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Autogestões e Seguradoras, na média, se Recuperando Melhor no Pós Pandemia
0348 – 08/08/2023
Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Boa parte das Cooperativas Médicas e Medicinas de Grupo ainda estão na “era pré-COVID-19”
(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti
Os gráficos demonstram a evolução da sustentabilidade da saúde suplementar regulada pela ANS ... a que tem a ver com operadoras de planos de saúde:
· Para avaliar cenários e tendências em relação às operadoras utilizamos 2 indicadores;
· No primeiro, calculamos a diferença entre o total de receitas e o total de despesas ... isso dá visibilidade sobre a saúde financeira da operadora ... se, como empresa, ela está dando lucro ou prejuízo;
· No segundo, calculamos apenas a diferença entre as receitas de contraprestação ... o que empresas contratantes de planos de saúde e beneficiários de planos individuais pagam pelo benefício ... e apenas as despesas assistenciais ... o que a operadora gasta com a assistência médica dos beneficiários, deixando de lado despesas administrativas, comerciais e outras.
O gráfico da esquerda demonstra a evolução da sustentabilidade de todas as operadoras que operam planos de assistência médica e odontológica, “tirando do bolo” as que só vendem planos de assistência exclusivamente odontológica:
· Se refere ao primeiro indicador: como está a saúde da operadora;
· Nele vemos a evolução do final de 2019, final de 2020, final de 2021, e trimestralmente a partir de 2022;
· E o indicador representa o % de operadoras que tiveram prejuízo em cada período;
· Saindo em 2019 de um patamar de 19 % das operadoras obtendo prejuízo, até chegar no final de 2022 com impressionantes ~64 % de operadoras com prejuízo;
· E observamos uma queda no primeiro trimestre de 2023 ... para ~42 % de operadoras com prejuízo ... ainda mais que o dobro do indicador de 2019;
· O cenário melhorou ... mas ainda é muito preocupante ... e demonstra que muitas operadoras ainda não estão “antenadas” no novo normal pós pandemia.
O gráfico da direita demonstra a evolução da gestão dos planos de saúde, do mesmo “universo de operadoras” e períodos do gráfico da esquerda:
· Se refere ao segundo indicador: como a operadora está atuando no equilíbrio da sinistralidade x preço que cobra dos clientes;
· E o indicador representa o % de planos que fecharam “no vermelho” em cada período;
· Os indicadores são melhores (inferiores) que o do primeiro cálculo, demonstrando que a gestão da sinistralidade as operadoras fazem melhor do que a gestão da própria operadora ... se temos um % menor aqui em relação ao anterior, significa que existem muitas operadoras que até equilibram bem a receita x custo dos planos ... mas se perdem na gestão da própria operadora, ou distribuem lucros para os donos acima dos ganhos que tiveram !
· Havia em 2019 ~5 % de planos desequilibrados, fechou 2022 com 11,6 % (e esse não foi o recorde), e se apresenta no fechamento do primeiro trimestre de 2023 com 10,3 % ... uma queda em 2023 em relação à 2022, mas ainda quase 3 vezes o que era em 2019.
Definitivamente, na média, a maioria das operadoras está trilhando o caminho de reduzir a distribuição de lucro para os donos, mas não estão repaginando seus produtos para uma realidade de mercado totalmente diferente no pós pandemia, em relação ao que era o pré-pandemia ! ... os números são muito claros ... muito evidentes ... para que a afirmação não possa ser feita de forma categórica !!
Tem operadora que ainda não abriu mão de modelos e critérios de sustentabilidade de gestão que “não cabem no novo normal” ... ainda estão gerindo seu negócio de “forma arcaica” se considerarmos que nos tempos atuais, um período de mais de 3 anos é uma eternidade ... ainda mais quando “no meio dele” tivemos um evento sem precedentes para negócios da área da saúde: a pandemia !
Como sempre temos que lembrar, apesar da ANS misturar tipos completamente de empresas que atuam operando planos de saúde em uma única regulação insana, elas sofrem ... reagem ... se estruturam ... de forma completamente diferente, desenhando cenários de saúde suplementar que não têm nada a ver uns com os outros:
· O gráfico da esquerda demonstra o % de operadoras em situação de prejuízo em 2019 (barras azuis) e no fechamento do primeiro trimestre de 2023 (barras laranjas);
· O gráfico da direita demonstra a comparação entre dezembro de 2022 e março de 2023;
· Ambos por tipo de mantenedora (modalidade no idioma da ANS);
· Em todas o volume de operadoras em situação de prejuízo aumentou entre 2019 e 2022 ... e em todas diminuiu entre dezembro de 2022 e março de 2023;
· Observando a barra azul do da esquerda e a barra laranja do da direita, em todas o % em março de 2023 ainda é “estratosfericamente” maior que em 2019 !
Nestes gráficos já é possível observar bem que autogestões e seguradoras estão se adaptando melhor ao “novo normal” da saúde suplementar ... não estão “dando aula de gestão”, mas na média estão melhores que as filantropias, medicinas de grupo e cooperativas médicas.
Estes demonstram a mesma análise em relação aos planos ... não em às operadoras:
· Neles fica muito mais nítido que autogestões e seguradoras deram foco no resultado dos planos para melhorar o resultado da empresa ... entre dezembro de 2022 e março de 2023 o volume de planos em situação de prejuízo, na média, reduziu nelas;
· No mesmo período as filantropias, que são pouquíssimas em relação ao total, praticamente ficaram na mesma situação;
· E no caso de cooperativas médicas e de medicinas de grupo, na média, os planos em situação de prejuízo proporcionalmente aumentaram entre dezembro de 2022 e março de 2023 !
O caso das cooperativas médicas é sempre “um caso à parte” ... uma saúde suplementar a parte dentro da saúde suplementar total:
· Apesar da queda significativa de operadoras em situação de prejuízo entre dezembro de 2022 e março de 2023 ... quase metade ...
· ... aumentou a proporção de planos em situação de prejuízo;
· Na média, elas estão optando por reduzir a “distribuição de lucro” aos donos ... os médicos cooperados ... e não em ajustar o plano de negócios do produto que vendem.
A questão para elas ... as cooperativas ... é “meio cruel” em relação às demais:
· É mais fácil reduzir a distribuição de lucros para donos que têm cada um uma cota de decisão do que nas medicinas de grupo onde os donos são “acionistas majoritários” e não querem reduzir a contrapartida do seu investimento;
· Mas esta prática nas cooperativas “mexe” com o parceiro de negócios mais importante delas: o médico !
· Devem empenhar mais esforço para remodelar o negócio com mais foco no produto do que na lucratividade de dono ... porque esta tática “mais simples e imediata” tem limite de tolerância ... tem data de validade ... e não se sustenta no meio e longo prazos.
E não podemos deixar de lembrar que este período entre dezembro de 2022 e março de 2023 é a primeira era da LPM:
· Existem gestores no sistema Unimed que defendem a LPM ... outros não ...não é unanimidade;
· Mas é “meio que unanimidade” entre todos os que tenho contato que o final de 2022 não foi a melhor escolha para implantar uma mudança significativa no modelo de negócios, que não estava associada a mudança radical de perfil da sinistralidade que a pandemia trouxe ... que seria mais prudente aguardar um período de maior estabilização ...
· ... como foi feita em um cenário de incerteza, fica a discussão de “quanto uma piora na sustentabilidade” pode ser devida a mudança de perfil do segmento, e quanto é devida a LPM !
Este assunto que estamos tratando aqui chama mais atenção em poucos lugares da geografia econômica da saúde:
· O gráfico demonstra a distribuição das operadoras por sede;
· SP tem quase a metade de todas elas ... se somarmos as 7 UFs das regiões Sul e Sudeste, abrangemos praticamente todas ... sobra muito pouco nas outras 20 UFs.
· Em volume, não tem muita discussão em relação a isso ... dando a impressão de que o problema da instabilidade financeira está concentrado no Sul-Sudeste do país.
Mas quando construímos os gráficos considerando a proporcionalidade de operadoras em situação de prejuízo ... proporcionalmente é justamente nestes estados que o problema é menor:
· A profissionalização da gestão das operadoras, proporcionalmente, é muito maior nestas regiões ...
· ... as operadoras nestas regiões estão proporcionalmente mais capacitadas para lidar com “o novo normal”;
· O risco de, proporcionalmente, o problema ser maior em 20 das 27 UFs do Brasil é maior !
Gestão da saúde sempre foi, é, e tudo leva a crer que continuará a ser, um desafio para poucos ... algo que motiva qualquer “nerd” no assunto a ficar postando sobre ele !!
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Sobre o autor Enio Jorge Salu
CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado