![]() |
![]() |
||
A Necessária Profissionalização Extrema da Contratualização dos Hospitais com o SUS
0310 – 18/12/2022
Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
SUS foi se equipando para contratualizar ... e os hospitais ?
(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti
2022 foi para mim, como há alguns anos, de algumas consultorias e muitas aulas em instituições de ensino e cursos da minha empresa e “in company”:
· Mas tinha que encerrar de forma emblemática ... explicando ... muito emblemática para mim;
· O último curso do ano foi “in company” ... em hospital ... e sobre faturamento SUS ... e não para faturistas ou auditores de contas hospitalares;
· Emblemático porque foram 3 cursos com teor muito parecido sobre o tema no ano ... todos prioritariamente para profissionais que não são da área de faturamento e auditoria de contas.
Fato:
· O SUS ao longo do tempo foi se especializando para contratualizar melhor com os serviços de saúde;
· Não falamos disso mais somente em relação aos órgãos gestores gigantes ... Secretarias de Estado ... falamos disso também em relação aos Fundos Municipais de Saúde, dos Consórcios Intermunicipais ... de Secretarias Municipais de Saúde “nanicas” quando comparadas com as das Capitais e Municípios de Grandes Regiões Metropolitanas;
· Vai ficando cada vez mais difícil encontrar “um inocente” negociando do lado de quem tem o recurso na mão;
· Ainda tem uma boa quantidade de gente “com o dinheiro na mão” sem noção ... é fato ... mas o amadorismo vai perdendo protagonismo “nas fotos” dos gestores orçamentários do SUS.
Fato:
· Ao contrário, na regra, hospitais não estão acompanhando esta “evolução da profissionalização orçamentária” nas contratualizações com o SUS, que está ocorrendo nos órgãos gestores na gestão da contratualização;
· Não produzem elementos para discutir a contratualização ... não têm números adequados ... não produzem as evidências necessárias ...
· ... são contratados para produzir X, recebem pacientes da regulação para tratar Y, e não produzem elementos para discutir a distorção ... mal conseguem traduzir a produção real nas contas apresentadas;
· Não têm processos adequados de gestão do plano orçamentário (da FPO) ... o acompanhamento das metas fica invariavelmente “confinada” nas mãos de “um par de pessoas”, que não se integram com as áreas assistenciais, de retaguarda assistencial, de retaguarda administrativa ... um show de horror para o hospital ... e “uma delicinha” para o órgão gestor que “deita e rola”;
· Somente neste ano vivenciei em projetos de consultoria 2 situações em que ficou evidenciado em diagnóstico que o cliente estava completamente despreparado para gerir o contrato que possui com o SUS ... não ouvi falar sobre isso: foi comparando a meta da FPO com a produção, e com o que encaixou no faturamento;
· Avaliando os macroprocessos ... os gaps de gestão se auto escancararam nas planilhas demonstrativas !
É fato que nos hospitais públicos e privados que atendem SUS é raro encontrar profissionais adequadamente capacitados em relação à estrutura da Tabela SIGTAP:
· O normal é encontrar entre os próprios profissionais que atuam nas áreas de faturamento e auditoria de contas, uma maioria que “aprendeu” sobre a tabela na prática ... uma prática que não se enquadra no que deveria ter sido a melhor prática ... entende ? ...
· ... ou aprendeu o que o antecessor ensinou ... e se o antecessor não dominava bem o assunto, e geralmente isso não é a exceção ... aprendeu errado ... e conforme “a fila vai andando”, quando vai ensinando para o seu sucessor, a ressonância dos gaps vai intensificando;
· Assim nos deparamos com quem “faz a mesma coisa” da mesma forma há muito tempo e acredita que é a melhor forma de fazer, porque “ninguém aponta o dedo” indicando que não é a melhor forma de fazer ...
· ... não tem discernimento para entender que precisa mudar a forma como atua, até porque conhece outros hospitais onde “a coisa é feita da mesma forma” ... então ... se todo mundo faz assim: está “tudo de acordo”.
É comum se deparar com profissionais que se regem por 2 crenças ... inacreditáveis já há algum tempo:
· Que no SUS “tudo é pacote” !
· Que a tabela do SUS não á atualizada há décadas !!
Se quem tem a atribuição de faturar, auditar contas, acompanhar a FPO ... se quem deveria ter a máxima especialização para não cometer estes erros ... comete ...
· O que esperar do envolvimento dos profissionais assistenciais que geram as informações necessárias para transformar a produção em receita ?
· O que esperar dos demais profissionais de retaguarda assistencial e administrativa que não “militam no departamento de faturamento” e viabilizam os processos para formação das contas ?
Em um cenário desses em que o profissional que deveria dominar a contratualização, as regras da tabela, os requisitos necessários para apresentação das contas ... não “conhece a receita do bolo” ... nos deparamos com coisas folclóricas:
· Priorização do fechamento de “contas MAC” ao invés “das FAEC”;
· Não aproveitamento dos mutirões;
· Não enquadramento da instituição em incrementos descritos nas portarias;
· Lançamento do procedimento principal, sem apresentar os secundários compatíveis ...
É com o “dar uma canetinha para uma criança de 2 anos” ... o que ela diz que desenhou “não tem nada a ver” com o que vemos ... mas ela acha que aquilo é o retrato fiel do que imagina !!
Se fosse “somente isso” ... nos deparamos com coisas muito piores que isso:
· Deixa de faturar algo que foi trazido pela regulação do SUS porque não está habilitado ... não está habilitado, vem da regulação, atende e ... e ... e fica por isso mesmo ... a vida toda !
· Pede para profissionais assistenciais produzirem documentos que nem o profissional ... nem mesmo a instituição ... tem o dever de produzir, e ainda usa o “comportamento arredio” do profissional como desculpa para não faturar o que deve;
· Apresenta planilhas de custo por procedimento calculadas de forma completamente errada para dar suporte à decisão do que a instituição deve ou não deve contratualizar ... isso quando nem mesmo tem obrigação de apresentar custo para o órgão gestor: hospital que não é da administração direta do órgão gestor !
· Fatura a cirurgia e não fatura o OPME.
É muito comum toda a inteligência dos processos ser sempre colocada “sob judice” de alguém que está na área de faturamento “há um século e meio”, não se atualizou, e todo mundo acredita que o que ele fala é certo ... o dono da verdade que desfila pelos corredores e reuniões falando “com ar professoral” !
A minha maior satisfação nos vários projetos de consultoria que participei este ano, tanto relacionados à saúde suplementar como relacionados ao SUS, foi neste hospital em que dei este último curso “in company” do ano ...
· Não foi um curso “in company” ... foi um curso inserido em uma consultoria;
· O curso foi consequência de uma das ações da criação de um grupo de gestão de receitas multidisciplinar no hospital.
Não foi um curso isolado, definido como necessário pela “área de RH”, para capacitar profissionais que atuam na área de faturamento e contratualização:
· Foi definido como necessidade por um grupo;
· Um grupo formado por gestores do faturamento, auditoria, planejamento, enfermagem, fisio, fono, TO, SAME ... um grupo formado por representantes das áreas envolvidas no assunto, desde o registro da produção, até a apresentação da conta, passando pela análise dos processos de formação da conta e do acompanhamento da FPO foi criado;
· Um grupo que não foi criado para ser liderado pelo faturamento ... com liderança é rotativa, as pautas são definidas e priorizadas segundo o impacto que as discussões vão significar na melhoria da sustentabilidade financeira do hospital.
Esta grande satisfação vem do fato do curso ser para disseminar os conceitos básicos da contratualização com o SUS, em uma linguagem que qualquer pessoa possa entender, com mais foco no profissional assistencial do que no de retaguarda administrativa ... a palavra-chave foi: envolvimento das áreas no assunto !
Olha ... não é sempre que a gente consegue sensibilizar a alta direção do hospital da necessidade da criação deste grupo ... de fazer cursos sobre faturamento para quem não é da área do faturamento:
· Tem quem ache que estas coisas são responsabilidade da “área X”, que se não consegue excelência nos controles é porque as “pessoas lá são incompetentes” ... que não adianta envolver outras áreas enquanto “não der um jeito nela” !
· Tem quem até cria um grupo ... mas ao invés do foco no que é melhor para o hospital, é um “desfile de vaidades”, onde “um crachá pesado” cerceia as iniciativas dos participantes ... onde “aparecer com frases de efeito” para impor “na marra” suas convicções é a dinâmica das reuniões !!
· Alguém pode pessoalmente estar “mantendo seu emprego – sua posição privilegiada” ... mas o hospital como um todo não tem discernimento que só tem a perder !!!
A disseminação da necessidade da profissionalização da contratualização com o SUS ... a disseminação do assunto para áreas assistenciais ... a necessidade de envolver ao máximo e adequadamente todos na necessidade de melhorar a rentabilidade do hospital ainda não é fato na maioria dos hospitais:
· Isso demonstra que nem sempre algo que é tão evidente acontece na área da saúde ... especialmente em hospitais onde a gestão é menos participativa – nos “hermeticamente departamentalizados” ...
· ... sabe aqueles hospitais em que nas reuniões é comum a gente ver um gestor dizendo “que fez a parte dele e levanta as duas mãozinhas para o alto enquanto fala” ? ... conhece algum ? ... ainda tem “um zilhão” assim !
· É necessário, antes de mais nada, que a alta gestão “compre a ideia” para que um grupo multidisciplinar para isso “decole” realmente na prática;
· Nestes casos ... quando a alta gestão não compra a ideia ... ao invés da satisfação em participar assessorando os projetos de melhoria da contratualização, a gente fica um pouco frustrado em falhar na sensibilização !
Bem ... pesando prós e contras dos projetos ... graças a Deus ... 2022 fica marcado para mim com mais satisfações do que frustrações ! ... e em relação aos cursos e aulas termina de forma emblemática com este curso, que estrategicamente chamamos de seminário: uma tática para trazer os profissionais de outras áreas para a discussão, que deu muito certo ... que na verdade sempre dá certo !!
Auxiliar de alguma forma a melhoria da rentabilidade de serviços de saúde tem como significado maior o aumento do acesso da população à saúde ... porque se vai faltando dinheiro “é líquido e certo que a largura da porta de entrada” dos pacientes vai ficando “cada vez mais estreita” !
Conheça os cursos da Jornada da Gestão em Saúde www.jgs.net.br !
Conheça o estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e os seminários temáticos www.gesb.net.br !
Confira a lista de milhares de profissionais que já participaram das capacitações da Escepti em www.escepti.com.br/certificados
Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde contato@escepti.com.br !
Sobre o autor Enio Jorge Salu
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado