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Discutir Remuneração Baseada em Valor sem Interesse Comercial é Outra Coisa !

0203 – 18/07/2021

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

ANS Extrapola sua Área de Abrangência e Fortalece Muitas Narrativas Tendenciosas sobre Valor em Saúde

 

(*) todas as ilustrações são partes integrantes do material didático dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde

 

Tive a oportunidade de discutir Remuneração Baseada em Valor e Modelos de Remuneração Alternativos ao Fee for Service com uma turma de quase 30 auditores do hospital que considero o mais profissionalizado do Brasil:

·         Não busquei autorização para citar o nome dele, por isso não vou “nominar”;

·         Quem tem contato comigo de longa data sabe que tenho esta consideração por ele desde que entrei na área da saúde e fui executivo de outro hospital que também é referência em gestão ... que se situa “no outro lado do Rio Jordão”;

·         Poder discutir este tema com profissionais deste nível, que atuam em um hospital deste nível, na área de atuação que eles atuam ... é algo extremamente gratificante;

·         Porque o segmento da saúde ainda é muito carente em relação ao contingente de profissionais adequadamente capacitados em gestão ... o Brasil tem nível assistencial de excelência em gênero e número ... tem excelentes gestores, mas em gênero e não em número;

·         Portanto ter uma oportunidade como esta não é para qualquer um  ... sempre agradeço muito a confiança quando sou convidado.

O ponto central da discussão foi abordar o modelo “fee for service”, os modelos alternativos a ele, a precificação, a formação das contas ... sem qualquer interesse ou preferência, até porque a sustentabilidade da minha atividade profissional se baseia nesta isenção ... desde que abri minha empresa de consultoria em saúde ... há exatos 16 anos !

Quando discutimos com este foco fica muito claro que “valor” em saúde é um tema que foi “indevidamente apropriado” por um grupo de profissionais que se utilizam do “poder negocial” de algumas fontes pagadoras, em cenários específicos, que formalizam justamente o desequilíbrio das demais “forças” elencadas por Michael Porter:

·         Esta “apropriação indevida” do tema com um discurso que coloca o médico, o hospital, a clínica, o fornecedor de insumos ... os profissionais e as empresas que executam a assistência ao paciente ... como os “arqui-inimigos” da qualidade assistencial em troca de lucro ... como os “vilões” do custo e da inflação da saúde ... é acima de tudo “uma grande covardia”;

·         Especialmente em fóruns onde estas instituições e pessoas não têm espaço para contrapor o que é imputado a eles ... não têm “a mesma voz”;

·         Este cenário de “criminalização generalizada” das instituições e pessoas que cuidam da saúde da população, seja no âmbito privado como no público não condiz com a realidade ... utilizam com “oportunismo” episódios permeados de desperdício, fraude e erro, que são exceção, como se fossem a regra.

 

 

Vamos lembrar que a área de abrangência da ANS, quando se trata de remuneração em saúde, se restringe ao que é pago pelo beneficiário ao plano de saúde:

·         Neste âmbito a ANS até regula os reajustes de preços;

·         Não é do âmbito da ANS regular a prática de preços de fornecedores de insumos para a área da saúde, o valor dos honorários médicos ou do dentista, o valor que um serviço de saúde considera justo em relação aos custos e a margem em relação ao preço, por exemplo, nem de uma diária de UTI, nem de um procedimento médico, nem de um pacote para melhoria de cuidados;

·         Muito menos questionar a forma como é feito, sugerir formas diferentes e utilizar o dinheiro do contribuinte para financiar este tipo de coisa !

A figura, que discutimos no curso, demonstra que “lucro” na saúde está associado a todos os atores que fazem parte da cadeia de valores do segmento:

·         O médico, o serviço de saúde, o fornecedor de insumos, a operadora, a corretora, a administradora de benefícios ...

·         O âmbito da precificação que cabe a ANS ... se é que isso pode ser defensável uma vez que saúde é livre à iniciativa privada, conforme disposto na constituição federal, ao lidar com lucro, prejuízo, multa, premiação, precificação ... deve se restringir à relação beneficiário x plano de saúde ou empresa contratante x plano de saúde ... apenas isso;

·         No máximo, atingir a administradora de benefícios ... jamais ao demais atores desta cadeia de valores ... nem mesmo corretoras.

Mas a ANS tem sistematicamente lidado com o tema extrapolando sua competência;

·         Compôs um manual e publicou há alguns anos, e patrocina narrativas através de eventos que incentiva a aplicação diversas ações não aderentes aos conceitos de valor em saúde, e nem a realidade das relações que existem entre os diversos atores que compõem a cadeia e valores da saúde suplementar;

·         Além de incentivar a prática de aplicação de descontos na remuneração paga aos serviços de saúde desconsiderando parâmetros viáveis de medição;

·         Em nenhum momento ... em nenhum parágrafo do manual ... em nenhuma sessão presencial ou à distância dos seminários por ela patrocinados ... jamais menciona qualquer ressarcimento ao beneficiário, ou a empresa contratante do plano de saúde, referente a falta de qualidade na assistência que a operadora proporcionou aos seus beneficiários;

·         A narrativa é sempre a de “aplicar algum tipo de penalização” ao médico, ao hospital, à clínica, ao fornecedor ... jamais se ouve algo a respeito em relação às fontes pagadoras.

Como o beneficiário não está na base do que a ANS ajuda a preconizar, qualquer gestor da área da saúde que não tenha conhecimento e capacitação adequada sobre o que realmente é “valor em saúde”, além de prejuízos financeiros, é penalizado por ser induzido ao erro de tentar aderir a algo que não dá certo:

·         Na maioria dos casos não deu, e vai continuar “não dando” se o “prumo” não for corrigido;

·         Tudo que as discussões “não isentas” sobre valor em saúde “está despejando” no ouvido dos gestores é para reduzir o “lucro” dos serviços de saúde, médicos e fornecedores, como se todos as mais de 500 mil instituições que compõem este mercado estivessem “nadando em dinheiro” ... e como se as operadoras de planos de saúde estivessem dando prejuízo;

·         Duas coisas completamente opostas, como se pode apurar nos números divulgados pela própria ANS ... qualquer um que trabalhar os números pode aferir se tratar de uma grande inversão de valores !

Nada em discussões “não isentas” sobre o tema aborda redução do “lucro” das fontes pagadoras, dos intermediadores que atuam entre quem pratica a assistência e quem banca o sistema (o próprio beneficiário e as empresas que contratam planos de saúde para seus funcionários) ... e principalmente:

·         Fortalecem uma narrativa de que fontes pagadoras e serviços de saúde podem desenvolver qualquer tipo de modelo de remuneração ao fee for service em qualquer cenário ... e sendo “forças opostas”;

·         Incrivelmente assustadora, a narrativa não insere como fator chave para o sucesso de modelos alternativos justamente a parceria que deve existir em uma cadeia de valores onde os atores são figuras completamente interdependentes !

É fácil entender como os conceitos originais ... os verdadeiros ...

·         São objetivos a serem seguidos tanto pela fonte pagadora, como pelo serviço de saúde, pelo médico, pelo fornecedor ...

·         E quando são aplicados sem manipulação, são viáveis de serem implantados;

·         Mas não em qualquer cenário ... qualquer situação ... cada alternativa tem maior ou menor chance de aderir ... ou mesmo, não tem como aderir.

 

 

Primeiro

Discutimos no curso a origem do termo remuneração baseada em valor, no mercado americano, que culminou como sendo uma das ações consagradas um pouco depois no que foi intitulado no “empacotado Obamacare”.

É impossível não entender o que está descrito lá:

·         “Incentivar ações inovadoras que resultem na melhoria dos cuidados e redução do custo do sistema no médio e longo prazo, premiando ou penalizando os prestadores, com preços diferenciados”;

·         O incentivo se dá através de prêmio ou penalização, e não somente em penalização como está preconizado “pelos aproveitadores tendenciosos”;

·         E o prêmio ou penalização se dá através da precificação maior ou menor em função de um histórico no relacionamento entre fonte pagadora e serviço de saúde, e não aplicando multa “conta por conta” dependendo de parâmetros que podem variar em situações específicas.

Isso pressupõe uma relação de parceria entre a fonte pagadora e o serviço de saúde, onde a fonte pagadora está disposta até a pagar mais caro por procedimentos em que o serviço de saúde costuma lhe entregar algo melhor:

·         Algo que pode custar mais caro agora, mas custa mais barato “no todo”;

·         Algo que melhora o resultado para o paciente ... que é a única coisa que importa na verdade para quem atua no segmento da saúde;

·         Quebrando o paradigma de uma tabela de preços que paga sempre o mesmo preço por um procedimento, independente do fato de ele ter sido bem ou mal feito;

·         A fonte pagadora e o serviço de saúde, em conjunto, se utilizam de parâmetros que sinalizam que haverá menor custo com a assistência do paciente no médio e longo prazo, porque está sendo realizado dentro de padrões de qualidade que geram menor volume de intercorrências (reoperação, reabilitação ...) ... o que reflete na qualidade de vida do paciente.

É o conceito de nível de serviço pleno (SLA Full), utilizado há muito mais tempo fora da área da saúde, pela indústria ... pelas prestadoras de serviços básicos:

·         Estabelecemos (“comprador e vendedor”) um nível de qualidade e medidos periodicamente;

·         Se ao fim do período você estiver abaixo do nível, vamos reduzir o preço de tabela;

·         Se ao fim do período você superar minha expectativa, vamos aumentar o preço de tabela;

·         Se o nível estabelecido é, de comum acordo, entendido como baixo, vamos aumentar para a medição no período seguinte, incentivando assim o que chamamos de “ciclo de melhoria contínua” ou “kaizen”;

·         Se o nível que estabelecemos é, de comum acordo, entendido como muito alto, ou seja, não possível de ser atingido, vamos abaixar o nível de qualidade para a medição do período seguinte, de modo a não desestimular que a qualidade deixe de ser o foco.

O parâmetro de medição tem que ser definido de comum acordo entre fonte pagadora e serviço de saúde:

·         Jamais imposto de uma parte para outra ... e deve considerar o contexto em que se encontra caso a caso;

·         Senão um serviço de saúde de excelência vai cumprir o parâmetro sem fazer esforço algum, e jamais vai buscar melhorar, porque não vai ganhar nada se entregar algo melhor do que a meta estabelece ... mesmo se puder fazer;

·         E o serviço de saúde inserido em um ambiente (geográfico, econômico, social, tributário, de controle de cartéis, de controle de milícias ...) que não permite atingir um “nível impossível” será eternamente penalizado e “vai incluir a penalização no preço” para continuar fazendo ... tão simples quanto isso !!!

Se o parâmetro é o mesmo, imposto pela fonte pagadora e/ou preconizado como padrão pelos “aproveitadores” ... e para qualquer cenário, região ... parceria 0 (zero) !!!

 

 

Segundo

A base é o preço, e jamais o valor da conta.

O melhor hospital do mundo, com a melhor equipe do mundo, com os melhores processos do mundo, com o melhor equipamento do mundo, aplicando a melhor técnica do mundo ...

·         Não consegue realizar os procedimentos da mesma forma em todos os pacientes ... não recebe os pacientes exatamente nas mesmas condições ... não recebe pacientes todos com a mesma idade, peso, sexo, condições pré-existentes;

·         Quando se estabelece uma relação de remuneração baseada em valor interessa a avaliação que se tem na rotina de entrega do produto ... baseado na média histórica ... nunca ... jamais ... em casos particulares <<< isso é um completo absurdo !!!

Os casos particulares entram na formação do histórico junto com todos os demais, formando o perfil do serviço:

·         O histórico define o preço que será praticado, maior ou menor dependendo da qualidade medida, até que um novo histórico se forme e uma nova avaliação de indicadores se faça;

·         Durante o período definido, paga-se o preço maior ou menor independente do indicador de um caso específico.

Como isso pode não ser interessante para a lucratividade da fonte pagadora que pensa apenas na “contabilidade financeira mensal”, a “patrulha ideológica do tema” patrocinada pelas fontes pagadoras que não embarcam o tema de forma ética, e infelizmente patrocinada também pela ANS que nem deveria estar envolvida nisso, ignora na narrativa colocar o preço em questão;

·         Colocam o desconto na conta ... conta por conta ... como instrumento de pressão para o serviço de saúde, o médico, o fornecedor “sejam enquadrados” no preço que quer pagar pela conta, e não pelo preço que deve praticar para diferenciar os serviços bons dos ruins;

·         No relacionamento com estas operadoras, que não são todas vamos deixar muito claro ... Parceria = o (zero) !!

É bom enaltecer ... não são todas as operadoras que agem assim ... mas estas estão “formando a patrulha ideológica” que espalha “fake news" sobre o tema.

 

Terceiro

A rede assistencial da saúde suplementar é completamente fragmentada, inviabilizando inserir como parâmetros de avaliação a maioria absoluta dos parâmetros que gostaríamos de aplicar para definir remuneração baseada em valor ... será que a ANS não sabe ?

·         Que a beneficiária que engravida faz o pré-natal se utilizando de vários serviços diferentes, faz o parto em outro, e o pós-parto em outros, na maioria absoluta dos casos ... e ninguém gerencia o ciclo assistencial dela do início ao fim na maioria absoluta dos casos;

·         Que o beneficiário que rompe os ligamentos faz o pré-operatório em um consultório, diferente dos serviços de saúde onde faz exames, diferente do hospital onde faz a cirurgia de joelho, retorna para fazer a avaliação da cirurgia em outro serviço de saúde, e vai fazer a reabilitação em serviços de fisioterapia que não tem nenhuma relação com os que já passou anteriormente ... e ninguém gerencia o ciclo assistencial dele;

·         Que muitas operadoras direcionam seus beneficiários para fazer toda a “baixa e média complexidade” na sua rede própria e, não tendo serviço próprio adequado para a “alta complexidade” envia o credenciado para fazer somente este procedimento, e ”resgata” o beneficiário para voltar a “baixa e média complexidade” para a sua rede própria.

Será possível que todo mundo sabe disso menos a ANS que patrocina a narrativa de modelos que inserem parâmetros de avaliação que só são viáveis quando o paciente é acolhido por um serviço de saúde para fazer a assistência total do caso ?

A parceria exige que a fonte pagadora “entregue” o caso para o serviço e deixe de “pingar” um procedimento aqui ... outro ali ... em serviços diferentes que não se comunicam assistencialmente ... se for assim, como exigir qualidade de cada um deles ?

 

 

 

Quarto

Na prática, qualidade assistencial nunca esteve em pauta para a maioria das fontes pagadoras, o que incomoda a fonte pagadora é sinistro ... o resultado financeiro ... o custo ... infelizmente no curto prazo.

Tenho um cliente no momento que está sendo vítima da investida da operadora “Big Red” na região dele, que disse a ele:

·         De hoje em diante vou pagar “X” pela herniorrafia ... se você não quiser fazer por este preço, tem gente que faz pra mim;

·         Estou auxiliando-o na decisão de aceitar ou não continuar fazendo herniorrafia para ela.

O que a operadora está fazendo de errado, ilegal ou imoral ? ... nada ... absolutamente nada.

O que ela está fazendo de diferente do que faz há décadas ? ... nada ... absolutamente nada.

Também auxilio operadoras a definir o “valor X” de um pacote para propor ao mercado, diga-se de passagem ... não há nada na ANS que criminalize isso !

Mas o episódio define a grande diferença entre a realidade e a teoria:

·         Ao definir o mesmo preço do pacote para qualquer serviço de saúde ela coloca “todos os gatos no mesmo balaio”, independente da qualidade com a qual o procedimento será realizado;

·         Não existe na proposição nenhum incentivo para que o procedimento seja feito com maior ou menor segurança, qualidade, desfecho;

·         E ela corre o risco, faz parte do risco que ela está disposta a assumir, de passar a ter uma qualidade muito inferior a que tinha anteriormente ... já que é para fazer o procedimento por este preço, vou deixar meu protocolo preferido de lado e vou fazer de modo que “caiba no preço” ... não é isso que ela quer ? ... é como o serviço reage quando a qualidade não está em pauta !!!

Com pacotes para melhoria dos cuidados, que podem ser a base de um projeto de modelo de remuneração baseado em valor:

·         Ocorre o mesmo, se a intenção da fonte pagadora for reduzir seus custos e não aportar qualidade assistencial;

·         E serão muito ... mas muito ... mas muito mais difíceis de serem implantados !

Conta tipo pacote é muito diferente de pacote para melhoria de cuidados ... mas se o objetivo da fonte pagadora é reduzir o preço, pode empacotar da forma que quiser, chamar do nome que quiser ... o resultado será o mesmo !

Novamente a questão fundamental da parceria entre fonte pagadora e serviço de saúde, que em nenhum momento é colocada como a base no manual e nos seminários patrocinados pela ANS.

 

 

Sou mesmo um privilegiado em poder discutir o tema sem interesse:

·         Nesta turma, com este hospital “de ponta”;

·         Ou como já fiz para algumas cooperativas, medicinas de grupo, e para uma grande operadora tipo autogestão, que muito diferente da maioria das outras, até por ser uma autogestão e reter seus beneficiários por mais tempo que as outras, tem interesse em qualidade assistencial e não está no mercado visando lucro;

·         Ou como fiz para alguns hospitais que têm estrutura para discutir o assunto ... porque a maioria deles não tem capacidade de assimilação nem mesmo dos conceitos, quanto mais das mudanças organizacionais que o tema exige;

·         Ou como sempre faço em aulas de turmas de pós que congregam profissionais de operadoras, fornecedores, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos.

Em todos os casos coloquei uma situação real para discutir:

·         Não um caso de um procedimento, como os “sonolentos seminários” dos aproveitadores do tema fazem ... um cenário;

·         É muito diferente ilustrar um caso ... ou a realidade de um cenário composto por diversas fontes pagadoras, diversos serviços de saúde ... e as nuances da realidade em que se inserem ... muito diferente;

·         Olhando um procedimento estamos no “país das maravilhas voando em xícaras” ... no cenário estamos “com os pés no chão na selva” que é o mundo dos negócios.

Pegamos uma cidade de médio porte:

·         Descrevemos algumas características populacionais, econômicas e geográficas;

·         Descrevemos as fontes pagadoras existentes na cidade, e as que eventualmente atuam na cidade;

·         Descrevemos os principais serviços de saúde da cidade;

·         E analisamos caso a caso, o cruzamento de cada fonte pagadora com cada serviço de saúde, para avaliar qual ou quais os modelos de remuneração são viáveis.

Vocês não têm a menor noção da satisfação que tenho quando vejo as pessoas isentas dos “interesses patrocinados” chegando às mesmas conclusões:

·         Aqui tem que ser fee for service ... outro não dá !

·         Aqui tem que ser contratualização ... fee for service não funciona !!

·         Aqui pode ser remuneração baseada em valor ... ôba ... achamos um !!!

·         Aqui pode ser qualquer um deles ... que legal ... compartilhamento de riscos ou RBV “vai dar jogo” !!!!

·         Quando não se tem interesse em vender “consultoria terrorista” ... sem querer fazer trocadilho infame ... o resultado não tem preço que pague: é algo de muito valor !!!!!

 

 

 

Se não ficou clara a indignação com a postura da ANS sobre este tema:

·         Se ela quiser entrar nesta discussão, o que por si já é discutível, deve ficar no âmbito da remuneração entre beneficiário de plano de saúde e operadora de planos de saúde ... apenas o lado esquerdo da figura;

·         Ela não entende o que acontece “fora do quadradinho” dela ... isso é para quem tem vivência nos outros quadradinhos;

·         Remuneração, dinheiro, preço, lucro ... é para quem sabe o que é pagar as contas, manter uma equipe assistencial motivada, inovar ... não é para “pessoas de gabinete”;

·         Para entender o que é um hospital você tem que sentir o cheiro dele um bom tempo ... não é “um bando” de empresas aproveitadoras;

·         Só quem já presenciou centenas de vezes médicos e enfermeiros saírem chorando de uma sala cirúrgica, não contidos por nada, porque “perderam” o paciente pode entender o que envolve remuneração de equipes de saúde ... não são “um bando” de exploradores que precisam ter seus lucros aviltados por falsas narrativas;

·         Só quem já se relacionou profissionalmente com a indústria da saúde conhece o seu nível de compliance ... do quanto têm que andar na linha, porque são muito visadas ... não são um “bando de ladrões’.

Ao patrocinar discussões sobre a remuneração dos prestadores de serviços por parte das operadoras, e da premiação ou penalização, da forma como os “aproveitadores” estão se posicionando, a ANS está colaborando para dificultar que ocorram as parcerias que gostaríamos que existissem entre fontes pagadoras, serviços de saúde, médicos e fornecedores:

·         Na minha experiência profissional ... não porque alguém discursa ... estou comprovando que os projetos de remuneração baseada em valor que dão certo, só estão dando certo, por iniciativa de estabelecer parceria franca entre fonte pagadora e serviços de saúde em prol do paciente;

·         Infelizmente são ainda projetos muito raros ... e são projetos em que os envolvidos não têm a intenção de produzir “meia dúzia de slides” e fazer propaganda ... estão realmente engajados em desenvolver algo consistente e não fazer propaganda !

·         Estes projetos todos partiram da formalização de termos de confidencialidade recíproca ... entre todos os envolvidos ... mostrando muito bem a “idoneidade coletiva”.

Aliás, em um país onde espalhar notícias falsas é a regra ...

... prejudicam pessoas e empresas não tem qualquer punição ...

... em um país onde passou a ser necessário “ter coragem” para dizer a verdade baseado em fatos e evidências ...

... não é de se estranhar quando a gente coloque como ponto inegociável no desenvolvimento de qualquer projeto a assinatura de um NDA !!!!!!!

Vamos lembrar que os maiores prejudicados pelas falsas narrativas sobre valor em saúde são os beneficiários e as empresas que contratam o plano de saúde para seus funcionários ... os elos mais fracos nesta cadeia de valores:

·         Não são eles que escolhem a rede onde serão atendidos ... são as operadoras;

·         Se a rede presta serviço bom ou ruim, a discussão “encabeçada” pela ANS é discutir a remuneração do serviço em relação à operadora ... não em relação ao que eles pagam pelo plano <<< que deveria ser a única coisa no âmbito da ANS !!!

·         E uma grande parte da rede é da própria operadora ... esta rede, na narrativa da ANS ... nem existe ... ou seja, em nenhum momento ela fala sobre o nível de qualidade da rede própria ... e patrocina a discussão da operadora com a rede credenciada ... um absurdo !

É mandatório, mesmo sendo repetitivo enaltecer:

·         Modelos de remuneração alternativos ao fee for service são viáveis, desde que se desenvolvam em forma de parceria entre fonte pagadora e serviço de saúde ... todos queremos, mas não aderem todos em qualquer situação ... e existem inúmeras situações em que não existe qualquer chance de aderência;

·         Remuneração baseada em valor é viável, desde que não seja uma narrativa falsa para reduzir o preço pago por pacotes ... todos queremos, mas não aderem em qualquer situação ... e é quase inexistente a chance de um padrão ser replicado em cenários diferentes;

·         Existem empresas idôneas do lado das fontes pagadoras, dos serviços de saúde, e dos fornecedores, lidando com o tema ... mas infelizmente existe um “exército de aproveitadores”;

·         Vamos mudar isso ?

Conheça nossos cursos relacionados ao mercado e precificação na área da saúde:

·         Como Avaliar Preços de Pacotes em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos - www.escepti.com.br/cursos/GNAS12

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·         Práticas para Precificação de Produtos Hospitalares - www.escepti.com.br/cursos/GNAS19

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E para informações adicionais ou consultorias   contato@escepti.com.br  !

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado