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10 Mandamentos para Gestão do Faturamento Hospitalar

0278 – 29/05/2022

Aos cuidados de:  «Nome» . «Empresa»«Depto» . «Cargo»

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Se estiver adequadamente produzida a conta é o melhor instrumento para gestão hospitalar

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

Há alguns anos quando decidi deixar a carreira de executivo na área da saúde e abrir a minha empresa de consultoria tinha basicamente 5 razões para isso.

A principal delas vinha da observação da forma desordenada que as contratualizações entre o SUS e as Operadoras com os hospitais estava sendo feita ... e continuaria sendo feita ... e continuou sendo feita ... e, em minha modesta opinião, vai continuar sendo feita:

·         A cada nova portaria do SUS ... a cada nova RN da então “caçulinha” ANS ... mais complexidade na relação entre fonte pagadora e prestador de serviço ... maior a necessidade de discernimento dos envolvidos sobre o que deve ser feito ... sobre o porquê das coisas serem feitas;

·         Crescia o mercado de auditoria de contas hospitalares, criando até uma dinâmica de remunerar o auditor pelo volume de glosas que apontava;

·         Os processos internos dos hospitais para formação das contas ... por melhores que sejam ... por mais informatizados que estejam ... com maior potencial de gerar contas com erro;

·         Mudou muita coisa desde a abertura da minha empresa de consultoria ... mas a chance das contas hospitalares estarem 100 % certas continua sendo 0 % !

Em serviços menos profissionalizados ... em serviços onde a rotina é centrada no conhecimento de pessoas ... em serviços onde a instituição pensa que o sistema está fazendo “tudo direitinho” porque não existe glosa ... “zero por cento ao quadrado” ( 0%²) !

Outra coisa que não mudou e, “cá entre nós”, não tem a menor chance de mudar:

·         Quando o hospital erra para mais a auditoria do convênio ... a auditoria do SUS ... vêm e glosa “impiedosamente” ... delicada como um “elefante”;

·         Quando o erro é para menos ... ninguém viu !

Já há muito tempo não existe mais segredo em relação às melhores práticas para mitigar os danos de errar nas contas:

·         Podem ser ilustradas com 10 mandamentos ... alguns podem achar que são menos, outros que são mais ... mas na essência as práticas mais comuns são as mesmas;

·         Começam pela transparência absoluta sobre a forma como a conta é formada;

·         Envolvidos que não se convencem que fraude é crime, criam um ambiente “de faroeste” com a fonte pagadora ... um percebendo que o outro vai atirar (ou está atirando), já vai dando tiro para todo lado também;

·         E agindo de forma criminosa, porque fraude é crime definido no código civil, além de expor a instituição a uma situação de litígio, ainda se expõe perante a justiça;

·         É interessante comentar que a maioria das pessoas nem sabem o significado de fraude ... pensam que só porque o presidente X roubou e não foi para a cadeia, ou porque o presidente Y desafia a justiça, não cumpre o que o juiz manda e não acontece nada, também pode fazer o que quiser ... se esquece que não é presidente ... é faturista ... é auditor !

·         Quando “um embrolho” acontece e ganha a mídia ou as redes sociais, e a instituição “fica na Berlinda”, afloram os crimes;

·         Já passei por algumas situações em que por conta de uma fraude contra o SUS a polícia federal entrou no faturamento do hospital e sequestrou os computadores, logins e senhas ... e enquanto ela fazia a diligência ninguém entrava e ninguém saia do departamento ... aterrorizante e humilhante ... mesmo para mim que era um externo fazendo um trabalho que não tinha nada a ver com a investigação – acredite – foi muito constrangedor !

 

 

Em junho e julho vamos ter cursos de um dos eixos temáticos da Jornada da Gestão em Saúde que mais são procurados por gestores que atuam em operadoras, hospitais e fornecedores de insumos das áreas privada e pública da saúde:

·         GNAS02 - Práticas Comerciais da Área da Saúde Pública e Privada no Brasil;

·         GNAS17 - Melhores Práticas da Gestão do Faturamento em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos na Saúde Suplementar e no SUS;

·         GNAS12 - Como Avaliar Preços de Pacotes em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos;

·         GNAS13 - Como Definir e Precificar Pacotes em Operadoras de Planos de Saúde;

·         Informações na página jgs.net.br.

Todos têm a ver com este assunto, mas o segundo deles estressa a gestão do faturamento ... melhores práticas para transformar ao máximo a produção em receita, e não perder a receita ... ou seja ... trata da “gestão do faturamento”, que é diferente de “faturar” ... faturar é “pegar” o prontuário do paciente e fazer lançamentos na conta e/ou aferir os lançamentos que o sistema fez – é outra coisa !

Discutir como o processo da “época do guaraná com rolha” podia ser adequado antes, quando o faturamento era um “mero registrador de lançamentos” ... é algo inaceitável em uma época como hoje em que o faturamento é responsável pela realização da receita em processos “mais rebuscados” devido a evolução das contratualizações do serviço de saúde com as fontes pagadoras (SUS e operadoras) !!

 

 

As contas são formadas em locais hospitalares que não têm nada a ver um com o outro:

·         Os processos ... os controles ... em uma unidade de internação não tem nada a ver com os do laboratório;

·         Temos áreas que geram receita de todo o tipo: nutrição, centro cirúrgico, fisioterapia ... com profissionais de formação e “cabeças” completamente diferentes ... com dinâmicas internas completamente diferentes;

·         Até mesmo os processos em unidades de internação podem ser completamente diferentes dependendo da sua especialização: a dinâmica em uma unidade convencional (enfermaria, apartamento ...) não tem nada a ver com uma semi, com uma UTI, com uma unidade de queimados ... de psiquiatria ...

Por isso entre “os mandamentos” temos os que ditam que devam existir práticas para “padronizar os lançamentos”, “compartilhar o conhecimento para não depender das pessoas” ... envolver os profissionais assistenciais somente naquilo que é o dever deles:

·         Tem “métodos e melhores práticas” para tudo isso ... fazer “pauzinhos” em folhas, depois “contar” e lançar é que não é;

·         A instituição, o faturamento e a auditoria de contas devem planejar suas atividades, e o que necessitam das outras áreas de forma integrada, sistemática e “resolutiva”;

·         A pior coisa que pode acontecer é o faturamento ficar com a imagem de “área chata”, burocrata, que só fica apontando erros nos registros dos outros, mas não trabalha de forma organizada, buscando melhorar os processos e o clima ... e não promovendo a discórdia – sabe aquela frase: “façam o que eu digo mas não façam o que eu faço” ?

 

 

O faturamento deve separar um tempo do seu trabalho, que é muito “varejo”, para também tratar com as outras áreas “no atacado” ... definir em conjunto com as áreas assistenciais processos que suportem a “criatividade” das áreas comerciais da fonte pagadora e do hospital ... aqueles que sentam e combinam coisas absurdas porque desconhecem o reflexo operacional que as contratualizações acarretam !

·         Porque o cliente na essência ... o paciente ... na área da saúde não é igual aos clientes de outros segmentos de mercado;

·         Quando uma pessoa entra em uma loja e vai comprar um sapato, muda o número ... mas o sapato é o mesmo;

·         Mas quando tratamos a mesma doença em pacientes diferentes, que é o “produto saúde, o que necessitamos fazer depende da idade, sexo, peso, doenças pré-existentes ...

·         ... depende da forma com o médico, a enfermagem, a fisio faz ... e os próprios médicos de um mesmo hospital podem utilizar técnicas diferentes, ambas cientificamente comprovadas como eficazes ... mas diferentes ...

·         O que funciona lá muito bem, aqui pode não ser a melhor maneira de fazer !

·         Então se o faturamento fica “lá não sei aonde” sem entender a dinâmica das áreas, pedindo para todas as áreas fazerem “sempre o mesmo não sei o quê” ... o erro nas contas é muito maior !

 

 

Ainda hoje, em 2022 ... ainda tem gestor hospitalar que acha que o sistema hospitalar resolve tudo ...

·         ... que é possível “abolir por decreto” o uso do papel ...

·         ... que é possível integrar todos os módulos do sistema de forma simples;

·         Faturamento ... a conta ... é o final de tudo ... qualquer coisa que estiver errada antes, reflete em erro depois ... no final ... na conta !

Integrar módulos “capengas”, cada um carregando seus erros ... gera um “sistema imbatível ... nada bate com nada !

Quando a gente entra em um hospital e “a estrutura de faturamento” acha que sabe tudo, e o “sistema está redondinho” ... o que a gente constata com números invariavelmente é o contrário ... vícios de processos e perdas de receita “eternizadas debaixo do tapete”.

Na “foto da propaganda institucional” nada de papel, tudo certo ... no “submundo do SAME” pilhas e pilhas de papel ... nas unidades todo mundo com controles paralelos em papel e em planilhas Excel ... isso para o objetivo final do faturamento que é maximizar a receita “é morte certa”.

Gerir o faturamento é como gerir qualquer área hospitalar ... como gerir qualquer área de qualquer empresa:

·         Indicadores bem definidos, definição de metas e aferição sistemática dos resultados para ajustar o que desvia as coisas do objetivo planejado;

·         Exemplo de indicador bem definido: tempo de resolução de pendência de “autorização pós” nos atendimentos de pronto socorro <<< sinaliza se existe progresso ou não no processo de autorização;

·         Indicador mal definido: tempo de fechamento da conta após a alta <<< indicador que nem deveria existir – indica que a conta não está sendo gerida em tempo real, a instituição “briga eternamente” para cumprir o cronograma de remessa das contas, e invariavelmente perde prazos ... perde receita.

Vamos exercitar ... voce se lembra:

·         Do que era manchete na mídia e nas redes sociais no início do mês passado ? ... estou apostando que não !

·         Se o que “manjou” no almoço da segunda-feira da semana passada estava gostoso ? ... pode ser que nem se lembre do que comeu, quanto mais se estava gostoso !

·         ... pode ser que nem se lembre dos últimos candidatos à vereador, deputado e senador que votou ... é bem comum isso, não é verdade !

·         ... se eu perguntar se esqueceu de terminar algum documento, ou de cumprir algum compromisso de trabalho ontem ... anteontem ... vai ficar chateado comigo não vai ?

Imagine cobrar um médico ... um enfermeiro ... sobre algo que não foi feito há 20, 30, 40 dias !

·         Tem departamento de faturamento que recebe o prontuário 3 dias após a alta do paciente (um “SLA” firmado internamente, inacreditavelmente para dar qualidade ao processo, se é que me entende);

·         Programa olhar para este prontuário de acordo com o prazo de remessa e cronograma de auditoria da operadora ... e isso pode ser 20 dias após ter recebido o prontuário;

·         E então descobre “aos 30 dias depois” que faltou um carimbo e assinatura em um documento e vai “aporrinhar” o profissional assistencial ... “é mole ?”

·         Departamentos que aprenderam que este processo, inventado quando os computadores tinham “válvulas” ... quando os monitores eram de tubo de fósforo verde ... que este processo arcaico representa a melhor prática para faturar contas de 5, 10, 50, 100 mil Reais ... ou mais ... e como conhecem outros serviços que ainda fazem assim, “se acham” ... não cogitam evoluir;

·         Por incrível que possa parecer ainda tem departamento de faturamento em hospitais que trabalha assim ... um trabalho de historiador ... arqueólogo ... investigando coisas que aconteceram há muito tempo para compor as contas ... os profissionais assistenciais “vivendo hoje”, e ele “vivendo antigamente” ... simplesmente porque é “mais cômodo” para ele agir assim, não se importando o quanto isso é danoso para o hospital !

 

 

O mais importante no alinhamento da gestão do faturamento e da auditoria de contas com as melhores práticas – por incrível que pareça – nem é a apresentação da conta para a fonte pagadora:

·         O gestor hospitalar bem-preparado sabe que ela é o melhor instrumento de gestão que existe;

·         É a única informação da instituição consistida por agentes externos ...  no caso de contas de internação ... uma por uma;

·         Se o CID “não sei o quê” não pago ... se o CBO “não sei o quê” não pago ... se a compatibilidade entre o procedimento e o insumo “não sei o quê” não pago ... se a checagem “não sei o quê” não pago ...

·         Para cobrar da fonte pagadora a informação (a conta) deve ter integridade ... senão “não pago e não adianta chorar”.

Como a assistência varia dependendo do paciente, do estado do paciente, de efeitos adversos específicos do paciente, da técnica do médico, da técnica da enfermagem ...

·         ... como não é possível estabelecer um padrão de modo que o paciente seja atendido de forma 100 % robotizada ... não conseguimos atribuir um padrão rígido de consumo para cada paciente-procedimento;

·         Então o único instrumento que reflete exatamente o que foi consumido na assistência do paciente, para entender nossos custos ... é a nossa tão criticada conta detalhada ... que representa a “contabilidade” do empenho de insumos para entregar o produto “assistência” ao cliente que nos paga!

O gestor bem-preparado, que privilegia o processo mais adequado possível, que privilegia as estruturas organizacionais mais adequadas possíveis ... utiliza a conta não somente para cobrar a fonte pagadora:

·         Utiliza para avaliar o ciclo aquisição, consumo e faturamento;

·         Utiliza para melhorar os processos anteriores de dispensação e rastreabilidade de medicamentos;

·         E utiliza para projetar cenários futuros: uma nova fonte pagadora ... a perda de uma fonte pagadora ... uma expansão de determinada unidade de negócios ...

·         Utiliza as contas para projetar o resultado de uma negociação comercial de reajuste de preços !

Quando o processo de faturamento é gerido, este assunto deixa de ser o “espalha rodinha” ... e se torna agenda obrigatória para todos os envolvidos !

Aproveito para reforçar que estão abertas as inscrições para os cursos de maior demanda de interessados em Junho e Julho:

·         GNAS02 - Práticas Comerciais da Área da Saúde Pública e Privada no Brasil

·         GNAS17 - Melhores Práticas da Gestão do Faturamento em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos na Saúde Suplementar e no SUS

·         GNAS12 - Como Avaliar Preços de Pacotes em Hospitais, Clínicas e Centros de Diagnósticos

·         GNAS13 - Como Definir e Precificar Pacotes em Operadoras de Planos de Saúde

·         Informações sobre os cursos e inscrições na página – www.jgs.net.br   !

Conheça os cursos da Jornada da Gestão em Saúde  www.jgs.net.br     !

Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e os seminários temáticos     www.gesb.net.br     !

Confira a lista de milhares de profissionais que já participaram das capacitações da Escepti em   www.escepti.com.br/certificados

Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde     contato@escepti.com.br  !

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros sendo 3 pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e demais em edições próprias para download gratuito nas páginas dos modelos

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado