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A Diferença Entre Gestão de Riscos e Enfrentamento de Crises na Saúde
0305 – 14/11/2022
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Maioria das Crises é Decorrência da Ausência da Gestão de Riscos
(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti
Os gráficos demonstram uma realidade que inicia a ilustração sobre como tem empresas que trabalham profissionalmente os eventos adversos e outras que “entregam nas mãos de Deus”:
· São “fotografias” de antes, durante e depois da pandemia (dez/2019, dez/2020, dez/2021 e jun/2022);
· De 4 operadoras de planos de saúde diferentes ... do mesmo tipo (modalidade “no idioma” da ANS);
· Calculando para cada uma delas o % entre o Ticket Médio Assistencial (quando gasta em média com despesas assistenciais por beneficiário) e o Ticket Médio de Contraprestação (quando arrecada em média por beneficiário ... quanto em média cada beneficiário paga para ela para estar no plano).
Este cálculo é a base da sustentabilidade financeira das operadoras de planos de saúde ... as únicas empresas que atuam “no risco” na área da saúde voluntariamente ... porque querem !
· Eles têm como similaridade que no ano de 2020 (o início da pandemia) um fato novo ... não previsto ... a pandemia do COVID-19 ... surgiu “do nada” alterando a previsão da sinistralidade;
· Como foi uma coisa benéfica para as operadoras, porque a maioria do que os beneficiários fariam foi adiada, elas haviam previsto um gasto maior do que o que ocorreu;
· Então, caindo “o numerador da divisão” (o TM assistencial), caiu o % de todas ... foi o “ano dos sonhos” para qualquer operadora de planos de saúde !
· Com o fim da pandemia “o numerador da divisão” voltou a crescer ... e o % “veio de carona” aumentando.
O que é interessante notar é que elas, que são operadoras do mesmíssimo tipo, reagiram de forma diferente ao “day after”:
· Algumas buscaram ajustar o denominador (o valor das contraprestações) de uma forma ou de outra ... trabalhando na contenção da sinistralidade ... se é que me entende !
· Outras buscaram conter o numerador (a retomada dos atendimentos) de uma forma ou de outra ... trabalhando na excepcionalidade do reajuste de preços ... se é que também me entende !
· E assim a relação entre o que está entrando de dinheiro “das mensalidades” e o que está saindo de dinheiro “para prestar assistência” não tem nenhuma semelhança entre o que era, e o que é ... nem como ‘linha de tendência” entre elas ... nem com os próprios limites do que é razoável para se manter em equilíbrio financeiro !
· O resultado da coluna da direita é ... digamos assim ... aleatório quando comparamos uma com as outras !!
Quando analisamos o resultado operacional delas fica bem evidente como a gestão pode levar uma operadora do céu ao inferno:
· No “ano dos sonhos” (2020) tivemos entre as quatro, duas em que o lucro operacional foi nada menos que o dobro do que havia sido no ano antes da pandemia ... enquanto nas outras duas, embora com lucro, tiveram lucro menor do que antes da pandemia !
· No “olho do furacão da pandemia” (2021) 3 das 4 tiveram prejuízo ... 2 delas um prejuízo “astronômico” !!
· E conforme a pandemia foi acabando, como era de se esperar para a maioria absoluta das operadoras de qualquer tipo com a retomada do “eletivo adiado”, estas 4 “fecharam no vermelho”;
· Algumas “um vermelhinho” que com o próximo reajuste “vão comer com farinha, como se diz no truco”;
· Uma delas sinaliza uma grande preocupação para quem depende muito do dinheiro que ela precisa ter para alinhar seu fluxo de caixa !
Como se pode verificar, gestão de riscos em saúde, especialmente em operadoras de planos de saúde ... é coisa séria ... não é para amadores ... não estamos nos exemplos falando de empresinhas que “faturam merreca” ... como se pode ver !!!
No último sábado tive novamente a honra de ministrar uma aula em turma de pós-graduação da Faculdade do Einstein ... sobre Gestão de Riscos e Fraudes ... sempre agradeço às Profas. Marcela, Deise e Glauce a oportunidade ... muito obrigado !
Pudemos discutir sem vieses os conceitos de Crise, Risco, Sinistro, Erro, Problema, Urgência, Emergência ... base para definir qualquer plano de negócios seja em fontes pagadoras, seja em serviços de saúde, seja em fornecedores de insumos para a área da saúde:
· Na demonstração acima sobre operadoras, ilustramos que o aparecimento do COVID-19 gerou uma crise em 2020 ... com efeitos bons para operadoras e ruins para bia parte dos serviços de saúde e fornecedores de insumos;
· Mas em 2021 e 2022, já com o COVID-19 sendo “freguês de carteirinha” do combate à doença, quem continuou tendo necessidade de manter gabinetes de crise na verdade demonstrou sua incapacidade de gerir riscos ...
· ... porque em 2021 e 2022 não existia nada de novo no que se referia à COVID ... tudo que envolvia a doença passou a ser risco conhecido ... e risco conhecido o gestor tem que saber o que fazer ... senão não é gestor ... senão não existe gestão de riscos !
A projeção do sinistro ... a possibilidade de materialização dos riscos ... qualquer operadora minimamente profissionalizada deveria saber estimar e lidar:
· Tomando como exemplo a pandemia ... se não soube;
· Se não produziu um mapa dos riscos e ações ... falhou feio ... e deixou que o resultado ficasse “vermelhão e não vermelhinho” !
Quem também atua no risco na área da saúde, mas de forma um pouco diferente é o SUS ... os gráficos demonstram:
· A evolução mensal desde novembro de 2019 até julho de 2021;
· Do volume mensal de internações com procedimento principal associado ao Capítulo 1 do CID – Doenças Infecciosas e Parasitárias ... o que se enquadra das internações para tratamento de COVID-19;
· Também do Ticket Médio das contas ... quando em média o SUS pagou por estas internações;
· E da taxa de Óbitos destas internações ... a relação percentual entre óbitos em internações, e as internações ... o % de pessoas que foram internadas e foram à óbito !
Os 3 gráficos mostram “uma barriga” importante para cima durante a pandemia, porque a pandemia não elevou significativamente apenas o volume de internações para este CID:
· Elevou também quanto o SUS teve que pagar por cada uma delas, porque em relação aos pacientes que internavam com infecção respiratória, o paciente COVID em média consumiu muito mais tempo de UTI e de medicamentos de alto custo;
· E infelizmente elevou a taxa de óbitos em internações
A nossa questão é saber se o governo está realmente fazendo “gestão do risco COVID”:
· Os gráficos demonstram que ela não foi uma doença que existiu, foi combatida e desapareceu ... veio para ficar;
· Precisou novamente nos últimos dias aumentar a taxa de óbitos para que vacinas que deveriam ter sido distribuídas e não foram, começassem a “minguar” na rede ... uma vergonha !
· Os gráficos filtram apenas a primeira e a última coluna dos gráficos acima ... uma fotografia comparativa de novembro de 2019 e julho de 2022;
· Quem devia ter sido vacinado, e quis, já foi ... quem não foi porque não quis, não será ... ou seja, o que temos em 2022 é a realidade pós pandemia ... quem gosta ou quem não gosta deste cenário, vai ter que lidar com ele ... não tem como ser diferente, porque “a opinião” sobre o assunto pode ser diferente na cabeça dos gestores envolvidos, mas os “números frios” das taxas de infecção e de óbitos “não ligam” para as opiniões;
· E o Brasil “é uma mãe” que acolhe centenas de milhares (talvez milhões) de pessoas de outras partes do planeta por ano: vacinados, não vacinados ... de todo o tipo.
Infelizmente nunca olhamos para o que acontece na China e certamente vai acontecer aqui alguns meses depois ... foi assim desde o início da pandemia ... só olhamos para o problema quando os serviços de saúde e as funerárias começam a lotar !
O risco está posto ...
· ... não há que se falar mais em crise quando o assunto é COVID ... este tempo já passou !
· A sinistralidade da COVID pode ser calculada com alguma precisão !!
· Os movimentos lá na China são conhecidos, e amplamente noticiados !!!
Na verdade nós temos um sistema público de saúde de causar inveja para a maioria absoluta dos países do mundo ... que causa inveja até para países que dizem ter bons sistemas de saúde, mas gastam muita energia para produzir “vapor” ...
· Os gráficos acima são similares aos anteriores, demonstrando o que aconteceu com as internações de doenças do Aparelho Circulatório ... não de COVID ou de doenças respiratórias;
· Se pegarmos a maioria das outras doenças (não infecciosas e parasitárias) vamos ver que “a barriga” das internações, ao contrário das internações de COVID, está para baixo e não para cima;
· Mas vamos ver que o valor médio das contas também subiu ... não tanto como o das internações por COVID ... mas subiu !
A taxa de óbitos ... infelizmente subiu ... subiu muito ... neste tipo de indicador (óbito) qualquer coisa na “segunda casa” após a vírgula” é algo muito preocupante:
· Se não ficou claro: a taxa de óbitos das outras doenças ... porque sendo tratados “mais tarde” os pacientes chegaram mais graves;
· Paciente mais grave em doença mais grave, maior o risco de óbito.
Os números que o SUS disponibiliza são fantásticos para projetar o futuro ... uma pena que não seja o futuro que gostaríamos que fosse ... e nem que estejam sendo tratados da forma como deveríamos pelo Ministério da Saúde !!
“Tirando as mesmas fotografias” que fizemos com o CID da COVID nesta especialidade (aparelho circulatório):
· Vemos que o valor médio das contas cresceu significativamente ... as taxas de óbito, infelizmente, também, e mais significativamente ainda !
· Definitivamente não dá para alguém dizer que não tem como mapear os riscos ... eles estão claros ... mais do que evidentes ... não há que se falar em crise ... é risco !!
· Se o governo não está planejando as ações necessárias para esta sinistralidade líquida e certa ... e não está ...
· ... infelizmente vamos ver a criação de gabinetes de crise ... um aqui ... outro ali ... sem ações coordenadas que reduzam significativamente a taxa de mortalidade;
· Como “o dinheiro do SUS” é limitado ... vamos continuar vendo mais dinheiro sendo gasto por internação, faltando em ações de prevenção da saúde ...
· ... uma bola de neve ... menos prevenção, mais pacientes com estado mais agravado, mais necessidade de dinheiro para as internações !
O futuro que nos espera na saúde ... a não ser que apareça outro evento inusitado como a pandemia ... este futuro dá para ser mapeado ... os riscos podem ser adequadamente geridos reduzindo dor, sofrimento e óbitos.
A questão é saber se vamos tratar riscos na saúde pública de forma profissional ou não !
Por tudo isso agradeço a oportunidade de poder contribuir de alguma forma com a formação de alunos da pós-graduação do Einstein ... quanto mais gestores “antenados” tivermos ... melhor para nós mesmos ... menos gabinetes de crises e mais gestão de riscos !!
Conheça os cursos da Jornada da Gestão em Saúde www.jgs.net.br !
Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e os seminários temáticos www.gesb.net.br !
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Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde contato@escepti.com.br !
Sobre o autor Enio Jorge Salu
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros sendo 3 pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e demais em edições próprias para download gratuito nas páginas dos modelos
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado