0423 – 28/06/2025

Ref.: Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil

Necessitamos de gestores cada vez mais capacitados no ecossistema de financiamento da saúde

(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático do Programa Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde, dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti

Esta semana fui honrado pela Profa. Glauce Brito na oportunidade de ministrar aula de Gestão em Saúde em mais uma turma de pós-graduação do Einstein.

Gestão em saúde nunca foi coisa para amadores. No “passado”, quando tínhamos poucos gestores, quando “em terra de cego que tinha um olho era rei”, os poucos gestores bem-preparados alavancaram as instituições que são referência atualmente para as demais ... e lá permanecem como referência até os dias de hoje.

Nossa gestão é particularmente complexa por conta do caminho que o Brasil escolheu para a área da saúde:

· Temos uma saúde pública definida na constituição (o SUS) que se obriga a fornecer para a população “o infornecível” com os recursos que dispõe para isso;

· Naturalmente este sistema de saúde fantástico (o SUS) um dos melhores, senão o melhor, sistema de financiamento da saúde pública do mundo tem seus “gaps”;

· Os gaps dão oportunidade para que exista a saúde privada;

· O governo, entendendo que não consegue regular toda a saúde privada, resolveu regular a parte que se refere às operadoras de planos de saúde, criando o que chamamos de saúde suplementar regulada ... regulada pela ANS;

· Como a saúde privada é muito maior que isso, o que sobra “fora do aquário das operadoras” dá a oportunidade para instituições que não tem nada a ver com operar planos de saúde de atuar no mercado, criando um “ecossistema” que chamamos de saúde suplementar não regulada.

Estes sistemas de financiamento se interligam mais ou menos intensamente dependendo de vários parâmetros:

· Condições sociais e econômicas definidas pelos diversos grupos da população;

· Interesse social da instituição que atua na área da saúde;

· Estado da arte da saúde pelo território nacional;

· E vários outros que chamamos de Geografia Econômica da Saúde.

E o gestor da saúde é quem lida com isso, especialmente utilizando os recursos ... recursos escassos ... da melhor maneira possível para dar o máximo de acesso possível à população ao que a saúde pública e privada pode oferecer.

E de alguns anos para cá, este “cenário geral” se modificou radicalmente, especialmente na saúde suplementar.

É fácil perceber a principal mudança na saúde suplementar quando avaliamos a evolução do número de operadoras:

· O volume de operadoras de planos de assistência médica e odontológica reduziu quase pela metade;

· Mesmo o volume de operadoras de planos exclusivamente odontológicos também !

Mas é fácil perceber que um mercado que estava há pouco mais de 10 anos “encolhendo assustadoramente” freou esta redução.

Podemos dizer que ele está estável ... a tendência de redução ainda existe, mas em um ritmo muito menos frenético.

Quando analisamos a evolução do volume de beneficiários de planos de saúde ... de pessoas que têm plano de saúde ... já começamos a notar uma outra mudança significativa:

· O volume de beneficiários de planos de assistência médica já se estabilizou há muito tempo, demonstrando um mercado saturado para o tipo de produto que é oferecido pelas operadoras ao mercado;

· Somente o volume de beneficiários de planos odontológicos continua expandindo.

O mais interessante, se puder “mergulhar” no detalhe disso, é que este acréscimo de beneficiários de planos odontológicos não está se dando nas operadoras de planos exclusivamente odontológicos ... está ocorrendo principalmente nas operadoras de planos de assistência médica, onde a assistência odontológica “vai de lambuja”, se é que me entende !

O caminho definido pela regulação, primeiro permite que operadoras de planos de assistência médica façam “venda casada”, coisa que é considerada ilegal em outros segmentos de mercado ... e segundo, dá mais oportunidade para operadoras que já tem uma carteira de ~50 milhões de clientes de oferecer um produto para quem não tem plano de saúde algum !

Mas “o número mais impactante” que demonstra a mudança profunda que ocorre na saúde suplementar ...

· ... o que demonstra o que chamamos de “o novo normal” na saúde suplementar ...

· ... é a evolução das receitas e custos das operadoras.

Este gráfico demonstra a evolução:

· Nas barras azuis da receita (dinheiro que entra) correspondente à contraprestação, ou seja, o que as operadoras cobram dos beneficiários e/ou empresas que bancam planos de saúde para seus funcionários;

· Nas barras laranjas a despesa assistencial (dinheiro que sai) correspondente ao que gasta para prestar assistência médica e odontológica ao mesmo público.

Em um mercado estagnado ...

· ... em que o número de operadoras nem cresce muito, nem reduz muito ...

· ... em que o volume de beneficiários nem cresce muito, nem reduz muito ...

· ... deparar com gráficos em que receitas e despesas crescem estratosfericamente “sacramenta” a conclusão de que a saúde suplementar “mudou da água para o vinho” !

Nenhuma instituição sobrevive de forma sustentável em um cenário de altíssima inflação como este se não estiver prepara para lidar com isso:

· As mais profissionalizadas, evidentemente, lidam melhor com isso e “se viram” melhor;

· As menos profissionalizadas sofrem ... e sofrem muito;

· Deus me dá a oportunidade de interagir profissionalmente e em grupos que trocam informações com algumas dezenas delas, profissionalizadas e “nem tanto” !

Esta oportunidade me ensina o quanto ter bons gestores ... ter gestores adequadamente capacitados ... faz a diferença entre a “cor do número que fecha o balanço delas” ... o quanto gestores que estão “antenados com o mercado” fazem com que o número final do balanço seja grafado em vermelho ou em preto ... se é que me entende !

A saúde suplementar mudou tanto que instituições que atuavam somente na saúde suplementar regulada ... incluindo não somente operadoras, mas serviços de saúde que desenhavam modelos de negócios “hiper dependentes” dos contratos com operadoras ... passaram a olhar para aquele “mundo” da saúde suplementar não regulada com “maior apetite”.

Vamos lembrar que este mercado ... saúde suplementar não regulada ... “em termos de movimentação de dinheiro” é maior que a saúde suplementar regulada ... é maior que o SUS também !

Então operadoras, por exemplo ...

· ... “estão em campanha para abocanhar” parte do mercado dos cartões de desconto;

· Colocam seus serviços de saúde próprios, que foram criados para reduzir o custo assistencial dos beneficiários dos seus planos de saúde, incrementando o atendimento de pacientes de outros planos de saúde e particulares, e também “vendendo” serviço para o SUS, que pode contribuir com uma receita que “ameniza” os custos fixos do serviço, especialmente dos hospitais próprios.

Que cenário complexo ! ... que cenário maravilhoso !

Não canso de agradecer a oportunidade de atuar neste cenário ... aprendendo a cada dia ... e não canso de agradecer a oportunidade de poder passar alguma coisa disso para pessoas que estão se especializando em pós-graduação, MBAs ...

Primeiro porque é uma grande honra ser convidado para falar sobre isso em cursos de instituições de ensino de reputação ilibada como é o caso do Einstein.

E segundo porque contribuindo, mesmo que de forma absolutamente pequena na formação deles ... só tendo a oportunidade de mostrar o novo normal da saúde suplementar, para que eles não se orientem por pessoas que não estejam antenadas com isso ... fica o sentimento que a gente está, através deles, melhorando o acesso da população aos recursos da saúde pública e privada !

Consultoria e Coaching de Carreira para gestores na área da saúde privada e pública www.escepti.com.br

Cursos Profissionalizantes em Gestão da Saúde para gestores da saúde privada e pública www.cpgs.net.br

Jornada da Gestão em Saúde de cursos abertos e “in company” www.jgs.net.br

Lista de milhares de profissionais certificados www.escepti.com.br/certificados

Conteúdo especializado para gestores da área da saúde privada e pública www.noticia.net.br

Geografia Econômica da Saúde no Brasil, e seminários temáticos www.gesb.net.br

Modelos para gestão em saúde (livros gratuitos para download) www.escepti.com.br

Contato contato@escepti.com.br

Sobre o autor Enio Jorge Salu

CEO da Escepti Consultoria e Treinamento

Histórico Acadêmico

· Formado em Tecnologia da Informação pela UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

· Pós-graduação em Administração de Serviços de Saúde pela USP – Universidade de São Paulo

· Especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas

· Professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta

· Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unimed

Histórico Profissional

· Pesquisador Associado e Membro do Comitê Assessor do GVSaúde – Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da EAESP da Fundação Getúlio Vargas

· Membro Efetivo da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

· CIO do Hospital Sírio Libanês, Diretor Comercial e de Saúde Suplementar do InCor/Fundação Zerbini, e Superintendente da Furukawa

· Diretor no Conselho de Administração da ASSESPRO-SP – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação

· Membro do Comitê Assessor do CATI (Congresso Anual de Tecnologia da Informação) do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas

· Associado NCMA – National Contract Management Association

· Associado SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

· Autor de 12 livros pela Editora Manole, Editora Atheneu / FGV e Edições Próprias

· Gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado