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Foi-se o tempo em que ter equipamento era diferencial para Serviços de Saúde
0320 – 04/03/2023
Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
A facilidade para aquisição de equipamentos médicos, odontológicos e hospitalares gera milhões de empregos na área da saúde
(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti
Ingressei na área da saúde em um dos hospitais “mais famosos” do Brasil, há muito tempo, e fiquei “internado lá na gestão” por 12 anos:
· Um dos diferenciais do hospital na época era ter todos os equipamentos “mais sofisticados” que existiam ...
· ... nossa ! .. tinha até Pet-Scan ! ...
· ... vinha gente de muito longe aqui em São Paulo para ver de perto aquela “8ª maravilha do mundo” !
Já em 2005, quando deixei a carreira de executivo para abrir minha própria consultoria, este fascínio do mercado pelos serviços de saúde que tinham “o estado da arte” em equipamentos não era mais tão valorizado assim como diferencial competitivo:
· As facilidades para financiar a aquisição pela queda natural do “preço de inovação” para o “preço de massificação” ...
· ... o histórico de informações para os estudos de viabilidade que demonstram o custo x benefício de possuir ao invés de comprar o serviço de outro ...
· ... tudo isso foi fazendo com que os serviços de saúde “não tão ilustres” passassem a ter os mesmos equipamentos.
Ainda existe um ou outro hospital hoje ...
· ... com um “robot cirurgião” ... uma linha de logística interna robotizada ...
· ... um ou outro equipamento realmente “fora de série”;
· Mas são casos muito pontuais, em cenários muito específicos que viabilizam o investimento ...
· ... muito longe de ser tendência de curto ou médio prazos, nestes casos particulares !
O gráfico da esquerda ilustra a quantidade de equipamentos existentes na área da saúde:
· Os para manutenção da vida (exemplo: monitores) “arrebentam a boca do balão”;
· Graças a Deus para todos nós ! ... a falta destes equipamentos obrigaria à “prática arcaica” da medicina, enfermagem, fisio ...
· E acho que todo mundo acha mais importante existir um equipamento quando a vida da gente “está por um fio” do que um que diga que “temos problemas” ... os dois são muito importantes, é claro, mas o que mantém a gente vivo ... vamos combinar ... é muito mais importante, não é verdade ?
Faço parte de um pequeno grupo de pessoas que tem um olhar um pouco diferente sobre estes números ... explicando:
· São mais de 2 milhões e meio de equipamentos, isso sem considerar os equipamentos de infraestrutura (caldeira, ar-condicionado, computadores ...) – somente os utilizados na prática direta da medicina, odontologia ...
· Se voce considerar que cada equipamento desses exige pelo menos uma pessoa para operar, calibrar, higienizar, carregar insumos, consertar ... que o equipamento não funciona sozinho, mas por comando e cuidado de um “ser humano” ...
· ... e só uma pessoa por equipamento é “ser bem bonzinho” neste cálculo ... voce há de convir, tenho certeza ... que cada equipamento desses exige a existência de mais de uma pessoa para funcionar ... pense em quantas pessoas estão em torno de um tomógrafo, de equipamento que realiza exames de bioquímica ...
· ... então, pensando em uma pessoa, estamos falando de 2 milhões e meio de empregos só por conta deles !
Pouquíssima gente pensa nisso ... no quanto a área da saúde é importante para a economia do Brasil ... do Mundo !! ... não somente para os doentes e os profissionais assistenciais ... para “um monte de outra gente” !!
A evolução do “mercado de equipamentos da área da saúde” foi afetada pela pandemia:
· “Muita gente” imaginou que haveria uma “recessão equipamentária” ...
· ... eu mesmo não me incluo fora desta “muita gente” ... quando o “bichinho COVID-19” apareceu o pessimismo se fixou “como uma tatuagem” na alma dos gestores.
Mas os números mostram que a realidade foi diferente.
· O gráfico demonstra a evolução do número total de equipamentos, sem incluir infraestrutura, ano após ano desde 2017 até 2022;
· As barras demonstram que o crescimento foi constante ... sempre “positivo” de um ano para outro;
· A linha vermelha pontilhada demonstra a linha de tendência real ... o que aconteceu;
· E a linha azul demonstra o que teria sido 2022 se não tivesse ocorrido a pandemia.
Além de não ter havido a “recessão equipamentária” ... ainda tivemos progresso.
Pela linha de tendência pré pandemia (a azul), teríamos menos equipamentos do que temos hoje (a linha pontilhada vermelha) ... não é fantástico ? ... a pandemia não afetou o mercado de forma negativa ... não é uma coisa boa para quem “torce” pelo aumento do acesso da população aos recursos da saúde ?
É lógico pensar que esta evolução se deveu a enorme quantidade de respiradores que foram adquiridos “à fórceps” por conta do tipo de tratamento exigido na pandemia:
· O aumento da quantidade de respiradores é real ... é fato ...
· ... mas o aumento de quantidade de respiradores não impediu o aumento da quantidade dos outros equipamentos !
· Isso também é fato, e pode ser demonstrado por números ... não de forma subjetiva !
O gráfico da esquerda demonstra a evolução percentual da evolução da quantidade de equipamentos por grupo de equipamentos, entre 2019 e 2022 – antes e depois da pandemia:
· Todos os grupos evoluíram positivamente ... todos ... em nenhum dos a quantidade de equipamentos em 2022 teve crescimento inferior a 25 % !
· Equipamentos para manutenção da vida, onde se inserem os respiradores, teve crescimento de quase 70 % ... absolutamente fora da curva, é claro – estes sim por conta dos respiradores ... isso não vai acontecer novamente, a não ser que apareça alguma “anomalia” como por exemplo uma outra pandemia que venha a exigir o empenho diferente do normal de um outro tipo de equipamento.
O gráfico superior direito ilustra a evolução da quantidade somente dos equipamentos para manutenção da vida:
· Vemos que entre 2017 e 2019 tínhamos um crescimento uniforme;
· E a partir de 2020 um crescimento fora do normal !
· Mais do que um crescimento maior ... uma mudança de escala ... este era o único aumento de volume que naturalmente esperávamos em relação ao que a pandemia “cobrou” para manter os pacientes vivos !
Mas o gráfico inferior direito demonstra a distribuição % dos grupos em relação ao total:
· As barras azuis, o cenário em 2019;
· As barras laranjas, o cenário em 2022;
· Por mais que equipamentos para manutenção da vida tenham tido evolução desproporcional, o cenário geral não se modificou tanto ... provando que a evolução geral, apesar da contribuição significativa dos respiradores, foi mesmo geral ... em todos os tipos.
Chega a “ser engraçado”:
· Os políticos “batem” na saúde tratando-a como despesa sem retorno – mera obrigação para não ficar “sujo na fita” se algo errado acontecer e fizer perder voto na próxima eleição;
· As fontes pagadoras “espremem” os médicos, dentistas e os serviços de saúde para conter ao máximo possível os procedimentos e reduzir a sinistralidade ... a sinistralidade que reduz sua rentabilidade;
· Mas a demanda por acesso à saúde é mais forte que isso ... não tem como ser evitada !
· Pode “espremer”, pode “bater” ... o crescimento da área da saúde é inevitável ... e para surpresa de muita gente, inclusive “jô”, com ou sem pandemia !!
O gráfico extrapola um pouco mais a evolução percentual entre 2019 e 2022:
· Para quem necessita de acesso, “é de comemorar” o crescimento em todos os tipos ... maior o acesso ... menor a possibilidade de fila por falta de agenda;
· E para gestores da área da saúde, é de comemorar o crescimento em todos os tipos ... quanto mais equipamentos existirem ...
· ... se voce é de serviço de saúde, maior a produção, maior a receita gerada por eles;
· ... se voce é de fonte pagadora ... maior a concorrência e menor o preço a ser pago pelos procedimentos ... a “velha e fatal” lei da oferta e da procura.
É tão fato que a concorrência derruba os preços, que quem acompanha negociações entre fontes pagadoras e serviços de saúde como eu há anos ... as discussões precificação e reajustes de preços ... não é raro reajustar todas os preços de todas as tabelas (HM, HO, HMu, MAT, MED ...) e deixar preços de exames sem reajuste:
· Manter o mesmo CH das tabelas mais antigas ...
· ... quando muito um “IPCAzinho” ... ou uma outra “merrequinha” qualquer !
· Somente quando o cenário não define concorrência é que a negociação é bem diferente disso !!
Não dá para encerrar esta exposição sem enfatizar que, mesmo com este crescimento, ainda necessitamos de mais equipamentos, especialmente de diagnóstico por imagem, em várias regiões do Brasil:
· Os gráficos ilustram a quantidade de equipamentos per capita em cada UF no Brasil, ou seja a quantidade de equipamentos dividida pela população existente;
· O de cima demonstra que mesmo equipamentos de RX variam quase 3 vezes entre a UF de menor e de maior oferta para a população ... ou seja, entre a que tem mais equipamentos per capita dá 3 vezes mais acesso para quem necessita do que a que tem menos ... isso é muito quando tratamos de gestão da saúde ... é uma “diferença abissal”;
· O da esquerda os equipamentos de Ultrassom: uma variação de quase 4 vezes;
· O da direita os equipamentos de radiologia odontológica: uma variação de mais de 7 vezes.
Não se pode ter uma diferença de acesso tão grande assim, se quisermos ter sistema de saúde pública justa para os pobres ... se quisermos ter sistema de saúde privado com preços justos para as fontes pagadoras !
Tive a oportunidade de interagir profissionalmente durante algum tempo muito próximo ao mercado da radiologia odontológica:
· Existe um viés “político e comercial” que fez com que ela explodisse no Paraná ... não há espaço aqui neste texto para explicar ...
· Mas mesmo se tirarmos o Paraná, o fator cairia para 5 vezes, capitaneado pelo Espírito Santo ! ... que também tem “sua história” na RO ... tudo que é anormal na saúde tem “um enredo digno de desfile de escola de samba” ... acredite !!
· Mesmo se expurgarmos as UFs fora da curva ... a variação ainda é muito grande nas UFs, como no caso dos outros equipamentos !!!
Quando “pegamos” outras especialidades:
· Também observamos que uma especialidade se desenvolve muito mais em uma região do que outra ... elas não variam de forma uniforme dependendo da população, e nem por outro fator único ... a geografia econômica da saúde define a proporção;
· Variações de 5 vezes em mamógrafos e ressonâncias ... e 8 vezes em tomógrafos;
· Voce pode até querer argumentar sobre a necessidade de existir ou não um tomógrafo em uma região onde a infraestrutura geral é ruim ... que vale mais a pena levar o paciente “dali para fazer exame acolá” ...
· Mas no caso de mamógrafo ... é diferente ... um exame de tomo e ressonância em boa parte dos casos já é evolução de um processo diagnóstico preliminar ... mamografia geralmente não ... é para descobrir algo que “nem estava no radar” do médico.
É bem provável que uma mulher que esteja com dor no joelho, já tem um pré diagnóstico de ruptura dos ligamentos, se disponha a viajar 100 km para fazer uma ressonância e confirmar “o dano”:
· Mas é pouco provável que uma mulher se disponha a viajar 100 km para fazer uma mamografia de rotina, quando não existe nenhum sintoma ou sinalização no autoexame ... esta mulher que poderia ter diagnóstico de tumor precoce e um tratamento mais eficiente e barato, vai ter diagnóstico tardio e um tratamento mais caro e com péssimas consequências para o que vem a seguir na sua vida;
· Se voce mora em grandes capitais, ainda pode pensar que viajar 100 km é algo de 2 horas – nada demais ... um grande engano ...
· ... quem conhece boa parte “das entranhas” do Brasil como eu sabe que 100 km pode significar horas e horas em “estrada de terra” ... ou mesmo “dias de barco” !
Então, por mais que o mercado de equipamentos esteja expandindo, necessitamos que ele cresça mais ... ainda temos muito o que melhorar !
A discussão de que o mercado da saúde em geral, não só os equipamentos, é grande, mas precisa crescer porque a demanda por saúde ainda é muito maior do que o acesso está muito presente nos primeiros cursos da lista de Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde da Jornada da Gestão em Saúde de 2023:
· A demanda gera expansão, a expansão gera competição, a competição derruba os preços ...
· ... menor o preço, maior o acesso ao diagnóstico ... maior o acesso ao diagnóstico, maior evidência da necessidade de procedimentos que não existiriam se o diagnóstico não tivesse sido feito no melhor momento para enfrentar a doença ...
· ... e a demanda nunca cessa ... gerando mais expansão ... um “círculo virtuoso” ! ... não vicioso porque não estamos falando de produtos fúteis, supérfluos ... estamos falando de saúde, manutenção da vida ... um ciclo virtuoso na essência !!
Estão abertas as inscrições para turmas dos Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde para gestores da saúde privada e pública:
· Já estão disponíveis a atualização 2023 de 24 cursos da lista total do programa
· Cursos sem similares em formato e conteúdo
· O melhor custo x benefício para certificados de acordo com a sua disponibilidade financeira e de agenda
· Cursos disponíveis: Página do Programa CPGS – Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde www.cpgs.net.br
· Agenda das provas para turmas abertas: Página da Jornada da Gestão em Saúde www.jgs.net.br
· Lista de milhares de profissionais certificados www.escepti.com.br/certificados
Referências sobre conteúdo para gestores da área da saúde privada e pública:
· Conteúdo especializado para gestores da área da saúde privada e pública www.noticia.net.br
· Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e seminários temáticos www.gesb.net.br
· Modelos para gestão em saúde (livros gratuitos para download): www.escepti.com.br
· Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde contato@escepti.com.br
Sobre o autor Enio Jorge Salu
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado