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Farmácias e Farmacêuticos - Muito Diferente do Exposto pela Pandemia
0172 – 01/05/2021
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Governo não Provê Assistência Farmacêutica Adequada e Enfermagem é a Única Julgada nos Eventos Adversos da Pandemia
(*) todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil
Quando se fala sobre farmácia a maioria absoluta das pessoas pensa na loja de varejo que vende medicamentos:
· Algumas até associam às farmácias do governo que distribuem medicamentos gratuitos ...
· Somente quem já atuou em serviços de saúde tem a dimensão do que são as farmácias ambulatoriais, de internação, de centros cirúrgicos ... um mundo completamente diferente !
Os gráficos já permitem avaliar os anos-luz de distância que existem entre os dois mundos:
· A pizza da esquerda demonstra a quantidade contabilizada em 2020 das farmácias que vendem medicamentos no varejo (16.494) e as que existem em serviços de saúde (41.890) – quase 3 vezes mais em serviços de saúde !
· A pizza da direita a quantidade de farmacêuticos que atuam em farmácias de varejo (51.486) e em serviços de saúde (78.423) – para cada 10 profissionais no varejo, 15 em serviços de saúde !!
Os dados do varejo são coletados de publicações da Abrafarma e da Febrafar.
· São ferramentas que tabulam a quantidade de profissionais de saúde (médicos, dentistas, enfermagem, fisioterapia, farmácia, nutrição, fonoaudiologia, diagnósticos, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, psicólogos ... e afins) por município, e por unidade federativa;
· As tabulações apresentam a quantidade de profissionais, e alguns indicadores adicionais. Por exemplo: farmacêuticos per capita, enfermeiros por médico, médicos por leito ...
Os gráficos demonstram a evolução do volume de farmácias e farmacêuticos nos últimos anos, mesmo em anos de crise econômica e pandemia o Brasil experimenta indiscutível avanço.
E pela inclinação das linhas é possível identificar que o avanço nos serviços de saúde é maior do que no varejo:
· Isso é para comemorar ... explicando ...
· Que farmácia é um serviço especializado ... que farmacêutico é uma profissão de extrema importância para que a medicina seja realizada com qualidade ... acredito que ninguém discuta;
· Que todo e qualquer medicamento deveria ser vendido apenas com prescrição de profissional assistencial, ainda tem muita gente que discute ... a quantidade de pessoas que se automedicam é enorme;
· Então quando vemos um crescimento maior da especialização em serviços de saúde, onde qualquer comprimido ou gotinha de dipirona só sai da farmácia com prescrição, do que o crescimento no varejo onde existe inegável incentivo de marketing para consumo de medicamentos que não necessitam de prescrição ... “vemos uma luz no fim do túnel” ... “túnel gigante”, mas se vê uma luz !!
Assistência farmacêutica em serviços de saúde ainda está muito ... mas muito ... mas muito longe de chegar ao ponto que necessitamos.
O gráfico da direita demonstra a evolução do número total de funcionários em farmácias de serviços de saúde:
· Ele tabula além dos farmacêuticos, os técnicos e auxiliares ... e também demonstra evolução;
· Mas quando observamos o gráfico da esquerda, vemos que a proporção do total de funcionários em farmácias de serviços de saúde comparada com a dos funcionários que existem no varejo é muito pequena.
Existe um viés na comparação:
· Os não farmacêuticos no varejo incluem caixas, seguranças, profissionais de limpeza ...
· Nas farmácias de serviços de saúde não: não é comum, por exemplo, ter um funcionário de limpeza exclusivo da farmácia – ele faz a higiene de todo serviço que inclui diversos departamentos, inclusive a farmácia;
· Mas a diferença de proporção é “tão gigante”, que mesmo com este viés, é indiscutível que o farmacêutico em serviços de saúde, na média, tem menos auxiliares do que os que atuam no varejo.
E no serviço de saúde o farmacêutico deveria ter muito ... mas muito mais auxiliares ... explicando:
· No varejo o medicamento “chega em caixa”, é separado “em caixinhas”, é colocado nas prateleiras, e é vendido;
· No serviço de saúde “chega em caixa” do almoxarifado, é separado “em caixinhas” para ser transferido para os estoques das farmácias, na farmácia é “unitarizado em doses”, é dispensado em doses, é comumente devolvido quando se altera a prescrição e ... se não bastasse tudo isso ... é registrada e controlada a rastreabilidade, ou seja, é necessário saber, de cada gotinha dada para o paciente, qual foi o lote de medicamento que “sai”;
· Por mais “informatizada” que a estrutura de controle possa ser, a quantidade de mão de obra necessária no serviço de saúde é muito ... mas muito maior que na farmácia de varejo.
Como pouca gente conhece esta complexa rotina é comum, por exemplo, um convênio achar que o preço pago por um medicamento em uma farmácia de varejo deve ser o mesmo que o apresentado pelo hospital na conta:
· Se o hospital desse “a caixinha” para o paciente ministrar a sua própria medicação isso faria algum sentido;
· Mas graças a Deus não é assim que funciona com a medicação dos pacientes em serviços de saúde.
Utilizando os gráficos para entender a necessidade de evoluir a assistência farmacêutica ... ela ainda tem muito o que ser desenvolvida no Brasil:
· O da esquerda demonstra a quantidade de profissionais da farmácia em cada unidade federativa. A variação é muito elevada e não se relaciona com a densidade demográfica populacional;
· O da direita, a quantidade de profissionais que atendem no SUS em relação a população dependente SUS (a que não tem plano de saúde);
· Nota-se que nas unidades federativas onde existem proporcionalmente mais serviços ambulatoriais, é maior a proporção de farmacêuticos, demonstrando que o farmacêutico hospitalar / clínico ainda não está definitivamente incorporado nos serviços de internação “fora da farmácia”, ou seja, distribui medicamentos mas não se insere no processo da prescrição medicamentosa como deveria.
Neste cenário, vamos comentar alguns dos eventos adversos que vimos na mídia durante a pandemia:
· Troca de vacinas – ao invés de ministrar uma vacina, foi ministrada outra;
· Vacina ministrada com prazo de validade expirado;
· Medicamento com rótulo escrito em idioma mandarim (chinês);
· Primeira dose de uma vacina e segunda dose de outra;
· Vacina estragando por não estar na geladeira adequada;
· Desvio de vacina (roubo);
A falha no controle em todos estes eventos foi atribuída erroneamente exclusivamente para a enfermagem:
· É correto afirmar que é atribuição da enfermagem se certificar que está ministrando o medicamento correto, na dose correta, dentro da validade ... os próprios representantes da entidade de classe vieram à mídia para dizer isso;
· Mas quem atua em gestão da saúde sabe que esta é uma atividade em cadeia, de verificação final ... não cabe a enfermagem controlar validade, identificar embalagens que estão grafadas em outro idioma, controlar o acondicionamento de medicamentos ...
· Estes controles são básicos da assistência farmacêutica ... se existem 2 pontos de controle (a farmacêutica e a da enfermagem) a chance do evento adverso reduz 50 % ... é um parâmetro de qualidade assistencial absolutamente matemático !!! ... e necessário especialmente quando tratamos de procedimentos invasivos !!!
O gráfico demonstra a relação entre farmacêuticos e assistentes nas farmácias dos serviços de saúde:
· Tanto no SUS como na SS é maior a quantidade de farmacêuticos do que de auxiliares;
· Isso significa que um profissional caro (de nível superior) como é o caso dos farmacêuticos ainda está muito envolvido em rotinas operacionais de dispensação ... com menos tempo para empenhar em planejamento, qualidade, vigilância ...
· A chance de erro é maior ... não facilita para a enfermagem ... e “dá-lhe” troca de vacina, vacina com rótulo chinês, vencido ...
Definitivamente não é assistência farmacêutica que necessitamos ... o Brasil precisa mudar isso tanto no SUS como na SS !!!
É importante para os serviços de saúde analisarem a distribuição dos farmacêuticos pelo Brasil, pelo menos para entenderem se a concorrência está melhorando seu aparelhamento na assistência farmacêutica, da mesma forma que para os fornecedores de medicamentos entenderem o tipo de assistência está sendo realizada com os produtos que fornece.
Se tiver interesse em participar do seminário e obter tabulações de quantidade de farmacêuticos e afins, e de outros profissionais da saúde por cidade e por unidade federativa, as informações complementares e sobre as inscrições estão na página www.gesb.net.br ou diretamente através do canal contato@escepti.com.br