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Sentimos na Pandemia a Prova de Que Não Existem Sistemas de Saúde no Brasil

0158 – 04/04/2021

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Temos 3 Sistemas de Financiamento da Saúde, e Nenhum Sistema de Saúde no Brasil !

 

(*) todos os gráficos são partes integrantes do estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

 

O gráfico demonstra a queda de volume de atendimento ambulatórial no SUS entre 2019 e 2020:

·         Ele ilustra  o “estrago” que a pandemia fez no sistema de financiamento da saúde pública no Brasil;

·         Pode ser utilizado com segurança como base para o que aconteceu tanto no SUS como na Saúde Suplementar;

·         E como base para entender que, por não termos sistemas de saúde, as consequencias da pandemia são muito diferentes em cada parte do território nacional !

 

Meu sustento, a razão de existir da minha empresa de consultoria e treinamento desde 2005, vem do fato de atuar na economia da saúde – não tenho formação assistencial, na verdade, nem vocação para as nobres profissões do segmento ... medicina, odonto, enfermagem, fisio, psicologia, nutrição, farmácia, educação física ...

Julgo que a minha sustentabilidade depende de ter aprendido que SUS e Saúde Suplementar são sistemas de financiamento da saúde e não sistemas de saúde:

·         Em aulas quando digo isso tenho que tomar muito cuidado para explicar, antes que as pessoas comecem a criticar ... ou a mim, ou ao SUS, ou a ANS;

·         Para não deixar a discussão “descambar” começo afirmando que temos o melhor sistema de financiamento da saúde pública do mundo ... não existem evidências de qualquer sistema de financiamento da saúde pública melhor que o SUS;

·         E temos certamente uma das piores regulações de sistemas de financiamento da saúde privada do mundo ... existe uma infinidade de sistemas de financiamento privados piores que a nossa saúde suplementar, mas não os regulados pelo governo do país.

Estamos “sentindo na carne” durante a pandemia que nossa saúde não está na agenda, podemos associar a diversas situações reais:

·         Podemos chamar qualquer assunto que está na pauta de todos nós aqui no Brasil, analisar se o que envolve o tema;

·         E concluir: não se trata de sistema de saúde ... é financiamento da saúde ... é disso que se trata !

 

A campanha de vacinação mal iniciou e já fracassou no Brasil !

·         As coisas estão funcionando ... devagar ... muito devagar, quase parando ...

·         E vai parar quase completamente quando as vacinas que temos acabarem;

·         Vamos então um “discurso ensaiado por todos os políticos” em breve: fizemos de tudo mas não tem vacina !!!

Diferente deles, quem é do ramo não está subestimando a capacidade do vírus:

·         Ele está se modificando rapidamente porque estamos demorando a reagir ... e vai produzir “gerações” que serão imunes às vacinas atuais, exigindo novas vacinas ... que serão desenvolvidas rapidamente, mas serão novos tipos, que demandarão mais tempo para produção, aplicação ...;

·         Basta atentar ao que começaram a dizer as principais autoridades de saúde no mundo: não é questão de se preocupar se haverá uma nova pandemia ... a questão é quando ela ocorrerá.

O governo está preocupado (agora) apenas em financiar a compra de vacina e vacinar:

·         Não está preocupado com a saúde das pessoas, que no caso do COVID-19 não depende apenas da vacina da “versão 2020 do bicho” ... depende de ações planejadas e coordenadas que se adaptem a evolução da doença;

·         Está preocupado com o financiamento do sistema de saúde ... e não com a saúde !

É fato que a campanha de vacinação fracassou “em gênero, número e grau”:

·         Um cronograma de aplicação de algo que não temos, sem perspectiva real de termos o que necessitamos;

·         Números imbatíveis (que não batem): doses distribuídas x pessoas vacinadas;

·         Mudanças sistemáticas nos grupos de risco ... a cada semana são incluídos novos grupos por pressões políticas. Sem politizar ou idealizar a definição dos grupos: as prostitutas não deveriam estar no grupo de risco ?

·         Cito este grupo “politicamente incorreto de discutir” para ilustrar bem: não existe profissão com maior risco que o delas !

·         Sabemos onde trabalham e podemos vacinar para que não sejam vetores quando vão fazer compras no mesmo supermercado e farmácia que toda a população utiliza ... não existe melhor exemplo de que a definição dos novos grupos de risco está totalmente politizada.

O fracasso da campanha de vacinação é um exemplo de diferença entre um sistema de financiamento da saúde (compra de vacina e imunização) e um sistema de saúde (planejamento do enfrentamento de algo novo ... evolutivo):

·         O SUS está cumprindo, exemplarmente diga-se de passagem, sua missão de sistema de financiamento da saúde pública, que é ... não está falhando como sistema de saúde – porque não é !

·         Cada instância governamental está empenhando recursos dentro da sua responsabilidade e competência, porque “está escrito no caderninho” ... Governo Federal compra vacina, Governos Estaduais / Distrital recebem e distribuem, e Governos Municipais aplicam;

·         Não existem “ações de saúde” para garantir que as pessoas sejam vacinadas conforme a necessidade de enfrentamento do vírus;

·         Se alguém reclamar que não tomou a vacina vai ouvir o governo federal dizer que comprou ... vai ouvir o governo estadual/distrital dizer que distribuiu ... e vai ouvir o governo municipal dizer que x % da população foi vacinada, de acordo com “as diretrizes da campanha nacional de vacinação”;

·         Nada relacionado ao que seria “uma cadeia de valores de saúde” ... obrigando prejudicados, que têm condições para isso, a Judicializar !

 

 

O lobby da área privada para compra de vacinas vai funcionar ... “é inocência” pensar o contrário:

·         Sem entrar na discussão do aspecto da ética ... isso já está mais que debatido ... perda de tempo;

·         Sem entrar no aspecto político de que é o governo que tem que fazer e se não fizer vai favorecer partido A ou B, candidato A ou B ... isso já está mais que debatido ... perda de tempo.

A questão que se coloca é: qual o grau de confiança que se pode ter se a vacinação “sair das mãos” do governo ?

O caso de Belo Horizonte é “emblemático”:

·         Se as pessoas tomaram vacina ... de onde vieram ? De roubo ou de contrabando !

·         Se as pessoas não tomaram vacina ... se o que foi encontrado na residência da “enfermeira” é o que foi ministrado (soro fisiológico) ... quem garante que ao liberar para a iniciativa privada não vamos ter a maior aplicação de injeções de “água mineral com sal e açúcar” da história da humanidade aqui no Brasil ?

É possível acreditar que o que foi “achado” na casa da “enfermeira” é a mesma coisa que foi ministrado ... mesmo com ela confessando ou não ?:

·         É possível acreditar que não haja manipulação das informações divulgadas em um caso que envolve autoridades ?

·         ... aqui no Brasil onde após 2 anos ... 2 anos ... não se sabe quem mandou matar uma vereadora da segunda maior cidade do Brasil !

Aqui é Brasil:

·         País que se notabiliza pela ausência do Estado, de justiça e de punição ... continuamos sendo um dos países de maior impunidade no mundo;

·         Deixando questões éticas, políticas e ideológicas de lado ... liberando para a iniciativa privada durante uma pandemia ... a maioria das pessoas que comprarem vacinas serão vacinadas, ou “vão tomar um banho de sal” ?

·         Em um país onde cigarro contrabandeado com o mais alto nível de toxidade, e todos os tipos de drogas são livremente distribuídas por complexas organizações criminosas com apoio de milícias ... o que estará nas seringas de uma vacinação na área privada ?

O lobby envolve muito dinheiro para empresas sérias ao mesmo tempo que envolve o não confronto com o crime organizado:

·         É interessante para o lobby que as pessoas fiquem discutindo ética e responsabilidades governamentais, que envolvem posições baseadas em opiniões ... na força da palavra dos formadores de opinião ... dos interesses políticos;

·         Enquanto isso a aprovação vai passar no congresso sem a preocupação com o que acontecerá na prática.

É o segundo exemplo ... não temos sistema de saúde privado:

·         Temos mecanismos de financiamento da saúde privada, mas não de saúde;

·         O governo não vai se preocupar em controlar se as vacinas adquiridas pela iniciativa privada serão aplicadas ou vendidas para outros países;

·         Porque o governo não terá uma FioCruz, um Butantan, para controlar a qualidade do que será distribuído ... e não tem estrutura para garantir a qualidade do que chegar ao Brasil ... na verdade nem para aferir se o que estará sendo aplicado chegou de fora ou foi “fabricado” aqui;

·         E se não sabemos hoje, com a centralização da vacinação pelo governo, quantas pessoas realmente foram vacinadas, se as pessoas que foram vacinadas realmente são do grupo de risco, e qual a razão da divergência entre a quantidade distribuída e a quantidade aplicada ...

·         ... é fácil prever o que vai acontecer com vacinas que não forem aplicadas pelo próprio governo !

Como é um sistema de financiamento da saúde privada, o lobby vai ganhar ... e tivéssemos um sistema de saúde privado o lobby teria dificuldade !

 

 

A ANS acaba de atualizar o Rol e publicar mais algumas notas técnicas:

·         Na época histórica em que mais foram necessárias ações da ANS para proteger a saúde dos beneficiários de planos de saúde no enfrentamento do vírus ... uma pandemia mundial ...

·         ... são 69 novas coberturas para planos de saúde, sendo 50 de medicamento e 19 de procedimentos e exames, quase 100 % sem relação com o tratamento de doentes COVID-19 !

·         Enquanto estamos vivendo a maior crise sanitária da história mundial, a única da história da ANS, ela se ocupa em ajustar o Rol para adequar prioritariamente oncologia, asma, esclerose múltipla ... é cômico, se não fosse trágico !

Não entendam mal:

·         Isso tudo é muito necessário, está sendo discutido há muito tempo, especialmente o que se refere a oncologia ... a questão não é dizer que os ajustes estão errados ... longe disso !

·         A questão é que o mundo está priorizando COVID-19, seu tratamento, e a minimização dos problemas que os serviços de saúde estão tendo por não poder tratar outras doenças ... a ANS infelizmente está em outro mundo !

É o terceiro exemplo: a ANS não regula um sistema de saúde suplementar ... regula um sistema de financiamento da saúde suplementar ... é muito diferente.

Se tivéssemos um sistema de saúde suplementar ela estaria, por exemplo:

·         Priorizando ações para que operadoras realizassem ações de apoio ao programa de vacinação ... não vacinar, que é obrigação do governo (ainda), mas monitorar que seus beneficiários dentro da lista de prioridades estejam vacinados;

·         Monitorando se as operadoras estão seguindo os protocolos de atendimento de pacientes definidos pelos governos federal, estadual/distrital e municipal.

Entendendo ... reforçando que é um sistema de financiamento e não um sistema de saúde suplementar:

·         Tem operadora dando cloroquina de graça para seus beneficiários ... e outras não;

·         Vamos deixar a discussão se é bom ou ruim dar cloroquina ... isso é coisa do passado ... perda de tempo;

·         A questão que não se discute é: uma operadora dar e outra não ... isso é ruim ... não pode !!

·         É inadmissível utilizar beneficiários de planos de saúde como “cobaias de testes” de protocolos de remédios a critério do interesse de empresários da saúde para conter custos com internação e não da comunidade científica !!!

·         Não podemos crucificar as operadoras .... estão agindo por ausência de ação da ANS ... neste caso se preocupando com o sistema de financiamento, porque são agentes de financiamento, e não com a saúde, porque são operadoras de planos de saúde, e não operadoras de sistemas de saúde !

 

 

Defendi a tese ... concluo então dizendo que para melhorar sistemas de financiamento da saúde e termos um dia a chance de construirmos um sistema de saúde necessitamos de mais e melhores gestores na área da saúde:

·         A área assistencial no Brasil tem excelência, é reconhecida mundialmente ... nossa gestão da saúde ainda não;

·         Temos ótimos gestores ... tive alguns professores, com quem ainda tenho a honra de conviver profissionalmente, graças a Deus, excelentes gestores;

·         Mas a saúde é muito grande para o contingente de gestores que temos ... precisamos mais !

Algumas pessoas sabem que estou em um projeto de auxílio às instituições filantrópicas, que estão passando por muita necessidade, justamente porque os sistemas de financiamento da saúde pública e privada não têm obrigação de as sustentar.

Toda a programação de cursos da Jornada da Gestão em Saúde do segundo trimestre será voltada para captar recursos para doação para 5 entidades filantrópicas:

·         Do total de recursos que conseguirmos captar, vamos descontar a carga tributária e os custos com terceiros (que não tenho condições financeiras de assumir), e todo o restante será destinado para as 5 entidades ... dependendo da quantidade de inscritos, poderemos destinar até 70 % da arrecadação;

·         Buscando aumentar a adesão, todos os 10 cursos do segundo trimestre da Jornada da Gestão em Saúde serão “vendidos” por R$ 300,00, ou seja, 10 % do valor praticado originalmente por curso;

·         O inscrito nesta etapa, por este valor de inscrição, poderá participar de todos os 10 cursos, pagando o equivalente a “1 pizza” por cada um deles.

Os próprios participantes vão eleger as 5 instituições que receberão as doações:

·         E todas as que forem votadas, mesmo as que não receberem doação, poderão inscrever participantes gratuitamente nos cursos da Jornada da Gestão em Saúde do terceiro trimestre de 2021;

·         Isso também é de muito valor para as filantrópicas neste ano ... se faltam recursos para o básico, não têm recursos para desenvolvimento dos seus colaboradores ... e o “turnover” é alto !

Se estiver interessado em participar, os detalhes dos cursos e as informações para inscrições estão na página www.jgs.net.br .

 

 

A votação para eleger as 5 será livre ... apenas vamos aferir no CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – de 2020 se a indicação é um hospital (tipo do estabelecimento) de empresa privada sem fins lucrativos (natureza jurídica) para que o voto seja válido !

Sei que nos tempos que vivemos é cada vez mais difícil acreditar em projetos como este:

·         Só posso firmar o compromisso pessoal de divulgar todos os dados de inscrições, arrecadações e doações na página para auditoria aberta !

Todos os cursos serão realizados pela plataforma Zoom, das 17:00 h às 20:00 h (horário de Brasília):

·         Fundamentos e Ferramentas Básicas do Marketing em Saúde (GNAS20) – 15 e 22 de Abril

·         Práticas para Precificação de Produtos Hospitalares (GNAS19) – 27 de Abril e 4 de Maio

·         Gestão Comercial em Saúde (GNAS16) – 29 de Abril e 6 de Maio

·         Melhores Práticas da Gestão do Faturamento em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos na Saúde Suplementar e no SUS (GNAS17) – 11 e 18 de Maio

·         Como Avaliar Preços de Pacotes em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos (GNAS12) – 13 e 20 de Maio

·         Como Definir e Precificar Pacotes em Operadoras de Planos de Saúde (GNAS13) – 25 e 27 de Maio

·         Como Calcular Custos e Preços em Centros de Diagnósticos por Imagem e Radiologia Odontológica (GCPR11) – 1 e 2 de Junho

·         Como Aferir Ressarcimentos das Operadoras de Planos de Saúde para o SUS (GNAS14) – 8 e 15 de Junho

·         Práticas de Faturamento e Auditoria de Contas Médicas SUS (GNAS18) – 10 e 17 de Junho

·         Introdução à Auditoria de Contas Hospitalares para Médicos, Enfermeiros e Outros Profissionais da Área Assistencial (GNAS11) – 22 e 24 de Junho

Se puder ajudar na divulgação ficarei agradecido ... se puder participar, mais agradecido ainda !!!!!!

Mais detalhes sobre a programação, os cursos e inscrições na página  www.jgs.net.br   ou diretamente através do canal   contato@escepti.com.br