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Na prática da Oficina de Custos Hospitalares, a Teoria das Aulas

0298 – 05/10/2022

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

O melhor custo x benefício das alternativas de cálculo de custo do produto hospitalar

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

Ainda temos ... infelizmente ... muita gente em hospitais sem orientação adequada para discutir precificação ... discutir a viabilidade de aceitar ou não a proposta de um pacote por parte de uma operadora de planos de saúde ... muita gente que ainda mistura preço com custo ... que mistura despesa com custo ... que mistura gastos e receitas operacionais com gastos e receitas não operacionais !

Se a atividade hospitalar não fosse tão rentável na essência, estes erros levariam muitas instituições para “o fundo do poço” ... como a margem na alta complexidade é muito boa, ainda sobram “uns metros de água antes de submergir completamente” ... mas inevitavelmente o resultado financeiro destes hospitais fica bem abaixo do que poderia ... do que deveria.

O gráfico ilustra uma situação real ... similar de muitas que já tive a oportunidade de presenciar nestes “longos anos de janela” assessorando empresas que atuam na saúde suplementar:

·         O hospital recebeu proposta de pacote para artroplastia de joelho e ficou comparando com os preços das contas abertas que tinha no histórico – o quadrante da esquerda !

·         É correto fazer isso ... é a primeira análise que se faz sempre – se o valor do pacote for perto da média e voce tem certeza de que não está tendo prejuízo já com as contas abertas ... ressaltando: se voce tem certeza de que não está tendo prejuízo já com as contas abertas ... a negociação fica em torno da comparação preço x preço;

·         Como o valor do pacote era inferior, o hospital se retraiu “meio que” fechando a negociação;

·         Mas aplicando os métodos adequados para calcular o custo da artroplastia (o quadrante da direita) ficou claro que ele poderia negociar ... que era viável !

·         Desconfiado ... é claro ... “comemos alguns quilos de sal” juntos conferindo o método ... aferindo e ajustando alguns números ... mas a conclusão final foi a de o pacote era viável;

·         E este gráfico, devidamente legendado, fez parte do material da apresentação que a área que absorveu o conhecimento no hospital fez para a diretoria justificando a recomendação de fechar o pacote com a operadora !!

 

 

Após 5 encontros encerramos esta semana o curso de cálculo de custos para gestores dos hospitais das Unimeds do Estado de São Paulo ... 46 participantes !!!!!

·         Mais uma inciativa muito oportuna da Unimed FESP, especialmente pelo cenário que envolve a PEC da Enfermagem, mas não exclusivamente em função disso, porque os custos hospitalares que sempre foram se elevando muito acima da inflação, dispararam nos últimos 2 anos;

·         Alguns hospitais que não estão calculando adequadamente custos por procedimento estão literalmente pagando para fazer alguns procedimentos precificados em pacotes ... sem saber;

·         Agradeço a FESP a oportunidade de discutir isso com gestores de dezenas de hospitais simultaneamente, porque se o hospital tem prejuízo ... se diminui sua produção pela remuneração injusta ... no final quem paga é o necessitado pelo serviço, que fica sem a oferta de assistência !

Não é somente uma questão de trabalhar em prol do lucro do hospital ... na essência é de manter o acesso da saúde para a população, porque sem recurso financeiro adequado, produto nenhum é produzido em qualquer segmento de mercado ... e na saúde não é diferente !

Atualmente, mais do que nunca, os gestores necessitam estimar os custos separando o que é despesa, porque o benchmarking de rentabilidade de unidades, o benchmarking de custo por procedimento, a base para avaliar a precificação, quando está “contaminado com despesas” conduzem a decisões completamente inadequadas:

·         Se a empresa “despeja” na análise do custo por procedimento, por exemplo, despesas que dão ao gestor a informação de que o custo aumentou, quando não aumentou, no mínimo vai empenhar recursos de análise desnecessariamente ...

·         ... mas pode ser pior ... prejudicar o clima organizacional, desmotivar o gestor que está promovendo ações de redução de custos e recebe feedback contrário, e até acenar para o gestor comercial de que deve pleitear reajustes de preço com base em informações injustificadas.

Isso demanda a preocupação básica de diferenciar os preceitos da contabilidade de custos, necessária para uma finalidade, com a apuração de custos simples:

·         O contador necessita produzir, e segue um ritual rígido e preciso, para aquilo que a contabilidade tem como atividade fim – a contabilidade;

·         Os gestores necessitam do cálculo de custos sem as eventuais alternativas contábeis ... sem considerar o conceito contábil de pró-labore e sim do custo com sócios que trabalham na empresa ... sem agregar depreciações, amortizações e outros fatores contábeis que variam conforme a oportunidade contábil do registro ... enfim ... necessitam do custo real para tomar decisões em âmbitos diferentes.

Nesta linha desenvolvemos as discussões no curso ... nesta linha desenvolvemos os projetos de consultoria !

 

 

Partimos da montagem da matriz básica de custos:

·         Relacionando as unidades de negócios e as médias mensais de receitas e gastos por setor / área / departamento;

·         Nela isolamos completamente as despesas ... damos foco nos custos ...

·         ... o que interessa para este tipo de gestor que está preocupado em apurar custos para priorizar as ações que dão mais resultados para reduzir os custos ... ou eventualmente para comparar sua unidade de negócios com o mesmo tipo de unidade de negócios de outro hospital ...

·         ... ou como base para negociar preços com as fontes pagadoras: pacotes por exemplo ... o que interessa para um gestor de precificação em comparar o custo de produção com o preço !

A partir dela calculamos rentabilidade de áreas de negócios e custo médio de produtos hospitalares ... estes últimos apenas e tão somente nas unidades de negócios onde este tipo de cálculo faz sentido.

Como a Unimed tem uma oportunidade ímpar em relação aos seus hospitais ...

·         Propusemos a criação de uma matriz padrão para o grupo;

·         Para simplificar os benchmarkings entre os que quiserem desenvolver isso daqui em diante !

·         Tirando o Sistema Unimed, só tem oportunidade para fazer isso: hospitais de redes privadas de operadoras de planos de saúde ou não, e hospitais públicos da administração direta de uma determinada instância (uma única instância gestora) !! ... mas nestes a gestão não é descentralizada como é o caso dos hospitais das Unimeds: nestes “uma ordem de cima” define a gestão hospitalar – a “inteligência” da gestão é centralizada !!!

 

 

A matriz permite o cálculo dos fatores de custos dos setores / áreas / departamentos:

·         Sem carregar rateios de despesas, apenas com custos, os fatores de custos são fundamentais para outros tipos de cálculo: custo mínimo estimado, e custo unitário por procedimento;

·         Os cálculos necessários quando o custo médio por unidade de negócios não faz sentido !

Diferente da contabilidade que rateia todos os custos e despesas, no foco destes gestores ... para o que eles necessitam a respeito dos custos ... não é necessário fazer isso para todos os setores / áreas / departamentos do hospital:

·         Fatores de custos são calculados à medida que os outros cálculos demandam a sua necessidade;

·         E a base é a própria matriz de custos citada anteriormente, apenas incrementando com informações sobre a dinâmica de funcionamento do setor / área / departamento analisado !

 

 

Exemplificamos, para os casos em que o custo médio não faz sentido, método simples de cálculo do custo mínimo estimado:

·         Prático e rápido ... se o gestor tiver consciência da margem de erro que está lidando com o método, o custo-benefício de utilizar compensa;

·         Para cada tipo de item de referência de precificação o método necessita de pouquíssima adaptação;

·         O conceito é praticamente o mesmo para diárias, taxas, procedimentos multidisciplinares ... praticamente só mudam os parâmetros de referência para fazer o cálculo !

 

 

E para os casos em que nem o custo médio, nem o custo mínimo estimado é adequado ... somente para estes casos ... descrevemos o método de custo unitário por procedimento:

·         O método mais simples por um lado ... mas mais trabalhoso por outro ... muito mais trabalhoso !

·         Que exige menos conhecimento de conceitos de apropriação de custos ... mas exige mais “mão de obra” para calcular !

E a “cereja do bolo” para fechar o cenário é a questão tributária:

·         Vivemos no “país dos impostos”;

·         Não é necessário ser nenhum especialista em legislação tributária, mas se o gestor não considerar “o básico do básico”, como tributos são muito representativos na composição dos custos ...

·         ... se o gestor não aplicar este básico do básico, deixa de errar os cálculos “no varejo para errar no atacado” !!

Saber que de alguma forma pude contribuir para que este grupo de gestores hospitalares do Sistema Unimed do Estado de São Paulo tenha desenvolvido um pouco mais o assunto me deixa muito honrado:

·         Na verdade a honra é muito maior ... explicando ...

·         Aplicar métodos para cálculo de custos é muito importante ... para guiar uma infinidade de ações;

·         Mas o cálculo é um dos pilares para o controle de custos;

·         Podemos ter um bom cálculo e os custos vão aumentando ou diminuindo desordenadamente sem controle algum;

·         É necessário que exista controle de custos na agenda dos colaboradores ... e o método de cálculo não faz isso.

A honra de estar neste projeto da Unimed FESP junto aos hospitais da Unimed do Estado de São Paulo aumenta porque vamos ter nos dias 11 e 13 de outubro próximo:

·         Um curso que discutem a aplicação do LEAN na área da saúde;

·         Não uma discussão técnica-certificadora em LEAN ... mas ilustrando os conceitos básicos dos 7 desperdícios e as técnicas comuns aplicadas na área da saúde para reduzir os desperdícios;

·         Dirigido para os profissionais que estão “fora da contabilidade” da empresa, com a mão na massa nas atividades assistenciais e de retaguarda;

·         Depende deles as ações ... as atitudes ... que reduzem o desperdício nas empresas ... e não da contabilidade de custos.

Por isso a honra ... se eles estiverem engajados ... e utilizarem técnicas simples, viáveis e comuns na área da saúde ... o resultado dos cálculos de custo naturalmente apontam números favoráveis !

Bem ... começamos “esta prosa lá em cima” discutindo como é grande ainda a parcela de hospitais que fazem somente cálculos comparando preço x preço e perdem oportunidades de negócios:

·         Ou fechando negociação achando que uma proposta de pacotes é inviável;

·         Ou abrindo negociação baseado em preços que já geram prejuízo em contas abertas;

·         Ainda é grande a parcela de hospitais que não aplicam quase nada do que discutimos no curso ... do que temos a oportunidade de auxiliar em casos reais ...

... ainda temos muito o que fazer para melhorar este cenário !

Conheça os cursos da Jornada da Gestão em Saúde  www.jgs.net.br     !

Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e os seminários temáticos     www.gesb.net.br     !

Confira a lista de milhares de profissionais que já participaram das capacitações da Escepti em   www.escepti.com.br/certificados

Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde     contato@escepti.com.br  !

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros sendo 3 pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e demais em edições próprias para download gratuito nas páginas dos modelos

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado