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Entendendo como Operadoras de Planos de Saúde são tão Diferentes

0205 – 26/07/2021

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

A Regulação da ANS é Ruim Porque É Impossível Equiparar Operadoras de Plano de Saúde às de Telefonia, Energia ...

 

(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

 

Somente estas “pizzas” já resumem tudo o que será discutido aqui:

·         Elas representam, para cada tipo de operadora de plano de saúde, a distribuição percentual dos seus gastos ... Administrativos, Assistenciais, Comerciais e Outros;

·         É fácil notar que Autogestão, Filantropia, Cooperativa, Medicina de Grupo e Seguradora ... não têm nada a ver umas com as outras;

·         Se “forçar a barra” ... pode até achar alguma semelhança entre as medicinas de grupo e as seguradoras ... vai ter que se esforçar um pouco ... mas se olhar outros aspectos não discutidos aqui (rede própria, mantenedoras ...) aí é que vai chegar à conclusão de que não “rezam a mesma oração” !

Tem gente que não entende, mas é por isso que existe Abramge, Unidas, CNU:

·         O perfil de gastos das operadoras não é diferente porque elas querem;

·         Elas estão no mercado por motivos diferentes, vinculados com mantenedoras muito diferentes, necessitam ser organizadas internamente de formas muito diferentes ...

·         Uma “mera classificação” delas nestas “modalidades” como faz a ANS jamais será suficiente para resolver os problemas da regulação;

·         Por isso elas necessitam se associar a entidades representativas diferentes ... que “entendem seu idioma” ... e assim possam ser representadas minimamente adequadamente !

 

 

O gráfico compara o % de gastos das despesas administrativas de cada tipo:

·         Nenhum processo de gestão mal ou bem executado culminaria no fato do % das seguradoras ser praticamente a metade do das medicinas de grupo ... isso até se justificaria comparando uma operadora específica com outra ... mas com a média entre 2 tipos diferentes não !

·         O menor indicador ocorre principalmente porque as seguradoras quase não têm rede própria;

·         Redes próprias, quando bem estruturadas, reduzem o gasto assistencial, mas a gestão da rede custa ... e custa caro;

·         Tanto que os maiores % são justamente dos tipos que têm maiores redes próprias !

 

 

É fácil comprovar isso analisando o % de gastos assistenciais:

·         Justamente as que têm redes próprias mais robustas, gastam menos;

·         É claro que não gastam menos que as filantrópicas, porque no caso dessas o plano é um “requinte” da gestão do hospital ... elas não estão no mercado para vender planos ... estão para aproveitar que em determinadas regiões o seu serviço é praticamente o único ... elas têm inclusive uma enorme dificuldade em apropriar seus custos adequadamente, separando o que é a operação hospitalar/ambulatorial, da operação plano de saúde.

 

 

Quando avaliamos as despesas comerciais nos deparamos com as maiores diferenças entre elas:

·         A autogestão não precisa vender plano ... seus beneficiários são “sócios remidos”;

·         Pelo exposto acima ... a filantropia também não ... geralmente é a “dona do mercado em que se situa”;

·         Das que sobram, a marca mais capilarizada no Brasil é a da cooperativa, que possui mais “pontos de presença” espalhados pelos municípios ... por isso gasta menos;

·         A briga fica entre a seguradora e a medicina de grupo ... como as seguradoras são gigantes, precisam de uma estrutura comercial muito mais agressiva permeada em todo o território nacional para sustentar seu porte ... também temos medicinas de grupo gigantes, de abrangência nacional ... mas a maioria é formada de pequenas e médias.

 

 

O % das outras despesas fica mais associado à “criatividade” que permite alternativas contábeis (legais, diga-se de passagem) que podem agravar ou aliviar o resultado das empresas:

·         Como demonstra o gráfico, coisa que tradicionalmente não é o forte das filantrópicas;

·         Ainda bem para as demais ... as filantrópicas geralmente “não sabem o potencial do produto que têm”, e nem têm estrutura organizacional adequada para aproveitar o mercado dentro das oportunidades que a lei lhes permite !

 

 

Como dizem lá no Nordeste: “o danado disso” é que é muito dinâmico:

·         O gráfico demonstra a relação entre as despesas assistenciais e a receita (a contraprestação);

·         Veja como em apenas 3 anos a rentabilidade das operadoras se modificou;

·         Ele demonstra que algumas operadoras não aumentaram seu lucro apenas com a pandemia em 2020 ... já em 2019 é possível ver “movimento” de gestão que tem gerado resultados significativos, graças a profissionalização cada vez maior da gestão.

E, é claro, em vista de todos estes números, não é possível deixar de comentar que a ANS erra no atacado ao não considerar a importância disso:

·         Regula todas as operadoras da mesma forma, misturando empresas com e sem fins lucrativos, com e sem interesse real em prestar assistência de qualidade aos beneficiários ... é evidente que a regulação prejudica muito algumas delas, e privilegia uma poucas que articulam melhor no âmbito federal;

·         Apoia / patrocina discussões sobre modelos de remuneração, que além de não fazer parte do seu escopo de atuação, não aderem à realidade nem das operadoras nem dos serviços de saúde ... e sem qualquer foco no resultado aos beneficiários de planos de saúde e as empresas que contratam planos de saúde para seus funcionários, que deveriam ser o público-alvo das suas ações;

·         Não considera que, especialmente autogestão, mas não somente ela, é instituição que se vincula a segmento de mercado completamente diferente do da saúde, que se sujeita prioritariamente à regulação do seu segmento de mercado específico;

·         Mesmo “inventando” a necessidade das seguradoras desvincularem o “ramo saúde” dos demais (veículos, vida ...), elas continuam e continuarão sendo seguradoras, vinculadas a uma empresa de seguros, que atua no risco ... nenhuma regulação pode mudar isso !

A habilidade de quem atua profissionalmente em operadoras de planos de saúde é justamente não entender o mercado como o que se descrevem as RN’s da ANS ... o mercado é muito maior, muito mais complexo, muito mais desafiador, e muito mais fascinante que isso ... permeado por um dinamismo que passa longe das RN’s !!

Vale a pena “olhar fora da caixinha” ... para descobrir as oportunidades e riscos reais da saúde privada !!!

Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil na página   www.gesb.net.br   .

Está aberto o processo seletivo para inscrição no curso de média duração da Jornada da Gestão em Saúde (40 horas).

Informações na página     www.jgs.net.br     ou pelo canal    contato@escepti.com.br  !

·         Uma “mentoria prática” sobre negócios na área da saúde pública e privada ... um conteúdo exclusivo e um material didático sem similar !!!

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado