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SADT's Cresceram Durante a Pandemia
0134 – 11/01/2021
Aos cuidados de: «Nome» «empresa» «depto» «cargo»
Referência: Jornada da Gestão em Saúde
(*) Todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil
O gráfico mostra que entre 2019 e 2020 quase 2.000 novos SADT’s surgiram:
· E estes números contam apenas os estabelecimentos especializados – os estabelecimentos que se prestam apenas aos serviços de SADT;
· Não conta os serviços SADT existentes (incorporados) em outros tipos de estabelecimentos, como hospitais, ambulatórios, PS/PA.
É bem verdade que o setor cresceu em 2020 menos do que vinha crescendo nos anos anteriores:
· O crescimento reduziu da “casa” dos 7 % para 5,5 %;
· Mas 5,5 % de crescimento em um ano onde tudo conspirou para que não houvesse crescimento, demonstra o potencial da área de diagnósticos no Brasil.
A “maré estava contra”:
· A pandemia reduziu muito o diagnóstico preventivo de tudo que não era COVID-19;
· As internações para tratamentos eletivos reduziram significativamente, e internações dão origem a uma grande parcela de exames antes da internação;
· Os exames de rotina de beneficiários de convênios reduziram, porque uma boa parte deles está associada a coparticipação, e em um ambiente de crise econômica a seletividade do beneficiário em fazer exames não urgentes pesa muito na conduta.
Mesmo com este cenário, o % de estabelecimentos tipo SADT em relação total de estabelecimentos de saúde cresceu;
· O gráfico ilustra o % do volume de estabelecimentos do tipo SADT’s em relação total de estabelecimentos existente;
· Mesmo sendo 0,1 %, cresceu a participação relativa;
· Nem todos os outros tipos de estabelecimentos tiveram “a mesma sorte” em 2020.
Dos estabelecimentos deste tipo, a maioria absoluta são os “SADT’s isolados”:
· Os estabelecimentos que realizam exames de imagem, métodos gráficos e coletas para exames laboratoriais;
· Todos os outros juntos não somam 5 % do total;
· A razão principal se deve ao fato dos demais serem também suporte aos SADT’s isolados, e poderem “trabalhar no atacado” e não “no varejo”;
· Por exemplo: é muito comum ter coleta para exames de laboratório no SADT Isolado (varejo), mas o exame não é realizado lá – os exames geralmente são realizados em serviços de retaguarda (muitos até sem coleta) que prestam serviços para uma infinidade de SADT’s, Hospitais, PA’s, Ambulatórios, ou seja, atuam “no atacado e não no varejo”;
· É até engraçado para quem é do ramo ouvir um leigo dizendo que não confia no resultado dos exames laboratoriais de um estabelecimento e vai fazer exame de sangue em outro ... não sabe que nos dois casos o exame é processado no mesmo local. Olha ... não adianta tentar convencer a pessoa que é o mesmo padrão de resultado ... as diversas vezes que tentei fazer isso ouvi que o médico que pediu o exame recomendou que fizesse lá porque é melhor, colocando em dúvida a minha informação ... acabei desistindo de fazer isso !
É claro que por conta da pandemia, o maior crescimento relativo entre os tipos de SADT’s ocorreu nos Centros de Imunização:
· Mas note que todos eles tiveram crescimento;
· Até mesmo LACEN que é “uma indústria” de realização de exames para a área pública, que pode servir centenas de serviços públicos sem a necessidade de abrir mais estabelecimentos físicos para isso, teve crescimento de 3,2 %;
· Os SADT’s Isolados, 4,6 % ... excelente crescimento em um ano que as pessoas ficaram com medo de se contaminar COVID-19 fazendo exame;
· E os demais ... 9,6 % ... 17,1 % ... 17,5 % ... em um ano tão atípico ... são índices excelentes !
Se comemoramos o crescimento do setor, é sempre bom lembrar que com o aumento da concorrência é cada vez mais importante que os SADT’s, sejam laboratórios, sejam centros de diagnóstico por imagem e métodos gráficos da área médica, sejam radiologias odontológicas:
· Devem mapear o custo por procedimento adequadamente para avaliar adequadamente a precificação e a margem de contribuição;
· A base (a técnica) é a mesma para todos – simples e prática – apenas aplicando os conceitos e particularidades de cada tipo de serviço;
· Nada complicado que não possa ser resolvido até sem a necessidade de sistema informatizado ... não há desculpa para não fazer análise adequada da precificação !!!
E o crescimento poderia ter sido maior nos SADT’s:
· As fotos são de diversas farmácias ... não são as farmácias de alto custo, aquelas especializadas que distribuem medicamentos na área pública;
· São “farmácias de rua” ... de redes ... aa fotos são de redes diferentes, diga-se de passagem;
· Elas vendem de tudo: medicamentos, cosméticos, sorvetes, chocolates, refrigerantes, equipamentos ... vendem suplementos, grãos, castanhas, energéticos ... até produtos de limpeza, chips de telefone, produtos para pets ...
· Competem com mercados, restaurantes, bares ... competem com todos os tipos de estabelecimentos comerciais que existem no varejo, e que não podem vender medicamentos !
· Sob o ponto de vista econômico já é um absurdo ... são estabelecimentos enquadrados em regimes tributários diferentes dos mercados, restaurantes, bares, e dos demais estabelecimentos que vendem os mesmos produtos;
· É impossível auditar se a carga tributária de todos os itens que vendem está realmente equiparada nos seus sistemas de informação / notificação ... são mais de 4.500 no Brasil, segundo “números oficiais” ... não há “braço” governamental para auditorias contábeis detalhadas deste tipo.
E o governo surpreendentemente autoriza que realizem testes de COVID-19 ... procedimentos invasivos !
· Com todo o respeito que tenho por elas ... tenho muito respeito por elas porque na função “de farmácia” são empresas importantes para os sistemas de saúde ... a crítica aqui se restringe a realização de procedimentos médicos, e a enorme diferença que existe entre os estabelecimentos ... entre as próprias farmácias;
· A maioria absoluta não tem a menor condição de realizar procedimentos invasivos;
· Tem fotos aí que mostram extintores de incêndio atrás de geladeiras de refrigerantes e de sorvetes;
· Se não existe rigor nem para fiscalização trabalhista e de segurança do trabalho e dos clientes ... se não conseguimos entender como podem afixar o AVCB (dos bombeiros) nestas condições ... como podemos acreditar que existe qualidade sanitária para procedimentos invasivos neste ambiente ?
Serviços de diagnósticos são penalizados por problemas de higiene e protocolos de atendimento dos pacientes, se não afixam laudos de aferição / calibração de equipamentos ... as normas e a fiscalização sanitária neles é rigorosíssima:
· Mas não é raro (dá para ver algumas fotos) ver prateleiras de medicamentos sob luz direta do sol ... geladeiras com as costas para a vitrine “que bate sol” ... geladeiras ligadas em tomadas simples, sem equipamentos de proteção contra falta de energia elétrica;
· A maioria absoluta das farmácias nem dispõe de sanitário para os clientes;
· A maioria absoluta dos produtos vendidos está em gondolas que todos manipulam diretamente ... mãos infectadas que podem levar o produto diretamente “para a boca” !;
Para refletir: compare o “teste COVID-19 do cotonete” sendo feito em uma “farmácia de rua” com o feito em um SADT:
· Pode escolher qualquer tipo de SADT ... imagine um serviço de radiologia odontológica;
· Será que é possível comparar a qualidade de realização, a segurança do paciente, e os procedimentos necessários em casos de intercorrência entre eles ?
· Será que é possível comparar os registros de rastreabilidade de realização de um com o outro ?
· Para que serve investir em acreditação e outros sistemas de qualidade para aumentar a segurança do paciente, se existem empresas concorrentes que não se obrigam a seguir as mesmas regras ?
A matriz de custos para avaliar rentabilidade de produtos e preços em Centros de Diagnósticos é bem diferente do das “Farmácias de Rua”:
· Nos SADT’s é muito mais complexa, embora seja relativamente simples para gestores adequadamente capacitados;
· Como em qualquer outro tipo de exame, precificar para avaliar rentabilidade de testes COVID-19 ... para entender se é possível concorrer com redes de farmácia para realização destes exames ... é fundamental.
Por exemplo:
· Farmácias podem ser divididas em unidades de negócios por linha de produtos: medicamentos alopáticos, medicamentos homeopáticos, medicamentos alternativos, bebidas, petiscos ...
· Mas Centros de Diagnósticos não necessariamente podem ser divididos apenas por especialidade: geralmente não é adequado enquadrar mamografia junto com os outros exames de radiologia geral em uma única unidade de negócios ...
· No caso de farmácias o processo de “entrega do produto” ao cliente é praticamente o mesmo para todos, variando apenas os insumos materiais;
· Mas nos centros de diagnósticos este processo (realização do exame) é muito diferente dependendo da especialidade e/ou grupo de exames da especialidade e/ou exame específico !
Com a tendência cada vez maior de crescimento da saúde suplementar não regulada pela ANS, o segmento de diagnósticos tende a expandir ainda mais:
· Já não se trata mais de previsão ... inúmeros indicadores, além destes que discutimos aqui, já demonstram a realidade;
· Temos grandes redes de serviços de diagnósticos em todo o Brasil que nem fazem questão de atender pacientes de operadoras de planos de saúde – dão foco total aos pacientes particulares, e os que pagam e depois vão solicitar reembolso da operadora. Na área odontológica, diga-se de passagem, isso é mais evidente.
A tendência de crescimento deve se manter.
Primeiro porque a “sair debaixo do guarda-chuva” da complexa regulação da ANS acaba aumento o acesso para a parcela da população que pode pagar por um exame:
· São vários os casos em que é mais barato para o beneficiário de plano pagar diretamente o exame negociando preço, do que gastaria com a coparticipação que pagaria se fizesse utilizando o convênio;
· O custo administrativo da regulação é muito alto ... proporcionalmente muito maior quanto menor o preço do exame ... o SADT pode cobrar um preço muito menor do particular porque a matriz de custo se modifica substancialmente fora da regulação.
Segundo porque a cobertura do SUS para exames de baixa complexidade é cada vez menor:
· Boa parte da população dependente SUS acaba fazendo algum exame na saúde suplementar não regulada, porque a fila do SUS na região que habita é imensa, e não dá para esperar;
· É só observar, por exemplo, as notícias sobre a proporção de testes COVID-19 realizados na área pública e na área privada desde o início da pandemia;
· A mídia “martela” indicadores fornecidos por órgãos não oficiais de que a cada 3 testes realizados, 2 foram na área privada ... acredito que a proporção está errada ... acho que os que foram realizados na área privada foram proporcionalmente muito mais que isso;
· Mas mesmo se considerarmos esta proporção ... temos no Brasil 1 habitante com plano de saúde para cada 3,5 que não possui plano de saúde ... é mais que evidente que muita gente que não tem plano de saúde pagou este exame com dinheiro que saiu “do seu bolso” ... ou foi dinheiro que saiu “do bolso de empresas” que analisaram o cenário e perceberam que era mais barato pagar diretamente pelo exame para testar seus funcionários, do que engrossar a sinistralidade do plano coletivo com um preço mais caro, porque não poderia obrigar o funcionário a fazer o teste e cobrar participação dele !
Com a bagunça que foi o enfrentamento da pandemia, e com a bagunça que está sendo o plano de imunização no Brasil, a tendência, mesmo “com muita coisa conspirando contra”, o segmento deve continuar expandindo em 2021.