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Não se fazem mais pacotes como antigamente

0324 – 27/03/2023

Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Ainda existem operadoras e serviços de saúde discutindo pacotes completamente inviáveis

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

“Pegando carona” na liberação de mais 5 cursos no Programa CPGS, agora disponibilizando o eixo temático de pacotes na saúde suplementar, que totaliza agora 29 cursos já atualizados para a versão 2023:

·        ... e discutindo a premissa de que contas tipo pacote, pacotes para melhorias de cuidados, empacotamentos, modelos de pacotes e empacotamentos referenciando procedimento ou matriz ... tudo pode ser viável ou inviável tanto para as operadoras como para os serviços de saúde !

·        Só depende dos lados (operadoras e serviços de saúde, em especial hospitais) tratarem a precificação como um projeto “sem pegadinhas” ...

·        ... e reduzirem ao mínimo as análises subjetivas: utilizarem conceitos e técnicas que inserem o máximo de objetividade tanto nas proposições por parte das operadoras, como nas análises de viabilidade por parte dos serviços de saúde !!

Os gráficos demonstram que algo com imenso potencial de adesão, por ser mera forma de precificação, que não deveria interferir na prática assistencial ... “não deslancha” ... não evolui como poderia evoluir ! ... e para quem é do ramo, é bem fácil de entender.

Os gráficos da esquerda demonstram a evolução da tabulação de itens das contas:

·        Barras azuis, itens do tipo pacote ou empacotamento ... barras laranjas, itens abertos;

·        Gráfico de cima internações ... gráfico de baixo, atendimentos externos (ambulatório, PS/PA e SADT);

·        Nos dois a proporção de pacotes em relação à prática geral pode ser chamada de “ridícula” !

No gráfico da direita a evolução do % de pacotes em relação ao total:

·        Barras azuis, evolução dos pacotes em internações;

·        Barras laranjas, evolução dos pacotes em atendimentos externos.

Nas internações:

·        Dá para perceber que durante a pandemia houve um crescimento discreto, justamente pelos pacotes para tratamento de pacientes COVID;

·        Mas bastou passar a pandemia para retrair a linha de tendência;

·        “Cá entre nós”, uma grande parte das internações se referem a procedimentos muito padronizados: parto, ATJ, ATQ, Herniorrafia ... pacotes nestes procedimentos, em alta frequência, são projetos que têm tudo para dar certo !

·        Estar “na casa” dos 6 – 8 % é uma vergonha para quem lida com os projetos de implantação de pacotes, tanto nas operadoras como nos serviços de saúde !!

Nos atendimentos externos o cenário é ainda pior:

·        Foram excluídos da massa de dados os itens que se referem às consultas e aos exames de baixa complexidade: laboratório de análises clínicas, radiologia geral ... porque se estivessem aí a proporção seria abaixo de 0,1 % ... as linhas azuis na proporção do volume seriam invisíveis” no gráfico da esquerda;

·        Mesmo mantendo somente itens que têm razoável chance de serem empacotados (pequenos procedimentos ambulatoriais, atendimentos em pronto socorro, exames de endoscopia ...) a proporção é ainda menor que nas internações ... vergonha ao quadrado !!

Mas para quem “habita o mundo” que envolve quem está de um lado e de outro da mesa em consultorias como eu ... infelizmente nenhuma surpresa ... na maioria da maioria absoluta das operadoras e dos serviços de saúde o assunto não é tratado de forma adequada ... o amadorismo é a regra, não a exceção !!!

 

 

O amadorismo começa por não dominar os fundamentos da precificação na área da saúde privada.

Quando enquadramos as operadoras em grupos (as modalidades, segundo o idioma da ANS):

·        Percebemos claramente que lidam com a precificação do que compõe a sua sinistralidade de forma absolutamente diferente, porque estão no mercado da saúde com motivações completamente diferentes;

·        A discussão do preço nas contas abertas é completamente diferente em uma cooperativa médica e em uma medicina de grupo ... em uma autogestão ... seguradora ...

·        Então é lógico que o desenvolvimento e a discussão da precificação do pacote também devam ser diferentes dependendo “do objetivo social” da operadora ... mas na prática é tratado de forma igual pela maioria delas !

Quando verificamos o empenho de insumos para realização de um mesmo procedimento:

·        Não é sempre igual para pessoas do sexo masculino e feminino ... não é sempre igual para pessoas de diferentes faixas etárias ... a composição das contas abertas ajusta (alinha) estas diferenças, que podem ser grandes ou pequenas dependendo do procedimento e do cenário em que está envolvida a relação comercial;

·        Então não é lógico que se pense em pacote que seja sempre aderente aos pacientes do sexo masculino e feminino ...

·        ... não é lógico pensar que pacote seja sempre aderente aos recém-nascidos, crianças, adolescentes ... idosos !

·        É lógico pensar que o desenvolvimento e a discussão de pacotes sejam diferentes dependendo de determinadas características dos pacientes que são submetidos ao procedimento ... mas na prática não é !

Pacote não é uma precificação simples ... é um projeto de precificação:

·        Quando um projeto começa com parâmetros (diretrizes) erradas como esta, a chance do produto final do projeto ser o que queremos “beira a zero”;

·        E na prática a maioria dos envolvidos no desenvolvimento dos pacotes na maioria das operadoras ... a maioria dos envolvidos na análise de viabilidade de pacotes na maioria dos serviços de saúde ... não dominam conceitos básicos de precificação;

·        Então a maioria dos projetos de pacotes começam “indo pro Norte, quando se quer ir para o Sul ... e quando chegam ao destino começam as narrativas de que a bússola apontou o caminho errado” ! ...

·        ... a culpa sempre é da bússola ... nunca do navegador !!

 

 

Já estamos em 2023 ... há cerca de 2 décadas do “grande split” dos pacotes no Brasil ... e ainda tem quem confunde, ou desconhece a diferença entre:

·        “Conta tipo pacote” e “pacote para melhoria de cuidados”;

·        “Pacote que referencia procedimento” e “pacote  que referencia matriz de insumos”.

Ainda temos muitos “senhorzinhos” (sem falar da idade física, mas “da idade profissional”) que discutiam pacotes há 20 anos atrás, quando o desenvolvimento do tema estava “debutando”, e continuam fazendo da mesma forma até hoje.

É inacreditável, por exemplo, lidar profissionalmente com gestores comerciais em hospitais:

·        Que comparam a proposta do pacote apenas com o valor médio das contas abertas, sem critérios adequados de seleção, sem conhecer a cadeia de valores que envolve o procedimento (os parceiros comerciais envolvidos e a forma como são contratualizados), sem conhecer o que é dinheiro do hospital e o que não é daquilo que está apresentado nas contas ... um horror !

·        E mais inacreditável ainda perceber que um gestor que era de operadora está atuando em hospital (ou vice-versa) e “não virou a chave” ... voce fala com o gestor de precificação do hospital e parece que está falando com o da operadora ... e os objetivos de um e de outro são antagônicos !!!

“Na cabeça” de uma infinidade de gestores de precificação de operadoras e de hospitais pacote é uma coisa só:

·        Não está na sua agenda opções de tipos, alternativas para viabilizar cenários específicos ... quais as vantagens e desvantagens de cada tipo em cada situação;

·        Na cabeça deles a operadora está querendo “aplicar um ipon” no serviço de saúde então “nada de entrar no dojô”;

·        Na cabeça deles todo hospital que não aceita a proposta do pacote está “nadando de braçada” no lucro que não quer abrir mão;

·        Avaliar o cenário real, e os tipos ... as alternativas viáveis ... não está na agenda !

 

 

A regra ainda é ter gestores de precificação de pacotes não adequadamente capacitados ... despreparados para desenvolver, avaliar, negociar:

·        Sem “clarividência” dos cenários ...

·        ... das carteiras de beneficiários / pacientes que compõem o cenário real ...

·        ... dos métodos adequados para operadoras, dos métodos adequados para serviços de saúde, em especial para os hospitais !

·        Por isso a afirmação lá de cima de que para quem atua no ramo é fácil entender como algo com excelente potencial de evolução, continua tendo uma evolução vergonhosa !

A avaliação custo x preço em serviços de saúde continua sendo “tabu”:

·        Empresas de tecnologia ... consultorias especializadas em contabilidade ... vendem dificuldade para vender produtos;

·        Deixam os gestores comerciais dos serviços de saúde inseguros, e dão a eles argumentos fáceis de narrar para justificar que não tem ferramenta de trabalho para avaliar se o pacote é lucrativo ou não;

·        Poucas são as empresas ... poucos são os gestores comerciais ... que entendem que não é necessário nenhum “sistema tabajara” e nenhuma “poção mágica eletrônica” para avaliar os custos dos procedimentos;

·        Pouca gente tem noção de que não é necessária exatidão na segunda casa após a vírgula no cálculo do custo para efeito de avaliação de precificação ... nem exatidão na primeira casa após a vírgula ... na maioria absoluta dos casos, nem na terceira casa antes da vírgula, se é que me entende !

·        Então, com a desculpa de que não tem ferramenta de custo, se debruça no preço médio das contas como se fosse custo ... e invariavelmente não tem a menor ideia se o pacote vai realmente trazer prejuízo para o serviço !!

 

 

Neste cenário de amadorismo para lidar com contas tipo pacote:

·        Como esperar que se desenvolvam os pacotes para melhoria de cuidados, essenciais para os modelos de remuneração baseados em valor ...

·        ... esqueça RBV enquanto o nível de capacitação dos envolvidos para desenvolver pacotes for este ... esqueça pacotes para melhoria de cuidados for este ... infelizmente ... esqueça !

Por isso a melhor alternativa para melhorar o cenário são os projetos de “contas tipo protocolo em procedimentos contratualizados”:

·        Não me recordo de, nos últimos 10 anos, ter presenciado projetos de relacionamento comercial mais eficientes, eficazes e efetivos do que os de implantação de procedimentos contratualizados;

·        Pude acompanhar a redução do custo de auditoria, redução do stress comercial entre a operadora e o serviço de saúde, aumento da previsibilidade da sinistralidade para a operadora, manutenção da qualidade assistencial muito prejudicada nos projetos de contas tipo pacote ...

·        ... são várias as vantagens em relação aos “tradicionais” projetos de contas tipo pacote ... ninguém me contou – pude acompanhar na prática;

·        E já me arrisco a “cravar” que é o futuro, porque fazendo uma comparação simples “é como vacina”: o eventual dano que pode causar na complexidade dos processos, se por acaso causar, é infinitamente menor do que o benefício que traz tanto para a operadora como para o serviço de saúde.

A diretriz básica para contratualizar procedimentos é parceria entre a operadora e o serviço de saúde

·        Se um lado estiver focado em “detonar” ou outro ... esquece !

·        Porque exige adaptação tanto nos processos do hospital, como nos da operadora ...

·        ... ajustes simples, mas se “parceria” não estiver na agenda, serão colocados como “barreiras”, como tudo que ocorre nas relações “ganha x ganha” !

Pelo exposto acho que fica claro que a visão sobre o assunto pacote é a de que para “deslanchar” é necessária a quebra de paradigmas, porque modelos, técnicas e melhores práticas já estão mais do que maduras ... e o que deu e continua dando errado também já é mais do que conhecido e previsível !

Estão abertas as inscrições para turmas dos Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde para gestores da saúde privada e pública:

·        Já estão disponíveis a atualização 2023 de 29 cursos da lista total do programa

·        Cursos sem similares em formato e conteúdo

·        O melhor custo x benefício para certificados de acordo com a sua disponibilidade financeira e de agenda

·        Cursos disponíveis: Página do Programa CPGS – Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde   www.cpgs.net.br

·       Agenda das provas para turmas abertas: Página da Jornada da Gestão em Saúde  www.jgs.net.br

·       Lista de milhares de profissionais certificados   www.escepti.com.br/certificados

Referências sobre conteúdo para gestores da área da saúde privada e pública:

·        Conteúdo especializado para gestores da área da saúde privada e pública       www.noticia.net.br

·        Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e seminários temáticos     www.gesb.net.br

·        Modelos para gestão em saúde (livros gratuitos para download):   www.escepti.com.br

·        Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde     contato@escepti.com.br

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado