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“Raspando o Tacho” Para Aumentar o Faturamento Hospitalar
0276 – 24/05/2022
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Pragmatismo e Resiliência para Maximizar a Receita
(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti
Infelizmente coleciono alguns projetos de aumento da receita em hospitais que não deram certo:
· O hospital perdeu tempo ... perdi meu tempo ... e o que era para acontecer não aconteceu;
· O que deixa mais chateado é saber que todos eles tinham potencial para dar certo, mas “faltou resiliência” para fazer o que deveria ter sido feito ... tudo para dar certo, e não deu ... paciência ! ... “faz parte” !!
Mas a maioria, graças a Deus, “deslanchou”:
· O gráfico, me enche de satisfação, e tabula o último projeto entregue ... missão cumprida !
· Em 19 meses o aumento da receita foi significativo, porque a experiência anterior do hospital na formação e fatyramento das contas era “bem ruinzinha”;
· Dá mais satisfação porque não é uma evolução dos valores absolutos em Reais ($) ... a produção da saúde suplementar (as contas) foi valorizada pelos preços vigentes no primeiro mês do projeto ... senão a inflação “confundiria” o magnífico resultado obtido;
· Este gráfico com os valores de fechamento das contas apresenta uma curva muito mais inclinada ... não seria justo utilizar desta forma ... o lado da minha descendência de Libaneses misturada com outras etnias – aquele restinho de DNA de Fenícios mestres negociantes – até “dá uma coceira” em apresentar o gráfico de valores absolutos ... mas este já é tão “espetaculoso” para quem lida com isso profissionalmente que nem vale a pena “marketizar” !
E olha que neste projeto nem esteve em pauta o ajuste da contratualização com os convênios em relação aos preços ... o foco foi somente processos internos ... fazer o que deve ser feito, dentro das regras pactuadas ... e exigir que as fontes pagadoras tivessem a mesma postura ... nada mais que isso !!
E neste projeto que “não micou” foi planejado fazer praticamente “a mesmíssima coisa” que foi sugerida nos poucos projetos que fracassaram ... a diferença entre eles foi basicamente “a fome da instituição em fazer acontecer”, e a forma como os objetivos e ações foi “permeada” entre os envolvidos ... é sempre o que faz a diferença !!!
Em junho e julho vamos ter cursos de um dos eixos temáticos da Jornada da Gestão em Saúde que mais são procurados por gestores que atuam em operadoras, hospitais e fornecedores de insumos das áreas privada e pública da saúde:
· GNAS02 - Práticas Comerciais da Área da Saúde Pública e Privada no Brasil;
· GNAS17 - Melhores Práticas da Gestão do Faturamento em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos na Saúde Suplementar e no SUS;
· GNAS12 - Como Avaliar Preços de Pacotes em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos;
· GNAS13 - Como Definir e Precificar Pacotes em Operadoras de Planos de Saúde;
· Informações na página jgs.net.br.
Coisas que discutimos nos quatro, neste caso especialmente o segundo deles, são a base para esta mudança de perfil do faturamento em hospitais que ainda ficam contabilizando tempo de formação das contas que inicia após a alta do paciente:
· Hospitais, na regra, faturam mal ... não por falta de sistema, de faturistas, de auditores ... mas por falta de método de gestão do faturamento;
· Misturam responsabilidades do faturamento com as dos profissionais assistenciais, integram processos que têm na origem defeitos “espalhando os defeitos” por todos eles, tentam facilitar a vida do faturista complicando a vida dos demais ... erros que sempre cometeram porque viram assim em outros hospitais e julgam estarem fazendo o melhor;
· Faturar é uma coisa ... faturistas e auditores são bons nisso ... são poucos os que conheci que carregavam uma carga de “deficiência capacitiva” elevada;
· Gestão do faturamento ... gestão da auditoria ... são outras coisas ... boa parte dos profissionais envolvidos na formação, faturamento e auditoria das contas ou não foram capacitados, ou “são emburrecidos pelo sistema” acreditando que processo e a TI “fazem tudo sozinhos”, ou estão inseridos em cenários institucionais degradados “pelo tempo” ... ou pela característica da mantenedora !
Bons gestores de faturamento e auditoria, infelizmente, ainda são poucos em relação à grande necessidade do mercado da saúde privada e pública, onde regras comerciais (contratuais) vão sendo alteradas constantemente e a maioria dos envolvidos não se prepara ... não “se equipa” no sentido de equipe ... para lidar com elas, teimando em um processo que era adequado para regras do século 20, na realidade do século 21:
· Infelizmente ... porque se o serviço de saúde não fatura adequadamente, e “um dinheiro” que poderia ser aplicado para aumentar o acesso da população ao SUS e/ou do beneficiário de plano de saúde aos seus direitos ... acaba “ficando debaixo do tapete”;
· Conheço menos ... mas muito menos ... “bons gestores de faturamento e de auditoria” do que “bons faturistas e auditores” ... uma pena !
Se pudermos resumir a maximização do faturamento na alta complexidade a expressão certamente é “raspar o tacho”:
· Quem é jovem não entende bem o significado da expressão ... pessoas da minha idade ficavam esperando a vó ... a mãe, a tia ... preparar uma comida (doce preferencialmente) e aquele restinho que ficava no tacho a gente “metia o dedo” e lambia ... pode acreditar: aquilo era mais gostoso do que o que era servido depois ... nem pensar em deixar aquele resto ir “pro lixo” ! ... já raspou o tacho de um brigadeiro caseiro ? ... já raspou o que sobra na latinha de leite condensado ? não ! ... sinto dizer: voce ainda não viveu !!
· Hoje a vó, a mãe, a tia “trabalham fora como todo mundo” e são raros os casos em que tenham tempo para fazer comida “pros outros” ... a comida chega pronta em casa ... invariavelmente “na correria do dia a dia” não tem ninguém nem mesmo raspando os tachos nos restaurantes e docerias que servem e entregam delivery ... “um montão de restinhos – pedacinhos do paraíso” – acabam indo pro lixo.
Gestão do faturamento na alta complexidade tem alguma coisa a ver com isso:
· Transformar a produção integralmente em receita financeira – raspar o tacho !
· Achar que um sistema informatizado vai entregar o faturamento pronto e perfeito sem a necessidade de gestão é deixar a raspa do tacho que ninguém vê lá no restaurante / doceria !!
Este gráfico ilustra bem o resultado do trabalho de gestão que aconteceu no mesmo hospital:
· Ele mede a quantidade média de itens lançados em contas da saúde suplementar associados ao procedimento principal Colecistectomia;
· Não o valor ... a quantidade de itens lançados;
· É possível ver que esta média varia mensalmente ... mas é possível verificar que após o início dos trabalhos a curva continuou oscilando, mas foi “ganhando um outro patamar” ... mesmo com a evolução de contas pacotes que reduzem esta relação, porque pacotes representam uma quantidade insignificante de contas ainda – coisa que ocorre na maioria absoluta dos serviços de saúde em todo o Brasil, diga-se de passagem !
· Checklists, POPs, consistências cruzadas, testes de razoabilidade, compatibilidades ... e outras das práticas mais comuns de padronização e maximização da formação das contas naturalmente vai elevando gradual e naturalmente o patamar ... é questão de “pragmatismo e resiliência” !
A consequência, para este procedimento, é demonstrada por este gráfico fantástico:
· As barras azuis ilustram a evolução do Custo Mínimo Estimado da Colecistectomia;
· As laranjas a evolução do ticket médio das contas (pacotes e abertas) ... lembrando: “a valor passado”;
· É fácil perceber que no início da série a rentabilidade é baixa (as barras estão quase na mesma altura) ... e olha que estamos falando do CME, que é um custo calculado “para baixo” ... sinalizando que, como são médias, existiam casos em que o hospital “pagava para realizar o procedimento” ao invés de obter lucro;
· Mas ao longo do tempo a rentabilidade foi aumentando gradativamente;
· Se o projeto não tem nenhuma diretiva de mudança assistencial ... o procedimento continuou sendo feito no mesmo hospital, pelas mesmas equipes, com os mesmos equipamentos ... e o TM cresceu ! ... fica mais do que evidente que a produção não estava sendo transformada em receita ... havia perda no processo de formação das contas, que não estava sendo nem percebida, nem gerenciada pelo faturamento.
Reforçando ... a valorização do TM aqui também não carrega inflação ... os itens das contas estão valorizados pelo preço no “momento zero” !
Este gráfico demonstra a evolução do lançamento de itens nas contas da saúde suplementar no hospital:
· De todos os procedimentos realizados neste hospital ... não só do procedimento do gráfico anterior;
· Os trabalhos de gestão do faturamento e da auditoria invariavelmente acabam elevando o volume de itens dos grupos de receita taxas multidisciplinares, materiais e medicamentos ... são os itens onde os processos internos costumam ter mais falhas ... as barras azuis !
· Percebemos claramente que os outros itens ficam oscilando no mesmo patamar ... as barras laranjas ... onde a maioria dos itens é pré autorizada para faturar ... se constatar que existe erro de lançamento neles é algo gravíssimo em relação à capacitação da equipe ... “não pode” !!
O que deixa a gente mais motivado em aplicar as melhores práticas é poder comprovar através de números que quando fazemos “a coisa certa”, sem querer enganar ou levar vantagem, os conflitos são mitigados:
· Demonstramos isso no gráfico – o volume de recursos de glosas não acatados reduziu;
· Nenhuma fonte pagadora ... em uma relação de parceria ... sem querer utilizar glosa como instrumento de inadimplência ... nenhuma operadora “séria” vai glosar algo que não deve, ou recusar recurso adequadamente formalizado e consistente;
· Porque se fizer só vai aumentar seu custo operacional ... ou sentir o reflexo da pior forma (seletividade e elegibilidade) ... “abre mão de uma guerra”, onde se sabe onde estão as forças opostas, “para ingressar em uma guerrilha”, onde as forças opostas estão escondidas.
Se o processo de formação da conta é íntegro ... se a conta é apresentada com base em evidências e técnicas ... todos ganham:
· O faturamento hospitalar aumenta porque o hospital não faturava o que deveria, e não porque o hospital passa a querer faturar o que não deve ... são coisas muito diferentes;
· E as operadoras que agem de forma idônea percebem que estão lidando com profissionais e não com “franco atiradores” ... nada de “se passar passou” ... ou de “já que ela isso nós aquilo” ... ou coisas do tipo !
Percebemos neste outro gráfico (tão igualmente fantástico) a lisura do que são melhores práticas:
· Ele se refere a outro procedimento (ATQ), mas em contas do SUS ... fantástico porque neste caso são contas do SUS !
· Este hospital atua nos 3 sistemas de financiamento que discutimos no primeiro curso de junho: SUS, Saúde Suplementar Regulada e Saúde Suplementar Não Regulada;
· As barras azuis representam a evolução da média de itens lançados nas contas por procedimento ... a evolução da média é significativa ... a linha de tendência está “bem empinada” ... muito significativa;
· As barras laranjas representam o ticket médio das contas ... e evolução não é significativa ... a linha de tendência é inclinada para cima, mas não é empinada !
Porque no SUS os itens secundários que podem ser associados aos procedimentos principais têm valores (quanto têm) bem menos significativos ... então incrementamos o volume de lançamentos, até com lançamentos de valores zerados que algumas pessoas pensam erroneamente que não servem para nada ... mas o TM se eleva em proporção muito menor. Quando não se lançam estes itens de valor zerado e/ou baixo valor, o hospital perde argumento na recontratualização e/ou pode perder repasse referente aos incrementos ... um erro clássico muito comum !!
Mas é bom ressaltar que, mesmo no caso do SUS onde a tabela de preços oferece menos oportunidades, as melhores práticas de gestão de faturamento e de auditoria de contas dão resultado ... aumentar em ~15 % o TM deste procedimento no SUS é algo para “encher o peito de orgulho” !!!
Talvez o “mais legal” destes projetos é quebrar o paradigma de que faturar contas hospitalares é complicado ... o processo é complexo, mas não complicado ... complicado e complexo são coisas bem diferentes ... o primeiro significa na essência difícil de aprender, o segundo significa na essência diversidade de elementos de análise ... muito diferentes não é verdade ? ... o primeiro supõe dificuldade de realizar ... o segundo supõe ter discernimento para realizar !!!
O gráfico demonstra que quando o método é aplicado a “descomplicação” desaparece:
· É a evolução das revisões e/ou criações de kits de faturamento, checklists e POPs associados aos processos de formação das contas ... o que padroniza e maximiza o faturamento;
· Quando o projeto iniciou o que existia estava desatualizado ... e não havia motivação para evoluir – incrementar o que existia ... muito de um trabalho feito no passado que foi perdido ao longo do tempo;
· O “empurrãozinho” que o projeto deu criou um ambiente de revisão sem precedentes, que ajustou o 20 % do 80/20 (se é que me entende) até chegar a um patamar de rotina de revisão que vai se perpetuar;
· A revisão passou a fazer parte da rotina, e não ser uma obrigação para quando vier o “auditor da qualidade” ... se é que me entende também !
E assim são as coisas: onde o pragmatismo e a resiliência “emplacam”, prevalecendo sobre a “zona de conforto do status quo” aplicar melhores práticas dá nisso: contra números não existem narrativas que se sustentem !!!
Aproveito para reforçar que estão abertas as inscrições para os cursos de maior demanda de interessados em Junho e Julho:
· GNAS02 - Práticas Comerciais da Área da Saúde Pública e Privada no Brasil
· GNAS17 - Melhores Práticas da Gestão do Faturamento em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos na Saúde Suplementar e no SUS
· GNAS12 - Como Avaliar Preços de Pacotes em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos
· GNAS13 - Como Definir e Precificar Pacotes em Operadoras de Planos de Saúde
· Informações sobre os cursos e inscrições na página – www.jgs.net.br !
Conheça os cursos da Jornada da Gestão em Saúde www.jgs.net.br !
Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e os seminários temáticos www.gesb.net.br !
Confira a lista de milhares de profissionais que já participaram das capacitações da Escepti em www.escepti.com.br/certificados
Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde contato@escepti.com.br !
Sobre o autor Enio Jorge Salu
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros sendo 3 pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e demais em edições próprias para download gratuito nas páginas dos modelos
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado