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Diferenciando a Certificação em LEAN da aplicação do LEAN na Saúde

0300 – 18/10/2022

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Certificar quem deve e disseminar o conceito para quem aplica é o fator de sucesso da redução de custos nos hospitais

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

Desenvolvemos na semana passada seminários sobre o LEAN aplicado na área da saúde para gestores de hospitais da Unimed do Estado de São Paulo:

·         Agradeço mais uma oportunidade que a FESP proporcionou de interagir com dezenas de gestores hospitalares para tratar de um tema importante, sem vínculo com interesses diferentes do de disseminar os conceitos;

·         Apresentando os conceitos para quem faz a diferença na gestão dos custos hospitalares ...

·         Não é o gestor da contabilidade de custos que reduz os custos hospitalares ... não é o profissional certificado em LEAN que reduz os custos hospitalares ...

·         ... quem pode reduzir custos são os gestores das unidades de negócios, especialmente profissionais assistenciais e de atendimento direto dos pacientes que ocupam funções de coordenação;

·         Depende deles colocar o tema “evitar desperdícios” na agenda, para que os desperdícios sejam reduzidos de forma realmente significativa !

Por isso o agradecimento de poder interagir com mais um grupo destes profissionais para discutir o assunto ... muito obrigado pela oportunidade !

É histórico o engano cometido por hospitais em acreditar que prover uma área de qualidade, ou de gestão de processos, ou de certificação da qualidade, ou de TI em alguns casos ... e capacitar e certificar os profissionais destas áreas em LEAN é suficiente para que o hospital inclua institucionalmente na agenda a utilização do LEAN para evitar desperdícios:

·         Isso é muito interessante de ser feito ... muito importante ... pode ajudar muito ...

·         ... mas se quem produz não estiver engajado o resultado invariavelmente não é o esperado;

·         Voce, como eu, deve conhecer uma infinidade de serviços de saúde certificados em qualidade em que a qualidade não está ali presente !

·         Disseminar os conceitos e as técnicas para quem “põe a mão na massa” é fator de sucesso ... o desperdício se origina “na mistura dos ingredientes e na sova do pão” e não na “receita da massa”, se é que me entende !!

LEAN não surgiu da compilação teórica de coisas que alguém em uma universidade projetou e depois foi experimentar para ver se dava certo e transformou em uma cartilha:

·         Foi justamente o contrário ...

·         ... surgiu na prática de conceitos aplicados na indústria automobilística japonesa no pós-guerra;

·         ... foi sendo praticado e alavancando o progresso da indústria japonesa, e do Japão, reconstruindo a riqueza de um país arrasado pela guerra;

·         E somente depois, alguém que observou o resultado que as coisas que viu lá, compilou, nominou e publicou como caso de sucesso ... teve seus “méritos acadêmicos” ... mas não participou efetivamente de uma prática ... não esteve comprometido em desenvolver e implantar algo realmente de impacto na vida real !

Isso demonstra que não foi uma compilação e certificação nos conceitos que gerou o resultado ... o sucesso veio do fato das pessoas entenderem os conceitos e aplicarem na prática:

·         Não é necessária certificação alguma ... se existir melhor ... mas se não existir não impede que LEAN seja praticado de forma adequada, dando resultados ...

·         ... não existia certificação da qualidade quando o LEAN foi implantado na indústria japonesa !

·         A base foi engajamento das pessoas nas linhas de produção da montadora de veículos e não dos escritórios de projetos !

E assim devemos pensar quando tratamos do LEAN em hospitais:

·         Com ou sem uma área especializada ... certificada ou não em LEAN ...

·         ... o resultado que o Lean pode oferecer depende das pessoas que produzem ...

·         ... especialmente ... muito especialmente ... os profissionais assistenciais da atenção direta dos pacientes;

·         Quando estes profissionais colocam isso na sua agenda ... passam a “pensar LEAN” naturalmente, e não porque um “caderninho de checklist” exige para certificar o hospital em um programa de qualidade uma vez por ano !

·         Somente assim o LEAN passa a ser o fiel da balança para eliminar os desperdícios !!

 

 

Com este “pano de fundo” pudemos discutir os conceitos:

·         Passando pelos conceitos básicos ... o que gera desperdício ... e as técnicas mais comuns aplicadas na área da saúde;

·         Com um público produtor na área assistencial ... que cuida de pacientes ... não vale a pena discutir as técnicas que só servem para indústrias, onde se pode definir processos que não variam em função da matéria prima (os diferentes tipos de pacientes) e do produto final (as diferentes técnicas de tratamento possíveis para um mesmo diagnóstico).

É pouco provável que exista outro tipo de empresa que esteja tão suscetível ao desperdício do que um hospital:

·         A gente planeja o que vai utilizar com base em muitos parâmetros;

·         Nem todos na prática acabam sendo precisos – não aderem 100 % à realidade;

·         São vários procedimentos assistenciais realizados em um mesmo atendimento ... por profissionais diferentes (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas ...);

·         Não é raro, muito pelo contrário, com tantos parâmetros, que exista desperdício !

Os parâmetros que diferenciam a atividade de um profissional multidisciplinar são diferentes dos parâmetros das atividades do outro ... por exemplo:

·         O cirurgião quando entra na sala cirúrgica para interagir com o paciente que foi internado ontem, está preocupado apenas com os parâmetros da cirurgia, e os efeitos do pós cirurgia;

·         Mas a enfermagem que recebeu o paciente ontem planejou seus cuidados de forma diferente dependendo da idade, peso, risco de queda ... dependendo de um monte de coisas que o médico nem desconfia;

·         E a enfermagem não consegue mapear todos os riscos de todos os tipos e variações de pacientes ... quando prepara seu plano de cuidados, se tiver que errar no dimensionamento dos insumos, procura errar para mais, porque não está produzindo uma caneta ... está cuidando de uma pessoa !

Este “se tiver que errar que seja para mais” é importantíssimo para garantir a segurança do paciente ...

·         ... mas é um potencial de desperdício ... um risco que temos que gerir na rotina da gestão da saúde;

·         Quem pode cercar este potencial para que o desperdício seja mínimo ou inexistente: a própria enfermagem, o próprio médico, o nutricionista, o farmacêutico ...

·         ... e o gestor da lavanderia, da higiene, da recepção ...

·         Não tem como alguém em uma área de gestão de processos, escritório de projetos, qualidade ... ter domínio absoluto de todos os processos de todas estas áreas multidisciplinares ...

·         ... nem mesmo um enfermeiro sobre a enfermagem como um todo: processos da enfermagem na UTI são completamente diferentes da enfermagem no pronto socorro ... não tem como serem iguais;

·         Por isso o caminho é disseminar os conceitos do LEAN para os próprios profissionais multidisciplinares colocarem na sua agenda como diretriz a mitigação dos danos do potencial de desperdício !!

Isso vale para a enfermagem, para o médico, para o fisioterapeuta, o nutricionista ...

 

 

O plano de inserir na agenda de capacitação dos gestores hospitalares dos hospitais da Unimed para reduzir custos é muito oportuno ... estamos vivendo um momento histórico ... emblemático ...

·         A inflação hospitalar é muito maior do que a inflação dos outros segmentos de mercado;

·         Mesmo se o cenário do hospital for favorável, com boa rentabilidade, a tendência é o “cinto ir sendo apertado” dia após dia, aumentando os custos;

·         Reduzir custos é questão fundamental para manter a existência do hospital;

·         E nenhum administrador “canetando” normas internas ... nenhum gestor de qualidade, de processos, “fazendo vezinhos em checklists” ... vai conseguir conter os custos.

É o engajamento dos profissionais assistenciais ... e precisamos auxiliar estes profissionais disseminando técnicas consagradas ... que dão resultado prático ... porque a formação básica deles é com foco na assistência ... não em administração ! ... graças a Deus, diga-se de passagem, temos profissionais que dão foco no tratamento das doenças e deixam para segundo plano as outras coisas não é verdade ?

 

Interface gráfica do usuário

Descrição gerada automaticamente

 

Ilustramos a aplicação do LEAN com vários exemplos:

·         Tem algumas empresas trabalhando muito bem isso;

·         Especialmente, mas não exclusivamente, em serviços de saúde de redes próprias de operadoras de planos de saúde ...

·         ... hospitais, clinicas, centros de diagnósticos.

Pude mostrar inclusive casos em que como paciente observei como a mantenedora do serviço de saúde ...

·         ... ao mesmo tempo ... simultaneamente ...

·         ... reduz custos e melhora o acolhimento do paciente.

Não porque alguém me contou, ou apresentou em um bonito power point ...

·         ... mas porque senti “na pele” como paciente ! ...

·         ... inclusive em uma instituição que tive a oportunidade de conduzir um programa de capacitação em redução de custos no passado !!

·         Uma visão privilegiada de consultor e cliente da empresa ao mesmo tempo !!!

 

 

A FESP me deu oportunidade mais uma vez de discutir, por exemplo, o significado do Kanban:

·         Não o que querem vender como Kanban ... como um mero sistema de controle de estoques;

·         Mas como ferramenta que se estiver incorporada na forma de pensar do gestor reduz significativamente os custos, porque age na origem do erro !

O erro é o mais perverso gerador de desperdício ... se errar:

·         Ou voce vai ter que consertar o que fez ...

·         ... ou fazer de novo ...

·         ... ou pior ... tentar consertar e chegar à conclusão que não tem conserto e fazer de novo !

·         Ou pior ainda ... não descobriu que errou e envolveu recursos de quem não tem nada a ver com a produção para apontar, pedir providencias, esperar que algo seja feito de novo ...

·         ... custo ... custo ... custo + custo !!

·         Então, se não é possível Poka Yoke ... Kanban nele !!!

 

 

Não é qualquer pessoa que tem a oportunidade de conduzir um curso sobre Lean com este foco ...

·         ... buscando a disseminação dos conceitos e não um roteiro para certificações !

·         E para 83 gestores multidisciplinares de dezenas de hospitais de Unimeds diferentes !!

·         Mesmo sem dar foco em certificações, tenho certeza de que estes encontros vão fazer a diferença nos próximos fechamentos das planilhas de custo de cada um deles !!!

E o que é ainda mais motivador ainda é saber que estes conceitos os valem em qualquer situação:

·         Para qualquer empresa ... da área da saúde ou não ... que entrega para os clientes produtos ou serviços;

·         Para qualquer tipo de profissional: assistencial, engenheiro, administrador, auxiliar de higiene e limpeza;

·         E inclusive para a nossa vida pessoal ... como modo de vida ... não dá para “suar tanto” para ganhar nosso dinheiro e depois desperdiçar ... é um desrespeito a nós mesmos !

Não costumo citar eventos da vida pessoal em cursos e seminários, mas neste tema sempre me permito comentar como incorporar LEAN como “modo de agir” viabilizou a iniciativa de empreender em negócios próprios ... e produzir um razoável volume de material acadêmico, inclusive os livros, simultaneamente ... incorporar LEAN na minha agenda foi o que permitiu que eu não tivesse que optar por uma coisa ou outra !! ... não fez com que eu ficasse deixando o “plano B” aguardando para um dia que necessitasse, ou coisas do tipo !!!

Não poderíamos ter deixado de discutir que estamos em uma época em que o meio ambiente sofre com o nosso desperdício ... com o desperdício das empresas:

·         Quando gastamos mais energia (elétrica, combustível ...) ... quando desperdiçamos energia ... degradamos o meio ambiente;

·         Quando usamos um canudo de plástico durante alguns segundos e descartamos ... quando utilizamos mais máscaras do que o necessário ... quando utilizamos mais água que o necessário ..

·         Quando optamos por tomar um café “vendido em capsulas” ... uma cápsula de plástico que vai ficar um século para se degradar para satisfazer o prazer de consumir algumas míseras gramas de café ...

·         ... quando desperdiçamos qualquer coisa, pagamos mais caro do que deveríamos, e vamos pagar um preço ainda maior quando a degradação do meio ambiente extrapola o “limite de tolerância”.

Por isso Lean, não para certificar mas como “modo de vida” ... como “conceito institucional” ... é importante ser incorporado na nossa agenda ... seja na vida profissional, seja na vida pessoal !!

Conheça os cursos da Jornada da Gestão em Saúde  www.jgs.net.br     !

Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e os seminários temáticos     www.gesb.net.br     !

Confira a lista de milhares de profissionais que já participaram das capacitações da Escepti em   www.escepti.com.br/certificados

Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde     contato@escepti.com.br  !

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros sendo 3 pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e demais em edições próprias para download gratuito nas páginas dos modelos

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado