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Discutindo Contenção de Custos em Redes Próprias e Credenciadas de Operadoras

0234 – 21/10/2021

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Importância de Saber Medir Adequadamente para Decidir o Que Fazer Internamente e o Que Comprar em 2022

 

(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

 

Hoje encerramos a primeira das 3 turmas do programa de capacitação em gestão de custos para Unimeds do Estado de São Paulo que acontecem nestes últimos 3 meses do ano ... e que ano está sendo este !

·         É claro que sou suspeito para afirmar que a Federação das Unimeds do Estado de São Paulo não poderia ter tomado decisão mais oportuna do que dar a oportunidade aos gestores das singulares vinculadas de se atualizarem em métodos adequados para apuração de custos, e em ferramentas práticas para gestão dos custos;

·         Apuração dos Custos e Gestão dos Custos são coisas absolutamente complementares ... interdependentes ... mas são coisas completamente diferentes !

·         Ter a oportunidade de discutir isso ... passar a experiência prática ... é muito gratificante !!

O gráfico acima foi construído a partir dos dados publicados no web site da ANS, e demonstra a evolução relativa dos custos das operadoras desde 2013 até 2020:

·         As “barras azuis” ilustram a proporção entre as despesas assistenciais das operadoras e o total das suas receitas;

·         As “barras laranjas” ilustram a proporção entre as mesmas despesas (as assistenciais) e as receitas captadas em contraprestação (o valor pago pelos beneficiários de planos de saúde).

As curvas demonstram que as operadoras vêm, de anos, trabalhando fortemente para reduzir as despesas indiretas ... as não assistenciais:

·         Quanto mais a “barra azul” se aproxima da “barra laranja”, menor a proporção de custos administrativos, comerciais e outros !

·         Mas elas mostram também que 2020 foi “o Eldorado” das operadoras ... veja que em 2020 a proporção das despesas assistenciais é extremamente menor que nos anos anteriores, significando que em 2020 “o que entrou de dinheiro” foi proporcionalmente muito maior do que “o dinheiro” empenhado no tratamento das doenças dos beneficiários !

A “barra laranja” é emblemática porque representa a essência da operação de um plano de saúde:

·         A diferença entre o que se cobra do beneficiário e o que se gasta para tratar a sua doença ... o que chamamos realmente de “custo”;

·         O resto é quase exclusivamente “despesa”, ou seja, aquilo que se gasta para que a operadora “possa funcionar” ... e o seu “lucro” !

·         A melhor empresa do mundo ... a que não existe ... não tem despesa ... só tem custo e lucro !

·         Portanto, quanto menor a despesa, mais eficiente, eficaz e efetivo é o negócio da empresa !

 

 

Isso aconteceu em todos os tipos de operadoras (ou modalidades, como “denomina” a ANS):

·         Na maioria absoluta delas a queda proporcional em 2020 foi muito grande ... como demonstra o gráfico;

·         Apenas nas seguradoras a queda não foi tão sensível ... e elas são, em número, não em volume de beneficiários, infinitamente menores do que as demais;

·         Da mesma forma que as que tiveram maior queda nos custos em 2020 comemoraram muito ... justamente estas que tiveram na pandemia um lucro que jamais imaginariam que pudesse ocorrer um dia ... estas são as que mais devem se preocupar em 2022;

·         As cooperativas estão no meio delas ... por isso afirmar “sem medo de errar” que a Unimed FESP “acertou na mosca” com esta capacitação ... neste momento histórico.

Pude disponibilizar para os participantes farta quantidade de planilhas que disseminam os métodos de cálculo de rentabilidade e de custos, exemplos reais ... uma planilha que simula a evolução do resultado operacional de cada uma das Unimeds do Brasil ... pudemos tratar o assunto sem viés ... com os pés no chão ... com maior foco na prática do que na teoria ... até porque os livros que dão base conceitual a tudo estão disponíveis para download gratuito em páginas na Internet há anos, colecionando algumas centenas de milhares de downloads !!

Vamos entender o cenário com números ...

 

 

Podemos projetar uma infinidade de cenários diferentes para 2022 ... a tabela ilustra uma projeção bem viável:

·         Despesas Administrativas, Comerciais e Outras, proporcionalmente no mesmo patamar de 2019, supondo que as estruturas internas das operadoras estejam dimensionadas da mesma forma em 2022 como estavam antes da pandemia;

·         Receitas proporcionalmente no mesmo patamar de 2020, supondo que os reajustes de preços dos planos coletivos e individuais, na média, mantenham as receitas gerais mais ou menos no mesmo nível em 2022 ... até que os reajustes de preços que ocorrerão somente no segundo semestre de 2022 componham “o novo normal da saúde suplementar”;

·         E os custos (as despesas assistenciais) sejam maiores, acumulando em 2022 aquilo que não foi realizado em 2020 e 2021 ... as eletivas que foram adiadas e vão acumular em 2022.

Quem é do ramo sabe que este cenário é “conservador” ... “bonzinho” para as operadoras ... a maioria absoluta delas “reza para que fique somente nisso” para conseguir “assimilar o golpe e partir para o contragolpe” !

 

 

Se aplicarmos esta projeção nos números, atualizamos o primeiro gráfico e chegamos nesse:

·         A proporção de despesas assistenciais em relação ao total de receitas “bate recorde”, superando 2016;

·         A proporção de despesas assistenciais em relação às receitas de contraprestação alcançará um recorde que talvez nem na próxima pandemia, sei lá quando, possa ser batido !

Porque estamos vivendo um cenário completamente inusitado:

·         Anualmente o reajuste de preços dos planos “repõe” a sinistralidade do ano anterior ... mas nunca tivemos tanta variação de um ano para outro como na pandemia ... os gráficos estão aí mostrando;

·         Então o primeiro impacto da queda de sinistralidade em um preço de plano “carregado” com uma “previsão de gasto supervalorizada” foi lucro ... um bom lucro ... em 2020;

·         Mas o segundo impacto, que será o aumento de sinistralidade “jamais imaginado” em uma série histórica “nada comportada ... arredia” ... contra uma receita baseada em uma sinistralidade baixa que não vai prevalecer nos anos seguintes ... será exorbitante ... em 2022 !

·         Por isso a previsão dos recordes de custos do gráfico !!

 

 

Nesta projeção:

·         As autogestões que foram as que mais comemoraram “a recuperação do fôlego” em 2020 (como demonstrado no segundo gráfico), serão as mais afetadas;

·         E as seguradoras, que no mesmo gráfico se vê que foram as que menos comemoraram, serão as menos afetadas;

·         Mas todas, indistintamente, em maior ou menor escala, terão um impacto “histórico nos custos”.

Mitigar custos deve “infectar” mais a agenda dos gestores de operadoras, do que COVID-19 infectou o mundo na pandemia:

·         Não é questão de mera apuração da rentabilidade ... lucratividade ...

·         Para boa parte delas será questão de sobrevivência ... sustentabilidade ... especialmente autogestões !

·         Qualquer ação que não seja ilegal, imoral, antiética .. que reduzir custo assistencial será muito bem-vinda;

·         Qualquer ação que reduza despesa administrativa, comercial ou outras ... será muito bem-vinda !

 

 

Como demonstram os gráficos, se o cenário projetado na tabela se aproximar da realidade:

·         Somente as seguradoras continuarão a, proporcionalmente, gastar menos com despesas assistenciais no pós pandemia do que durante a pandemia;

·         Mas não se engane ... são gastos proporcionais à receita ... os valores absolutos são gigantes;

·         Mesmo nas seguradoras, que pelo gráfico apresentam redução ... é uma redução % ... proporcional ... e observando bem a escala ... a redução é muito pequena ... não compensará o seu “não aproveitamento” da pandemia como aconteceu nos demais tipos durante a pandemia !!

Este cenário projetado tem como maior viés ainda a crise econômica que estamos vivendo:

·         Os índices de inflação “oficiais” nunca foram tão elevados neste século no Brasil ... e todos sabemos que os “oficiais” estão muito aquém da realidade;

·         E os índices de inflação gerais oficiais são muito ... mas muito ... mas muito menores do que a inflação da saúde;

·         Por isso, lá em cima, a afirmação de que é um cenário “bonzinho” para as operadoras ... a chance das despesas assistenciais “tomarem outro rumo” com uma elevação proporcional maior ... esta chance é muito grande !

É interessante citar que, no caso das cooperativas, muito diferente das outras:

·         Boa parcela da “despesa assistencial” é a receita do cooperado ... o dono da operadora;

·         Mas a receita do cooperado também envolve custos para ele ... os custos do próprio serviço do cooperado;

·         Ou seja ... mesmo com um aumento de custos proporcionalmente menor projetado para 2020 ... ao contrário das demais ... também remete à extrema necessidade da gestão de custos, porque a receita do cooperado proporcionalmente será menor do que o incremento dos custos operacionais do seu serviço !

 

 

Bem ... acredito que tenha conseguido explicar com números o quanto esta iniciativa de capacitação em custos das Unimeds do Estado de São Paulo é oportuna para operadoras de planos de saúde:

·         Hoje é tão importante calcular adequadamente e rapidamente os custos ... o custo e rentabilidade das unidades de negócios, o custo médio do procedimento, o custo unitário do procedimento ...

·         ... como é importante contribuir para que cada gestor coloque na sua agenda reduzir os custos;

·         De nada adianta alguém ficar apontando que o custo está alto, se a estrutura não está envolvida no propósito de reduzir o custo ... é hora usar os cálculo para direcionar onde economizar ... e desenvolver um “ambiente de economia”;

·         Tipificar os 7 desperdícios que toda empresa tem;

·         Aplicar as 6 técnicas mais comuns para reduzir custos: Poka Yoque, Just in Time, Kaysen, Kanban, Monomossu e 5S !

·         Todas “coisas” que a gente não compra ... a gente faz !

O histórico profissional da minha consultoria ... das minhas aulas em instituições de ensino ... dos cursos que conduzo em programas de capacitação “in company” como este ... dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde ... sempre estiveram “as voltas” com gestão de custos:

·         Especialmente hospitais, sempre demandam gestão e contenção de custos como prioridade ... porque sempre foi uma questão de sobrevivência e de base para precificação dos seus produtos ... de dimensionamento de unidades de negócios;

·         Em um cenário em que as operadoras vão necessitar muito dos hospitais para “realinhar as filas em 2022” ... mas com menos dinheiro do que habitualmente tinham até que esta sinistralidade possa ser repassada para o contratante ... a preocupação com os custos das operadoras certamente “vai rebater” na porta dos hospitais em 2022;

·         Como demonstram os números ... não é nem questão de esperar para ver ... é “abrir o olho e ver” o que já está acontecendo !

 

 

Resta agradecer novamente a oportunidade de estar fazendo parte deste projeto da Unimed FESP, em um momento delicado da gestão da saúde no Brasil:

·         Época em que a “politização” está criminalizando as redes próprias das operadoras, porque eventualmente algumas fizeram uso indevido delas durante a pandemia !

·         Em uma época histórica como esta ... poder contribuir para auxiliar na capacitação de gestores é a certeza de que o resultado será maior acesso dos beneficiários aos serviços;

·         Porque quando “o dinheiro encurta” o acesso da população à saúde privada ou pública fica mais difícil ... de uma forma ou de outra !

Conheça os cursos da Jornada da Gestão em Saúde     www.jgs.net.br   !

Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e os seminários temáticos     www.gesb.net.br     !

Informações adicionais     contato@escepti.com.br  !

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado