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Crescimento do Volume dos Equipamentos Demonstra A Demanda Por Tipos de Exames Diagnósticos
0147 – 25/02/2021
Referência: Jornada da Gestão em Saúde
(*) todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil
Este gráfico fantástico compara como era a distribuição dos equipamentos em relação ao total no final de 2017, e 3 anos após:
· É possível ver as modalidades que “ganham” mercado, como o caso do Ultrassom, e as que “perdem” mercado, como é o caso do Raio X;
· A preferência por uma modalidade se relaciona com protocolos, evidentemente, mas também com a oferta de equipamentos existentes ... ao mesmo tempo a oferta existente se relaciona com a demanda ... é a implacável “lei da oferta e da procura” que rege todos os negócios;
· Vale lembrar que os protocolos que definem os tipos de exames devem ser realizados sempre estão associados ao custo. É claro que não existe protocolo que define uma modalidade se ela não serve para a investigação desejada, mas havendo mais de uma modalidade válida, o protocolo sempre sugere a de menor custo;
· Porque uma das bases da gestão da saúde, aquilo que mesmo médicos, dentistas, enfermeiros e outros profissionais assistenciais que podem nunca terem feito um curso de gestão aprende na prática: os recursos são escassos, então precisamos fazer mais com menos, para atender o máximo de pacientes que pudermos.
Se estiver com expectativa de que este texto vai discutir se é melhor ou pior fazer um Raio X ou uma Tomo ... não perca seu tempo com a leitura ... vai se decepcionar:
· O objetivo aqui não é este (comparar tecnicamente a eficiência / eficácia / efetividade);
· Até, e principalmente, porque não tenho conhecimento nem competência para isso !
Construindo o gráfico considerando a variação relativa fica ainda mais visível:
· Endoscopia, Radiologia Geral (Raio X e Mamografia), e Medicina Nuclear tiveram redução no “market share”;
· Já Métodos Gráficos (ECG e EEG), Ressonância, Tomografia e Ultrassom tiveram aumento;
· Nos extremos, Radiologia Geral com maior perda de participação relativa, e Ultrassom com o maior ganho ... e +/- 1 % em apenas 3 anos é muita coisa !
É bom deixar claro que os números não indicam que houve redução do número de equipamentos ... muito pelo contrário:
· O gráfico demonstra que houve aumento de 3.713 endoscópios em 3 anos;
· E aumento de 3.801 equipamentos de Raio X em 3 anos;
· As quedas de 0,1 % e 1,0 %, respectivamente, são da proporção destes equipamentos em relação ao número total de equipamentos existentes;
· Ou seja, estas modalidades tiveram evolução, mas menores que as outras, que evoluíram mais que elas no período.
Veja o caso dos mamógrafos:
· Acréscimo de 1.172 equipamentos no período;
· Em 2020 contabilizamos 9.745 equipamentos;
· O número é grande mas ainda necessitamos de crescimento no número destes equipamentos para equalizar a oferta deste exame para a população.
Analisando o indicador Per Capita (mamógrafos por milhão de habitantes):
· Vemos que existem UF’s em que a oferta é quase 7 vezes menor, ou seja, temos locais onde o acesso para que uma mulher faça o exame e o diagnóstico precoce do câncer de mama seja bem definido ainda é precário;
· E infelizmente, o mapa indica que na média, quanto mais ao norte pior o acesso;
· Como sabemos que quanto mais ao norte do Brasil, maiores são as cidades, mais distantes os centros de uma das outras, maior o tempo de deslocamento necessário, piores as estradas (quando o acesso é por terra) ... a chance da mulher ser mutilada ou morrer sem ter sua doença diagnosticada é muito grande. Existe lá um trabalho muito legal do SUS com barcos e caminhões que transitam pelas cidades ... mas como mostram os números ainda é tímido perto da necessidade;
· Nosso sonho é ver um dia este gráfico com a menores intensidades de tonalidades !
Entre todos os grupos aqui comentados, os equipamentos de medicina nuclear foram os únicos em que realmente o volume reduziu:
· Como afirmei, não tenho competência técnica para comentar a razão ... posso comentar em relação aos aspectos financeiros, separando os equipamentos deste grupo em 2 subgrupos;
· O Pet/Scan não teve redução do volume de equipamentos, embora seja o equipamento cujos exames sejam os mais caros entre todos, de todas as modalidades;
· Os demais (os das cintilografias) não são exames caros comparados com a maioria dos demais, mas estão revestidos de processos de controles de insumos que exigem cuidado especial de manipulação (radiofármacos), e oferecem maior risco na administração financeira que os demais exames, por conta da logística destes insumos.
A variação de volume em algumas modalidades foi impressionante:
· Em Métodos Gráficos 9.617 novos equipamentos, e em Ultrassom 9.655 novos equipamentos;
· Quase 10.000 equipamentos para cada em apenas 3 anos é muito, mesmo sendo modalidades que exigem menores aportes de investimento.
Mas mesmo os equipamentos que exigem grande investimento, tanto no equipamento em si como na infraestrutura para instalação, funcionamento e atendimento dos pacientes:
· São 668 novas ressonâncias e 1.353 tomógrafos ... em apenas 3 anos;
· Mesmo incluindo um ano completamente atípico (2020) por conta da pandemia;
· Vale lembrar que temos tomógrafos utilizados em oftalmologia e odontologia que são muito mais baratos que os grandes equipamentos utilizados para exames em outras partes do corpo.
No geral, em volume de equipamento no período de 3 anos:
· Somente Medicina Nuclear reduziu o volume;
· Todas as demais modalidades cresceram acima de 10 % ... e praticamente a metade delas: de 20 % para mais !
Não há como não comemorar:
· Como disse, não pretendo entrar no mérito se é melhor fazer exame X ou exame Y, se pedem exames demais ... sei que várias pessoas vão dizer que gastamos dinheiro desnecessariamente em exames que poderiam não ser feitos;
· Mas quem tem intimidade com a geografia econômica da saúde no Brasil, e está cansado de ver tantas diferenças regionais, sobrando recursos em pouquíssimas cidades, e faltando recursos na maioria absoluta delas ... comemora !!!
Ainda necessitamos de muito mais para melhorar o acesso da população ao SUS, e dos beneficiários dos planos de saúde na ainda muito irregular rede da saúde suplementar regulada.
Somente alguns raros brasileiros que têm condições de “pegar um jatinho” e pagar para fazer qualquer exame onde bem entender não tem este problema !