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Cracolândia também é por falta de foco em prevenção da saúde privada e pública

0347 – 04/08/2023

Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Consequências da má gestão da saúde pública e das práticas inadequada de redução da sinistralidade de várias operadoras

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

Os investidores na saúde privada “dançam conforme a música” ... não poderia ser diferente.

O gráfico da esquerda demonstra a evolução % anual do volume de estabelecimentos que existem quando um médico ... um dentista ... um psicólogo ... fonoaudiólogo ... fisioterapeuta ... nutricionista ... quando um profissional formado em disciplina assistencial ... resolve empreender:

·        Consultórios, serviços de diagnóstico (SADTs) e Home Care são os principais;

·        O crescimento tem sido proporcionalmente cada vez menor, ano a ano.

Não que o volume de estabelecimentos esteja reduzindo:

·        O gráfico da direita demonstra a evolução do número de estabelecimentos ... nele a linha de tendência cresce;

·        No gráfico da esquerda as linhas decrescem porque, apesar do número de estabelecimentos estar evoluindo, isso ocorre em proporção cada vez menor ... desacelerando o crescimento.

Os gráficos demonstram que os sistemas de financiamento privados (o regulado pela ANS e o não regulado) privilegiam cada vez menos os estabelecimentos mais importantes para a prevenção da saúde:

·        Os estabelecimentos onde o profissional de saúde está mais próximo da população ...

·        ... diagnosticando da forma mais precoce possível ...

·        ... acompanhando os pacientes nos tratamentos para que as doenças estejam sob controle ... não evoluam desordenadamente ...

·        ... evitando que doenças possam ser tratadas por procedimentos menos complexos antes de tomarem proporções que exigem maior empenho de recurso, antes de piorarem significativamente a qualidade de vida das pessoas ... antes de se tornarem maior risco de vida para as pessoas !

Na saúde suplementar regulada pela ANS, o fator que mais define este cenário são as práticas cada vez mais agressivas de contenção da sinistralidade por parte das operadoras de planos de saúde:

·        Nada de ilegal, imoral ou antiético, diga-se de passagem ...

·        ... são práticas “permitidas” e até “incentivadas” pela ANS !

·        Coparticipação ... prazos elásticos para autorizar consultas e exames ... opções de coberturas dos planos que restringem determinadas técnicas, terapias e medicamentos ... o “rol” ...

·        ... tudo legal !

As operadoras ... a maioria absoluta deles ... não agem “rapinando” ... agem da forma como mais lhes são interessantes, dentro das oportunidades e alternativas que a regulação da ANS permite:

·        E é bom ressaltar que não são todas as operadoras que não se sensibilizam em relação a isso;

·        Conheço várias que desenvolvem ações muito eficazes ... não se importam com o que é o mínimo exigido para planejar o que fazer ... fazem o máximo possível independente do que a regulação exige;

·        Tem muita gente boa desenvolvendo trabalhos excelentes de prevenção ... digo não pelo que ouvi em seminários e nas “propagandas enganosas que não se sustentam” ... digo por conhecer na prática !

Neste cenário ... com financiamento proporcionalmente cada vez mais restrito para prevenção ... é proporcionalmente menos interessante para o profissional assistencial empreender ... investir em um estabelecimento de saúde para realizar procedimentos de baixa complexidade !

 

Na saúde privada, onde a ANS não regula nada ... no que chamamos de Saúde Suplementar Não Regulada ... a que não tem a ver com operadoras de planos de saúde ... o mercado expande ... os empreendedores têm incentivo para empreender em estabelecimentos de baixa complexidade:

·        É o caso das farmácias, por exemplo !

·        Os gráficos demonstram um crescimento exponencial do volume de estabelecimentos.

Voce vai a um médico na operadora de planos de saúde e ele “desce a caneta” na receita de medicamentos. Mesmo que for um médico funcionário de uma operadora de planos de saúde ... o medicamento voce vai comprar na farmácia !

Seria hilário se não fosse trágico:

·        Se o médico prescreve uma dipirona quando voce está internado, ou sendo atendido em pronto socorro, a dipirona é paga pela operadora de planos de saúde;

·        Mas se o médico prescreve uma dipirona no consultório, para voce fazer uso em casa, quem vai pagar pela dipirona é voce ... que regulação é essa meu Deus ?

É fato também que este crescimento do “mercado das farmácias” se deve ao fato de que a população inseriu na sua rotina um consumo muito maior de medicamentos:

·        As pessoas tomam remédio para dormir indiscriminadamente a noite, sem prescrição médica ... porque @ amig@ diz que é “um santo remédio” ... e têm que tomar outro remédio para ficar acordado de manhã quando vão trabalhar !

·        Comprar remédio com “tarja vermelha” na farmácia sem prescrição é absolutamente normal ... é muito difícil entender porque existem tarjas diferente de preta na prática ...  na prática é tudo a mesma coisa;

·        O “negacionismo” de parte da população que recusa vacinas, é o mesmo que insere na sua rotina uma “pajelança medicamentosa” para prevenir uma doença ...

·        ... uma doença que a pessoa nunca teve e a probabilidade de ter é zero ...

·        ... tomando medicamento que não tem nenhuma eficácia científica comprovada e só serve para “engordar o bolso” dos fabricantes e distribuidores ... muitos deles que não têm ética alguma na recomendação, e gastam fortunas para incentivar o uso.

O resultado são estas “linhas empinadas” nos gráficos ... farmácia é um excelente negócio ... extremamente rentável ... de baixíssimo risco ... “um horror” quando falamos em “sistemas de saúde” !

 

 

Prevenção na área pública ... meu Deus ... dá vergonha de ver o que fizeram com ela nos últimos anos:

·        Neste tema a ação do Ministério da Saúde nos últimos anos foi “patética”;

·        O volume de Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), Unidades de Saúde da Família (USF), Unidades de Saúde Indígenas (USI) e Academias da Saúde até elevou ... como mostra o gráfico da direita;

·        Mas proporcionalmente o crescimento regrediu de 2018 para 2022;

·        Prevenção a saúde definitivamente não fez parte da agenda do ministério da saúde nos últimos 5 anos.

Os números demonstram que aquilo que demoramos décadas para construir foi “escanteado”:

·        Para quem não tem intimidade com o assunto: estes estabelecimentos são “o fiel da balança” da qualidade da saúde;

·        É quem está perto da população, especialmente nas comunidades mais carentes e “remotas” ... é quem tira a população do ostracismo ... do sedentarismo ... são estas unidades que previnem as doenças ... que reduzem as consequências das doenças: a sequela, a perda de qualidade de vida, a perda da capacidade de produzir, a perda da capacidade de se “auto cuidar” ... a perda de vida que poderia ser evitada.

Muito especialmente ... os CAPS ... são eles que evitam que dependentes de álcool e drogas cheguem ao ponto de “depredar lojas” ... de “atacar carros e pessoas na rua” ... para roubar e comprar drogas:

·        As barras azuis documentam o descaso com a atenção psicossocial nos últimos anos ...

·        ... e explicam porque a Cracolândia está tomando proporções “incontroláveis”.

Não adianta querer mudar a Cracolândia de um bairro para outro:

·        Aquelas pessoas precisam de atenção especializada ... dos profissionais que existem nos CAPS ...

·        ... cujo volume de estabelecimentos não está acompanhando o crescimento da população “dependente química” !

Como o governo não vai agir na origem do problema do consumo de álcool e drogas na Cracolândia que é impedir que a droga chegue ao local ...

·        ... como ele não vai combater o problema na origem, porque existem outros fatores que envolvem o crime organizado que toma conta da sociedade ...

·        ... deve dar atenção especializada para as pessoas que são vítimas deste esquema político-econômico nefasto;

·        Se não quer enfrentar quem comanda ... se existe razão para não se contrapor aos “tubarões” ... os predadores ... com ações efetivas na área da segurança ...

·        ... então que cuide de que sofre as consequências disso ! ... os peixinhos que estão na base da cadeia alimentar do ecossistema ... com ações na área da saúde ... incrementando os CAPS, e dando segurança para que eles possam funcionar sem barreiras impostas pela falta de segurança.

 

 

Ao invés disso ... na área pública da saúde ... políticos que não têm qualquer especialização em prevenção da saúde “jogam dinheiro” em telessaúde:

·        São os gráficos de maior crescimento;

·        É um “equipamento público” importante ... não existe dúvida quanto a isso;

·        Mas a sua utilização prática está “mais para homeopatia” do que para medicina ... se é que me entende !

Por exemplo ... não tem qualquer eficácia na atenção psicossocial ...

·        ... reduz mais ainda a prática de “sentir o cheiro” do paciente ... auscultar ... ter a percepção da cor da pele ... examinar a língua – os olhos;

·        É um recurso que tem utilidade, mas restringe “descobertas” que médicos só podem ter percepção no contato direto com o paciente ... que os exames de rotina não dão esta oportunidade para eles;

·        E ... fala sério ... dá para imaginar que alguém que tenha problema psicossocial vai ter algum retorno no seu tratamento em uma consulta pela Internet ? ...

·        ... só quem nunca atuou profissionalmente em instituições de atenção psicossocial pode acreditar neste “Papai Noel” .. tive a oportunidade de atuar profissionalmente em mais de dez delas ... não acredito em Papai Noel.

Aliás, na área da saúde estamos passando por uma “volta ao passado II”:

·        “Um caminhão” de iniciativas utilizando telemedicina que não deram certo no passado ... retraíram ... e voltaram “a cena dos próximos  capítulos” ... o passado deu errado ... o “volta ao passado II” vai continuar dando;

·        Ainda existem “zilhões” de pessoas, patrocinadas pela “indústria da TI” narrando a utilização da telemedicina como “a salvação da pátria”;

·        A maior parte das pessoas que discursavam antes, depois dos fracassos nos projetos que “encantaram as plateias” sumiu ... a maior parte dos que estão nas narrativas atuais são pessoas novas ... que vão sumir no futuro próximo ... porque não conhecem a área da saúde o suficiente para ter discernimento sobre o que é viável e o que não é no uso da telemedicina;

·        Este cenário na área pública, infelizmente, não ocorre3 somente na área da saúde ... na educação, por exemplo, tem gente defendendo acabar com os livros e apostilas em papel no ensino regular público ! ... não adiantou o erro durante a pandemia dos que defendiam aulas EAD ... estas pessoas não se dão conta que estamos em um país pobre onde a maioria da população não tem (ou mal tem) saneamento básico onde reside, quanto mais equipamentos e Internet ... são pessoas absolutamente “nonsense” !

 

 

O resultado deste cenário “macabro” é o que vemos ... e não gostaríamos de ver:

·        A expansão desordenada da Cracolândia, por exemplo ...

·        ... dispara a necessidade de investimento pesado em serviços de atendimento de urgência e emergência !!

Não tem muito mistério nesta “área da gestão da saúde”:

·        Se voce não previne, vai gastar mais no atendimento de urgência ... nas internações !

·        Vai gastar mais dinheiro e ter baixa eficácia !!

A Cracolândia é mais do que “emblemática” para confirmar a afirmação ... só não vê quem não quer !

·        Voce quase não vê velhos naquela multidão de dependentes químicos ... pessoas de idade !

·        Aquelas pessoas que voce vê atacando carros, pilhando lojas ... não vão viver para se tornarem velhos !!

·        E antes de deixar esta vida por falta de ação adequada da gestão da saúde pública e privada ...

·        ... vão passar algumas dezenas de vezes pelo SAMU e UPAs no SUS ...

·        ... pelos Pronto Socorros na Saúde Suplementar ...

·        ... pelos hospitais em internações no SUS e na Saúde Suplementar.

Depois de trilhar este caminho de terrível desumanidade ... vão morrer sem dignidade alguma antes de ficarem velhos !

·        Porque ali não são somente pessoas da classe economicamente mais baixa que só tem acesso ao SUS ...

·        ... tem também pessoas de famílias de classe média e alta, que são vítimas da prática de contenção da sinistralidade em operadoras de planos de saúde !

E quem já atuou profissionalmente em instituições públicas e privadas de atenção psicossocial como eu tem bem a dimensão de que, além da sua própria “via-crúcis”, acabam colocando “uma cruz nas costas” de cada um de seus familiares !

Consultoria  e  Coaching de Carreira  para gestores na área da saúde privada e pública  www.escepti.com.br

Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde  para gestores da saúde privada e pública     www.cpgs.net.br

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Lista de milhares de profissionais certificados   www.escepti.com.br/certificados

Conteúdo especializado para gestores da área da saúde privada e pública  www.noticia.net.br

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Contato  contato@escepti.com.br

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado