Os Profissionais Socializadores da Saúde no Brasil

0170 – 01/05/2021

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Sem Sistemas de Saúde o Brasil a População Depende de Poucos para Promoção e Prevenção da Saúde

(*) todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

O Brasil possui o melhor sistema de financiamento da saúde pública do mundo (SUS) e provavelmente o pior sistema privado de financiamento da saúde regulado por governo no mundo (Saúde Suplementar Regulada pela ANS):

· São sistemas de financiamento;

· A prevenção e promoção da saúde do beneficiário do SUS e dos beneficiários de planos de saúde fica à mercê do próprio beneficiário, ou de uma minoria de profissionais especializados ... minoria quando comparamos com o total de profissionais assistenciais que atuam na área da saúde;

· Por isso a afirmação: temos sistemas de financiamento da saúde, e não sistemas de saúde !

Os gráficos demonstram o volume de profissionais assistenciais que atuam na saúde com o foco específico da prevenção e promoção da saúde, que conhecem o ambiente onde o paciente está inserido:

· No SUS são 455.500, ou seja, ~12 % dos profissionais atuam na prevenção e promoção da saúde, enquanto ~88 % atuam na cura das doenças ... diagnóstico, tratamento e reabilitação;

· Na SS são 4.467, ou seja, “míseros” 0,5 % !!! ... “sacramentando” que a regulação da saúde suplementar da ANS dá foco na execução de procedimentos ... a saúde dos beneficiários de planos de saúde só “acendem um sinal de alerta” para a operadora quando ele começa a gastar muito com o tratamento ... e não com ações de prevenção para evitar que ele adoeça !

O cenário real da saúde suplementar é completamente diferente do que se discute em relação a remuneração baseada em valor:

· Tudo que “se prega” é sempre relacionado à mudança de preço na realização de procedimentos de alta complexidade;

· São raros ... raríssimos ... casos em que o foco é realmente em agregar valor ao cuidado, evitando que a complicação aconteça por falta de ação de prevenção ou promoção;

· Só se vê classificação (e codificação) de procedimentos para apuração de custos, penalidades/prêmios para quem tiver indicadores de realização de procedimentos melhores ou piores ... nada ... absolutamente nada que premie ou penalize quem promove ou previne melhor para que a materialização da doença não ocorra !!

Todos os gráficos aqui foram formatados a partir das ferramentas que serão entregues aos participantes do seminário Geografia Econômica da Saúde no Brasil – Profissionais da Saúde, que ocorrerá no próximo dia 28 de maio:

· São ferramentas que tabulam a quantidade de profissionais de saúde (médicos, dentistas, enfermagem, fisioterapia, farmácia, nutrição, fonoaudiologia, diagnósticos, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, psicólogos ... e afins) por município, e por unidade federativa;

· As tabulações apresentam a quantidade de profissionais, e alguns indicadores adicionais. Por exemplo: farmacêuticos per capita, enfermeiros por médico, médicos por leito ...

É evidente que no SUS ... o tão criticado SUS ... o cenário é muito melhor do que na SS:

· O gráfico demonstra a relação entre os profissionais destas especialidades que atuam no SUS e a população dependente SUS (os que não têm plano de saúde);

· Mesmo com alguma concentração nas regiões metropolitanas, vemos o gráfico “bem vermelho” em regiões inóspitas, porque o SUS se aparelha com equipes que atuam na casa do beneficiário, seja em comunidades metropolitanas, sejam ribeirinhos, comunidades indígenas ...

· O problema com o SUS não é a proporção da distribuição dos profissionais ... é a quantidade de profissionais !

· Precisamos mais ...

· É só atentar com eventos da pandemia: desinformação sobre métodos de prevenção da doença (uso de máscara, distanciamento social ...), organização e informações para a população sobre a vacinação (segurança, eficácia, tipos ...);

· Sem programas estruturados para passar informação adequada para a população por parte destes profissionais, que “falam a mesma língua” da população, as pessoas não sabem o que é “fake” ou não, “escutam” extremistas ... resultado: 500 mil óbitos, sendo que a maioria poderia ter sido evitada com informação e sem “falsos lockdowns” !

Na saúde suplementar, onde temos algumas pessoas sérias e uma maioria de oportunistas tratando da RBV, o gráfico mostra o potencial de viabilidade dos projetos para agregar “valor” à saúde dos beneficiários:

· O gráfico Ilustra a quantidade dos profissionais destas especialidades que atuam na SS em relação aos beneficiários de planos de saúde;

· É uma boa parte da região Nordeste, onde temos densidades populacionais elevadas em muitos municípios próximos;

· Onde se vê “um quadradinho vazio” significa que não temos profissionais que atuam com foco na promoção e prevenção da saúde na SS ... somente profissionais assistenciais executores de procedimentos médicos, odontológicos ...

· Como pensar em projetos que “agregam valor” à assistência onde inexiste prevenção e promoção da saúde ?

Para finalizar ...

· O gráfico demonstra a distribuição somente dos assistentes sociais que atuam no SUS pela população dependente SUS;

· Com o máximo de esforço que o SUS empenha, ainda temos quase 2,5 vezes menos nas UFs que oferece menor acesso (AC e GO) em relação a que oferece maior acesso (TO);

· Precisamos ajustar isso ... não somente a quantidade, mas como vemos, também a proporção entre as UFs !

Escolhi assistente social para ilustrar porque atua em diversos processos na área da saúde, e é o “fiel da balança” na qualidade assistencial em muitos deles ... por exemplo:

· Em serviços de saúde que tratam pacientes com transtornos mentais (psiquiatria, dependentes de álcool e drogas ... hospitais psiquiátricos, CAPS ...) o paciente pode ser um potencial suicida por não conhecer seus direitos e se sentir impotente para se autossustentar;

· Vamos lembrar que o INSS (descrito na constituição – Instituto Nacional de Seguridade Social) abrange 3 áreas: saúde, previdência social ... e assistência social;

· O psiquiatra tem foco na medicação, internação ... o psicólogo na atenção psicológica do paciente ... eles não têm foco, até porque não tem formação e conhecimento para isso, para orientar um paciente potencialmente suicida sobre eventuais auxílios que pode obter do governo (bolsas e serviços públicos), aposentadoria ... e de organizações não governamentais que podem lhe dar apoio (ONG’s, OS’s, Filantrópicas ...);

· Isso “é coisa” do assistente social ... pode ser a diferença entre e a vida e o óbito do paciente e dos familiares !

Este apoio não se aplica somente ao paciente com transtornos mentais ... os portadores de qualquer deficiência podem se enquadrar em algo que o assistente social é especialista.

Mesmo com a importância deste profissional no âmbito da saúde, as operadoras de planos de saúde raramente ... raríssimamente ... remuneram seus serviços:

· Economizam o valor de uma consulta deste profissional (não cobrem) e acabam gastando mais com sinistralidade muito maior pelo agravamento do quadro do beneficiário ... algumas vezes perdendo o beneficiário por óbito ... perdendo seu cliente;

· E nem cogitam ... em nenhum você vai ver ... inserir ações e indicadores relacionados a estes profissionais em parâmetros de projetos de RBV !

E saber quantos são e onde estão estes profissionais não é importante apenas para planejamento das fontes pagadoras (SUS e operadoras de planos de saúde):

· Sinaliza, para os próprios profissionais destas especialidades, onde estão as melhores oportunidades de exercerem sua vocação ... quanto mais ineficiente for o SUS ou a SS na região ... maior a oportunidade de atuação;

· Para os serviços de saúde terem uma leitura adequada dos concorrentes que atuam em prevenção e promoção da saúde ... quais estão realmente investindo na atenção primária ... na atenção básica ... na qualidade de vida dos pacientes;

· E para fornecedores de insumos para entender realmente onde estão serviços que primam pela qualidade assistencial ... e quais estão focados na redução de custos !

Se tiver interesse em participar do seminário e obter tabulações de quantidade de qualquer tipo de profissional que atua na área da saúde por cidade e por unidade federativa ... as informações complementares e sobre as inscrições estão na página  www.gesb.net.br ou diretamente através do canal   contato@escepti.com.br