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A Tendência é Repetir a Deflação na Saúde Suplementar de 2020 em 2021

0196 – 30/06/2021

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Diferenciando Inflação dos Preços e Inflação do Sistema de Financiamento Privado Regulado

 

(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

 

Existem várias formas de calcular a inflação:

·         A informação se justifica pela “infinita” quantidade de índices que nos acostumamos a verem sendo divulgados, por diversos órgãos (IPC, IPCA, IGPM ...);

·         Nenhum deles representa a realidade de todos, ao contrário, todos se restringem a um determinado cenário, e acabam sendo aplicados em situações específicas, dependendo da relação comercial que se deseja “medir” ... ou “controlar”.

Quem compara o preço que pagava no ano passado pelo arroz, carne, cerveja, lanche, medicamento, “obturação do dente”, gasolina ... com qualquer dos “índices oficiais” sempre acha que vive em um mundo diferente do habitado pelos economistas, pelo governo ... e diga-se de passagem, um mundo bem distante da “maioria dos mortais” !!

Medir a inflação na área da saúde pode ser feito também de diversas formas:

·         Um dia assisti a uma demonstração de apuração da variação média de preços de medicamentos por parte de uma pessoa ... coisa complicada, cheia de “senões”, definindo mais de 10 premissas ... e no final, depois de “um milhão de médias ponderadas” um indicador que, na prática, na minha vivência prática, não tem utilidade alguma – em nada que diga respeito a relação comercial entre fornecedores, serviços de saúde, operadoras, secretarias de saúde;

·         Porque calcular a variação de preços de tabela ... na área da saúde ... é algo absolutamente inútil, já que existem muitas tabelas, mas na prática nenhuma delas tem a menor chance de ser aplicada ... é uma referência de preços que nas negociações são completamente deturpados com deflatores, multiplicadores e condições de exceção;

·         Me aponte um único contrato real que utiliza 100 % dos preços da CBHPM (ou AMBs antigas), CBO, CMED como base, e eu vou considerar que “a minha missão na Terra alcançou a plenitude” !!!

Na verdade podemos definir “2 inflações” bem diferentes:

·         Uma que mede os preços entre quem produz o insumo (materiais, medicamentos, serviços ...) e quem compra para realiza os procedimentos ... que é uma coisa;

·         E outra que mede os preços de quem financia os tratamentos – o que é pago pelo SUS, pela operadora de planos de saúde, pela empresa que contrata planos de saúde para seus funcionários ... que é outra coisa !

Para isso precisamos entender inflação real como sendo a que pesa no bolso ... a diferença entre “o dinheiro” que precisávamos antes para pagar alguma coisa em relação “ao dinheiro” que precisamos para pagar hoje !

O primeiro tipo citado (variação de preços) não está dentro do contexto aqui ... aqui é a discussão do segundo contexto: a inflação do financiamento dos sistemas de saúde: quanto se paga para custear o tratamento dos pacientes.

O gráfico acima demonstra esta relação:

·         A variação do que se gastava de um ano para outro pela “mesma coisa”;

·         Na verdade o gráfico está ilustrando esta variação ao longo de 4 anos, e demonstrando que em 2020 tivemos deflação, ou seja, na média operadoras pagaram menos em 2020 do que pagavam em 2019;

·         Portanto, a referência aqui é o quanto as operadoras gastam por beneficiário de plano de saúde em média por ano.

É simples entender fazendo uma analogia:

·         Mesmo que o preço do ingresso do cinema na pandemia aumentou 1.000 %, a inflação associada para a população que assiste filmes em cinema é 0 %, porque os cinemas foram fechados no início da pandemia ... o ingressou pesou 0 % no bolso dos “fãs da 7ª arte” como eu !!!

·         Embora tenha tido inflação para os “donos de cinema” que pagaram aluguéis, funcionários ...

Na saúde, por exemplo, individualmente o preço de alguns preços dispararam nos últimos anos;

·         Com a elevação do preço do dólar, a variação do preço do OPME importado foi “lá nas nuvens”;

·         Com a pandemia, os medicamentos e materiais que “quase sumiram” pelo excesso de consumo (anestésicos, máscaras ...) também;

·         Mas tivemos uma queda absurda de realização de determinados procedimentos ... alguns chegaram a “quase extinção” !!!

·         Então calcular quanto custou para as fontes pagadoras cuidar da saúde dos pacientes não é viável comparando a variação dos preços de tabela;

·         A inflação do financiamento da saúde é calculada a partir da variação do custo médio por paciente na saúde suplementar ... é isso que demonstra o gráfico.

E pelo gráfico vemos uma pequena deflação ... praticamente nem inflação nem deflação !

 

 

Quando “pegamos” apenas a assistência odontológica a coisa é bem diferente:

·         Pode ter aumentado o preço da prótese, da restauração, do tratamento do canal ... mas gastamos muito ... mas muito menos com os beneficiários após o início da pandemia;

·         O “medo de abrir a boca” e se contaminar de COVID-19 foi comemorado pelas operadoras de planos exclusivamente odontológicos !

Os números são implacáveis:

·         A pandemia foi extremamente benéfica para as fontes pagadoras;

·         Foi benéfica também para serviços de saúde que trataram pacientes COVID-19 ... mas estes serviços representam a minoria da rede de atenção assistencial;

·         Já no caso das operadoras, passaram dificuldade apenas as que têm uma carteira muito pequena, e dentro dela, uma quantidade significativa de infectados COVID-19;

·         Para as demais, especialmente as grandes, principalmente as gigantes, e muito principalmente e especialmente as grandes autogestões ... sob o ponto de vista econômico é o período mais lucrativo das suas histórias.

 

 

O gráfico demonstra a evolução do ticket médio de “despesas” com beneficiários da saúde suplementar:

·         É calculado dividindo a soma dos custos das operadoras (administrativas, comerciais, assistenciais e outras) pela quantidade de beneficiários que as operadoras possuem;

·         Veja que o que elas gastam por beneficiários vem aumentando ano a ano, mas de 2019 para 2020, reduziu por conta da pandemia;

·         Como são valores médios por beneficiário, o indicador não se contamina com aumento ou queda na quantidade de clientes !

Podemos estratificar este indicador, por exemplo considerando apenas as despesas assistenciais e/ou por modalidade de operadora e/ou por operadora e/ou por região geográfica:

·         Aqui estamos fazendo uma análise geral da inflação do segmento, avaliando a tendência do mercado da saúde;

·         Então consideramos todas as despesas e todas as operadoras, de todas as regiões.

 

Gráfico, Gráfico de barras

Descrição gerada automaticamente

 

O ano foi particularmente bom para as fontes pagadoras:

·         Veja que o gráfico demonstra o ticket médio de “receita”, ou seja, o que entrou de dinheiro em média por beneficiário de plano de assistência médica;

·         Além do ticket médio de despesa ter caído (o dinheiro “que sai do bolso” – gráfico anterior), o ticket médio de receita aumentou (o dinheiro que “entra no bolso” – este gráfico);

·         Então ... na média ... o resultado das operadoras a partir do início da pandemia é algo “sem precedentes” !

 

 

E mesmo para operadoras de planos exclusivamente odontológicos, é um período para “comemorar com champagne de primeira”:

·         Percebemos na linha azul que o ticket médio de receita até caiu, sinalizando que houve abandono / queda de beneficiários dos planos mais caros;

·         Mas ao compararmos com a linha laranja, vemos que a queda do custo foi muito maior do que a queda da receita, ou seja, o que deixou de entrar de dinheiro foi muito menos do que elas gastaram, mantendo a excelente rentabilidade que o segmento vem colecionando já há alguns anos !

Bem ... considerando que:

·         A campanha de vacinação está fracassando ... falta vacina ... e quando tem, por incrível que pareça, tem gente que não toma;

·         As medidas não farmacológicas de combate à contaminação fracassaram ... a cada 15 dias após cada feriado temos lotação das UTI’s ... todos os dias notícias de “pancadões”, “carreatas”, “motoatas” e todo tipo de incentivo às aglomerações;

·         A população vai começar a ver a abertura total da economia nos países “livres da pandemia” e vai começar a fazer o mesmo em um país “refém da pandemia”, “liberando geral”;

·         Já-já vamos esquecer os mortos e tudo vai se concentrar “nos muito vivos” que começarão a fazer campanha para as eleições do ano que vem ...

·         Não há nada que sinalize mudança de cenário antes de 2022 !

Ou seja ...

... tudo leva a crer que 2021 será um ano ainda melhor para as fontes pagadoras,

... e com uma boa chance de batermos o recorde de deflação na saúde,

... afinal, caminhamos para 12 meses de pandemia em 2021, contra 9 meses de pandemia em 2020 !

Aproveito para convidar a conhecer nossos cursos relacionados ao tema, desenvolvidos com base em experiências práticas em projetos de consultoria em hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, operadoras de planos de saúde, fornecedores de insumos para a área da saúde, e secretarias de saúde:

·         Gestão Comercial em Saúde - www.escepti.com.br/cursos/gnas16

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