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Aos poucos vai se aprendendo a faturar as contas SUS em hospitais

0325 – 28/03/2023

Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Com tabela de preços congelada há anos, faturar bem as contas SUS é fundamental para manter a sustentabilidade

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

O gráfico demonstra a evolução do faturamento de BPAs em 3 hospitais que tenho relacionamento profissional há muito tempo:

·        Para quem não tem intimidade com “o idioma” ... BPAs são as contas apresentadas ao SUS que se referem aos atendimentos externos (não internação);

·        Os hospitais são diferentes: um é público, e dois são filantrópicos;

·        Os valores estão em base percentual ... o maior valor de cada um deles representa 100 % do total faturado em BPAs ... se fosse o valor faturado em reais as barras teriam proporção muito elevada entre eles e não “caberiam bem” em um único gráfico, porque o porte deles que foi contratualizado com o SUS é bem diferente.

O período é desde junho de 2017, até dezembro de 2022:

·        Mas excluindo o período da pandemia entre abril de 2020 e agosto de 2021, onde a apresentação das contas foi completamente desbalanceada em relação ao que era contratualizado;

·        Portando, vem mês a mês desde junho de 2017 até março de 2020, e depois retoma a partir de setembro de 2021 até dezembro de 2022.

Os 3 guardam uma similaridade de “performance” do faturamento similar, que é possível “ver pela inclinação” das linhas de tendência de cada um:

·        Vinham estagnados no início da série, mostrando uma “regularidade odiosa” ... o valor faturado vinha em um patamar baixo e com tendência de queda;

·        E do meio para o final da série a tendência se inverteu, com aumento do valor faturado;

·        E nos 3, nenhuma mudança na estrutura de atendimento significativa ... hospitais estão sempre mudando uma coisa ou outra no atendimento, oferta de serviços ... estes também mudaram ... mas a estrutura disponível para a contratualização com o SUS foi praticamente a mesma ...

·        ... ou seja ... a produção assistencial foi praticamente a mesma ... a tabela de preços (SIGTAP) sem reajuste ... o que mudou foi  a eficiência em faturar as contas ... a melhoria do processo de faturamento.

 

 

Quem tem mais intimidade com a gestão do faturamento SUS olha estes gráficos e entende rapidamente o que ocorreu com o hospital A ... o que tem a linha mais empinada no primeiro gráfico:

·        As barras azuis demonstram a distribuição do volume de itens faturados em BPAs em 2019, por grupo da tabela SIGTAP;

·        As barras laranjas, a mesma coisa em 2022;

·        É um demonstrativo “percentual” proporcional entre grupos ... em volume de lançamentos, todos os grupos tiveram evolução no volume de lançamentos ... as barras azuis e as barras laranjas, “dão os mesmos 100 %”;

·        Mas o aumento proporcionalmente maior dos lançamentos nos grupos 2 e 4 da tabela, que têm valores (preços SIGTAP) mais significativos em relação aos demais grupos da tabela, e levou o faturamento “lá para cima” !

Esta é a diferença entre faturamento e gestão do faturamento !!

Este é a diferença entre abrir prontuários e faturar as contas ... faturamento ... e modificar os processos para maximizar o faturamento ... gestão do faturamento !!!

 

 

A melhoria do faturamento ocorreu também nas AIHs:

·        Para quem não tem intimidade ... AIH ... as contas de internação no SUS;

·        E também foi mais preponderante no Hospital A ... mas também foi significativo nos outros 2 ...

·        ... em todos os casos foi muito importante para a sustentabilidade dos 3 hospitais.

 

 

E também nas internações, não houve mudança significativa nas diretrizes da FPO:

·        Para quem não tem intimidade ... FPO ... o plano orçamentário contratualizado com o SUS;

·        Os 3 mantiveram praticamente o mesmo volume de internação nas especialidades contratualizadas;

·        Novamente ... tabela de preços congelada ... então o que aconteceu é que eles passaram a faturar melhor.

O que aconteceu com eles foi o desenvolvimento de projetos de melhoria de faturamento ... os que em diversos textos como este sempre “cantamos em verso e prosa” como vencedores:

·        Criação do Grupo de Gestão das Receitas, com participação das áreas envolvidas;

·        Capacitação da Equipe de Faturamento e Auditoria de Contas em técnicas de padronização da formação das contas;

·        Implantação da Gestão da Tabela SIGTAP;

·        Envolvimento Adequado dos Profissionais Assistenciais, que se sentem valorizados em conhecer como a contratualização com o SUS ocorre, e são as peças fundamentais para que o mapeamento da produção ocorra da forma mais fidedigna possível ... para que as contas passem a espelhar a produção real ao máximo possível;

·        Ajustes nos Processos de Captação da Informação na Origem;

·        Sistematização do Faturamento, independente da qualidade do sistema informatizado.

Já vi este filme algumas dezenas de vezes ... se estas diretivas são “compradas pela alta gestão” o resultado é “líquido e certo” ... o faturamento vai lá pra cima.

Quando a gestão acha que é o  tema é “problema do faturamento” que deve ser resolvido por ele ... paga, e paga muito caro, pela negligência ... vai ficando com cada vez menos repasses ... e vai sobrando para ele a narrativa de que não é possível trabalhar com o SUS porque a tabela não é reajustada.

De alguns anos para cá, o primeiro cenário tem se intensificado, porque a tabela SIGGTAP lá de 15, 20 anos atrás, era muito lucrativa, apesar das pessoas “acharem” que não era ... mas a inflação exacerbada da área da saúde “vai queimando de forma implacável a gordura”, e exigindo que a gestão seja o mais profissional possível !

 

 

Para ilustrar, mantendo o hospital A como exemplo:

·        Os gráficos demonstram a evolução do volume de lançamentos em BPAs por grupo da tabela SIGTAP;

·        Na contratualização dele não se aplica o grupo 6 (medicamentos) nem o grupo 8 (complementares);

·        As barras vermelhas demonstram a quantidade pactuada nas FPOs;

·        E as barras azuis demonstram a evolução das quantidades lançadas nas BPAs;

·        Fantástico não ?

Neste período ele, da mesma forma que os outros 2, conseguiu quebrar com maior intensidade os paradigmas de 6 dos maiores “pecados” que a maioria dos hospitais que faturam SUS cometem:

·        Achar que as contas SUS são pacotes ... não sei de onde surgiu esta “teoria terraplanista” ... mas este “danoso vírus de desinformação” permeia uma grande parcela dos hospitais pelo Brasil;

·        Achar que como o orçamento é contratualizado, não é necessário faturar bem, porque o valor é fixo ... outro “vírus de desinformação” extremamente danoso

·        Achar que a tabela SIGTAP não sofre alteração alguma há décadas ... “fake” ... e “muito fake”, diga-se de passagem;

·        Achar que não deve faturar itens que na tabela SIGTAP tem  valor zerado;

·        Achar que tanto faz lançar um item em AIH ou em BPA;

·        Achar que o faturamento deve compor as contas de forma sincronizada com as metas, e sua obrigação é cumprir a meta apenas ... este certamente o maior de todos os pecados ... um verdadeiro “sacrilégio” ...  o faturamento deve faturar tudo que é produzido, sem se importar com o que foi pactuado !

 

 

A tradução de tudo isso pode ser comprovada pelo gráfico de evolução do hospital A:

·        As barras e linhas laranja demonstram a evolução da pactuação (as FPOs);

·        As barras azuis demonstram a evolução do faturamento (a produção independente do que foi pactuado).

Se o hospital não tivesse se empenhado em um projeto de gestão do faturamento ... se não tivesse quebrado paradigmas:

·        É provável que a linha laranja não tivesse tido variação ... teria ficado uma linha plana, paralela ao “eixo X”;

·        Porque há anos, a cada final de período de vigência da FPO o órgão gestor do SUS ameaçava reduzir o valor pactuado, demonstrando que o hospital não estava cumprindo a sua meta;

·        E olhando os números das contas isso era fato ... pelas contas o hospital estava produzindo cada vez menos !!

Mas neste hospital ... e nos outros 2 graças a Deus ... ocorreu o contrário:

·        Demonstrando a produção real o hospital passou a ter toda a justificativa necessária para pedir o “aumento da mesada”;

·        Porque o que ninguém deve esquecer é que o hospital não escolhe os pacientes ... eles vêm da regulação !

·        Hospital contratualizado com o SUS não produz o que quer ... produz o que é necessário fazer para dar assistência aos pacientes que recebe pela regulação !!

·        Gestão do Faturamento SUS ... é ter isso como pano de fundo nas ações de melhoria.

Demonstrando a produção real ... sem roubar ... sem fraudar ... o órgão gestor do SUS não teve como contra-argumentar:

·        Ou aumentava a mesada (o valor contratualizado) ...

·        ... ou diminuía o volume de atendimento (a quantidade contratualizada);

·        Porque receber cada vez menos proporcionalmente ao gasto que temos por contra da inflação ainda está dando para fazer ... mas pagar para atender pacientes não dá né !

“Tão simples quanto isso” !!!

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Referências sobre conteúdo para gestores da área da saúde privada e pública:

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Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado