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Importância dos Exames na Viabilização dos Pacotes
0178 – 14/05/2021
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Receita que pode não ser do Serviço de Saúde, pode inviabilizar o pacote ideal para a Operadora
(*) todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil
A figura ilustra uma matriz para desenvolvimento de pacote de ATC-C:
· Reparar que existem 37 exames;
· Mesmo não sendo o maior valor na composição do preço, pode ser decisivo para que a negociação do pacote venha a fracassar.
Honorários médicos e odontológicos, exames e OPME “são dinheiros” que geralmente não são do serviço de saúde:
· São repassados para o prestador / fornecedor;
· Passam pela conta mas não ficam no serviço de saúde;
· Quando a operadora propõe o pacote incluindo tudo no valor, pode ser decisivo para o serviço de saúde não aceitar se tiver que assumir o ônus de pagar ao prestador / fornecedor o reajuste de preços que o mercado impõe, mas que ele não consegue restituir da operadora rediscutindo o pacote.
Quando a operadora não está preparada para flexibilizar a proposta considerando situações particulares de cada negociação o impasse fica sem solução:
· Nos cursos de pacotes para operadoras, um com inscrições abertas para a turma dos dias 21 e 22 e junho próximo, discutimos a necessidade da operadora flexibilizar sua proposta para ter mais sucesso nos projetos de pacotes;
· E nos cursos de pacotes para hospitais e clínicas, um que também está com inscrições abertas para a turma dos dias 14 e 15 de junho próximo, discutimos a necessidade de segregar os valores por destino da receita para embasar uma eventual contraproposta para a operadora de forma que não seja prejudicado comercialmente !
Os gráficos sinalizam indicadores do quanto os exames podem ser “o fiel da balança” nas negociações:
· O da esquerda demonstra que nas contas de internação 1,4 % dos itens são exames, e representam 1,9 %. Se considerar que uma grande parte das internações praticamente não têm exames de rotina ... são realizados antes da internação e após da alta pelo protocolo de tratamento ... sinalizam preocupação. Por isso citamos o exemplo inicial onde uma internação de 3 dias com 37 exames – se pensar neles pela “média geral”, “no geral vai errar”;
· O de cima ilustra que no âmbito ambulatorial, dos procedimentos da medicina, exames (Laboratório, Imagem e Métodos Gráficos) representam 46 % dos eventos, e 33,3 % (um terço) do valor;
· O de baixo o âmbito ambulatorial da odontologia, onde exames (RO) representam 8,1 % dos eventos e 7,6 % do valor, mesmo sendo uma especialidade onde boa parte do diagnóstico se dá pela observação visual do dentista na boca do paciente, sem utilizar o recurso do exame de imagem !
E lembrar que o preço dos exames é muito diferente regionalmente:
· Porque a definição do preço tem vários componentes;
· O custo, que costumamos discutir no curso de precificação de exames em CDI’s e RO’s, um com inscrições abertas para a turma do dia 17 e 18 de junho próximo, é apenas um dos componentes. Como a variação de preços tem sido muito dinâmica, o mercado de diagnósticos fica a cada dia mais competitivo, e é fundamental aplicar metodologia simples para apuração de custos para que o gestor da precificação possa avaliar rapidamente;
· A concorrência é o outro fator igualmente importante. No seminário Mercado de Diagnósticos – Precificação e Equipamentos, que será realizado no dia 11 de junho, serão disponibilizadas ferramentas que tabulam preços de 613 exames de diagnóstico por Unidade Federativa, e a quantidade de equipamentos de exames por cada município brasileiro.
As diferenças regionais na utilização de exames no âmbito ambulatorial são enormes:
· O gráfico da esquerda ilustra quase o dobro dos eventos entre a UF onde exames “pesam” mais no âmbito ambulatorial (RR) e onde “pesam” menos (AL);
· O gráfico da direita ilustra a variação em relação ao valor. É interessante notar que em SP, onde a concorrência é maior, o peso dos exames é menor.
Quando construímos o mesmo indicador levando em conta os exames odontológicos em âmbito ambulatorial:
· Notamos que o “peso” dos exames é menor;
· E notamos uma característica regional muito diferente dos exames da área da medicina: uma “faixa vascaína” no meio do Brasil “meio que” indica uma dinâmica odontológica surpreendente em algumas UF’s vizinhas.
A comunhão de todos estes indicadores reforça 3 métricas que os gestores envolvidos no desenvolvimento de pacotes não podem negligenciar:
· Itens da conta aberta que podem estar associados “a dinheiro” que na verdade não é do serviço de saúde, e exames em sua maioria se referem a isso, podem inviabilizar o projeto do pacote se fonte pagadora e serviço de saúde não tiverem alternativas nas propostas;
· Não é possível imaginar que o preço de um pacote em uma região possa ser replicado para as outras sem avaliar as condições que cada mercado tem;
· Isso influencia também os projetos de remuneração baseada em valor – discutimos isso no curso que está com inscrições abertas para os dias 23 e 30 de junho próximo;
· Para a operadora o ótimo é inimigo do bom – se o pacote ideal não é viável, ser inflexível na negociação não ajuda ... só prejudica a sustentabilidade do negócio !
Sobre o autor Enio Jorge Salu
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado