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“Anos 20” demandam inovação na gestão para rentabilizar operadoras de planos de saúde

0360 – 06/10/2023

Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

O novo normal, o papel do Sistema Unimed, e a necessidade de centrar a sustentabilidade no produto que se entrega aos pacientes

 

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

Tive a honra de participar de uma sessão plenária na 52ª Convenção Nacional Unimed esta semana em Brasília ... por ser um “Não Unimediano” – um colaborador externo ... por não ser médico, em um fórum de instituições geridas por médicos ... por ser a 52ª edição, ou seja, uma convenção de indiscutível importância para o sistema ... e por ser o Sistema Unimed uma congregação de algumas centenas de operadoras que dominam o mercado da saúde suplementar, e representam a maior capilaridade da saúde suplementar regulada no Brasil ... dizer que é uma grande honra chega a ser até “pleonasmo” !

Agradecer ao Dr. Omar Abujamra Junior, ao Dr. Marcos de Almeida Cunha, à Karen Midori Aoki e a uma dezena de pessoas que cometo a imperdoável deselegância de não citar individualmente para reduzir o texto, é mais que obrigação ... muito obrigado !

Minha pequena contribuição foi enfatizar o quanto a Saúde Suplementar mudou nos últimos anos ... expondo números e não achismos ... e comentar que as práticas tradicionais das operadoras para conter a sinistralidade, são muito eficientes, mas estão no limite do resultado que podem oferecer.

Os números da figura demonstram que o perfil dos pacientes, que já vinha mudando não somente pelo envelhecimento da população, apresenta “um degrau” ainda maior ... muito significativo ... no pós pandemia:

·        São dados do SUS, porque não temos estas informações na oferta de dados abertos que a ANS oferece;

·        Para esta análise de mudança de perfil epidemiológico os dados do SUS são absolutamente adequados mesmo quando o assunto é saúde suplementar ...

·        ... porque o que está acontecendo na saúde suplementar é “xerox” do SUS ... na prática as internações eletivas perderam espaço para as internações de urgência !

Vamos lembrar “o fenômeno”:

·        No SUS fica fácil entender ... como ele não paga multa se não atender a população no prazo ... as operadoras de planos de saúde pagam, é bom lembrar ... ele foi priorizando as internações de urgência e “barrigando” as eletivas ... por isso as filas de internação para atendimentos eletivos estão gigantescas;

·        Na Saúde Suplementar as operadoras vão protelando ao máximo as internações ... dentro da lei é bom que se diga ... nada de ilegal, imoral ou antiético ... e na pandemia excedeu o que era “normal”;

·        Então, seja no SUS como na saúde suplementar regulada, foi invertendo a relação de internações eletivas e de urgência ... hoje nos dois sistemas temos mais internações de urgência do que eletivas.

Não sou médico ... mas tenho especialização em epidemiologia ... e “milhões de anos de janela” atuando profissionalmente em gestão da saúde privada e pública ... posso afirmar: quanto mais tempo demora para tratar um paciente, mais cara é a conta que se paga para fazer isso:

·        Nossos sistemas de financiamento da saúde, privados e públicos, jamais poderiam ter priorizado as urgências em detrimento das eletivas ! ... priorizar urgência sim, mas não compensar necessariamente reduzindo a oferta de atendimento eletivo: jamais !!

·        Como deixamos isso acontecer, ficamos com os “mórbidos números” que estes gráficos demonstram;

·        Gastamos mais hoje para fazer do que antes, porque o paciente fica mais tempo internado ...

·        ... e, pior ... muito pior ... ainda temos maiores taxas de óbito em internação que antes !!!

Gastamos mais para além de não melhorar o desfecho ... ainda piorar ... estamos fazendo tudo errado !

Por isso dizer que a gestão da saúde nos “Anos 20” ... anos 20 deste século e não do século passado ... é muito diferente do que era antes ... não é “acho que” ... é constatação pela análise dos indicadores.

E cenários diferentes exigem práticas diferentes de alinhamento às necessidades ... é disso que se trata !

 

 

Isso é tão evidente nos indicadores que “dá vontade de chorar”:

·        O gráfico demonstra o quanto está mudando a relação de leitos UTI e em relação aos leitos não UTI nos hospitais;

·        Os gráficos são de leitos somente da saúde suplementar ... mas pode olhar o SUS se quiser “entrar em depressão” !

Está havendo maior demanda de leitos de UTI do que de leitos Não UTI do que antes !

·        Acho que não preciso dizer que paciente que passa pela UTI está “mais estrupiado” do que o que não passa, não é verdade ?

·        Temos mais pacientes internando em “condições mais adversas” do que antes !

·        Paciente mais estrupiado custa mais caro para ser tratado ... não tem muita ciência nisso ...

·        ... e se passou pela UTI não gastou somente mais na UTI ... gastou mais em tudo fora da UTI do que gastaria se não tivesse passado pela UTI !!

 

 

Como se não bastasse isso, o governo está “liberando” e obrigando operadoras a darem cobertura para tratamentos caríssimos:

·        Esta figura ilustra que uma operadora tem que ter ~43 beneficiários não gastando absolutamente nada ... apenas pagando o plano ... para cobrir o custo de um único beneficiário que se submete a um tratamento com terapia ABA;

·        A questão discutida aqui não é se o governo deve liberar ou não ... se deve ser obrigatório ou não ... isso é discussão para um rol de técnicos que possuem capacitação que eu não tenho ...

·        ... a questão é porque ele define a obrigação mas não define qual o mecanismo que as operadoras e empresas contratantes de planos de saúde podem ter para conseguir os recursos necessários para pagar a conta !

·        ... de onde poderá vir o “dinheiro que não existe ainda” para pagar o que não era obrigatório antes ?

É isso que se coloca na mesa !

Passamos por outros exemplos de novas tecnologias em que a operadora tem que ter mais de 2.000 beneficiários para financiar o tratamento de um único doente ...

·        ... outro em que a operadora tem que ter quase 5.000 beneficiários para financiar o tratamento de um único doente !

·        Se não está ficando claro, não é a necessidade de ter estes beneficiários para pagar ... é eles pagarem e não usarem absolutamente nada para compensar o tratamento de um único beneficiário !

Esta conta não tem como fechar com as premissas regulatórias e práticas de gestão da sinistralidade “do antes dos Anos 20” !!

 

 

Encerrando a exposição citando a necessidade de implantar práticas inovadoras ...

·        ... e reforçando o papel do Sistema Unimed na mudança de cenário;

·        O Sistema que se aproxima de 40 % de todo o mercado da saúde suplementar regulada no Brasil ...

·        ... o sistema que tem características únicas que reduzem os riscos de inovar, fazer benchmarkings seguros, e medir os resultados ... os impactos ... em praticamente todos os atores envolvidos na cadeia de valores da saúde suplementar.

Afinal o Sistema Unimed é uma “Mini Saúde Suplementar”, que praticamente se autorregula !

Estamos em um momento histórico da saúde suplementar que demanda ...

... modelos alternativos de remuneração:

·        A precificação obrigatoriamente deve privilegiar qualidade;

·        Principalmente premiando quem entrega com maior qualidade;

·        Dá para pagar valor maior de diária onde a média de permanência é menor, e portanto se paga menos diárias ...

·        ... dá para pagar honorário maior para quem reinterna menos, tem menor índice de infecção ... porque o que se paga a mais pelo procedimento é menos do que o custo que vem para consertar a má qualidade depois !

... contenção real de custos:

·        Não adianta gastar em sistemas complexos de apuração de custos se não tem ninguém com a missão de reduzir custos;

·        Investir em área de qualidade para isso, que fica apenas seguindo o manual de boas práticas para conseguir o “diplominha” não adiantou, não adianta e não vai adiantar;

·        Entregar a gestão de custos para a contabilidade não adianta ... contabilidade apura custos ... não gere custos;

·        Passou da hora de implantar uma área cuja responsabilidade seja reduzir custos ... exclusivamente isso !

Maior foco no médio e longo prazo do ciclo assistencial:

·        Modelos de remuneração baseados em parcerias;

·        Enquanto operadoras estiverem em um lado da mesa, e do outro estiverem serviços de saúde, fornecedores e médicos em uma relação perde ganha, o cenário só vai se complicando

.... e se aproximar das instâncias legislativas e regulatórias para auxiliar quem não tem visão 360º do segmento para poder legislar com mais assertividade:

·        Não esperar uma lei regulamento ruim para depois criticar ...

·        ... se antecipar e se aproximar para que leis e regulamentos tenham o menor impacto possível.

Para um “nerd em gestão da saúde” como eu ... foi realmente uma grande honra e satisfação poder participar de um evento que teve como pano de fundo justamente a aproximação do mais capilarizado grupo de operadoras que existe com alguns dos profissionais do governo que mais estão envolvidos na gestão da saúde no Brasil ... muito obrigado !!

Consultoria  e  Coaching de Carreira  para gestores na área da saúde privada e pública  www.escepti.com.br

Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde  para gestores da saúde privada e pública     www.cpgs.net.br

Jornada da Gestão em Saúde de cursos abertos e “in company”  www.jgs.net.br

Lista de milhares de profissionais certificados   www.escepti.com.br/certificados

Conteúdo especializado para gestores da área da saúde privada e pública  www.noticia.net.br

Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e seminários temáticos  www.gesb.net.br

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Contato  contato@escepti.com.br

 

Sobre o autor Enio Jorge Salu

CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

Histórico Acadêmico

·  Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

·  Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

·  Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

·  Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

·  Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

·  Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

·  Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

·  CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

·  Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

·  Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

·  Associado NCMA – National Contract Management Association

·  Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

·  Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Própria

·  Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado