![]() |
![]() |
||
Peso da Logística Define o Preço dos Exames de Análises Clínicas
0182 – 14/05/2021
Aos cuidados de: «Nome» «empresa» «depto» «cargo»
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
(*) todos os gráficos são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil
As figuras ilustram o valor médio de 4 exames de laboratório de análises clínicas pelas UF’s do Brasil:
· Eles foram construídos a partir das ferramentas que serão entregues aos participantes do seminário Mercado de Diagnósticos – Precificação e Equipamentos, que será realizado no dia 11 de junho próximo, que tabulam preços de 613 exames de diagnóstico por Unidade Federativa. Também será entregue uma ferramenta que tabula a quantidade de equipamentos de exames diagnósticos por cada município brasileiro.
· Em todos os gráficos é possível notar que os preços guardam uma razoável relação de proporcionalidade, ou seja, onde um é mais caro, os outros tendem a ser mais caros;
· Isso não é uma característica do preço dos exames das demais modalidades (RX, Tomo, Ultrassom ...) ... é uma característica dos exames de análises clínicas e de anatomia patológica.
O que os exames desta modalidade têm de diferente dos demais ?
· São as modalidades em que o paciente não entra na área de diagnósticos – não tem contato com a máquina que realiza o exame e com o profissional que analisa e define o laudo;
· A amostra que será analisada pode ser coletada em qualquer local e encaminhada para a área técnica que realiza o exame, longe do paciente;
· Então, a área que realiza este exame para o paciente internado pode ser a mesma do paciente do pronto socorro, do ambulatório, do posto de coleta do centro de diagnósticos ... do próprio serviço de saúde, ou de outros serviços de saúde que terceirizam a atividade;
· Esta área técnica onde o exame é processado funciona como uma indústria, com processos rigidamente iguais;
· São processos tão padronizados ... mas tão padronizados ... que estas áreas se arriscam a serem certificadas em programas de qualidade ISO, muito diferentes do processo de acreditação ... os mesmos parâmetros de aferição da qualidade aplicados em uma indústria de computadores, de carros, de alimentos industrializados.
Por ser um “processo industrial” os exames desta modalidade são realizados em linhas onde o volume pode ser multiplicado ao extremo da capacidade dos equipamentos, com o máximo de automação possível, e com o menor empenho de mão de obra possível ... barateando cada vez mais o custo de realização do exame:
· Diferente dos demais exames em que o empenho de mão de obra não reduz significativamente ao longo do tempo, nesta modalidade os equipamentos cada vez mais automatizados, com capacidade cada vez maiores, vai reduzindo o empenho do insumo mais caro que existe na área da saúde: a mão de obra especializada;
· A mão de obra que não reduz significativamente nesta modalidade, embora também vá sendo otimizada, é a da ponta: a do processo de coleta.
Se o exame pode ser realizado em local distante do da coleta ... se os centros de processamento têm uma capacidade gigante de processamento ... se o fornecedor mais próximo cobra caro e eu posso encaminhar as amostras para realizar em fornecedor mais distante ... o que pode justificar grandes diferenças de preços ?
O gráfico nos auxilia a entender:
· É o mesmo gráfico do primeiro quadro da primeira ilustração em forma de barras;
· Se refere ao preço médio pago pelas operadoras por um hemograma;
· O preço é mais elevado onde a logística é mais cara, porque o maior componente do preço não é o processamento do exame, mas sim a logística para fazer a coleta chegar ao local de processamento;
· Porque o centro de processamento do exame pode entregar o resultado de forma virtual (pela Internet), mas a amostra coletada não tem como ser processada se não for encaminhada fisicamente para o centro de processamento !
Em algumas UF’s o custo da logística é mais elevado pelas condições de transporte:
· Se comparar MA com MS, por exemplo ... UFs de tamanho comparável, mas estruturas de transporte muito diferentes fazem com que na média encaminhar um exame coletado no sul do MA para São Luis ser muito mais caro que de qualquer cidade do MS para Campo Grande;
· Pode-se ter o mesmo equipamento para processar exames de todo o Estado em São Luís e Campo Grande ... o custo de coleta na ponta pode ser o mesmo ... o custo de processamento na área técnica pode ser o mesmo ... o custo da disponibilização do laudo da área técnica para a área de coleta pode ser o mesmo ... mas custo o transporte da coleta para a área técnica é muito diferente !
E em algumas UF’s o custo da logística está associado ao custo de vida da região:
· É o caso do DF, por exemplo, onde todos os insumos carregam a “inflação de Brasília”;
· Quem “já habitou em Brasília” algum tempo entende o termo: o custo de vida em Brasília é, na média, maior que nas outras UF’s, porque na média as pessoas são “melhores remuneradas” que no restante do Brasil ... pela característica econômica da Cidade ... na média o contraste de um exame é mais caro em Brasília do que em outra cidade, da mesma forma que é mais caro o chope, o arroz, o ingresso no cinema ...
Para realçar, os gráficos demonstram os mesmos indicadores dos outros indicadores da primeira ilustração de outra forma:
· Se referem aos exames Fósforo, Triglicerídeos e Colesterol (VLDL);
· Notar como, os preços variam evidentemente, mas a característica de mais caro / mais barato em média coincidem por UF !
Este conteúdo ilustra um pouco o “mundo dos negócios” das Análises Clínicas e Anatomia Patológica:
· Exames tão comuns, que fazem parte da rotina da quase maioria dos procedimentos da assistência médica, são permeados por processos e dinâmicas comerciais que poucas pessoas tiveram “a honra” de ter tido contato próximo;
· Particularmente tive a oportunidade de participar de vários projetos de reengenharia organizacional em alguns serviços destas modalidades ... foram todas experiências fantásticas, primeiro porque convivi com “mestres” do segmento, e principalmente porque nós vemos o resultado que dá na qualidade da assistência – no diagnóstico, tratamento e cura das doenças;
· Que bom seria se mais pessoas pudessem ter a mesma oportunidade ... profissionalmente é muito gratificante !!!
Se tiver interesse em participar do seminário do dia 11 de junho, as informações estão na página www.gesb.net.br
Se tiver interesse em participar de algum dos cursos sobre precificação, pacotes, ressarcimento ao SUS ou Modelos de Remuneração Alternativos ao Fee for Service (Compartilhamento de Riscos e Remuneração Baseada em Valor), as informações estão na página www.jgs.net.br
... ou diretamente através do canal contato@escepti.com.br !
Sobre o autor Enio Jorge Salu
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado