qualquer quando se considera que para fazer algo bem feito, é necessário estar adequadamente preparado ... e os números tanto da saúde suplementar como do SUS indicam que ainda há muito o que fazer ... hospitais ainda perdem muita receita pela ausência de especialização adequada na formação das contas !