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Compartilhar Práticas é Estratégico para Fontes Pagadoras e Serviços de Saúde
0251 – 11/01/2022
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Apaziguar a Relação Entre Operadoras, SUS e Serviços de Saúde Reduz o Custo da Saúde Pública e Privada
(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes do material didático dos Cursos Escepti e do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil
A gestão da saúde, em especial o relacionamento comercial entre fontes pagadoras e serviços de saúde, está “militarizada”, e necessita de alternativas para apaziguar um tenso relacionamento que a regulação dos sistemas de financiamento criou.
Porque a maioria das pessoas que atuam profissionalmente precisam “olhar fora do aquário” para ter uma “qualidade de vida profissional” melhor ... e consequentemente ajudar sua empresa a obter melhores resultados !
Para “começar a prosa’, os gráficos ilustram uma “visão de aquário”:
· Demonstram a quantidade de beneficiários de planos de saúde em duas cidades vizinhas ... “coladas muro a muro” ... mesmo para quem conhece estas cidades é difícil saber “onde termina o quintal de uma e começa o da outra”;
· São as chamadas “pirâmides populacionais rebatidas” ... frequência por sexo e idade;
· Quem olha e sabe que são cidades vizinhas, e vê curvas tão parecidas, pode concluir que a gestão da saúde na saúde suplementar das duas é igual !
Mas quando extrapolamos esta frequência por modalidade de operadoras o cenário muda bem:
· Não somente porque o mercado de uma é praticamente o dobro da outra;
· Mas porque a proporção dos beneficiários de tipos de operadoras é bem diferente;
· A maior concorrência muda completamente o perfil do relacionamento comercial ... a “corda estica” ... o “humor muda” ... o equilíbrio entre oferta e demanda faz com que os preços mudem ... ao mesmo tempo faz para uma especialidade “sobrar rede criando ociosidades” e para outra “faltar rede aumentando os preços”;
· Como são cidades vizinhas, é comum uma pessoa que trabalha “na cadeia de valores” que financia / remunera o sistema ... contratualiza ... apresenta contas ... em uma cidade, vá trabalhar na outra, por vontade própria, ou por vontade do “facão do patrão”;
· Se esta pessoa imagina que vai fazer a mesma coisa que fazia antes ... erra no atacado ... se mantém com a visão “dentro do aquário” e nem desconfia que o “mar existe” !
A sua chave de sucesso é dar transparência ao que sabe ... o que aprendeu em uma ... para que alguém lhe indique o que ocorre na outra, e assim alinhar suas ações e decisões de acordo com o novo cenário:
· Ao dar transparência ao que sabe ... ao compartilhar seu conhecimento ... de uma forma ou de outra vai ter feedback;
· Se não compartilhar o que sabe, não haverá motivação para alguém fazer a mesma coisa, e ele vai ficar “no escuro”;
· O exemplo vale tanto para pessoas (profissionais) como para empresas ... quanto mais a empresa se expõe, mais chance tem de conhecer o que ocorre nas outras ... seja em benchmarkings, seja compartilhando seu “capital de conhecimento” e procurando conhecer “como as outras” funcionam ... não somente as concorrentes: principalmente as que fazem parte da sua cadeia de valores – parceiros no negócio !
As operadoras são muito diferentes:
· Não somente, como demonstra a tabela, em relação ao seu tamanho;
· Também em relação ao que motiva cada uma delas a estar no mercado ... sua missão, visão e valores ... sua vocação assistencial ... seu nível de profissionalismo em gestão ...
· E principalmente no “mercado” em que se insere: o mercado da saúde pública e privada é muito diferente regionalmente – oferta e procura, capacitação, epidemiologia ... alguns quilômetros de distância mudam completamente o cenário !
Os serviços de saúde também são muito diferentes:
· O gráfico ilustra a distribuição de unidades de internação por porte (volume de leitos) no SUS e na Saúde Suplementar;
· Não se faz gestão em uma unidade de internação pequena da mesma forma que se faz em uma unidade de internação grande;
· E é bem comum que um mesmo procedimento de alta complexidade ocorra em pequenas e grandes ... fazem a mesma coisa, mas são geridas de formas completamente diferentes !
· Associando isso ao “fator regional” citado acima ... a “diferença abissal da gestão” se apresenta claramente !!
E a remuneração ... o financiamento do sistema ... o pagamento das contas:
· Envolve uma grande diversidade de “departamentos” com profissionais de formação completamente diferentes;
· Tanto nas fontes pagadoras (operadoras de planos de saúde e órgãos gestores do SUS) como em serviços de saúde (hospitais, clínicas, CDIs ...);
· Em algumas estas estruturas são absolutamente fragmentadas, inclusive em áreas físicas diferentes ... em outras “um coringa” desempenha um monte de papéis – a mesma pessoa “cobra o escanteio e vai correndo pra área cabecear”, se é que me entende !
· Esta complexidade cria a tendência de sempre achar que existe um monte de gente querendo “passar a perna na gente” – pensar que como existe uma estrutura para fazer “X”, ela é especializada em “tirar o sangue” das demais ... fruto do momento que vivemos em que se enaltece quem “destrói” o outro, e não quem procura se diferenciar pelas virtudes ... a “moda histórica” é criticar na rotina ... elogiar faz parte do passado;
· Uma área mal conhece realmente o que a outra faz ... recebe algo e nem sabe como foi produzido, quem produziu ... e invariavelmente o que recebe tem algum defeito, ou poderia ser diferente, “segundo a sua opinião” na maioria das vezes sem embasamento técnico algum.
Se engana quem pensa que “nesta cadeia de valores” a tensão ocorre somente entre a fonte pagadora e o serviço de saúde:
· Ocorre dentro do próprio SUS ... quem já participou de reuniões entre quem operacionaliza o controle orçamentário e a regulação sabe do que se trata ... entre o controle orçamentário e a incorporação de novas tecnologias “é puro show de horror” !
· Ocorre dentro da própria operadora ... entre as áreas de credenciamento e gestão da sinistralidade ...
· Ocorre dentro de hospitais ... entre enfermagem, farmácia, faturamento, auditoria ... reuniões que parecem mais “sessões descarrego” do que “a mentirosamente chamada de gestão participativa” !
Na minha experiência tanto como executivo em empresas, como na consultoria, aprendi que uma boa prática para mitigar um pouco o “drama” é o compartilhamento de práticas, de modo que as pessoas tenham visibilidade sobre o que as outras fazem, e possam discernir com base sobre o que são “picuinhas” e o que são dificuldades reais.
Uma ótima prática interna ... para ser aplicada dentro da própria empresa ... é o rodízio:
· Tem problema entre a enfermagem e o faturamento no hospital ?
· O faturamento diz que a enfermagem não colabora ? ... um dia na vida de cada faturista ... apenas um dia ... reservar para que o faturista faça um estágio em uma unidade de internação ... para entender como é a dinâmica de atendimento de pacientes ... os problemas da rotina da enfermagem ... escutar “um monte” do acompanhante do paciente para ver como “fica a cabeça” das pessoas que trabalham na enfermagem durante o turno ...
· A enfermagem diz que o faturamento é chato ? ... um dia na vida de cada enfermeiro ... apenas um dia ... reservar para que ele faça um estágio no faturamento ... ajudar a compor uma conta para entender a dificuldade de coletar as informações necessárias ... sentir a cobrança da gestão nos erros das contas que não podem ser resolvidos sem evidências produzidas pelas áreas assistenciais ...
· Isso vale entre a enfermagem e a farmácia, recepção e financeiro, central de guias e CEM ...
· Vale para operadoras de planos de saúde, vale para órgão gestores do SUS ... onde a tensão é mais evidente, maior a chance do rodízio “baixar a bola” dos que entram nas reuniões “armados” com uma infinidade de provas que os outros “são incompetentes”;
· Não há uma só razão que justifique que o rodízio não seja feito ... o tempo que o profissional vai ser tirado da sua rotina para “fazer o estágio” na outra é muito menor do que o tempo que ele gasta para reclamar e produzir provas para “incriminar” as outras áreas ... e o resultado é fantástico ... acredite !
Uma ótima prática entre fonte pagadora e serviço de saúde é a visita:
· Se as pessoas só se falam por e-mail, ou por chat, ou por telefone, ou mesmo em vídeo à distância ... nunca encontraram fisicamente a pessoa com quem se relaciona há anos ... “amaldiçoando” a pessoa sem conhecer seu local de trabalho, as dificuldades que têm na sua estrutura física ...
· É um cenário em que as pessoas “constroem” uma imagem de “inimigo”, e o relacionamento só vai encrudescendo ao longo do tempo ... as pessoas “do lado de lá” passam a ter “apelidos depreciativos”, e o eventual erro real sempre é “rotulado” como má intenção;
· Se as pessoas só se relacionam para discutir problemas ... naturalmente se tornam “chatas” ... o bloqueio para construir ações realmente colaborativos é inevitável;
· Nada de aproveitar a visita para “isso ou aquilo” ... a visita tem que ser visita para conhecer o local, as pessoas, se apresentar ... nada de levar o “caso X” para ver se resolve ... deixe que tudo naturalmente será melhor encaminhado depois da visita ... acredite !
· Vai ver que aqueles profissionais “do mal” tem família como todos, cumprem horário, levantam-se de manhã pensando em fazer a coisa certa ... o sistema de financiamento e seu cargo obriga que eles façam coisas que se opõem ao que quer o “outro lado da mesa”, mas na maioria da maioria da maioria absoluta das vezes é definido para a sua função, e é necessário para manter a sustentabilidade do seu emprego e da empresa que paga seu salário !
Outra ótima prática é promover encontros para disseminar práticas:
· Cansei de fazer isso ... em serviços de saúde convidar médico para dar uma palestra sobre uma doença no auditório, e convidar operadoras de planos de saúde ... em operadora convidar o gestor de uma carteira de beneficiários para dar uma palestra sobre gestão da sinistralidade e convidar serviços de saúde;
· O “outro lado” invariavelmente muda a visão de “opressor” que tinha e passa a considerar que existe profissionalismo “do lado de lá” ... sempre acaba “caindo algumas fichas” de que aquele “fulano não é tão sádico” como parecia;
· Por conta de um evento destes, um processo de credenciamento de uma especialidade em um hospital que inexplicavelmente não evoluía foi “acordado” alguns dias depois ... a palestra expôs o padrão de qualidade da equipe e a operadora teve visibilidade disso de forma real: não foi um discurso comercial fantasioso para uma operadora específica – foi a exposição de práticas do serviço naquela especialidade para diversos profissionais que estavam assistindo a palestra. O representante daquela operadora era uma entre dezenas de pessoas que estavam assistindo !
Quando a instituição se propõe a disseminar seu conhecimento ... sua experiência ... de forma transparente, a recompensa sempre é o reconhecimento profissional:
· Certamente não é possível ter 100 % de resultado em todas as ações de compartilhamento ... não há mal algum nisso ... se tiver 90 % ... 50 % ... 10 % ... qualquer coisa é alguma coisa que não seria obtido se a ação não fosse realizada;
· Já é alguém, ou alguma instituição, que vai olhar sua empresa de forma diferente !
Bem ... sou suspeito para falar sobre disseminar experiências.
Comecei com um livro em 2012:
· Até chegar aos 11 ... mais 2 por editoras, e 9 de edição própria;
· Um grande orgulho de vê-los nas prateleiras das livrarias ... na FGV ... no Einstein;
· Mas especialmente os livros gratuitos da Internet ... o mais antigo já contabilizou mais 100.000 downloads ... se 5 % de quem baixou leu (tenho certeza que foi mais que isso), é algo absolutamente inacreditável em se tratando de livros técnicos tão específicos !
O estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil começou com 2 cadernos;
· Chegou a 14 ... a ponto de não conseguir mais editar em cadernos ... agora disseminado em seminários temáticos !
· Nas consultorias tenho o maior prazer em fornecer o máximo de tabulações, porque sei o quanto auxiliam gestores a expandir sua visão do mercado, e sei a dificuldade que eles têm em empenhar tempo para fazer as tabulações;
· As tabulações “não patrocinadas” são compartilhadas gratuitamente com o maior prazer !
Estou entre dezenas de milhares de pessoas que admiram as instituições que publicam práticas e indicadores de gestão em saúde em web sites:
· Por exemplo: pense em um hospital que dissemina práticas de gestão em seu web site ... é bem provável que pensou no mesmo que eu ... mesmo que não tenha pensado, seu eu dissesse qual, se lembraria dele ... acho que já passou por lá para baixar algum conteúdo !
· Se tiver oportunidade, vá a este hospital e comprove como é o clima organizacional ... e se tiver oportunidade, compare como é o relacionamento dos profissionais deste hospital com os das empresas da cadeia de valores citada lá em cima ... o relacionamento interno e o externo;
· Não dá para negar que a sua prática de disseminar conhecimento é fator determinante para este cenário !
Quem atua na gestão da saúde pública e privada não tem culpa de termos regulações tão ruins:
· A do SUS sofre com a falta de visão que o governo tem sobra a área da saúde ... vê a saúde como uma obrigação constitucional e não como oportunidade econômica, como fazem os países desenvolvidos ... acho que nem é preciso explicar muito, porque somos vítimas disso;
· A da Saúde Suplementar decorrente da falta de foco da agência reguladora ... tem menos regulação na relação entre o comprador (beneficiário individual e empresa contratante) e a operadora, do que entre a operadora e os serviços de saúde ... um absurdo !
A relação tensa é uma consequência natural deste cenário !
Não podemos desanimar:
· Nunca haverá 1 milhão de visualizações no Youtube sobre um vídeo técnico ... a cultura é visualizar “o meme do cachorrinho” ... a opinião de um famoso sobre tema que ele não tem o menor “conhecimento de causa” ... a crítica de pessoa ou empresa sem base para julgar;
· Compartilhamento de “coisa técnica” ... especialmente sobre gestão em saúde ... se tiver mais de mil visualizações é “best-seller”;
· Não faz mal ... se 100 gestores passarem a ter uma nova visão sobre o que é a empresa, ou o profissional que publicou já vale ... entre os 100 pode estar aquele “odioso” do lado de lá da mesa !
Tudo isso serve para apaziguar as relações desnecessariamente tensas ... melhorar e gestão da saúde pública e privada ... e consequentemente melhorar o acesso da população à saúde !
Conheça os cursos da Jornada da Gestão em Saúde – reserve sua vaga para as turmas do segundo trimestre de 2022 – poucas vagas !!! www.jgs.net.br !
Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e os seminários temáticos www.gesb.net.br !
Informações adicionais contato@escepti.com.br !
Sobre o autor Enio Jorge Salu
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado