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Perfil Geral da Sinistralidade Ambulatorial na Saúde Suplementar

0232 – 12/10/2021

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Empenho na Baixa e Média Complexidade Sinalizam Indiscutível Evolução Assistencial

 

(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

 

Este gráfico fantástico demonstra a distribuição do custo ambulatorial da saúde suplementar regulada:

·         De tudo que é pago, a distribuição % do que é pago pelas operadoras de planos de saúde aos serviços de saúde;

·         Sinaliza, na média, um equilíbrio entre prevenir, diagnosticar e tratar ... são números “simbólicos” no sentido de sinalizar que não temos uma medicina predominantemente “curativa”, como tínhamos há algumas décadas.

Não por isso podemos concluir que chegamos aonde necessitamos ... longe de ser verdade:

·         Apesar do discurso “enganador” de alguns / algumas instituições, quase ninguém pratica atenção primária no Brasil ... estamos falando da saúde suplementar regulada, mas podemos incluir o SUS “na festa”;

·         Na prática, quando “arregaçamos a manga” em projetos de consultoria com operadoras de planos de saúde, por exemplo, a base do trabalho sempre é identificar os “maiores ofensores” da carteira, e “grudar” nos pacientes que estão gastando muito ... longe de haver um programa com protocolos de planejamento para que a doença não ocorra, para que os grupos de riscos não materializem o risco ... sempre correndo atras do prejuízo;

·         Da mesma forma em serviços de saúde ... para o “paciente comportado” que vai consumindo “dentro da caixinha” é “atendimento surpreendente”, “experiência do paciente”: enquanto não complicar, está inserido no contexto como todos os demais ... para o que “sai da caixinha” e a operadora vai endurecer o pagamento (ou ele mesmo se não tiver operadora no meio), a “gestão de pacientes críticos” entra em ação, porque o risco preponderante é sempre o financeiro.

E nenhuma crítica nem à operadora, nem ao serviço de saúde ... atuam dentro do que os sistemas de financiamento assim obrigam ... nada de ilegal, imoral ou antiético ... da forma como o sistema é regulado, são as armas que têm !

O que é inegável, analisando o gráfico, é que o sistema de financiamento não permite mais que se “guarde o dinheiro” apenas para a complicação ... mesmo que não na velocidade que gostaríamos, e evolução é incontestável !!

 

 

O gráfico extrapola o item “outros” do gráfico anterior:

·         Ele demonstra que o sistema ainda necessita evoluir;

·         Ainda temos contas ambulatoriais que apontam itens que já poderiam estar incorporados no procedimento;

·         Diferente das internações, onde a variação do atendimento é muito grande dependendo de diversos parâmetros associados ao paciente, à técnica, ao serviço ... em ambiente ambulatorial os procedimentos são muito mais padronizados, e menos sensíveis às grandes variações;

·         Portanto é possível evoluir para incorporar no preço do procedimento a maioria dos medicamentos e materiais descartáveis ... mesmo nos procedimentos cirúrgicos ambulatoriais !

·         Na linguagem popular, significa dizer que pacotes em ambiente ambulatorial são muito mais viáveis ... e ainda pouco praticados em relação ao potencial que possuem !!

 

 

Este gráfico extrapola o item “sadt” do primeiro gráfico:

·         Ele é surpreendente especialmente porque há alguns anos atras o predomínio do gasto com exames laboratoriais era mais significativo;

·         Passa o tempo e o volume de exames laboratoriais aumenta proporcionalmente muito mais que os demais ... mas proporcionalmente, como demonstra o gráfico, o valor vai reduzindo;

·         O mercado vai naturalmente alinhando os preços não só em função da demanda x procura ... mas também pelo aumento de escala que permite que os serviços consigam realizar por um custo unitário menor.

E se tivéssemos espaço para mostrar a evolução de cada um deles, a surpresa maior talvez ficasse com o Ultrassom:

·         Uma tecnologia que foi banalizada, derrubando os custos de infraestrutura, junto com o aumento de profissionais especializados para realizar os procedimentos ... aumenta ao longo do tempo sua utilização;

·         Até substituindo, em alguns casos, procedimentos diagnósticos mais caros ... mais precisos, mas mais caros ... podendo ser realizado de forma mais precoce (maior disponibilidade) e em muitos casos evitando a necessidade de fazer o mais caro, muitas vezes, mais incômodo para o paciente, que exigem maior preparo ...

 

 

O gráfico extrapola o último item do primeiro gráfico (procedimentos):

·         Para não “espichar” o texto vou economizar o comparativo de anos anteriores ... mas é “comemorante” saber que está aumentando a proporção de procedimentos cirúrgicos em ambiente ambulatorial;

·         Deixar de internar o paciente para realizar o procedimento em ambiente ambulatorial, quando possível, não é apenas um avanço em relação a redução de custo (o que é verdade ... bem verdade), mas também porque “judia” menos do paciente e do acompanhante, reduz o risco de infecção adquirida em ambiente hospitalar ... tirando meia dúzia de hipocondríacos, só gosta de hospital quem trabalha nele, ou para ele ... o resto da população exorciza hospital !

 

 

Correndo o risco de apanhar ... de muita gente ... opino que este é o gráfico mais decepcionante:

·         Ele extrapola, entre os procedimentos, os realizados por profissionais multidisciplinares;

·         É fácil perceber que se destacam os profissionais em que a regra de negócios do sistema de financiamento é repassar ao profissional parte da receita (ou toda) ... fisioterapeutas e psicólogos, por exemplo;

·         E profissionais de enfermagem que geralmente, em maior ou menor escala, estão mais envolvidos em todos os atendimentos que eles, não protagonizam o gráfico;

·         Digo que apanho, porque “sou um dos sujeitos” que defende que nenhum profissional deveria ser assalariado ... todos deveriam ganhar seus proventos associados ao que produzem, como ocorrem com médicos e dentistas (na maioria absoluta dos casos);

·         Como estes profissionais multidisciplinares não são remunerados por produção, as contas tendem a não discriminar seus procedimentos, inserindo sua produção como associada ao preço do procedimento principal.

De qualquer forma, há anos atras este gráfico não nos apresentaria 7 disciplinas ... teria menos ... e certamente daqui a alguns anos teremos mais que 7 (assistência farmacêutica, educador físico ...) ... é esperar para comprovar !!

 

 

É também “comemorante” o gráfico que extrapola os procedimentos cirúrgicos ambulatoriais:

·         Observamos uma grande gama de especialidades;

·         E quando vemos “anestesias” com quase 8 %, não dá para não associar a migração de procedimentos cada vez mais complexos para o ambiente ambulatorial, confirmando a narrativa anterior.

Os mais jovens não conheceram a medicina que conheci quando ingressei na área da saúde, onde “reinava” no ambiente ambulatorial o médico no consultório, quase nenhum profissional multidisciplinar, e basicamente consultas e diagnósticos:

·         O avanço da medicina ambulatorial é inegável, irreversível;

·         E motivo de comemoração, porque sinaliza amadurecimento do nosso sistema de financiamento da saúde;

·         Aqui demonstrada a privada, mas uma infinidade de indicadores comprova o mesmo na saúde pública !!!

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Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado