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Novo Perfil da Distribuição dos Leitos de UTI e Semi Intensiva do SUS e da Saúde Suplementar
0135 – 25/01/2021
Aos cuidados de: «Nome» «empresa» «depto» «cargo»
Referência: Jornada da Gestão em Saúde
(*) Todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil
Começando por dizer que a menção “governo” não se refere somente ao Presidente, somente ao Governador X, somente ao Prefeito Y:
· Se refere ao Presidente, a todos os Governadores, a todos os Prefeitos ... e inclui todos os Senadores, todos os Deputados, todos os Vereadores ...
· Para que não se utilizem fragmentos de informações técnicas e reais para favorecer discursos do ponta esquerda, do ponta direita, do centroavante;
· SUS é um Equipamento de Estado, e não de um governante ... e todos são responsáveis nos acertos e nos erros da gestão.
Isso posto, e mesmo com a certeza de que alguns dados serão tirados do contexto ... vamos lá ... ainda acho que o trabalho vale a pena para quem quer discutir sem viés !
O gráfico demonstra a evolução do número de leitos do tipo UTI e Semi nos últimos anos:
· Era de se esperar que a curva fosse muito acentuada de 2019 para 2020 por conta da pandemia;
· Não sei se era de se esperar que a curva de UTI’s fosse tão mais acentuada do que a de Semi, porque a informação que capturo é que a maioria dos pacientes internados por COVID-19 não evolui para casos que necessitam de UTI;
· Ou as informações que capturo estão erradas, ou os serviços de saúde estão mais pressionados a atualizar o CNES nos registros de leitos de UTI do que os de Semi ... ou as duas coisas ao mesmo tempo;
· E vale lembrar que também temos muitas internações para COVID-19 que “rolam” em leitos normais (nem UTI, nem Semi), mas estes não pressionam o sistema de saúde ... nem matam as pessoas !
De qualquer forma:
· Um acréscimo de 26.666 leitos de UTI e Semi em apenas um ano, mostra como esta doença distorce os parâmetros normais de estruturação de sistemas de saúde ... de saúde populacional;
· E evidentemente, como “arrebenta” os sistemas de financiamento público e privados, em qualquer lugar do mundo;
· E também como obriga os países a adotarem medidas que interferem tanto na saúde como na economia.
A questão que se coloca é que os números demonstram que o governo não fez nenhuma coisa nem outra ... continua não fazendo ... e vamos continuar pagando a conta por muito mais tempo:
· O governo tinha pessoas adequadas nos lugares certos, que deram o caminho do que deveria ser feito ... mas não ouviu, não deixou que eles agissem;
· Enquanto isso a iniciativa privada “deu uma aula” de assistência e sustentabilidade econômica;
· O governo poderia, pelo menos, ter olhado para ver o que a iniciativa privada estava fazendo ... uma pena !
O gráfico demonstra a distribuição % de leitos do tipo Semi em relação ao total de leitos durante os últimos anos:
· É fácil perceber que a coluna verde (área privada) apresenta um crescimento muito maior que a cinza (SUS);
· De 2019 para 2020, enquanto no SUS o % subiu de 1,7 % para 1,8 %, na área privada subiu de 2 % para 3 %, ou seja, evolução de ~0,1 % no SUS e de ~1 % na saúde suplementar ... 10 vezes mais;
· Com uma infinidade de leitos ociosos para procedimentos eletivos que “micaram” a partir do início da pandemia, a iniciativa privada deu foco nos leitos que necessitava, enquanto o SUS, que tinha muito mais leitos ociosos porque “o Rol do SUS (SIGTAP)” é muito mais abrangente do que o Rol da ANS, manteve a ociosidade do que não era necessário;
· Se o SUS tivesse feito a mesma coisa, teríamos mais leitos para tratar pacientes COVID-19 ... veja ... não estamos falando de investimento em novos leitos ... estamos falando em prover leitos comuns com alguns equipamentos simples para aumentar a cobertura, atender os pacientes de forma mais precoce, e evitar que eles se tornassem graves a ponto de necessitar de UTI ... de morrer.
Quando construímos o mesmo gráfico considerando os leitos de UTI o quadro tem a mesma característica:
· O aumento na área privada entre 2019 e 2020 foi muito mais acentuado;
· Enquanto a participação % no SUS aumentou algo em torno de 1,5 %, na saúde suplementar aumentou quase 6 %.
A participação % de leitos de UTI em relação ao total sempre foi maior na saúde privada, porque UTI é um negócio altamente rentável na saúde suplementar:
· Mas neste ano especificamente, as fontes pagadoras tinham a motivação de “não perder seu cliente para a COVID” e aproveitar as oportunidades de mercado;
· É claro que tinham a força da regulação, no caso das operadoras de planos de saúde, que obriga a cumprir metas que o SUS não cumpre ... mas também a oportunidade de captar recursos com o tratamento de pacientes particulares ... aluguel de leitos para o SUS !
O perfil dos leitos do tipo Semi foi então muito alterado:
· O gráfico ilustra a evolução % do total de leitos do tipo Semi entre 2019 e 2020;
· Em um ano, mais de 60 % na saúde suplementar ... e no mesmo período algo em torno de 20 % no SUS.
E ficou com “esta cara”:
· Na saúde suplementar os leitos mais próximos do tratamento de pacientes COVID-19 predominam;
· Enquanto no SUS, alguns leitos que estão com baixa ocupação por se associarem com outras doenças é que “lideram o ranking %”.
Mesmo com a saúde privada já ter maior participação proporcional de leitos de UTI em relação ao total:
· De 2019 para 2020 o volume de leitos de UTI cresceu mais de 50 %, enquanto no SUS ficou um pouco acima de 30 %;
· E vamos lembrar que boa parte dos leitos colocados à disposição no SUS foram “alugados” da iniciativa privada ... e isso não é barato: um leito de UTI é alugado ao SUS por algo em torno de R$ 70.000 por mês ... aparece na estatística com SUS, é utilizado pelo SUS, mas ao final do contrato é um bem da saúde suplementar.
Então a distribuição dos leitos de UTI, segundo suas especialidades, ficou assim:
· É ainda mais evidente que a área privada se preocupou e estar equipada para lidar com a pandemia;
· Já o SUS, além de não se equipar para a pandemia, ainda “misturou” muito mais pacientes COVID-19 com os outros nas mesmas unidades.
Os gráficos demonstram a quantidade de leitos UTI “Não SUS” em uma parte da região da Grande São Paulo:
· Os quadradinhos vazios ilustram cidades que não têm leitos de UTI;
· O primeiro gráfico demonstra a situação em 2019 ... o segundo a situação em 2020;
· Então, se olhar com atenção, é possível verificar que além de crescer o número de leitos onde já existia, a iniciativa privada proveu leitos de UTI em cidades que não tinham;
· Fez o que deveria ser feito ... para este tipo de doença o deslocamento do paciente de uma cidade para outra é difícil, perigoso ... e caro ... muito caro.
Já quando olhamos os leitos SUS:
· Além do crescimento de leitos ter sido menor, quase não proveu leitos onde não existia;
· Esperávamos muito mais, porque o SUS, no geral, tem “uma capilaridade” muito maior que a saúde suplementar ... está “nativamente” muito mais “espalhado” pelo Brasil que a saúde privada em qualquer tipo de nível de assistência (primária, secundária e terciária);
· E para nos deixar mais chateados ... escolhi as plotagens da região mais rica do Brasil ... se nesta região está assim, você pode imaginar como fico chateado aos ver os demais ... é deprimente o que o governo fez com o SUS no ano que mais necessitávamos dele ... desde que o SUS é SUS foi o maior apagão !
Os gráficos mostram a relação entre a quantidade existente de pessoas e a quantidade existente de leitos no Brasil em 2020:
· Nestes, que se referem à saúde suplementar, a quantidade de pessoas (círculos cor cinza) é o número de beneficiários de planos de saúde;
· As barras vermelhas no primeiro gráfico se referem aos leitos do tipo Semi “Não SUS” ... o segundo dos leitos tipo UTI “Não SUS”.
Estes gráficos mostram “a mesma coisa” no SUS:
· A quantidade de pessoas (círculos cor amarelo) é a população dependente SUS (população existente – beneficiários de planos de saúde);
· As barras roxas no primeiro gráfico se referem aos leitos do tipo Semi SUS ... o segundo dos leitos tipo UTI SUS.
É fácil perceber que as pessoas que possuem planos de saúde são privilegiadas se forem acometidos de COVID-19 em relação à população dependente SUS:
· O que o governo fez aqui no Brasil “não dá para entender”;
· “Não dá para entender” não é figura de linguagem ... é que não tem explicação lógica nem sob o ponto de vista de saúde, nem sob o ponto de vista econômico !
Para enfrentar a pandemia ele tinha 2 caminhos, até que surgisse a vacina ou algum remédio:
· Isolar ao máximo a população com medidas rígidas, punindo rigorosamente quem descumprisse a determinação, reduzindo ao máximo a velocidade de contaminação;
· Aumentar a rede assistencial de modo que não fosse necessário medidas tão rígidas de isolamento diminuindo o impacto na economia.
São somente estes 2 caminhos, porque enquanto não existir vacina as pessoas vão se contaminar cedo ou tarde;
· Ou o governo fazia com que a contaminação fosse tarde, espalhando mais os casos ao longo do tempo, para que o sistema de saúde existente “desse conta” de tratar os que fossem se contaminando;
· Ou ele aumentava a rede assistencial significativamente para que os infectados, na velocidade normal de infecção” fossem sendo tratados.
Como ele não fez nenhuma coisa nem outra:
· Só não tivemos proporcionalmente mais mortes que o Estados Unidos (ainda), porque lá não existe sistema de saúde pública para toda a população (Medicare cuida só de velhos e Medicaid cuida só de pobres ... os outros têm que se virar pagando plano de saúde ou particular);
· E tivemos um impacto econômico proporcionalmente muito pior do que todos os países do mundo ... não temos notícia ainda de alguma sociedade que sofreu impactos econômicos proporcionalmente maiores que o nosso.
Se o governo tivesse aumentado o número de leitos tipo Semi e UTI no SUS na mesma proporção da iniciativa privada ... se não tivesse desmontado os hospitais de campanha ... se a política pública de enfrentamento fosse integrada (governos federal, estaduais, distrital e municipais):
· Não teria ocorrido o que aconteceu em Manaus por 2 vezes;
· O Estado de São Paulo, por exemplo, não estaria de novo entrando em período de restrição máxima;
· A economia estaria girando muito melhor;
· E de quebra não teríamos o risco de uma 3ª onda ... que virá porque não vamos conseguir vacinar a população em 2021, até porque boa parte da população foi convencida pelos políticos que não devem tomar vacina.
Parabéns aos gestores da área privada da saúde que, com todas as dificuldades, estão dando “um show” de planejamento:
· Valeu a pena investir em capacitação ... não valeu ?
· Não foi bom aplicar o conhecimento de como funcionam os sistemas de financiamento público e privados ... quem são os atores ... tabelas de preços ... formação de contas ... pacotes ... modelos de remuneração ... não foi importante saber como manter a sustentabilidade da sua empresa em uma mudança de cenário ?
· Parabéns ... vocês estão fazendo a diferença na área privada !!!
Agora é "não baixar a guarda" ... não esquecer que o governo que não fez a sua parte ainda vai querer pegar dinheiro das operadoras no ressarcimento ao SUS e multas (inclusive para hospitais) ... estar preparado para recursar ABI's e Multas será fundamental ... não esperem que o governo que deixou medicamentos, testes e equipamentos estragarem vai agir com pudor em relação à voces !
Desejo força e muita paciência aos gestores da saúde pública, que não puderam fazer o mesmo no SUS:
· Não se preocupem com o que “os leigos em gestão” estão pensando de vocês;
· Quero aqui tomar a liberdade de representar todas as pessoas “do ramo” que conhecem sua competência e sabem que políticos de carreira não estão deixando que vocês façam o que deveria ser feito;
· Sabemos o quanto estudaram a estrutura do SUS, como funciona o sistema orçamentário do SUS ... como poderiam ter lidado melhor com a pandemia;
· Saiba que existem pessoas que imaginam a quantidade de reuniões que fizeram para mudar o cenário ... e da quantidade de “nãos” que ouviram porque o que estava sendo proposto “não dá voto”.
E “meus pêsames” ao governo que nem cuidou da saúde e da vida das pessoas, e nem cuidou da economia:
· Equipar a saúde com leitos Semi e UTI teria sido muito mais barato do que auxílio emergencial, isenções fiscais, e outras ações econômica que deram resultados efetivos catastróficos ... dinheiro que em boa parte financiou até compra de drogas ... que foi pago para pessoas que nem se enquadravam no perfil (até funcionários públicos nos casos que jorraram na mídia) ... um “monte de lambança” de cunho exclusivamente “eleitoreiro”;
· Teria sido uma oportunidade para equipar o SUS com leitos que seriam utilizados após a pandemia para reduzir as longas filas nas outras doenças;
· E teria evitado que centenas de milhares de empreendedores falissem ... não adianta dar “esmola” para a população carente “comprar nada” se a economia que garante a maioria dos empregos no Brasil está agonizando por conta de isolamentos que poderiam não estar mais sendo necessários da forma como estamos sendo novamente sujeitos.
A evolução dos leitos tipo Semi e UTI mostra que agora que os Estados Unidos (o pior país do mundo no enfretamento da pandemia ... o que proporcionalmente mais matou inocentes) começou a vacinar intensivamente e não depende de favores de outros países para isso, infelizmente estamos próximos de assumir a liderança mundial da incompetência sanitária pública nos próximos meses !