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Continua tendo mais quem quer “diploma” do que qualidade na área saúde

0328 – 20/04/2023

Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Números comprovam que a maioria das instituições não levam a sério qualidade na saúde

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

Aproveitando que estamos disponibilizando mais 8 cursos, agora do eixo temático qualidade e totalizando 37 cursos no Programa CPGS, é oportuno falar sobre qualidade na saúde.

Bem ... não tem como tratar do assunto sem iniciar falando “da jaboticaba” da qualidade da saúde no Brasil que é o programa de acreditação da ANS:

·        Ele tem todos os elementos que são criticados “em verso e prosa” por quem tem alguma capacitação e noção do que significa realmente qualidade e certificação da qualidade, coisas completamente diferentes ...

·        ... todos os que qualquer curso ... qualquer estudo ... sobre qualidade alerta como sendo ponto de atenção, que apresenta algo que pode inviabilizar o que mais importa nas certificações de qualidade !

·        Ele se baseia prioritariamente ... só para citar o início de uma lista de coisas absurdas ... em registros não auditáveis, não tem foco no cliente dos processos (o paciente), mistura instituições que não têm nada a ver umas com as outras, e inicia pela elegibilidade de instituições a partir de indicadores de extrema complexidade de cálculo, e que podem ser (podem não ter sido, mas podem ser) calculados a partir de informações de “contabilidades criativas”, se é que me entende !!

Não vamos “perder” tempo falando muito sobre esta acreditação aqui:

·        Apenas apresentar os gráficos que demonstram que o programa é um grande fracasso;

·        Os gráficos de cima demonstram a evolução do volume de operadoras acreditadas por nível (I, II e III) – notar que no nível III em dezembro de 2022 não existe uma única operadora certificada;

·        O gráfico inferior esquerdo, a evolução total de operadoras acreditadas – notar que a ordem de grandeza do maior período de aderência de acreditação não chegou nem mesmo a 8 % das operadoras que existem;

·        O gráfico inferior direito enfatiza que, após “uma década”, quase 80 % das acreditadas, que são “uma merreca” estão no primeiro nível de acreditação.

Os números “corroboram” a não darmos atenção ao programa aqui no texto ... e servem “de lição” para quem está “se introduzindo” no tema qualidade, e quer seguir o caminho correto:

·        Não desprezar os preceitos fundamentais do LEAN ...

·        ... o principal deles: qualidade a gente quer ou não quer ter ... a gente tem ou não tem ...

·        ... certificação real da qualidade é uma consequência de termos ou não termos qualidade !

·        O programa de acreditação da ANS não tem elementos fundamentais do LEAN para medir qualidade ... é uma compilação de “indicadores burocráticos” ... por isso fracassou !!

Isso não quer dizer que no caso de serviços de saúde “estamos bem na fita” ... muito pelo contrário ... não podemos dizer que qualidade nos serviços de saúde fracassou, mas estamos a anos-luz de dizer que temos algum sucesso em relação a isso !!

 

 

O gráfico demonstra a evolução do volume de serviços de saúde certificados:

·        Por mais que a origem da informação possa ter algum viés (CNES), a realidade é essa aí !

·        É indiscutível que temos poucas instituições certificadas no Brasil em relação ao volume de serviços de saúde que existem e poderiam se engajar em processos de certificação da qualidade;

·        E, como demonstra o gráfico, não dá para atribuir o retrocesso da temática à pandemia, afirmando que como as auditorias presenciais foram prejudicadas, os serviços de saúde resolveram esperar um momento melhor ...

·        ... já em 2019, antes da pandemia, uma queda visível desmente esta narrativa !!

Em tempo ... é necessário ... “abre parênteses” ... auditoria de qualidade remota, especialmente em hospitais, como foi amplamente praticada durante a pandemia, é uma das coisas mais absurdas que a “administração viu” desde o início da humanidade ... algo completamente insano ... “fecha parênteses” !!!

A verdade é que o “mercado profissional da certificação” continua vendendo “diploma” e não qualidade os serviços de saúde:

·        Como o gestor do serviço não entende qualidade como redução de custo nos médio e longo prazos ...

·        ... como fica pensando no custo x benefício da certificação ...

·        ... faz a "conta de padeiro antigo com o lápis na orelha" e não compra !

·        Olha ... se eu fosse comprador de um produto que não conheço e que estivesse sendo vendido desta forma ... colocaria o lápis na orelha e faria exatamente igual !!

·        O gráfico nada mais espelha esta realidade ... a “não evolução” do tema como deveria ter evoluído !!!

 

 

O vendedor da certificadora vende “o selo” ... não vende “o resultado da qualidade” ! ... então  ...

·        Nos serviços de saúde onde o selo tem um peso mercadológico muito importante – faz muita diferença para a imagem comercial de um laboratório ser acreditado ou não – o tema “deslancha” com maior proeminência ...

·        ... mas onde ter o selo ou não comercialmente não faz muita diferença ...

·        ... na verdade na maioria absoluta dos casos não faz diferença alguma ...

·        ... o serviço não se obriga a “chamar alguém” para atestar a qualidade que acha que tem, ou tem receio de que alguém venha “dar uma canetada” expondo ao mercado a “qualidade que não tem” !

 

 

Criamos então no Brasil uma mera “disputa mercadológica”:

·        Tipo torcida por time de futebol ...

·        ... qual o melhor selo, qual a melhor certificadora ...

·        ... sempre amparada por “opiniões de torcedores” afirmando que o seu time é o melhor, de forma absolutamente subjetiva ...

·        ... eu dizendo que o “meu Santos” é o maior do mundo, sabe !! ... e utilizando os indicadores que interessam para mim na afirmação para comparar com o Corinthians, o Palmeiras, o São Paulo ... cada um faça sobre os indicadores que interessam para justificar que o selo ... a certificadora ... “X é melhor que a Y” !!!

Então reparamos que não temos cases referendados por instituições de ilibada reputação demonstrando o resultado real da certificação para “o negócio” das entidades certificadas ?

·        Não me refiro aos “marketcases” ...os patrocinados por prestadores de serviços em luxuosos ambientes hoteleiros ...

·        ... me refiro aos casos reais ! ...

·        .. com análises de indicadores objetivos de negócios que podem (e deveriam) estar no escopo da análise de qualquer projeto de acreditação, seja lá qual for o selo !!!

 

 

Uma realidade que, quem é gestor na área da saúde ... quem torce pelo desenvolvimento da gestão da saúde pública e privada ... não gostaria de estar assistindo:

·        Não gostaríamos de estar vendo estes gráficos ...

·        O único modelo de certificação de domínio público (PNASS) "mica" porque não existe interesse econômico que o sustente;

·        E foi “aviltado” pelo “apagão” no ministério da saúde nos últimos anos;

·        E isso não é narrativa política ... a linha azul do gráfico da esquerda não deixa a menor margem de politização sobre o tema ... o que fizeram com o incentivo ao PNASS foi “criminoso”.

O modelo mais barato aumenta, porque a maioria dos que compram está motivada em ter “o diplominha” na parede da antessala da presidência:

·        Pode perguntar para quantas equipes que participaram das creditações que desejar ...

·        ... todos (os honestos) dirão que o modelo foi escolhido porque os outros são mais caros ...

·        ... alguns até vão dizer que no futuro ... no futuro quem sabe ! ...

E os mais caros, aderentes para os não laboratórios, apesar do "espantoso crescimento" estão presentes em menos de 0,5 % do total de estabelecimentos de saúde do Brasil que poderiam / deveriam estarem engajados em programas de acreditação:

·        Embora os 3 selos deste grupo tenham curvas de tendência “bem empinadas para cima” como demonstra o gráfico do meio, são “moscas brancas” !

·        As instituições que resolvem aderir a um deles são a minoria da minoria da minoria ...

·        ... e algumas delas, inclusive é bom que se diga, não porque o modelo mais barato é pior ... é porque o peso do selo importa no seu caso !!

·        Mas a “maioria desta minoria” analisou aspectos técnicos que são mais aderentes ao seu cenário específico para definir a escolha... é bom que se diga !!!

No cenário dos laboratórios, se juntar o gráfico da direita, com o segundo gráfico cima:

·        A “pintura comemorativa” da tendência de crescimento em todos os selos é “manchada” pela baixa adesão que existe;

·        Os laboratórios instalados dentro de hospitais geralmente não se acreditam por selos diferentes da acreditação hospitalar ... e deveriam porque qualidade hospitalar “é um bicho” muito diferente da qualidade dentro dos laboratórios ... e eles acabam, no universo hospitalar, buscando certificação ISO simples ... a mesma utilizada nas indústrias;

·        Vemos também uma grande tendência de concentração em um dos selos !

 

 

A realidade é comprovada pelos números ... e está posta ...

·        Saúde não aprendeu ainda que certificação da qualidade é importante, mas menos importante do que a gestão de processos que dá o suporte para a gestão da qualidade;

·        Esta gestão de processos que inexiste na maioria das instituições que atuam no segmento !

·        Se o alicerce, a gestão adequada dos processos, não existe ... o edifício, a qualidade, não pode ser seguro ... “mascarar” isso tem como consequência um diploma na parede, e uma qualidade que não tem como existir !!

E bom encerrar “esta prosa” atestando ...

·        ... porque conheço e não porque ouvi falar !

·        Algumas das operadoras de planos de saúde que dão um “show em qualidade” ... tem IDSS da ANS “mais baixo que camada de petróleo” ... e, inclusive, que a considerada como “a melhor delas em qualidade” não tem selo de qualidade algum nos seus serviços de saúde próprios !

·        Alguns hospitais e outros serviços de saude que dão um show de qualidade não são acreditados ... vários !

·        Em algumas operadoras com IDSS alto a “qualidade passa longe” !

·        E muitos serviços de saúde deveriam se envergonhar do que fizeram para conseguir a o diploma ... e ainda usar isso para “propagandar” que têm qualidade ... não tendo !!

 

 

Este texto é de um dos vários quadros espalhados em um hospital de rede própria de operadora:

·        Não existe um único quadro com “diploma de certificação”;

·        E esta operadora é uma das referências do mercado em qualidade e gestão de processos;

·        Como o próprio texto deixa explícito: conscientizar os colaboradores sobre qualidade e melhorar os processos é o foco;

·        Por isso ela é referência em qualidade !

É uma das instituições que compraram a ideia da qualidade, se empenharam e descobriram ao longo tempo que pagaram muito barato em comparação com os resultados que obtiveram a partir dela:

·        Independente de acreditações e certificações !

·        Instituições onde a gestão dos processos realmente existe, e qualidade e segurança do paciente são meras consequências disso ... levando as coisas a sério, entende ?

·        As que fazem a gestão da saúde evoluir, e permitindo um maior e melhor acesso da população aos serviços que necessitam !!

Estão abertas as inscrições para turmas dos Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde para gestores da saúde privada e pública:

·        Já estão disponíveis a atualização 2023 de 37 cursos da lista total do programa

·        Cursos sem similares em formato e conteúdo

·        O melhor custo x benefício para certificados de acordo com a sua disponibilidade financeira e de agenda

·        Cursos disponíveis: Página do Programa CPGS – Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde   www.cpgs.net.br

·       Agenda das provas para turmas abertas: Página da Jornada da Gestão em Saúde  www.jgs.net.br

·       Lista de milhares de profissionais certificados   www.escepti.com.br/certificados

Referências sobre conteúdo para gestores da área da saúde privada e pública:

·        Conteúdo especializado para gestores da área da saúde privada e pública       www.noticia.net.br

·        Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e seminários temáticos     www.gesb.net.br

·        Modelos para gestão em saúde (livros gratuitos para download):   www.escepti.com.br

·        Informações adicionais sobre cursos e consultoria em gestão na área da saúde     contato@escepti.com.br

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado