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Ainda Muitos Hospitais e Clínicas Não Sabem Avaliar Viabilidade de Pacotes
0215 – 26/08/2021
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Preço, Custo, Oportunidade, Enquadramento ... Conceitos Simples Que Viram Confusão para Despreparados
(*) todas as ilustrações são partes integrantes do material didático dos cursos Escepti e do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil
Desde que o tema RBV saiu das discussões que ocorriam lá nos Estados Unidos e “ganharam o mundo”, fazendo com que os gestores passassem a exercitar a viabilidade de remunerar os serviços através de “pacotes para melhoria de cuidados” (Blunded Payment), o termo “pacote” que já era confuso para muita gente, passou a fazer parte da “mitologia” para uma infinidade de gestores da saúde privada:
· No sentido literal de “mito”, para quem não consegue discernir uma coisa da outra;
· No sentido ilustrado de infinidade, porque a quantidade de gestores ainda não adequadamente preparados é enorme !
Desde que isso começou a fazer parte da agenda das operadoras de planos de saúde (já faz tempo) até os dias de hoje, “o mantra” de que qualquer pacote é sempre inviável para hospitais e clinicas se fortaleceu:
· E como o movimento por parte dos serviços de saúde para analisar o assunto de forma adequada não inclui método ... análise sistêmica ... a tendência do mantra continuar a ser “declamado na posição de lótus” se mantém;
· Ainda são poucos os gestores de hospitais e clínicas que realmente têm discernimento para avaliar todos os aspectos que envolvem a análise, confundindo custo com preço, oportunidade com oportunismo, enquadramento real ... uma pena !
A conta tipo pacote tem a característica de ser, ao longo do tempo, uma oportunidade para a operadora de planos:
· Mas esta oportunidade pode ou não se materializar ... pode ser maior ou menor ... dependendo da forma como o serviço de saúde avalia e condiciona a realização dos procedimentos ... da forma como “o acordo é formalizado”;
· E dependendo do contexto, pode ser uma ótima oportunidade para hospitais e clínicas;
· Os negócios na área da saúde são mais ou menos viáveis dependendo da capacitação dos gestores que estão nos dois lados da mesa: da fonte pagadora e dos serviços de saúde;
· Como em qualquer outro tipo de negócio, o negociante melhor preparado consegue melhores resultados;
· Pacotes, como na questão da precificação em contas abertas ... dos preços dos itens de conta ... quanto mais capacitado está o gestor melhores são suas chances para fechar um bom negócio, seja do lado da operadora, seja do lado do hospital, da clínica, do CDI ... !
É que ainda temos gestores em hospitais e clínicas que para avaliar uma proposta de pacote faz a média do valor das contas abertas para o procedimento:
· Não é errado fazer isso ... mas é errado ... e muito errado ... fazer somente isso;
· Desconsiderar a análise dos custos, fatores comerciais e a relação com os parceiros inibe completamente a avaliação das oportunidades reais;
· E fazer somente o cálculo do valor médio sem metodologia adequada de seleção da amostra correta para estratificar a carteira faz com que “o número apurado” (a média calculada) represente “nada”.
Com “nada” para comparar com uma proposta real, ainda tem gestor que ao concluir que o valor calculado é menor do que uma média “de não sei o quê” afirme que haverá prejuízo !
· Calcula preços ... compara preços e chega a uma conclusão “sem sentido” em relação ao lucro ou prejuízo se adotar a proposta de pacote feita pela operadora;
· Nem avalia o custo, nem as alternativas que a proposta pode refletir nos custos, independente do preço !
Alternativas ? ... é a palavra-chave definindo que na verdade o cenário é um pouco pior:
· Sem aplicar a metodologia adequada, gestores de hospitais e clínicas ficam sem ferramentas para discutir alternativas à proposta apresentada pela operadora;
· A operadora geralmente está aberta para discutir alternativas, uma vez que não é porque o melhor “pacote do mundo” não seja viável, que não esteja disposta a negociar ... flexibilizar ... não é verdade que ajustes não sejam benvindos sempre, como podem pensar que “fecha a porta da negociação” sem base sólida para discutir;
· Sem visão adequada dos ajustes que podem eliminar as barreiras, criam anticorpos que eliminam o desenvolvimento do assunto ... e o assunto acaba fracassando por falta de discernimento, e não por inviabilidade econômica ... infelizmente !
No pior cenário possível, “engole” a proposta da operadora devido ao cenário comercial muito favorável para ela, sem ao menos visualizar que havia uma alternativa na negociação que poderia minimizar o impacto, quando até havia margem para negociação ... sem ferramenta para isso, nem soube o que contrapropor !!
A mitologia sobre o tema ... o mantra ... tudo é revestido de um cenário onde existem somente grandes empresas que atuam como fontes pagadoras e serviços de saúde ... estruturadas ... como se o mercado fosse apenas meia dúzia de empresas conhecidas de todos, e não uma infinidade de empresas que compõem um complexo e gigante mercado chamado saúde suplementar regulada.
A realidade é muito diferente, e como o assunto não se desenvolve como poderia, não explora o potencial que teria se a visão do cenário fosse diferente:
· Na verdade temos umas poucas operadoras com estrutura realmente adequada para desenvolver os projetos de pacotes, que vão escalando uma estrutura profissional de precificação como ilustrado na “pilha verde da figura”;
· A maioria delas apura valores de contas até misturando procedimentos que não tem nada a ver uns com os outros, e com base no menor valor apurado propõem pacotes para os serviços de saúde. Algumas nem isso fazem: observam o que as outras estão propondo e fazem a mesma coisa, sem avaliar que o custo da outra pode não ter nada a ver com o dela;
· E temos poucos serviços de saúde que têm estruturas capacitadas de precificação, profissionalizadas “mais no topo” da pilha roxa da figura, atuando em precificação;
· A maioria fica observando o preço praticado no mercado para definir o seu, exclusivamente de forma reativa, conforme as operadoras vão pressionando;
· Assim os projetos de desenvolvimento de pacotes que caminham são poucos ... os que se baseiam em análises adequadas são poucos ... a maioria acaba se desenvolvendo na “na base da força bruta” imposta pela operadora que domina determinadas regiões ... uma imposição disruptiva e condenável que é apelidada no meio como “ou dá ou desce” !
O que mais chama a atenção é que a especialização necessária para que hospitais e clinicas avalie com assertividade nem é tanta ... o problema é que boa parte dos envolvidos:
· Ou são profissionais de formação essencialmente assistencial, que conhecem muito sobre o procedimento e pouco sobre o mercado;
· Ou são profissionais de formação não assistencial, que conhecem o mercado, mas não tem muito conhecimento sobre “a matéria prima” do produto que vai vender;
· Basta a empresa, ou eles mesmos, empenharem um tempo que não é grande para se capacitarem nas melhores práticas;
· E basta os hospitais e clinicas sempre colocarem estes dois tipos de profissionais para analisar conjuntamente ... se deixar um prevalecer sobre o outro não tem muita chance de dar certo e o “mito” prevalece !
Oportunidades nos negócios sempre devem ser analisadas adequadamente, e com pacotes não é diferente: pré-julgar sem avaliar com método e técnica pode ser um grande erro para hospitais e clínicas.
Divulgamos na página www.jgs.net.br a agenda dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde ... como sempre: vagas limitadas ... turmas pequenas !
Para os interessados, tem um curso específico sobre este tema: Dia 14/09 - Das 17 às 20 h – “Como Avaliar Preços de Pacotes em Hospitais” – Detalhes: www.escepti.com.br/cursos/gnas12
Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil www.gesb.net.br !
Informações adicionais contato@escepti.com.br !
Sobre o autor Enio Jorge Salu
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado