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Projetando o Perfil da Saúde Suplementar e do SUS no Pós Pandemia de 2022

0193 – 21/06/2021

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Visão sobre o impacto dos óbitos COVID-19 no planejamento da saúde privada e pública

 

(*) estes gráficos foram coletados no site Poder 360 – todos os demais gráficos e tabelas são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

 

Certa vez em um curso chamado “análise de problemas e tomada de decisão” o professor (um holandês “muito gente boa”) ilustrou a forma como nos confundimos com questões a serem respondidas trazendo para a sala um jornal (para os mais jovens: antes jornais eram impressos em papel), e pedindo que achássemos erros nas proposições dos horóscopos (para os mais jovens: uma previsão que era feita com base nos astros e sua data de nascimento):

·         As frases do horóscopo eram construídas de modo que qualquer coisa que acontecesse, até poderia não se alinhar a previsão, mas nunca poderiam ser desmentidas, ou seja, uma forma de escrever que deixa margem a diversas interpretações;

·         Não fez isso para depreciar a imagem do horóscopo, dos astrólogos, dos gurus ... fez para mostrar que interpretar tem 2 significados: determinar o significado preciso ... ou adivinhar;

·         Um holandês falando sobre significado de palavra da língua portuguesa foi ótimo;

·         “Mais ótimo” foi quando ele disse que a diferença dos significados da palavra (significado preciso ou adivinhar) se diferenciava quando interpretamos uma declaração ... uma frase ... que dá margem à entendimentos diferentes, ou números, que são números ... 1 é 1, 2 é 2;

·         Foi tão marcante que décadas depois, mesmo com a redução da memória que a idade vai trazendo ... não esqueci !

Mesmo com todas as dificuldades que o Brasil “se impôs” em não dar transparência adequada ao que realmente ocorreu/ocorre na pandemia:

·         O gráfico da esquerda ilustra a distribuição dos óbitos por COVID-19 por faixa etária;

·         E o da direita demonstra a distribuição da população por faixa etária.

E tem muita gente fazendo interpretações completamente erradas a partir deles:

·         Que o governo vai economizar muito com o SUS, porque terá que tratar “menos 600.000 pessoas” que foram à óbito;

·         Que todas as operadoras comemoram em ter reduzidas as carteiras das pessoas de maior idade, que custam mais caro;

·         E mais uma série de “horoscopologias” ... que da forma como os “gurus” entonam a voz e falam, é quase impossível não acreditar, se não estiver preparado para entender o cenário real.

 

 

A pizza da esquerda representa a relação entre a população do Brasil e os óbitos por COVID-19:

·         Mesmo constrangido com a quantidade absurda de óbitos, o SUS é tão grande que é fácil perceber que, mesmo esta quantidade absurda de óbitos, é muito pequena em relação a ele;

·         Mesmo se descontarmos os beneficiários de planos de saúde, e considerarmos somente a população dependente SUS, a pizza seria a da direita ... ou seja ... continuaria sendo muito pequeno;

·         Ambas são praticamente uma pizza de um mesmo tipo de recheio !

Na verdade o governo não vai gastar menos com o SUS ... gastaria mais ... mas não vai gastar nem mais nem menos ... explicando ...

·         Todas as pessoas que adiaram seus tratamentos estarão piores (já estão) quando retornarem para a assistência;

·         Tratar doentes em estado mais adiantado da doença é mais caro ... por isso fazemos ações de prevenção e promoção da saúde ! ... se não fosse isso deixaríamos todos ficarem doentes para tratar !!

Isso faria com que o governo gastasse mais ... mas o orçamento do SUS é fixo:

·         Um % do que Municípios, Distrito Federal e Estados arrecadam;

·         O mesmo que o governo federal gastou no ano passado mais a variação do PIB;

·         Ou seja ... vai sempre gastar a mesma coisa;

Então, gastando a mesma coisa com pacientes mais graves:

·         Vai diminuir o acesso de parte da população;

·         O fato de menos pessoas terem feito prevenção durante a pandemia, reduzirá o dinheiro existente para prevenção nos anos seguintes, até que as contas se equilibrem, porque governo nenhum vai aumentar seus gastos com a saúde;

·         É o ciclo vicioso de uma matemática perversa ... infelizmente !

 

 

Este gráfico abate da população brasileira os 600 mil óbitos das faixas etárias, de acordo com a proporcionalidade da distribuição dos óbitos:

·         As linhas azuis representam a distribuição % da população por idade antes da pandemia;

·         As linhas laranjas ... depois da pandemia;

·         Veja que a diferença é praticamente imperceptível na maioria das faixas etárias;

·         O SUS é tão grande que “esta sinistralidade” é completamente absorvida “pela massa”.

No geral ... na média ... para o SUS o perfil dos beneficiários não vai se alterar:

·         Mas vai mudar para o gestor municipal do SUS ... porque a carteira de beneficiários do município não é igual à carteira de beneficiários do SUS;

·         E pode mudar bastante para as operadoras ... porque são diversas fontes pagadoras diferentes ... com carteiras de beneficiários diferentes.

 

 

Se considerar o gráfico de cima como sendo a distribuição etária em uma cidade, e o de baixo e outra cidade:

·         Se aplicar o % de óbitos COVID-19 proporcionalmente por idade ... o ilustrado no primeiro gráfico, lá em cima ... o impacto será muito diferente nestas cidades, ou seja, o gestor municipal de uma vai necessitar realinhar seu orçamento ao novo perfil epidemiológico da cidade ... e deve começar a fazer isso já, porque “quando abrir a porteira” não terá tempo para isso !

·         Se considerar que os gráficos representam é a distribuição de beneficiários de um plano de saúde, de cidades vizinhas ... o “drama” do gestor da operadora será o mesmo ... haverá um desequilíbrio de demanda que não era a realidade antes da pandemia ... a rede não estará ajustada ... a não ser que ele começar a planejar os ajustes agora, vai pagar multa ... vai pagar ressarcimento ao SUS ... vai perder cliente !!!

 

 

Pegando o exemplo da distribuição do volume por faixa etária de determinados procedimentos:

·         Veja que em um a queda do volume de beneficiários de uma faixa etária tem impacto diferente do outro;

·         Se na minha carteira os óbitos foram mais significativos em determinada faixa etária, pode inclusive inviabilizar um serviço de rede própria, uma negociação específica para realização deste procedimento com um serviço credenciado ... com um fornecedor de insumos.

Diferente do “SUS Geral”, mas igual ao “SUS Municipal”, estes gráficos de distribuição de beneficiários por faixa etária corrigidos com os óbitos COVID-19 na saúde suplementar sempre devem ser analisados com muito cuidado ... e urgência:

·         O SUS é uma única fonte pagadora com “um zilhão” de beneficiários onde se compensam os custos de uma localidade para outra, e se tem a prerrogativa de levar um beneficiário para realizar procedimentos em outras localidades;

·         Já na saúde suplementar, cada operadora tem uma carteira de beneficiários muito menor, que não se compensa de uma localidade para outra ... é muito mais sensível.

 

 

É só notar a diferença entre a carteira de beneficiários de 2 operadoras diferentes:

·         O impacto de mais óbitos “na maior idade” é completamente diferente !

·         E diferente do SUS, a queda de beneficiários não se avalia somente em relação ao custo ... mas principalmente em relação à receita ... óbito de beneficiário significa perda de cliente !!

O que ameniza um pouco este cenário é que a maioria da saúde suplementar está relacionada aos planos coletivos:

·         No individual, o beneficiário vai a óbito e a operadora perde um cliente, difícil de repor;

·         No coletivo o óbito pode ser de um funcionário que será substituído por outro mantendo a receita, eventualmente carregando até mais dependentes do que o anterior ... pode até representar aumento da carteira !!!

Tomo a habitual liberdade de divulgar que estão abertas as inscrições para 5 cursos da jornada da gestão em saúde:

·         Como Aferir Ressarcimentos das Operadoras de Planos de Saúde para o SUS

·         Managed Care e Modelos de Remuneração Alternativos ao Fee for Service

·         Impactos da Nova Lei de Licitações (14.133) na Gestão dos Contratos

·         Como Avaliar Preços de Pacotes em Operadoras, Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos

·         Práticas de BI na Área da Saúde Privada e Pública