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Flashes da Rentabilidade das Empresas que Atuam na Área da Saúde
0222 – 11/09/2021
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Discutindo Sustentabilidade de Empresas no Indiscutivelmente Mais Diversificado Segmento da Economia Mundial
(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes do material didático dos Cursos Escepti e do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil
Hoje tive a oportunidade de ministrar a aula “Sustentabilidade Financeira em Instituições de Saúde” para mais uma turma da pós-graduação da Faculdade Einstein ... inúmeras vezes agradeci às Profas. Ellen Bergamasco e Paula Miclos que coordenavam o curso, e agora agradeço às Profas. Glauce Roseane Brito e Marcela Marrach Coutinho que assumiram a coordenação ... muito obrigado pela oportunidade de mais uma vez poder discutir o tema sem o viés de fonte pagadora, serviço de saúde, fornecedor ... muito obrigado !!!
A minha “tradicional e odiosa” pergunta provocativa “com quem você pensa que está falando” ... é claro ... esteve presente:
· Antes de entender o cenário real do segmento tudo que fazia não dava certo;
· Como entrei na área, não sendo da área, em uma empresa (fantástica, diga-se de passagem) que não representa o cenário real, demorei a entender que o que mais aparece na mídia é o que menos existe;
· Hoje sei “com quem estou falando” nas consultorias, nas aulas ... ficou tudo bem mais fácil !!!
Os gráficos ilustram a realidade com números, e não com a “mística da torcida”, ou com as forças das marcas e/ou do marketing:
· O da direita (abaixo) demonstra que as operadoras de planos de saúde de assistência médica são em sua absoluta maioria empresas pequenas, e que “as raríssimas grandes” são desproporcionalmente gigantes perto das demais;
· O da esquerda (acima) demonstra que os serviços de saúde da alta complexidade (hospitais) são em sua absoluta maioria empresas pequenas, e que os pouquíssimos grandes hospitais são “desproporcionalmente muito grandes” em relação aos demais;
· Se tivéssemos misturado no gráfico dos hospitais (cerca de 9.500) os demais serviços de saúde (mais de meio milhão), as grandes empresas literalmente desapareciam do cenário como um “grãozinho de areia” na praia.
Um dos maiores segmento da economia do Brasil ... do mundo ... é composto de uma infinidade de pequenas empresas, e de uma raridade de grandes empresas, sejam fontes pagadoras, sejam serviços de saúde !
Até mesmo secretarias de saúde, quando juntamos as das 27 UF’s, com as dos 5.470 municípios ... grandes mesmo são “moscas brancas”, como se diz lá no interior !!!
Discutimos que como a motivação dos diversos atores em estar no segmento da saúde é diferente, o modelo de sustentabilidade delas não pode ser igual:
· A maior parte se sustenta contra a produção ... produziu ganhou ... não produziu perdeu ... simples assim;
· Operadoras e o SUS, o SUS como entidade financiadora e não como sistema de saúde, atuam no risco ... tem “um dinheiro para gastar” e precisam controlar para que a conta não seja maior do que o “saldo da poupança”;
· E alguns dependem da “infidelidade” do beneficiário e/ou da empresa contratante do plano de saúde para sobreviver.
Discutimos como as empresas hoje “flutuam” pelos 3 sistemas de financiamento da saúde que existem para sobreviver e/ou aumentar sua rentabilidade:
· O sistema de financiamento público (SUS) – o maior sistema de financiamento brasileiro;
· A Saúde Suplementar Regulada pela ANS, que tem a ver somente com planos de saúde – o menor dos sistemas de financiamento brasileiros;
· E a Saúde Suplementar Não Regulada, que vai “crescendo desenfreadamente” ... porque não é regulada por ninguém !
Há anos noto, “olhando nos olhinhos” dos alunos em sala de aula, como se surpreendem quando começamos a discutir o que realmente é o SUS:
· Como se organiza de verdade;
· As “bravatas” que políticos irresponsáveis disparam ... as “mentiras” que encheram nossa paciência no enfrentamento da pandemia. Com todas as lambanças que eles cometeram, o SUS tratou milhões de pessoas, evitando que o desastre fosse maior do que a vergonha que passamos em relação ao resto do mundo quando se trata de COVID-19;
· Como o SUS se sustenta ... como as decisões são colegiadas ... como os recursos (orçamento) são distribuídos;
· É o melhor sistema de financiamento público do mundo ... há anos o desafio de comparar números com os de qualquer país do mundo está lançado ... tenho orgulho de ter conhecido algumas das pessoas que desenharam o SUS, e de ainda poder conviver com alguns !
Discutimos o modelo de sustentabilidade básico dos serviços de saúde:
· Lembrando da minha primeira aula na primeira pós-graduação que fiz em gestão da saúde na USP, comentei que a fórmula que o professor ensinou ... que todos conhecem ... mas que aplicar depende do que o mercado permite;
· De como a hierarquização dos serviços deveria ser, e como é na realidade;
· De como a saúde se diferencia “vendendo alguns produtos com prejuízo” para “lucrar na sequência da cadeia de valores”;
· Pude dar alguns exemplos da minha carreira pessoal nas consultorias para ilustrar ... “velho adora contar história !” ... ainda mais quando têm final feliz !!
Então chegamos ao ponto em que fica fácil entender como operadoras de planos de saúde se sustentam:
· Que não são como operadoras de telefonia, porque saúde é livre à iniciativa privada ... não são concessionárias;
· Alguns tipos precisam vender planos para captar clientes, outras não ... não podem;
· Algumas dependem da verticalização para sobreviver ... em outras “verticalização é morte certa”;
· Cooperativas tem uma dinâmica de sustentabilidade própria, e os números mostram que são as menos afetadas pelas crises econômicas;
· A concorrência desleal na venda de planos odontológicos, permitida pela ANS.
Concluímos que a sustentabilidade de pequenas operadoras ... de pequenos serviços de saúde ... apesar de seguirem o mesmo modelo das grandes, é mais difícil porque não existe “inteligência estratégica” e/ou “capacidade operacional” existente nelas ... que sustente uma estrutura de planejamento que permita arriscar ou se manter em momentos de crise.
Por isso, enquanto tivemos empresas que estão se dando “muito bem graças a Deus” durante a pandemia, tivemos milhares de pequenas empresas do segmento que faliram ... não suportaram a falta de produção !
E fechamos o cenário ... como não poderia deixar de ser ... “pincelando números” que mostram que a sustentabilidade das empresas, embora sigam o mesmo padrão, varia muito regionalmente, porque somos um “país continente” ... várias nações compartilhando um mesmo espaço físico.
Por tudo isso agradeço novamente às Profas. Glauce e Marcela pela oportunidade ... é muito gratificante poder discutir neste nível, com profissionais do nível dos que formam a turma ... para que eles solidifiquem os conceitos e possam atuar com firmeza naquilo que é viável ... porque necessitamos muito de profissionais bem-preparados na gestão da saúde pública e privada no Brasil ... não podemos deixar narrativas cheias de vieses continuarem a desviar o foco !
Conheça os cursos da Jornada da Gestão em Saúde www.jgs.net.br !
Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e os seminários temáticos www.gesb.net.br !
Informações adicionais contato@escepti.com.br !
Sobre o autor Enio Jorge Salu
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado