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Quarto trimestre de 2022 foi chave para a sustentabilidade das operadoras

0314 – 22/01/2023

Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Gestão da sinistralidade é ciência “mais do que exata”

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

O extrato demonstra como tem sido a vida das operadoras do tipo autogestão:

·        No geral, contando todas as ativas, estavam na média bem equilibradas em 2019 – antes da pandemia;

·        Em 2020, com a pandemia, descobriram que “o paraíso poderia existir” – até algumas que estavam “com a água no pescoço”, conseguiram novamente “ver o umbigo” ...

·        ... uma “enormidade de eletivas ficou para depois” e a sinistralidade real foi “pitiquinha” perto da prevista !

·        Começaram a ver que o pós pandemia seria difícil em 2021;

·        E em 2022 descobriram que “o inferno também poderia existir” !!

Somando o resultado operacional de todas desde 2019 até o terceiro trimestre de 2022, o superavit ainda é bem significativo:

·        As “formiguinhas” que guardaram a sobra de 2020 e meados de 2021, estão “colhendo os frutos” da prudência;

·        Mas as “cigarras” que negligenciaram “o inverno” ... o que era previsto para o final da pandemia ... estão “em maus lençóis”.

O quarto trimestre de 2022 foi chave para se preparar para um 2023 que ainda promete muitas emoções:

·        Graças a Deus a vacinação evoluiu, e a COVID já é uma doença que mata menos do que algumas outras que não são pandêmicas;

·        Mas o estrago do adiamento do tratamento de doenças ... o diagnóstico tardio ... está custando muito caro !

·        E a troca de governo, que está vinculado a um partido que historicamente tende a discutir temas salariais e sindicais, “pode apimentar” a questão da PEC da enfermagem ... e dos outros profissionais multidisciplinares ... apimentar a discussão das contribuições sindicais ... nada contra ou a favor, diga-se de passagem ... mas são temas sensíveis para a questão da sinistralidade, uma vez que o maior custo da área da saúde é, e sempre foi, mão de obra !

A profissionalização da gestão da sinistralidade para discutir reajustes de preços nunca foi tão necessária na história da saúde suplementar ... os números não deixam a menor dúvida disso.

Veja que o que mais preocupa nem é o resultado ... mas a tendência que os gráficos do canto direito demonstram:

·        A linha do custo assistencial das operadoras tipo autogestão (despesas assistenciais no idioma da ANS) está “mais empinada” do que a linha de receita de contraprestação delas;

·        Na média as autogestões estão com dificuldade de equalizar os custos assistenciais com a contribuição dos beneficiários para cobri-las !

·        Afinal são autogestões ... o “dono” da empresa é o próprio beneficiário do plano !

 

 

 

Analisando 2 autogestões (que conheço bem mas me permito não identificar por razões éticas) vemos que:

·        Na de cima parece que “ainda não caiu” a ficha – o ticket médio assistencial vai “lá nas alturas” ... eles não reposicionam o produto ... continuam credenciando serviços “mais pela marca do que pelo resultado efetivo”, e não conseguem aprovar reajuste nas contribuições dos beneficiários (dos donos) ... a mantenedora tem que continuar bancando o cenário;

·        Na de baixo “a fica caiu” – de modo absolutamente adequado as curvas têm inclinação similar.

Evidentemente a de cima vai ver a sua “reserva operacional” ser consumida rapidamente, enquanto a de baixo vai estar mais protegida contra os eventos adversos que podem surgir:

·        Surgir de dentro da sua própria operação, ou por algum fator externo ... político ... econômico ...

·        E o limite e/ou paciência da mantenedora uma hora “dá um basta” !

 

 

Quando a gente cita autogestão uma boa parte dos gestores da área da saúde “preconceitua”:

·        Se lembram de uma ou outra cuja gestão é “pra lá de Deus me livre de ruim” e rotula todas da mesma forma;

·        Algo que não é verdadeiro e, para não abrirmos uma por uma para que as pessoas entendam que a maioria tem estrutura profissionalizada, podemos comparar o geral com os outros tipos ...

·        ... como este extrato das cooperativas médicas.

Na média vemos a mesma característica:

·        O resultado acumulado ainda é favorável quando apuramos desde “o antes” da pandemia;

·        Mas a linha do ticket médio do custo assistencial está se aproximando da linha das receitas de contraprestações !

·        Céu azul em 2020 ... furacão em 2021 ... tempestade em 2022 ... e 2023 ? bonança ou “pranto e ranger de dentes” ?

 

 

E extrapolando a análise para 2 Unimeds específicas (que também conheço bem e me permito não identificar por questões éticas):

·        Uma tem um resultado péssimo e uma linha de tendência boa;

·        E a outra tem resultado ótimo, com uma linha de tendência preocupante.

Os conceitos e práticas de gestão a gente aprende ... a gente ensina ... mas o que o gestor vai fazer é sempre muito diferente:

·        As vezes o gestor aprende algo em um cenário e acha que aquilo serve para qualquer cenário, aplica em um que não adere e o resultado é pífio;

·        As vezes o gestor se inspira em cenários que não têm nada a ver com o dele;

·        E, é claro, as vezes o gestor está despreparado para lidar com aquilo que “jogam no seu colo” ... a responsabilidade e a capacitação necessária ele ainda não tem.

 

 

Também tem preconceito quando a gestão no sistema Unimed ?

·        Primeiro dizer que o preconceito é infundado;

·        Existem gestores bons e ruins no sistema Unimed, como existem em qualquer tipo de operadora de planos de saúde ... conheço “Einsteins”, “Chaves” e gente normal no Sistema Unimed como nos demais tipos de operadoras.

Lembrar que Unimeds são cooperativas ... entidades cuja “cúpula” é eletiva ... política:

·        Um “condomínio” pode ter um síndico bom ou ruim ... moradores decentes ou indecentes ... a gestão dos condomínios varia de ótima para sofrível dependendo tanto do síndico como dos proprietários moradores;

·        Cooperativas são assim ... por mais que as regionais, federações, central nacional ... por mais que a estrutura organizacional possa estabelecer controles ... a qualidade da gestão da singular depende fundamentalmente da singular !

Olhe este extrato das medicinas de grupo:

·        Na média elas foram as que mais lucraram com a pandemia;

·        Mas na média são as que mais estão “penando” com o pós pandemia;

·        Embora ainda tenham uma gordura de reserva elevadíssima, o futuro preocupa !

·        A linha do ticket médio assistencial, que já é muito próxima da linha do ticket médio de contraprestação, vai chegando para “marcar homem a homem” !

Na média as medicinas de grupo escolheram o caminho de “reduzir o produto”:

·        A figura do médico moderador ... trabalhar no limite dos prazos de acesso definidos pela ANS ... direcionar ao máximo para a rede própria ...

·        São todas ações que nos médio e longo prazos estão fazendo com que não consiga aumentar o ticket médio de receita;

·        Produto com menos “livre escolha” ... preço que o cliente quer pagar pelo produto cada vez menor ! ... tão simples quanto isso !!

 

 

O extrato das seguradoras, que atuam com “planos mais livre escolha”:

·        Demonstra que elas conseguem trabalhar com ticket médios mais elevados de contraprestação;

·        Mas também estão sujeitas a “aproximação da linha dos custos assistenciais”;

·        O resultado delas, considerando a quantidade de seguradoras que existe, é melhor que as das demais ... estes quase 2 bilhões de resultado estão distribuídos por meia dúzia de empresas, enquanto o resultado dos demais tipos apresentados antes, por centenas de empresas !

 

 

Para não dizer “que não falamos das flores” ... só porque operadoras do tipo filantropia têm uma parcela muito pequena do mercado da saúde suplementar:

·        É interessante notar que elas, proporcionalmente, foram as que obtiveram resultado melhor na pandemia e no pós pandemia ... afinal o negócio operadora se confunde com o negócio serviço de saúde ... em boa parte delas é muito difícil entender quem é quem na gestão disso ou daquilo, diga-se de passagem;

·        O resultado acumulado é proporcionalmente maior;

·        Mas mesmo elas, que na média têm um produto de acesso muito restrito, geralmente direcionado para o serviço de saúde que originou a operadora, estão percebendo que os custos assistenciais estão ultrapassando os limites de segurança de se trabalhar com planos individuais no Brasil !

Bem ... resumindo ...

O quarto trimestre de 2022, que só vamos ver os números daqui a alguns meses quando a ANS permitir, na hora que ela quiser (maio ?):

·        Foi o trimestre em que as operadoras se concentraram nos estudos atuariais para discutir a negociação dos reajustes de preços dos planos coletivos, porque “o grosso” dos contratos têm aniversário no final do ano;

·        Lembrando que os planos coletivos (os coletivos verdadeiros e os individuais disfarçados de coletivos por adesão) contabilizam cerca de 80 % dos beneficiários de planos de saúde da saúde suplementar regulada pela ANS;

·        E, especificamente no caso das Unimeds, o quarto trimestre de 2022 foi marcado pelo início da LPM (a partir de primeiro de novembro) ... um “temperinho” a mais no caldeirão dos cálculos atuariais que, neste caso, não tem série histórica: a história da LPM começou neste trimestre !!

Os atuários são peças-chave na identificação de um cenário que se modificou muito com a pandemia para manter as operadoras de planos de saúde sustentáveis economicamente !

Vale terminar lembrando que não falamos aqui das operadoras de planos de saúde não reguladas pela ANS:

·        Nelas ... especialmente os institutos de previdência de funcionários públicos ... a briga pelo equilíbrio custo x receita será voraz ! ... mais do que donos, os beneficiários são extremamente reativos em práticas comuns de contenção de sinistralidade do tipo coparticipação, franquia, reembolso fixo ... não é fácil gerir estes planos ... só quem já participou de uma assembleia sabe do que estou falando ! ... já ouviu o que ouvi !!

·        Por mais profissionalizada que possa ser a estrutura de gestão da sinistralidade, o componente político é muito forte !

Entender as nuances do mercado ... onde estão errando ... quem está acertando ... isso é fantástico para um “nerd de gestão em saúde” como eu ... não canso de dizer o quanto a gestão da saúde é desafiadora ... e fascinante !!

Referências sobre conteúdo para gestores da área da saúde privada e pública:

·        Programa CPGS – Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde   www.cpgs.net.br

·        Cursos da Jornada da Gestão em Saúde  www.jgs.net.br

·        Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e seminários temáticos     www.gesb.net.br

·       Lista de milhares de profissionais certificados   www.escepti.com.br/certificados

·        Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde     contato@escepti.com.br

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado