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Fome e Desemprego na Pandemia - Casos de Saúde Pública ... Não de Economia

0159 – 04/04/2021

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Maior Erro do Governo Foi Criar Uma Competição Desnecessária Entre Saúde e Economia na Pandemia

 

(*) todos os gráficos são partes integrantes do estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

 

Logo que entrei na área da saúde fiquei escandalizado quando ouvi em uma palestra na USP diversos médicos discutindo a doença “acidente de trabalho”:

·         Como ainda não sabia o que era saúde, era debutante na gestão da saúde, achei aquilo uma tremenda bobagem;

·         Doença é trauma, envenenamento, esquemia ... acidente é acidente ... assim pensava na época;

·         Achei que estavam querendo ter “um minuto de fama” ... que estavam “se aproveitando do logotipo do jaleco” para ocupar espaço ... e mais um monte de julgamentos errados que fazemos quando não temos conhecimento adequado do que envolve um tema !

Me lembrei do episódio outro dia ao ver a Profa. Margareth Dalcolmo da FioCruz dizer que a fome é uma questão de saúde pública:

·         Hoje fico escandalizado ao sentir que ainda é necessário dizer isso ... uma coisa tão óbvia;

·         Então lembro que a maioria absoluta dos políticos não tem a menor intimidade do que é saúde ... quem diria a maioria da população !

·         E chego a pensar que a “bandeira defendida por ela” é quase impossível de ser disseminada.

 

O gráfico demonstra a evolução no volume de internações no SUS entre 2019 e 2020:

·         Atenção ... é entre 2019 e 2020 ... não representa o que ocorre em 2021 ... é um cenário menos danoso do que o que estamos vivendo atualmente, e o que vamos viver nos próximos meses que serão ainda piores;

·         Enquanto tivemos ~32 % de aumento nas internações em doenças respiratórias (por conta da COVID-19), tivemos, por exemplo, ~ 48 % de queda nas internações em doenças do ouvido !

·         Tirando internação por COVID-19, tivemos queda no volume de internação para de todos os outros tipos de doenças !!

 

Diagrama

Descrição gerada automaticamente

 

Se analisarmos fome e desemprego dentro da própria área da saúde:

·         O tratamento das doenças gera um grande “cadeia de valores” na economia mundial;

·         Em qualquer parte do mundo existem consumidores da saúde ... pública ou privada ... que depende de recursos financeiros para funcionar;

·         Cria empresas, empregos ... diminui a parcela da população que depende do governo para subsistir.

 

Se pela tabela observarmos que quase metade das internações relacionadas a otorrinolaringologia deixaram de acontecer:

·         Os serviços de saúde que realizam este procedimento tiveram um grande prejuízo ... são raras as empresas e pessoas no mundo que resistem a redução de 48 % do que ganham;

·         Alguns serviços tiveram queda muito maior ... 48 % é média entre empresas que não tiveram queda (0 %) e as que fecharam as portas (100 %);

·         Mas não somente os serviços de saúde tiveram prejuízo nesta cadeia de valores: também as empresas que prestam serviço para eles;

·         Se usam materiais e medicamentos ... deixam de comprar metade;

·         Se têm equipamentos que necessitam de manutenção ... deixaram de contratar metade;

·         Se têm funcionários ... podem ter demitido metade;

·         E por consequencia, a empresa que passou a prestar menos serviço, pode ter demitido funcionários;

·         E os funcionários demitidos, especialmente os menos capacitados e/ou que não têm suporte familiar para manter sua sustentabilidade ... desempregados, podem até estar passando fome !

 

Então, se olharmos apenas dentro do segmento da saúde, o vírus, em maior ou menor escala, gerou a “doença” desemprego e fome ... sintomas e desfecho gerados pela causa COVID-19 !

 

 

Me permita contar um caso para reforçar a tese sobre desemprego e fome como caso de saúde pública:

·         Saí para caminhar na semana passada (protegidíssimo porque faço parte do grupo de risco não vacinado), e aproveitar para comprar pastel na feira, e trazer para casa para comer longe dos outros;

·         Levei o dinheiro contadinho para comprar 2, para evitar passar cartão, pegar troco ...

·         Topei no caminho com uma senhora de aparência muito mais velha que a minha, vendendo panos de prato na calçada da rua ... domingo ... quando uma pessoa de idade deveria estar descansando com a família, ou caminhando como eu para comprar um pastel !

·         Movido por incrontrolável compaixão “abri mão” do pastel e dei o dinheiro para ela, evidentemente sem ficar com os panos para que ela pudesse vender para outra pessoa;

·         Um pouco adiante passei pela banca de pastel e fui abordado por uma criança, aparentemente moradora de rua, pedindo que comprasse um pastel para ela porque estava com fome. Fiquei chateado, porque poderia ter dado metade para a senhora, e comprar um pastel para ela;

·         Fiquei mais chateado porque se tivesse comprado o pastel poderia também ter ajudado o pasteleiro ... a banca está muito mais vazia do que era antes da pandemia;

·         O “tiro de miseriórdia no meu astral” ocorreu logo adiante quando deparei com uma fila enorme ... domingo ... e ao perguntar do que se tratava fui informado que era distribuição de 1.500 cestas básicas por parte de uma igreja ... uma igreja próxima da minha residência ... que eu poderia estar ajudando a ajudar !

 

 

O episódio ilustra que em um bairro de classe média, na maior cidade do hemisfério sul mundo, em um dos 20 países mais ricos do mundo, fome e desemprego tomaram proporções assustadoras por conta do COVID-19:

·         Como é por conta da pandemia, fome e desemprego é tão doença como acidente de trabalho !

·         Da mesma forma que um envenenamento em acidente de trabalho em uma indústria química mata, a fome em consequencia da pandemia mata;

·         É isso que a Profa. Margareth está tentando explicar ... que a maioria das pessoas tem dificuldade para entender !

 

O governo (federal, estadual/distrital, municipal) não deveria e não pode continuar dissociando uma coisa da outra ... está “errando no atacado”:

·         Para dizer que uma pessoa deve ficar em casa, tem que ajudar a ficar em casa !

·         Para dizer que uma pessoa não deve ficar em casa, tem que dar assistência médica se for contaminada !!

·         Não dá pra ficar polarizando na base do “acho isso, acho aquilo” por interesse político ... tem que agir !!!

·         Prover UTI é “tão ação de saúde pública” como prover cestas básicas pra quem tem fome !!!!

·         Nenhum governo quer que as pessoas fiquem em casa ... é uma questão sanitária ... então dar alimento para quem fica em casa é uma questão sanitária, não econômica !!!!!

 

A história provou que o governo não tem competência economica para acabar com a fome e o desemprego:

·         Tanto os governos anteriores como o atual nunca conseguiram bons resultados;

·         Quem teve/tem oportunidade de atuar em ações nas comunidades das grandes metrópoles ... quem conhece os programas de acolhimento de pessoas em situação de rua ... quem atua em serviços de saúde que se relacionam com transtornos mentais e dependência de álccol de drogas ... estas pessoas sabem que o governo não sabe lidar com a fome ... nunca soube;

·         Os niveis de emprego desde o século passado melhoram e pioram um pouco, mas sempre guardaram uma ordem de grandeza parecida ... é como bolsa de valores, no curto prazo sobe e desce – no longo prazo cresce sempre ... os desempregados que já desistiram de procurar emprego há muito tempo sabem que o governo não sabe lidar com o desemprego ... nunca soube.

 

A forma como está atuando no enfrentamento do desemprego e da fome, pela pasta da economia, não está funcionando ... justificando com a realidade:

·         Em conversa com o dono do escritório que cuida da contabilidade da minha empresa fiquei sabendo que já existem algumas milhares de pessoas sendo surpreendidas ao fazer a declaração de imposto de renda pessoa física;

·         Quando vão transmitir recebem a notícia de que tem uma DARF a pagar referente a devolução do auxílio emergencial recebido no ano passado;

·         Pessoas que receberam sem ter direito ... tem até recursos para pagar um contador para fazer sua declaração de renda !

·         Prova de que este caminho para auxílio aos desempregados e quem tem fome não é bom;

·         Em tempo: resta saber qual o destino deste dinheiro que será devolvido ... “fecha paranteses”.

 

Durante a pandemia, fome e desemprego é uma doença, que para ser tratada precisa ser tratada com políticas públicas de saúde:

·         Se continuar sendo tratada como “cabo eleitoral” a população vai continuar indo à óbito, tanto pelo vírus como pela fome ... vamos contabilizar meio milhão de óbitos pelo vírus, sem saber quantos óbitos foram por fome;

·         E não vamos esquecer que uma pessoa desnutrida tem 1.000 vezes mais chance de ir a óbito se contaminada pelo vírus !

·         Fome na pandemia é caso de saúde pública !

 

Algumas coisas que deveriam / poderiam estar na pauta da discussão do enfrentamento da fome e do desemprego ...

 

 

Temos mais de 730.000 estabelecimentos de saúde no Brasil:

·         A maioria absoluta pequenas empresas que realizam atendimentos ambulatoriais;

·         E que estão ociosas porque as pessoas estão com medo de irem para procedimentos e se contaminarem e/ou porque não é prudente que se arrisquem por algo que pode esperar.

 

Auxiliar as empresas de saúde que estão ociosas por causa da pandemia:

·         O Brasil gastou muito para formar estes profissionais, para que estas empresas fossem criadas, para que atingissem um nível de produtividade compatível com a sua receita;

·         Gastamos muito para chegar onde estávamos antes da pandemia com estas empresas;

·         Não podemos deixar que desapareçam e tenhamos que investir tudo de novo, começamndo do zero;

·         Vai custar muito mais caro se tivermos que construir tudo de novo !

 

Se o governo tem uma UBS, UPA, AMA, Hospital que está 100 % destinado para COVID-19, e uma infinidade de outros tipos de atendimento estão parados ... é hora de comprar este serviço da área privada:

·         Comprar o serviço e fiscalizar para dar segurança que alí haverá protocolo de segurança;

·         Ajuda os serviços que estão passando dificuldade, ao mesmo tempo que dá para a população o serviço de saúde que necessita;

·         Preserva os empregos que estes serviços geram, e consequentemente reduz o efeito colateral fome.

 

Diagrama

Descrição gerada automaticamente

 

Ao invés de dar dinheiro para pessoas, onde não existe chance de um bom controle, auxiliar as empresas que já atuam na “saúde da fome”:

·         Destinar recursos para instituições filantrópicas, igrejas e ONGs que auxiliam pessoas no combate a fome;

·         Elas já provaram que sabem fazer isso melhor que o governo.

 

Auxiliar as pequenas empresas, que geram empregos:

·         O recesso do pagamento de tributos ao INSS até o final da pandemia é mais que necessário;

·         Não faz sentido o pasteleiro pagar GPS para que o governo dê R$ 150,00 para alguém que não sabemos onde vai empregar este dinheiro;

·         O INSS, onde saúde está incluída (Seguridade Social = Assistência Social + Previdência Social + Saúde), pode identar a contribuição patronal dos pequenos empresários que mantiverem os empregos até o final da pandemia ... não será isso que vai detonar o INSS detonado que já conhecemos;

·         Isso vai ajudar o pasteleiro e dezenas de milhares de empresas a manterem centenas de milhares de empregos.

 

·         Alguém vai dizer que

·         É complicado para o governo contratualizar coisas novas, que demora ... isso é uma pandemia – é hora de fazer diferente porque a urgência pede;

·         Privados vão se aproveitar e roubar o governo ... gente sem escrúpulo na iniciativa privada sempre existiu ... o governo nunca deixou de ser roubado ... isso é uma pandemia – este discurso não pode prejudicar milhares de serviços honestos pelo medo de alguns desonestos ... desemprego e fome não esperam.

 

Além de defender a mesma tese da professora, defendo a de que para não passarmos mais dificuldades com o futuro da saúde, necessitamos de mais e melhores gestores na área da saúde:

·         Pelo meu exemplo no início deste artigo, quando achava que acidente de trabalho não era doença, e pelo desenvolvimento do que descrevi depois, acredito que fica bem clara a diferença;

·         Enquanto não se aprende gestão em saúde de verdade, não se tem discernimento para discutir planejamento da saúde;

·         Governantes erram porque não temos gestores capacitados adequadamente em quantidade suficiente para, “em coro”, assessorar adequadamente as ações do ministério da saúde e das secretarias estaduais e municipais de saúde;

·         São quase 5.500 os órgãos governamentais deste tipo espalhados pelo nosso país ... precisamos de mais gestores capacitados em saúde para que “a voz deste coro” possa ser ouvida.

Algumas pessoas sabem que estou em um projeto de auxílio às instituições filantrópicas, que estão passando por muita necessidade, justamente porque os sistemas de financiamento da saúde pública e privada não têm obrigação de as sustentar.

Toda a programação de cursos da Jornada da Gestão em Saúde do segundo trimestre será voltada para captar recursos para doação para 5 entidades filantrópicas:

·         Do total de recursos que conseguirmos captar, vamos descontar a carga tributária e os custos com terceiros (que não tenho condições financeiras de assumir), e todo o restante será destinado para as 5 entidades ... dependendo da quantidade de inscritos, poderemos destinar até 70 % da arrecadação;

·         Buscando aumentar a adesão, todos os 10 cursos do segundo trimestre da Jornada da Gestão em Saúde serão “vendidos” por R$ 300,00, ou seja, 10 % do valor praticado originalmente por curso;

·         O inscrito nesta etapa, por este valor de inscrição, poderá participar de todos os 10 cursos, pagando o equivalente a “1 pizza” por cada um deles.

Os próprios participantes vão eleger as 5 instituições que receberão as doações:

·         E todas as que forem votadas, mesmo as que não receberem doação, poderão inscrever participantes gratuitamente nos cursos da Jornada da Gestão em Saúde do terceiro trimestre de 2021;

·         Isso também é de muito valor para as filantrópicas neste ano ... se faltam recursos para o básico, não têm recursos para desenvolvimento dos seus colaboradores ... e o “turnover” é alto !

Se estiver interessado em participar, os detalhes dos cursos e as informações para inscrições estão na página www.jgs.net.br .

 

Relógio digital em fundo branco

Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

 

A votação para eleger as 5 será livre ... apenas vamos aferir no CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – de 2020 se a indicação é um hospital (tipo do estabelecimento) de empresa privada sem fins lucrativos (natureza jurídica) para que o voto seja válido !

Sei que nos tempos que vivemos é cada vez mais difícil acreditar em projetos como este:

·         Só posso firmar o compromisso pessoal de divulgar todos os dados de inscrições, arrecadações e doações na página para auditoria aberta !

Todos os cursos serão realizados pela plataforma Zoom, das 17:00 h às 20:00 h (horário de Brasília):

·         Fundamentos e Ferramentas Básicas do Marketing em Saúde (GNAS20) – 15 e 22 de Abril

·         Práticas para Precificação de Produtos Hospitalares (GNAS19) – 27 de Abril e 4 de Maio

·         Gestão Comercial em Saúde (GNAS16) – 29 de Abril e 6 de Maio

·         Melhores Práticas da Gestão do Faturamento em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos na Saúde Suplementar e no SUS (GNAS17) – 11 e 18 de Maio

·         Como Avaliar Preços de Pacotes em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos (GNAS12) – 13 e 20 de Maio

·         Como Definir e Precificar Pacotes em Operadoras de Planos de Saúde (GNAS13) – 25 e 27 de Maio

·         Como Calcular Custos e Preços em Centros de Diagnósticos por Imagem e Radiologia Odontológica (GCPR11) – 1 e 2 de Junho

·         Como Aferir Ressarcimentos das Operadoras de Planos de Saúde para o SUS (GNAS14) – 8 e 15 de Junho

·         Práticas de Faturamento e Auditoria de Contas Médicas SUS (GNAS18) – 10 e 17 de Junho

·         Introdução à Auditoria de Contas Hospitalares para Médicos, Enfermeiros e Outros Profissionais da Área Assistencial (GNAS11) – 22 e 24 de Junho

Se puder ajudar na divulgação ficarei agradecido ... se puder participar, mais agradecido ainda !!!!!!

Mais detalhes sobre a programação, os cursos e inscrições na página  www.jgs.net.br   ou diretamente através do canal   contato@escepti.com.br