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O Colapso Da Saúde Mal Começou - Ainda Não Dá Para Ver o Fundo do Poço - É Hora de Agir !
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Não Dá Mais Para Evitar o Que Poderia Ter Sido Evitado – É Hora de Enfrentar o Cenário e Não Pensar Que Ele Vai Melhorar
Não vale a pena escrever sobre o que poderia ter sido feito ... a conscientização não funcionou, não está funcionando e não vai funcionar ... toda vez que se politiza algo “dá nisso”: sempre foi assim, e sempre será !
O gráfico a esquerda é um dos que os veículos de comunicação insistentemente têm divulgado para a população:
· Ele passa a mensagem de que a pandemia melhora e piora, como se o vírus tirasse folga por alguns dias, e a sociedade pode afrouxar medidas de enfrentamento;
· É como aquele outro que a imprensa mostra cores de estados / cidades, dizendo que “de ontem pra hoje” houve estabilização, piora ou melhora de situação ... passando a mensagem para a população dos lugares que melhoraram de que se pode mudar o comportamento.
O gráfico da direita é o do tipo que deveria estar sendo insistentemente divulgado para a população:
· O fato de “ter caído a média móvel de mortes” nos últimos 15 dias não significa que as pessoas pararam de morrer ... continuam morrendo assustadoramente desde o início da pandemia;
· O enfrentamento deve continuar da mesma forma até que a pandemia acabe;
· E a pandemia no Brasil vai continuar por pelo menos mais 1 ano e meio (sendo otimista) ... pensar de forma diferente é o grande erro que vai acabar custando mais centenas de milhares de vidas !
Neste cenário é melhor planejar o que se pode fazer na área da saúde, na área da educação, e outras, para melhorar a economia. Esquecer quando será a reabertura (sonho) e encarar a situação (o cenário real).
Se pelo menos isso tivesse sido feito desde que a pandemia iniciou não estaríamos discutindo o “valor da esmola emergencial” que vai render alguns votos mas não vai ajudar os que mais necessitam:
· O empreendedor do setor de serviços que depende do contato social, especialmente turismo, hotelaria e eventos;
· O empreendedor do comércio de bens e produtos não essenciais;
· O autônomo da área de serviços não essenciais;
· Áreas que empregam muita mão-de-obra não qualificada, boa parte informal, e diga-se de passagem, sempre têm muita dificuldade de subsistência ... basta ver quantas vezes trocou de dono “a loja e o barzinho da esquina” mesmo antes da pandemia !
Fato 1: Falta leito para tratamento de pacientes críticos, não só de COVID-19
· É certo que nos estoques dos hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, PS’s/PA’s, especialmente os públicos. mas não exclusivamente eles, “um monte” de medicamentos utilizados em tratamento de doenças que deixaram de ser tratadas já perderam a validade, ou perderão rapidamente ... estão apodrecendo;
· O governo (federal, estaduais, distrital e municipais) deveria financiar a atividade de segregação destes estoques e encaminhamento associações de reciclagem;
· Neste descarte tem alumínio, plástico, papel ... coisas que têm valor para muitas instituições que empregam muitas pessoas;
· Melhor coordenar isso agora do que deixar virar notícia depois justificando que foi culpa da pandemia !
Fato 2: Os indicadores sinalizam que vamos demorar mais de 1 ano para vacinar a população
· O governo deve permitir que as operadoras de planos de saúde importem vacinas para dar aos seus beneficiários;
· A maioria absoluta das operadoras (as que não exploram a rede pública por falta de rede própria/credenciada) prefere gastar menos com vacina ao invés de pagar muito pelas contas de internações caríssimas para tratamento dos seus beneficiários que contraem COVID-19;
· Certamente vai acelerar a vacinação de uma parcela da população que só tem chance de receber a vacina no ano que vem, reduzir os custos das operadoras, e reduzir o acesso para tratamento na rede pública.
Fato 3: A Saúde tinha recursos orçamentários para transporte de pacientes que realizam tratamentos em outras cidades, e a Educação tinha recursos orçamentários para transporte de alunos em escolas públicas
· O valor orçamentário do transporte pode ser mantido, utilizando as empresas contratadas e as “Vans” de autônomos em rotas do transporte metropolitano e intermunicipal;
· Continuar pagando estas empresas / profissionais para que auxiliem nas rotas do transporte público evita o “sufoco” deles, e ao mesmo tempo que reduz (mesmo que um pouco) as aglomerações no transporte público saturado.
Fato 4: A Saúde tinha recursos orçamentários para alimentação de pacientes que realizam tratamentos que foram suspensos, e a Educação tinha recursos orçamentários para alimentação de alunos das escolas públicas
· Este valor orçamentário deveria ser convertido em “auxílio emergencial” do pequeno empresário do setor de alimentação;
· Especialmente para as empresas “legalmente estabelecidas” e/ou que mantém funcionários em regime CLT.
Fato 5: Milhões de brasileiros têm que ir às farmácias pegar medicamentos de uso contínuo, a maioria de baixo custo
· O governo poderia criar uma estrutura para “delivery” destes medicamentos, entregando nas residências;
· A estrutura daria emprego/trabalho para dezenas de milhares de pessoas ... esta estrutura poderia ser “gerenciada” pelos Correios;
· E evitaríamos que esta população, boa parte de alto risco para COVID-19, tenha que circular nas ruas, e nos ambientes insalubres das farmácias cuja maioria são na verdade supermercados e lojas de conveniência que “também” vendem medicamentos.
Fato 6: O governo, em todas as instâncias, está economizando energia elétrica nas repartições que estão fechadas, ou funcionando com estruturas reduzidas
· A verba orçamentária prevista para gastos com energia elétrica deveria ser utilizada para subsidiar o valor das contas de energia elétrica da população que consome pouca energia ... os mais necessitados e mais afetados economicamente pela pandemia.
Fato 7: O planejamento da saúde, da educação, da segurança ... de todos os segmentos da economia depende de informações demográficas, compiladas nos Censos Populacionais a cada 10 anos ... em 2020 era para ter sido realizado o Censo
· O governo deveria realizar o Censo imediatamente ... não existe qualquer razão para não realizar com segurança;
· Além de passarmos a ter informações adequadas para planejar tudo (saúde, educação, transporte ...) ainda geraria empregos / trabalho para algumas dezenas de milhares de pessoas em todo o Brasil;
· O orçamento já era previsto e não foi realizado;
· Não dá para planejar bem qualquer tipo coisa com dados populacionais de 2010 !!!
Fato 8: Alguns segmentos da economia estão lucrando como nunca, porque sua atividade cresceu a partir da implantação de medidas restritivas
· Supermercados, Farmácias, Telecom, Materiais de Construção e de Bricolagem, Combustíveis ... estão comemorando a pandemia;
· O governo deveria estabelecer uma alíquota de tributos diferenciada para estas empresas, e empregar a arrecadação para subsidiar o pagamento de contas de água da população que consome pouca água ... os mais necessitados e mais afetados economicamente pela pandemia.
Fato 9: Micro e pequenas empresas que tiveram seu faturamento quase que extinto continuam tendo despesas fiscais que estão as levando para a falência
· O governo deveria “zerar” temporariamente os tributos das micro e pequenas empresas ... até o final da pandemia;
· Deveria aproveitar a pandemia para aumentar o teto da MEI de modo a enquadrar um maior contingente de profissionais que tem CNPJ somente porque seu empregador não quer contratar como CLT;
· Deveria aproveitar a pandemia para isentar micro e pequenas empresas, enquadrando todas “no lucro presumido”, e eliminando a obrigatoriedade de terem seus balanços assinados por contadores ... uma despesa fixa significativa para todos eles;
· Eles passariam a apresentar uma declaração de imposto de renda anual simplificada, como fazem as pessoas físicas, eletronicamente todos os anos.
Poderia ficar aqui “dando um monte de exemplos” ... mas ... do que estamos tratando ?
A sociedade está mais preocupada em obter uma “solução mágica” para acabar com a pandemia ou negligenciar a pandemia para cuidar da economia, do que engajada em enfrentar a pandemia e os reflexos econômicos ao mesmo tempo ... pensando que logo voltaremos ao que era antes.
Nenhuma proposta acima tem a pretensão de ser totalmente assertiva ... não são as propostas devem ser discutidas ...
... o que deve ser feito é quebrar o paradigma do “Não Vai dar Certo Lippy” e trabalhar para conviver com o colapso da saúde e as mudanças que a pandemia fez no mundo.
O colapso da saúde apenas começou e não vamos sair dele este ano:
· Não vamos vacinar a população este ano;
· Vai continuar faltando leitos “pra tudo” por um bom tempo;
· Vamos continuar prorrogando tratamentos eletivos, e tendo pacientes em estado cada vez mais graves quando tivermos que tratá-los;
· Vai faltar muito insumo específico que se consumia pouco, e passa a ser muito consumido (exemplo: oxigênio) ...
Então o que deve ser feito: planejar para lidar com este cenário, e não com um cenário de volta à normalidade que não vai acontecer logo, e nem será igual ao que era antes.
Não devemos nos enganar ... mesmo depois da vacinação a saúde vai demorar anos para sair do colapso:
· Perdemos muitos profissionais de saúde que demoraram anos para se especializarem ... vamos demorar anos para formar e repor esta mão de obra ... este conhecimento ... valiosíssimo ... caríssimo;
· Perdemos muitos serviços que faliram ... perdemos (desqualificamos) muitas estruturas de planejamento em saúde que demoramos anos para montar ... vamos demorar anos para repor.
Não devemos nos enganar ... as coisas não serão mais como eram:
· Home Office, Delivery, e várias outras práticas se consolidaram ... a mobilidade já mudou;
· Pessoas passaram a ter gosto em cozinhar, em consertar objetos ... em fazer coisas que nunca fizeram;
· E muitas outras coisas ... a pandemia já mudou o mundo.
O discurso deve ser: o que podemos ajustar agora (já) nesta realidade ?
“Anime-se Hardy” !