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A mais-valia dos salários na área da saúde

0339 – 27/06/2023

Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Médias salariais demonstram que o impacto da PEC da Enfermagem pode ser “nenhum” ou “desastroso”

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

O que pode explicar tanta variedade de cargos relacionados a uma mesma profissão, como é o caso da enfermagem na área da saúde ?

Quando se discute um “piso” para a categoria esta pergunta nunca foi tão “emblemática” ! ... e é bem mais fácil entender os impactos reais da PEC da Enfermagem do que se pensa !!

Por que ?

·        Um auxiliar de enfermagem de saúde mental ganha em média menos do que um auxiliar de enfermagem da ESF ?

·        Um técnico de enfermagem de trabalho ganha em média mais do que um técnico de enfermagem socorrista ?

As perguntas aqui não são no sentido de achar que deveria ser o contrário, ou que os salários deveriam ser iguais ... o que se discute é: o que faz com que uma especialização de uma mesma profissão seja mais valorizada do que outra pelo mercado ?

Em “épocas mais remotas da civilização” havia maior dificuldade de formação dos trabalhadores ... das profissões ...

·        Quando o conhecimento era passado exclusivamente de uma pessoa (o professor ... o mestre ...) para outra (o aluno ... o aprendiz ...);

·        Quando o conhecimento era formalizado em livros de papel, que nem todos tinham condições financeiras de adquirir ... que nem todos tinham uma biblioteca pública próxima para “tomar emprestado” ... que nem todos tinham acesso ! ...

·        Quando nem todo o conhecimento estava à disposição, como tem estado mais recentemente na Internet;

·        Quando as faculdades públicas protagonizavam a excelência do ensino e as privadas que entregam alguma excelência eram caras ... quando a maioria absoluta das privadas era “castigo” para quem não conseguia cursar a pública ...

·        Quando o acesso ao ensino superior era “penoso” para passar na pública, ou caro demais para cursar a privada ... ou ... quem é “mais antigo” lembra disso: quando existia “meia dúzia” de cursos ... a diversidade de profissões era pequena !

Acho que não é necessário dizer que a realidade hoje é bem diferente  de tudo isso !

Então ... o que faz com que uma profissão hoje seja mais valorizada que a outra, menos do que a emoção de se formar ... de se especializar ... é a lei da oferta e da procura:

·        Um serviço de saúde necessita de um determinado tipo de enfermagem ...

·        ... se tem enfermeiro de sobra  nesta especialidade no mercado, eles aceitam salários menos compensadores para não ficarem desempregados ...

·        ... se tem de menos ... não se sujeitam a qualquer salário ... o “empregador” tem que pagar mais !

E o mercado da saúde é gigantesco em tipos de empresas que necessitam do mesmo tipo de profissional ... especialmente para algumas profissões ... muito especialmente para enfermagem:

·        Secretarias de saúde, operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, serviços de diagnósticos, consultórios, fornecedores de insumos para a área da saúde ...

·        ... são mais de meio milhão (mais de 500 mil) de CNPJs empregadores no Brasil na área da saúde !

·        Algumas profissões são necessárias em alguns tipos, e em outros não ... algumas profissões com determinada especialização são “disputadas à tapa” por todas elas !

Nem todos necessitam, por exemplo, de técnico de enfermagem especializado em psiquiatria:

·        Então, isso não atrai prioritariamente a enfermagem para este tipo de especialização;

·        Logo ... a empresa que necessita precisa pagar um pouco mais para atrair bons profissionais boa parte das vezes ... senão a maioria das vezes ... para se especializarem no próprio serviço de saúde;

·        Especializar profissionais custa ... se ele se especializar e sair, novo custo para especializar o substituto ... então vale a pena pagar um pouco mais para que ele não saia ... para que o novo custo de especialização não ocorra novamente;

·        E olha que eu nem estou citando os problemas de queda do nível de assistência do serviço que perde profissional adequadamente especializado ... estamos aqui falando de dinheiro ... de salário e de custo para reposição !

 

 

Todos os gráficos aqui foram construídos com uma base de dados de 42 empresas:

·        Entre 500 mil, esta amostra “é um grãozinho de areia na praia do meio milhão”;

·        Mas “a prosa” aqui não é discutir variantes, medianas, “Pareto” ... é discutir apenas as nuances do gigante mercado empregador que é a área da saúde ...

·        ... para isso, a amostra “dá e sobra” !

O gráfico da esquerda serve para ilustrar como o tipo de mantenedora da instituição empregadora é significante na formação dos salários:

·        Quando comparamos a média salarial de enfermeiros, farmacêuticos e fisioterapeutas, percebemos que dependendo do tipo de mantenedora a proporção varia bastante;

·        Se a empresa não distribui lucro para os membros da sociedade mantenedora, a tendência é reaplicar o lucro no próprio negócio e/ou pagar maiores salários;

·        O gráfico deixa isso bem claro quando observamos que, na média, as empresas privadas pagam salários menores;

·        E empresas públicas são “um caso à parte” ... a questão salarial na área pública tem um componente político que extrapola esta discussão ... podem balancear mais ou menos dependendo da profissão ... do tempo que ela é regulamentada ... e outros fatores específicos dos “planos de carreira da administração pública”.

O gráfico da direita serve para ilustrar que, embora muitas profissões existam em vários tipos de empresa na área da saúde, algumas necessitam mais ou menos delas, para atingirem o seu objeto social:

·        Veja que “atendentes” em ambiente hospitalar são mais valorizados do que nos outros tipos de empresas que atuam no segmento ...

·        ... que auxiliar de logística é muito menos valorizado em operadoras de planos de saúde do que em farmácias !

·        São exemplos fáceis de entender porque em um tipo de empresa se paga mais para determinada profissão do que em outra ... embora sejam profissões que permeiem todas elas !

 

 

Uma questão salarial básica continua sendo pagar mais para profissões que exigem maior esforço para especialização:

·        Mas, se por um lado temos maior oferta de acesso para pessoas conseguirem obter um diploma de nível superior ...

·        ... tem até propaganda de cursos que custam menos de R$ 100,00 por mês ...

·        ... infelizmente muitos em que a contrapartida é “esforço nenhum” por parte do aluno, desde o “vestibular” para entrar, se é que me entende ! ...

·        ... inclusive de alunos que cursaram ensino médio “que não reprova” ...

·        ... se por um lado temos esta “facilidade” atualmente ...

·        ... por outro lado é justamente esta facilidade que reduz o fator de competitividade por ter um curso superior !

Temos “diplomas” de cursos superiores que só servem para “não eliminar o candidato à vaga” ... não é diferencial competitivo para ele, e pode até mesmo “queimar o filme”, se é que me entende !

Também ... nem sempre o critério de seleção considera o mérito ... o esforço ... como ocorre em qualquer segmento de mercado, é bom que se diga:

·        O “QI (quem indicou)” é fator preponderante ... e que coisa ... em um cenário onde o diploma não é fator de diferenciação, porque todo mundo pode ter um ... o “QI” deixou de ser algo “pejorativo” na seleção, para ser fator de segurança ... quem diria !

·        Já nos “concursos públicos” tanto faz que se uma faculdade de R$ 99,99 ou de mais de R$ 10.000,00 por mês ... o critério de habilitação é ter o diploma “reconhecido pelo MEC” ...

·        ... então o caminho mais curto para concursos públicos é “pegar o diploma” seja lá qual for, com o menor custo possível, e se especializar em “cursos para passar em concursos”;

·        E na área privada passou a ser politicamente incorreto diferenciar o diploma, se ambos são reconhecidos ... mas que o selecionador “considera sem falar que considera”, é fato !

·        Tudo isso faz com que ter uma indicação passou a ser tão importante !!

As coisas não deveriam ser assim, não é verdade ? ... mas são !!!

 

 

A outra questão básica é quanto a instituição pode pagar para manter sua sustentabilidade financeira:

·        O mercado da saúde tem oportunidades para uma grande diversidade de instituições ...

·        ... quem financia, quem paga, quem fornece, quem executa ...

·        ... para quem está no segmento por vocação, por algum objetivo de cunho social, por lucro ...

Tem profissão que a regulação exige que exista:

·        Algumas a instituição entende a necessidade, vê o resultado que dá, e então busca o melhor profissional, pagando o máximo que consegue ... o máximo que não “destrói” o custo x benefício;

·        Algumas a instituição não entende a necessidade, mas como tem que ter, paga o mínimo do mínimo do mínimo para preencher a vaga;

·        Na área da saúde existem muitos cenários como este em profissões de apoio assistencial !

Dependendo do que a instituição faz, de qual seu objetivo social, a oportunidade de sustentabilidade é diferente:

·        Algumas se rentabilizam financeiramente mais facilmente ...

·        ... e para outras a rentabilização “requer um pouco mais de emoção”;

·        E isso se reflete na média salarial que elas podem pagar para manter a sua sustentabilidade.

Lembrando que todos os gráficos se referem a uma amostra, e não de todas as empresas do segmento de mercado:

·        O gráfico da esquerda demonstra que, na média, o nível de remuneração hospitalar é melhor ... vamos lembrar que são empresas que não atuam no risco, e que realizam procedimentos de alta complexidade, que rentabilizam melhor que os de média e baixa complexidades !

·        O gráfico da direita demonstra que, na média, empresas que tem dono remuneram menos ... porque se o investidor não tiver boa rentabilidade pessoal, evidentemente, não vai continuar investindo no segmento ... então, logicamente, seja qual for o tipo de investidor ... sociedade simples, sociedades limitadas, sociedades anônimas ... procuram reduzir ao máximo os custos com os insumos ... incluindo, é claro, os salários que pagam ... para obterem melhor resultado !!

 

 

E a média salarial, por tipo de empresa, varia em função da dificuldade da mantenedora em “granjear colaboradores de qualidade”, e mantê-lo no seu quadro de pessoal:

·        A área pública exige que exista, em quantidades regulatórias, um certo contingente de pessoal por especialização;

·        Em alguns casos esta exigência acaba oferecendo para profissionais desta especialização melhores condições profissionais do que a área privada ... nem sempre o nível salarial ... as vezes a jornada de trabalho, a carga de trabalho ...

·        Onde a área pública “compete” com a área privada na absorção dos profissionais do mercado, a área privada se obriga a dar melhores condições de trabalho ... geralmente maiores salários !

O gráfico exemplifica isso em relação a 5 grupos de profissão ... a característica proporcional não se mantém em todas elas !

 

 

Estes gráficos são fantásticos para “fechar o cenário do impacto da PEC da Enfermagem”:

·        Pegando como exemplo apenas operadoras de planos de saúde para demonstrar como o impacto não varia somente em relação ao tipo de empresa ... mas também em relação ao tipo de mantenedora !

·        O gráfico da esquerda demonstra que cooperativas médicas “pagam melhor” para enfermagem do que medicinas de grupo e seguradoras;

·        Isso demonstra também que não dá para associar com o fato de quem tem rede própria e quem não tem ... isso serviria para justificar “seguradoras”, mas para medicinas de grupo e cooperativas médicas não se justificaria !

·        E o gráfico da direita demonstra que mesmo dentro do grupo enfermagem, a especialização define cenários diferentes, porque não se tem a mesma oferta de profissionais de enfermagem para todos as especializações.

É a prova mais evidente que a PEC da Enfermagem traz impactos muito diferentes:

·        Para algumas empresas o piso definido é maior que o praticado ... para outras muito maior ... entre elas, gera impactos muito diferentes !

·        Para outras empresas, o piso definido é menor do que se paga ... chance de quase 100 % de não haver impacto nenhum !

Mas na verdade ... quando a instituição já paga mais que o piso, a PEC da Enfermagem pode até resultar em redução salarial ao longo do tempo se não houver dificuldade em contratar e manter os profissionais que necessitam, é claro !!

·        É a “lei da mais valia” ...

·        ... é mesmo complexa e desafiadora a gestão da saúde ... não é ?

·        É o que faz a gente se dedicar cada vez mais em entender os cenários para realizar a gestão da forma mais adequada possível !!!

E é mesmo mais desafiadora ainda a gestão da carreira da gente na área da saúde ... não é ?

·        Os números são claros em dizer o que muita gente não quer ouvir ! ... são números que servem para direcionar as perguntas que a gente deve fazer para direcionar nossa carreira ...

·        Quanto ganha em média a “profissão tal” ? ... pergunta errada !

·        O que necessito fazer para exercer a profissão X na empresa tal ? ... pergunta certa !

·        Se eu me especializar em “X” vou ganhar o salário de “fulano” ? ... pergunta errada !

·        O que as especializações que possuo são realmente valorizadas no mercado ?  ... onde posso atuar com as especializações que tenho ... perguntas certas !

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·       Agenda das provas para turmas abertas: Página da Jornada da Gestão em Saúde  www.jgs.net.br

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Referências sobre conteúdo para gestores da área da saúde privada e pública:

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Sobre o autor Enio Jorge Salu

CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado