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Mais que nunca, Saúde Suplementar Não Regulada nos Objetivos Estratégicos
0418 – 24/05/2025
Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
Até a Saúde Suplementar Regulada vai se desvencilhando da regulação o quanto pode !
(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti
Nesta semana tive a honra de palestrar a convite do HCx do HCFMUSP na Hospitalar, e não posso deixar de iniciar agradecendo ao Eng. Antonio José Pereira Rodrigues, o TomZé, superintendente do HCFMUSP, e da Dra Gisleine Cristina Eimantas, diretora executiva do HCx ... muito obrigado !
Não faço ... nunca fiz ... por merecer participar de uma banca de palestrantes com Ricardo Sennes, Dra. Priscila Perdicaris, Dr. Nilton Pereira Junior, e do próprio TomZé ... dizer que foi uma grande honra não é nenhum exagero !
A encomenda foi discorrer sobre Saúde Suplementar Regulada e Saúde Suplementar Não Regulada.
Claro que tinha que iniciar contextualizando os 3 sistemas de financiamento da saúde no Brasil, o SUS da área pública e esses “dois saúdes suplementares” tão diferentes da área privada.
O momento do SUS, como demonstram os gráficos, é motivador para “as saúdes suplementares” regulada e não regulada:
· O governo bate recorde atrás de recorde em arrecadação;
· Mas observando os gráficos, a curva de arrecadação é “mais empinada” do que a de repasse ao SUS, “sacramentando” que o repasse ao SUS poderia ... deveria ... ser maior, mas não é;
· Mesmo assim o SUS vai melhorando e expandindo, e o gráfico de evolução do volume de internações não me deixa mentir ... os números são mais do que claros ... a gestão do SUS vai melhorando ... quanto mais “o SUS apanha”, mais ele responde com entregas para a população ... e tem gente que “teima” em só criticar ... mesmo o que o SUS fez pela população na pandemia não foi suficiente ... é incompreensível !
O outro aspecto que demonstra a dificuldade dos gestores do sistema de financiamento do SUS fica absolutamente claro no gráfico superior direito:
· Enquanto o “orçamento oficial” do SUS cresceu 91,9 % nos últimos 5 anos ... alavancado pelo reforço dos últimos 2 anos, é bom que se diga ...
· ... o orçamento das emendas parlamentares cresceu 235,5 %;
· Como parte do dinheiro das emendas é aplicado na saúde ... graças a Deus ! ... porque determinados empenhos na área da saúde dão voto ... concluímos que a parcela de “orçamento político” do SUS vai proporcionalmente crescendo cada vez mais, obrigando os gestores, principalmente dos hospitais de autarquias e filantrópicos a dedicarem um tempo cada vez maior em articulações, absolutamente necessárias, para captar este “recurso político”;
· Não bastava o empenho absurdo nas estruturas para captar o máximo possível do orçamento técnico ... “agora isso” !
Deficiência no SUS ... oportunidade para a saúde suplementar regulada pela ANS ... e para a saúde suplementar que não é regulada pela ANS também !
Gostemos ou não, este é o cenário !!
A saúde suplementar regulada pela ANS está em expansão.
Embora o crescimento do volume de beneficiários é “pífio”, o volume “de dinheiro” arrecadado pelas operadoras de planos de saúde cresce ... cresce bem ... cresce muito bem !
O sistema de financiamento da saúde privada que é regulado pela ANS é indiscutivelmente robusto, e não existe qualquer indício de que ele “vá perder musculatura”.
O gráfico da esquerda demonstra que o crescimento foi “um tiquinho” abalado pela pandemia, mas isso é coisa do passado:
· Um mercado de ~50 milhões de clientes que pagam “religiosamente” o plano de saúde todo mês ...
· ... um produto que não é barato ...
· ... continua sendo um mercado excelente !
O gráfico da direita demonstra que existe crise para operadoras da saúde suplementar sim:
· O volume de operadoras com prejuízo em 2019 era muito menor que o volume de operadoras com prejuízo em 2024 ... isso é fato;
· Mas também é fato que o volume de operadoras com prejuízo maior que 10 % da sua receita captada em contraprestação dos beneficiários e empresas contratantes é muito pequeno;
· Temos uma parte das operadoras realmente necessitando se “reinventar” ... vendendo o almoço para pagar o jantar, se é que me entende;
· Mas temos uma parte das operadoras que já se “reengenharam” e “estão nadando de braçada” ... é só lembrar que tem uma enaltecendo o fato de que vai chegar em poucos meses a marca de 100 hospitais próprios, não é verdade ?
Existe crise sim para uma quantidade maior de operadoras que tinha problemas antes da pandemia ... mas o mercado geral da saúde suplementar regulada não está em crise ... longe disso ... quem vem aprendendo com as mudanças do mercado está “muito bem obrigado” !
O mercado da saúde suplementar não regulada pela ANS também está crescendo:
· É claro que o crescimento foi maior na pandemia, e que os números de 2024 ... que ainda podem sofrer ajustes, é bom que se diga ... foram menores que 2023;
· Mas “o mercado” de 2024 é superior ao de 2019, 2020 e 2021;
· 2022 e 2023 foram anos em que a população que tem algum recurso econômico para gastar com saúde empenhou recordes do seu orçamento pessoal ... por conta de coisas que deixaram de fazer em 2020 e 2021 por conta da pandemia.
Mas em 2024, eu e minha esposa gastamos mais em despesas médicas e odontológicas diretamente, do que pagamos pelos nossos planos de saúde ... igual a nós, “tem milhões” !
A parcela da população que não tem plano de saúde, algo em torno de 75% historicamente, e que parece que será sempre a mesma, empenha do seu orçamento sempre uma parcela significativa da sua renda ... desde que ganha 1 salário-mínimo, até quem “nem se dá ao luxo” de necessitar de plano de saúde, se é que me entende também !
Saúde Suplementar Não Regulada é um mercado de “não sei quantos milhões” de clientes:
· Mais que os 50 milhões da saúde suplementar regulada, é claro, e menos que os 250 milhões do SUS ...
· ... me atrevo a dizer 250 milhões, que é maior que a população brasileira, porque o “tão criticado SUS” atende qualquer pessoa que esteja no território brasileiro, independente de ser brasileiro nato ou naturalizado;
· Já parou para pensar quantos estrangeiros tomam vacinas no Brasil ? ... só como exemplo !
Justamente por não ser regulada não conseguimos estimar com segurança a quantidade de pessoas que se utilizam de clínicas populares, cartões de desconto, procedimento que não estão no rol da ANS, vacinas ... uma infinidade de produtos que praticamente toda a população consome, em maior ou menor escala dependendo da sua situação socioeconômica.
O mercado da saúde do Brasil é fantástico não é ?
Pena que o governo não entenda saúde como fator de desenvolvimento econômico ... como produto de exportação ... uma pena ! ... os discursos são sempre na linha de “cumprir a obrigação constitucional” ... uma grande pena !!
Existem vários estudos que dimensionam o tamanho da saúde suplementar não regulada:
· A maioria muito interessantes ...
· ... todos, os interessantes e os não interessantes, têm em comum a base do que é declarado pelas “pessoas físicas” na declaração anual de imposto de renda, um dado que conseguimos capturar em relatórios da receita federal;
· Nos relatórios de estudos praticamente sempre a mesma “nota explicativa” ... ou “informação de viés” ... o produto saúde privado é consumido por pessoas que não declaram imposto de renda também !
· Ou seja, todos os estudos sinalizam que certamente o tamanho é maior do que o que foi calculado no estudo, só não se sabe o quanto !!
Pode pegar o estudo que quiser ... todos sinalizam gastos com saúde na saúde suplementar regulada maiores do que a arrecadação das operadoras de planos de saúde em receitas de contraprestação ... maior que o orçamento do SUS, oficial ou extraoficial ... este é o fato !
Falar na Hospitalar para um grupo tão seleto de pessoas sobre isso foi muito gratificante.
Especialmente citar o momento “disruptivo” que estamos vivendo:
· A relação que existia entre operadoras e hospitais há menos de 10 anos atrás, mudou completamente;
· Antes hospitais independentes eram apenas fornecedores das operadoras;
· Atualmente chegam a ponto de serem concorrentes dos hospitais das redes próprias das operadoras, ou seja, na essência, concorrentes das operadoras !
Uma realidade que para a maioria dos gestores hospitalares ainda “não caiu a ficha” ... hospitais independentes são concorrentes das operadoras ... das grandes operadoras que têm rede própria !
O movimento de verticalização das operadoras já vinha mudando o cenário de empresas que se colocavam em ou lado ou outro da mesa ... mas era apenas isso:
· Mais recentemente as fusões entre operadoras e redes hospitalares, redes de serviços especializados, como oncologia por exemplo, acelerou a mudança total de relacionamento;
· E agora, com este mercado gigante da saúde suplementar em plena expansão, hospitais da rede própria das operadoras competem “ferrenhamente” com hospitais independentes para “pegar a maior fatia de bolo possível” do mercado “não regulado”, que antes estava na mira apenas dos serviços de saúde não vinculados às operadoras !
Principalmente avançarem na captação de recursos na saúde suplementar não regulada !
Mas também no SUS é bom que se diga ... aquilo que ele paga bem está na mira dos hospitais das redes próprias de operadoras há algum tempo;
E na própria saude suplementar regulada em relação as demais operadoras ... quando uma operadora resolve abrir um hospital em uma cidade que só tinha uma Santa Casa “mal equipada”, acaba fazendo “brilhar os olhos” dos beneficiários das outras operadoras na região ... é claro !
Mas é fato que a prioridade agora é “costurar negócios” com a saúde suplementar não regulada ... particulares, cartões de desconto, participação societária em clínicas populares ... e por aí vão !
A prova de que a saúde suplementar não regulada está na mira da regulada vem definitivamente do embate sobre a liberação por parte da ANS dos planos sem cobertura para internação:
· É a saúde suplementar regulada querendo “abocanhar” o mercado dos cartões de desconto, da mesma forma que o SUS “abocanhou” o mercado da saúde suplementar regulada através do ressarcimento por conta de procedimentos de média e alta complexidades realizados na rede do SUS para quem tem plano de saúde.
· Um mercado de cartões de desconto, que “diz a lenda”, que já tem mais de 40 milhões de associados entre cartões, aplicativos e “coisas do gênero” não vai ficar “dando sopa” sem despertar interesse, “é claro que não” !
Por isso o tamanho interesse das operadoras em aprovar o mais rapidamente possível os planos de cobertura 100 % ambulatorial !
E “daqui a pouco”, quem sabe, o governo vai impor uma taxa suplementar, ou algo do tipo, para as administradoras dos cartões de desconto para “ajudar o SUS”;
· O SUS também está “de olho” na saúde suplementar não regulada ! ... é inevitável !
· Se é justo captar recursos de ressarcimento quando o beneficiário de plano utiliza o SUS, por que não seria justo tributar parte do dinheiro que os cartões de desconto obtêm na intermediação de tratamentos médicos e hospitalares ?
· O IOF recolhido pela operação financeira da intermediação sendo substituído pelo IVA, no caso de serviços médicos e hospitalares deverá ser uma alternativa quase inevitável !
Que satisfação poder falar sobre isso pelo HCx na Hospitalar ... HCx que é uma instituição vinculada a Faculdade de Medicina da USP, que contribui para a capacitação de gestores da saúde pública e privada através de uma infinidade de cursos de curta duração, MBAs e outros programas “in company”, que inclusive também estou tendo a honra de participar.
Porque tudo isso no final ... lá na ponta das consequências destes ajustes dos sistemas de financiamento ... refletem na melhoria do acesso da população a um serviço essencial ... não estamos falando de um produto supérfluo que a população “compra por impulso” ... estamos falando de saúde !
Consultoria e Coaching de Carreira para gestores na área da saúde privada e pública www.escepti.com.br
Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde para gestores da saúde privada e pública www.cpgs.net.br
Jornada da Gestão em Saúde de cursos abertos e “in company” www.jgs.net.br
Lista de milhares de profissionais certificados www.escepti.com.br/certificados
Conteúdo especializado para gestores da área da saúde privada e pública www.noticia.net.br
Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e seminários temáticos www.gesb.net.br
Modelos para gestão em saúde (livros gratuitos para download) www.escepti.com.br
Contato contato@escepti.com.br
Sobre o autor Enio Jorge Salu
CEO da Escepti Consultoria e Treinamento
Histórico Acadêmico
· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo
· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo
· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas
· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta
· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed
Histórico Profissional
· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas
· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares
· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa
· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
· Associado NCMA – National Contract Management Association
· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Próprias
· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado