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O mercado da saúde mostra suas armas - e quem paga o plano de saúde também

0301 – 25/10/2022

Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

A regulação ruim vai minando cada vez mais os planos individuais, e os com odontologia integrada

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

A pandemia definitivamente influiu muito pouco no mercado da saúde suplementar:

·        O gráfico demonstra a evolução do volume de beneficiários dos planos, por tipo (contratação segundo o idioma da ANS);

·        Na verdade dos tipos principais ... existem algumas “abstrações” na regulação que não vale a pena discutir ... são de volumes insignificantes, e só servem para deixar as normativas mais complexas de serem analisadas ... deixar os textos rebuscados e prolixos;

·        O da esquerda estratifica por tipo ... e o da direita a soma de todos os tipos;

·        Graças a Deus a pandemia foi menos grave para o segmento do que todos (inclusive eu) previam !

Dá para perceber que em 2020 a pandemia impôs “um cheirinho de queda”:

·        Mas já em 2021 ... e vamos lembrar que o início de 2021 foi “o olho do furação da pandemia no Brasil” ... já se recuperou;

·        Mantendo o crescimento em 2022;

·        Os dados comparam a quantidade de beneficiários no mês de junho de cada ano da série !

Um mercado que:

·        Segundo os gráficos cresceu ~6%  no Brasil;

·        Como se trata de Brasil, é uma média ... estratificando regionalmente o % varia para mais e para menos;

·        E varia bastante diga-se de passagem ... tenho cliente em município grande ... acima de 300.000 habitantes ... onde o crescimento foi acima de 12 % ... mais que o dobro da média nacional;

·        Quando analisamos por município, em menos de 20 % deles houve queda ... em mais de 80 % houve crescimento.

Mesmo em um período em que tivemos queda da economia ...

·        ... inflação exacerbada, elevação do desemprego, aumento do índice geral de pobreza;

·        Que mercado fantástico é este o da saúde suplementar !

·        Se a regulação não fosse tão ruim ... seria ainda melhor !!

·        Azar do próprio governo que além de impedir que o produto plano de saúde caminhe na direção da melhoria da qualidade ao invés da redução de acesso pelo incremento de produtos “faz de conta que custam mais barato” ...

·        ... ainda arrecada menos tributos, e fica com um passivo de reclamações e custo absurdamente alto de administração do sistema de financiamento !!!

Os números demonstram que potencial é o que não falta ...

·        Por mais que a regulação atrapalhe, o mercado vai se adaptando;

·        As operadoras vão se equipando com as armas que possuem dentro de regras “sem noção” existentes;

·        E as fontes pagadoras ... as empresas que contratam planos de saúde para seus funcionários, e as pessoas que adquirem planos individuais e por adesão ... quem efetivamente paga a conta ... também vai mostrando as suas armas !

 

 

Este gráfico fantástico demonstra que a pandemia não mudou o rumo da tendência dos anos imediatamente anteriores aos da pandemia:

·        Se voce contar que os planos coletivos por adesão são realmente coletivos ... temos apenas ~18 % de beneficiários em planos individuais;

·        Se voce, como eu, entende que o coletivo por adesão é um “me engana que eu gosto”, temos ~31 % de beneficiários em planos individuais.

Explicando o “me engana que eu gosto”, para quem não teve a oportunidade de conhecer ainda:

·        Coletivo por adesão é o plano vendido para pessoas que se enquadram em uma categoria (ex: advogado) ou grupo (ex: comerciário) e adquire um plano que é regido pela relação comercial entre esta categoria, ou grupo, e a operadora ...

·        ... relação comercial que não existe, porque não é a categoria ou o grupo que contrata o plano !

·        A relação comercial é estabelecida com quem paga: o próprio beneficiário individual (o advogado, o comerciário ...);

·        Esta excrecência só existe para que neste caso a ANS não defina o índice de reajuste anual;

·        Enquanto nos planos individuais a ANS arbitrariamente define o % de reajuste ... para estas categorias ou grupos ela se exime, alegando que vale a regra do coletivo de “livre negociação entre as partes”;

·        Este tipo de plano só existe pela pressão de operadoras com fins lucrativos que na prática disseram: se a ANS define o % de reajuste, desta brincadeira eu pulo fora !

O gráfico demonstra claramente que a queda do volume dos planos individuais não está sendo compensada com aumento dos coletivos por adesão:

·        A população ou compra um plano individual, ou fica sem;

·        Quem já teve um plano por adesão e “tomou uma cacetada” no reajuste anual “foge desta modalidade Tabajara como o Diabo da Cruz”.

O crescimento geral da saúde suplementar mantém a tendência de aumentar os planos coletivos verdadeiros:

·        Ou seja ... a regulação inadequada limita o crescimento do mercado;

·        As empresas que vão crescendo naturalmente ao longo do tempo e concedem o benefício aos seus funcionários vão aumentando o volume de beneficiários no sistema de financiamento;

·        Mas proporcionalmente as pessoas físicas vão cada vez menos adquirindo planos de saúde para pagar do próprio bolso !

 

Para quem não tem intimidade com o assunto ...

·        ... a regulação da ANS permite a comercialização de subtipos (segmentação na linguagem ANS) destes tipos (contratações na linguagem ANS);

·        Como demonstram os gráficos existe uma grande variedade de subtipos ...

·        ... e como demonstram os gráficos, esta variedade também só serve para tornar a regulação “ilegível”, com textos rebuscados e de difícil entendimento em alguns cenários descritos em normativas;

·        Porque um destes subtipos (hospitalar, com obstetrícia e ambulatorial) sozinho “embarca” ~80 % de todos eles;

Se para quem atua profissionalmente no segmento da saúde as vezes é complicado discernir sobre esta “variedade tabajara” ... imagine o poder de discernimento que tem quem compra os planos e não atua profissionalmente na área da saúde !!

 

 

Se fossemos analisar individualmente cada subtipo veríamos que a maioria deles regrediu entre 2019 e 2022:

·        Mas notar que os que evoluiriam, ou regrediram menos, foram justamente os de maior significância (ou abrangência de cobertura);

·        Os demais só servem mesmo para tornar a estrutura de regulação mais cara ... desnecessários !

·        Vale mais a pena agrupar os tipos para analisar ...

 

 

Se agruparmos pela visão da cobertura por tipo de atendimento:

·        Teremos os hospitalares com e sem obstetrícia ... e o ambulatorial;

·        Não que eu ache que deveriam existir planos com e sem obstetrícia, ambulatorial ... é bom deixar bem claro !

·        Se é “saúde suplementar” e não “saúde complementar”, tudo que o SUS cobre a saúde suplementar deveria cobrir, independente de ser medicina, odontologia, psicologia, ambulatorial, hospitalar ...

Os gráficos demonstram a evolução desta estratificação antes e depois da pandemia:

·        A tendência não mudou ... na verdade “a tendência” não mudou em nenhum momento mesmo durante a pandemia;

·        Existe crescimento de todos eles;

·        Mas o crescimento do plano com cobertura total é maior do que os que restringem acesso à alguma coisa;

·        Ou seja, além do plano sem restrição ser o maior volume existente, ainda é o que tem maior índice de crescimento;

·        A tendência da diversificação de planos com mais restrições estruturais na prática não existe !

 

 

Se agruparmos por “com ou sem” cobertura odontológica:

·        Os gráficos ilustram que os sem odontologia evoluíram em mais de 7 %, enquanto os com odontologia retroagiram mais de 10 %;

·        São várias as razões que podem explicar esta tendência, que na verdade vem desde antes da pandemia;

·        A cobertura, atendimento, abrangência e dinâmica de relacionamento com os beneficiários é muito diferente nos planos exclusivamente odontológicos;

·        E se voce for um comprador de um plano que não seja individual, a “matemática necessária” para entender a sinistralidade apresentada pela operadora na época do reajuste de plano misturando produtos diferentes ... é mais que matemática: é “matemágica” !

 

 

Vamos lembrar que não estamos aqui tabulado informações dos planos exclusivamente odontológicos ...

·        Aqui estão apenas os planos de assistência médica com cobertura odontológica;

·        Se olharmos os indicadores da saúde suplementar de antes e depois da pandemia, estes planos são os únicos que “perderam” beneficiários;

·        Se apresentássemos aqui os números da evolução dos planos exclusivamente odontológicos seria possível observar que, ao contrário destes, eles apresentaram evolução ... e que evolução, diga-se de passagem !!

É uma das coisas que a gente questiona na regulação: porque permitir a mistura de “alho com bugalho” ? ... para privilegiar meia dúzia de interessados ?

·        Ou saúde é saúde independente de ser na boca ou no pé, ou não se mistura a boca com o pé de jeito nenhum;

·        Não é o mais lógico ?

·        Por que as ações praticadas por dentistas devem ser apartadas das ações do médico, e as ações do psicólogo, do fisioterapeuta, da enfermagem, do nutricionista  ... dos demais profissionais multidisciplinares ... não ?

·        Por que uma doença no dente tem que ser separada nos sistemas de financiamento de uma doença no dedo do pé ?

·        As disciplinas são diferentes ... evidentemente ... o médico e o dentista têm formações diferentes ... mas o nutricionista também, o psicólogo também ... o sistema de financiamento ou deveria acolher todos em um único guarda-chuva, ou deveríamos então ter um sistema de financiamento para cada um !!

A pandemia praticamente não mudou nada no mercado da saúde suplementar regulada ... mesmo o crescimento em volume de beneficiários ...

·        Se considerarmos o crescimento da população, o crescimento proporcional é pífio !

·        Se considerarmos o dinheiro que movimenta tudo isso comparado com a arrecadação de impostos do governo ... retrocesso ... discreto, mas retrocesso !

O fato é que, por tudo que foi aqui exposto, a saúde suplementar poderia ter crescido muito se não fosse uma regulação ruim:

·        Como demonstram os números, os privilegiados que têm recursos ... os que não estão passando necessidade ... os que não estão endividados ... “compram o produto saúde”;

·        O ruim da discussão é que nenhum dos candidatos à presidência colocou a saúde suplementar na agenda. Estamos às vésperas do pleito que vai eleger um ou outro que em nenhum momento apresentou alguma proposta para mudar o cenário;

Portanto a tendência, em relação á saúde suplementar regulada, é continuar “tudo como dantes no quartel de Abrantes” !

·        Operadoras trabalhando para restringir a abrangência dos planos de modo que fique “mais confortável” administrar os planos ... a sinistralidade ...

·        Crescimento orgânico dos beneficiários de planos de saúde coletivos;

·        Cada vez mais estagnação do mercado de planos individuais ... que poderiam evoluir bem se a regulação fosse mais adequada ao potencial que os números demonstram existir !

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Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros sendo 3 pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e demais em edições próprias para download gratuito nas páginas dos modelos

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado